sábado, 27 de junho de 2015

Uma Visita ao Império do Centro - V

Uma  pergunta recorrente que recebemos é porque abordamos um tema relativo à China, quando este blog é voltado basicamente para assuntos de interesse de associados da PREVI e assistidos da CASSI.
A resposta a esse questionamento é que o relacionamento com a China, tanto nas áreas econômica (incluindo as áreas de comércio e investimentos) , financeira, militar  e cultural, vai ter um papel cada vez mais importante para o futuro do Brasil.
Os fundos de pensão , um segmento da previdência privada, que se expande  cada vez mais  no Brasil,  serão  forçosamente envolvidos  no incremento desse relacionamento econômico e financeiro com a China.
A  PREVI, como o maior fundo de pensão no Brasil, tem um papel vital nesse processo.
Por isso é fundamental que  tenhamos um conhecimento apurado e aprofundado  sobre essa  superpotência  emergente que vai mudar o destino da humanidade e afetar a vida de todos nós.
Essa é a razão porque, dentro das limitações deste blog, dedicamos uma atenção especial a tão importante tema.
Neste capítulo V, abordamos aspectos do   eixo  Rússia/China, que está passando  por importantes mutações que definirão o equilíbrio de forças no planeta em futuro próximo.
ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

I - Um Eixo Sem Futuro
A imprensa internacional deu muita ênfase  ao acordo de US$ 456 bilhões, celebrado em Shanghai em 21.05.2014,  para o fornecimento de gás pela Rússia à China por 30 anos, começando em 2018 e crescendo até chegar a 38 bilhões de metros cúbicos por ano.
Esse mega-contrato entre a Rússia e a China já vinha sendo discutido durante 10 anos.
Para que entendamos o alcance desse tratado comercial entre a Rússia e a China  que, junto com outros acordos de ordem econômica e militar entre esses dois países,  vão se refletir em toda a economia mundial, incluindo o Brasil, temos de retroceder no tempo desde a implosão da União Soviética entre 1989 e 1991,  para analisar  a situação atual da Rússia e os seus interesses nesse acordo assinado com a China.
A mídia  internacional  retratou  essa notícia como sendo uma vitória da Rússia  contra a influência dos Estados Unidos    e da União Europeia nos países do Leste Europeu, que hoje estão na União Europeia e no âmbito da  OTAN mas que,  antes da Queda do Muro de Berlim e do desmoronamento da antiga URSS,  estavam dentro do Pacto de Varsóvia , extinto em 31.03.1991, e faziam parte da ex-URSS.
A Rússia almeja com esse tratado comercial  e com  manobras militares conjuntas entre a Rússia e a China, consolidar um eixo econômico e militar Rússia/China que venha a conter  a influência americana nos países que compunham a ex-URSS e que hoje pertencem à União Europeia e estão na área de domínio da  OTAN.
Quanto à China , a Rússia pretende que essa união Rússia/China desperte o interesse das autoridades chinesas para conter  a influência americana no Mar da China, que é uma área de influência da China.
A Rússia, passado o choque do desmoronamento do império soviético , não se conforma com a perda do poder econômico e  militar  que exerceu no passado, e vem adotando uma postura de desafio aberto   contra o que considera uma influência crescente e  indevida da União Europeia e dos EUA, em uma área que a Rússia ainda   considera de seu interesse estratégico , mormente por estar junto de suas fronteiras.
O  Presidente Vladimir Putin já declarou  que o colapso soviético foi a pior tragédia do Século XX. 
A  imprensa e o povo russos, nessa onda de   reação anti-ocidental, chegam  ao cúmulo   de  enaltecer o papel do brutal e sanguinário ditador Stálin, o responsável pelo soerguimento da URSS à condição de superpotência, mas ao custo do  assassinato  de cerca de 20 milhões de pessoas e por mandar mais  5 milhões para os gulags (os campos de concentração soviéticos), principalmente nos expurgos do período do Grande Terror de 1936 a 1938.(www.classcoffe.com/ the great purge 1936-1938).  
Só na Ucrânia,  Stalin matou pela fome cerca de 7.000.000 de seres humanos.
Numa forma até risível   de humilhar e provocar os EUA ,   os russos estão fabricando capachos de chão e papel higiênico estampados com a imagem da bandeira americana. (alexjones.infowars.com, Michael Snyder/End of The American Dream/30.12.2014).
O clímax  dessa  postura  desafiadora e agressiva da Rússia , foi a tomada da Crimeia pela  Rússia em 2014  e o apoio militar aos rebeldes separatistas de origem russa que vivem no leste da   Ucrânia e que querem anexar esses territórios   à Rússia.
No passado, a Crimeia pertenceu à Rússia mas, em 1954, o dirigente soviético  Nikita Kruschev decidiu anexá-la à Ucrânia como uma forma de fortalecer a união  da Ucrânia à URSS. Essa é a razão porque a população da Crimeia é majoritariamente de origem russa.
Foi nessa condição da Crimeia  já integrada à Ucrânia, que aconteceu o colapso da URSS.
Portanto, a tomada da Criméia e o apoio militar russo aos separatistas de origem russa no leste da Ucrânia, são atos ilegais que estão ensejando as sanções econômicas  da União Europeia e dos Estados Unidos contra a Rússia e o rápido fortalecimento militar dos países que hoje estão dentro da OTAN, mas que pertenceram à ex-URSS e que hoje estão sendo ameaçados pela Rússia.
A Rússia, numa reação  a essas iniciativas  dos Estados Unidos e da União Europeia contra a tomada da Criméia pela Rússia, contra o apoio militar russo aos rebeldes separatistas na Ucrânia e contra às ameaças russas aos outros países do Leste Europeu que passaram para à área da OTAN, estão ameaçando deslocar armamentos nucleares para suas fronteiras.
O aumento das sanções econômicas impostas pelos  EUA e a União Europeia contra a Rússia, em razão dos motivos acima expostos , estão  asfixiando a economia russa.
Além disso, a  queda do preço do petróleo no mercado internacional, que responde por mais de dois terços das exportações da Rússia,  a fuga de capitais pelo colapso do rublo , a alta da  inflação, a corrupção generalizada em diversas  áreas, a fuga de cérebros  que compromete diversos setores de ponta da ciência e da indústria russas, estão levando a economia russa à bancarrota.
No início de 2014, o preço médio do petróleo cru chegou a US$ 110.00 por barril e, no fim do mesmo ano, chegou a descer a US$ 48.00 por barril.
O nível da fuga  de capitais da Rússia,  durante todo o ano de 2013,  foi de US$ 63 bilhões e,  somente nos primeiros 3 meses de 2015, essa evasão  atingiu US$ 63,7 bilhões.
Em 2014, o rublo perdeu 60% de seu valor frente ao dólar americano.
A contração da economia russa,  nos primeiros cinco meses de 2015, foi de 3,2%. 
A indústria militar é o  único setor que o governo russo procura preservar da crise econômica, a alto custo   para o orçamento do país  e com grande sacrifício do padrão de vida da população russa.
Essa situação aflitiva pela qual atravessa a Rússia, é a razão fundamental  porque  a Rússia procura ampliar  seus laços econômicos e militares com a  China  contra a influência dos EUA e a União Europeia.
Mas a recíproca não é verdadeira em relação à posição chinesa sobre o assunto.
A China tem se manifestado de forma   superficial e diplomática em relação  ao  litígio  da Rússia contra os Estados Unidos e a União Europeia.
Na verdade, a China não tem nada a  ganhar nessa pendenga.
A interferência  dos Estados Unidos contra a ascendente influência da China  na área do Mar da China,  tem  se limitado a  um teatral jogo de palavras.
Tanto os Estados Unidos quanto  a China não tem a mais remota intenção  de entrarem em choque militar naquela área. 
A China tem 4 trilhões de dólares aplicados em títulos do Tesouro  Americano, que é a aplicação mais segura do planeta. Os Estados Unidos continuam a ser o maior importador de produtos manufaturados chineses e, por outro lado, são  um dos maiores exportadores de produtos de alta tecnologia, matérias primas e alimentos para a China, além de terem um grande intercâmbio cultural e serem o maior  centro de pós-graduação e aperfeiçoamento  de cientistas e técnicos chineses no exterior.
Somente no período 2012/2013, haviam 235.000 estudantes chineses em universidades americanas. De lá para cá esse número já aumentou muito  e as perspectivas são de que  aumente cada vez mais rápido. O número de estudantes chineses no exterior mais do que quintuplicou desde 2001.
A China,  atualmente,  dispende US$ 27 bilhões em cursos de aperfeiçoamento de estudantes, técnicos e cientistas chineses em universidades americanas. O número de estudantes americanos na China também é  alto, mas nada que se compare com a cifra de estudantes chineses nos Estados Unidos.
O dispêndio e o esforço  da China na formação universitária e em centros  de  ciência e tecnologia é impressionante.
A China está investindo em torno de US$ 300 bilhões  anualmente somente em educação superior, e o número de universidades é superior a  2400,  mais do que o dobro desde a última década.
Por todas essas razões, a união de interesses  dos Estados Unidos com a China está sendo considerada pelos mais respeitados centros de estudos de relações internacionais do mundo, o melhor relacionamento internacional do Século XXI.
Por essas razões  é absolutamente absurda qualquer perspectiva de conflito entre os Estados Unidos e a China.
Visto dessa perspectiva, o tão sonhado eixo Rússia/China contra os Estados Unidos e a União Europeia, não passa de uma quimera engendrada pelo despeito da Rússia  em relação ao sucesso dos  Estados Unidos e pela  sua frustração  frente à sua  desesperadora situação atual de derrocada  nas áreas econômica e financeira e pela perda de seu  poderio e influência dos tempos da ex-URSS.

2 – Uma Reconquista Anunciada
Por outro lado, consideramos que, a real  ameaça à integridade da Rússia, paradoxalmente,   parte da própria China.
No imaginário russo, a China sempre representou uma ameaça.
Para que tenhamos uma ideia desse medo entranhado na alma russa em relação à China, lembramos um episódio  de  quando houve o rompimento de relações da URSS com a China na década de 60.  
O ápice da tensão ocorreu após várias ameaças da URSS de bombardear a China com armas nucleares.  A mais séria ocorreu em 1969, quando o então líder comunista russo Leonid Brezhnev, quis deslanchar um massacre nuclear na China e pediu ao Presidente Nixon que os Estados Unidos se mantivessem neutros.
Nixon repudiou terminantemente essa proposta e, para surpresa de Leonid Brezhnev, Nixon disse que os interesses dos Estados Unidos estavam intrinsicamente ligados aos interesses chineses. O premier soviético Alexei Kosygin, disse ao líder soviético Leonid Brezhnev, que Washington havia planejado uma guerra nuclear contra a URSS se eles atacassem a China. No mesmo dia, Anatoly Dobrynin, o embaixador soviético em Washington, depois de consultas com diplomatas americanos, contou ao líder Leonid Brezhnev que, se a China sofresse um ataque nuclear, os americanos iriam considerar isso como o início da terceira guerra mundial e iriam revidar.  (http://www.livreimprensa.com.br/uniao-sovietica-planejou-ataque-nuclear-a-china-em-1969) e (http://folhamarxista.blogspot.com.br/2015/01/uniao-sovietica-esteve-perto-de-usar.html)
Um outro aspecto importantíssimo para analisar no relacionamento Rússia-China é a reconquista de territórios que a Rússia tomou   da China  durante o período czarista.
Para que se tenha uma  visão da China em relação a conquista pela Rússia, há cerca de 150 anos, de territórios chineses, que hoje constituem a Sibéria,     selecionamos, entre vários  artigos , a nota  “Why China will reclaim Siberia”, de Craig Hill, de 05.07.2014, publicado no jornal chinês China Daily Mail, que mostra, de forma explícita ,   as intenções da China  de reaver seus territórios que foram tomados pela Rússia no passado. Abaixo, traduzimos a matéria desse importante diário chinês.   (http://chinadailymail.com/2014/07/05/why-china-will-reclaim-siberia). Também inserimos informações  de outro excelente  artigo do The Guardian, “Russia fears embrace of giant eastern neighbour”, de 02.08.2009: (http://www.theguardian.com/world/2009/aug/02/china-russia-relationship).
Também inserimos informações  de outro excelente  artigo do jornalista Luke Harding, de 02.08.2009, no The Guardian, “Russia fears embrace of giant eastern neighbour”, de 02.08.2009: (http://www.theguardian.com/world/2009/aug/02/china-russia-relationship).
“A China não tem feito segredo de que um dia vai impor seus direitos na maior parte do leste da Rússia, que ela vê como legalmente pertencendo à China.
A pergunta que se faz é: “Com a Rússia rapidamente se tornando o parceiro fraco na aliança formada após a imposição das sanções econômicas pelos países ocidentais, como iria a China legitimar suas demandas, e qual o tamanho do território que ela iria tomar de volta?”
“Uma terra sem povo para um povo sem terra.”  Na virada do século 20, esse aforismo  foi a base para  a migração de judeus para a Palestina.
Esse princípio pode ser aplicado hoje para justificar a retomada chinesa da Sibéria. A área distante da Rússia Asiática não está totalmente vazia (da mesma forma que não estava a Palestina). Mas a Sibéria é uma área rica de recursos e de escassa população e a China é o oposto.
O peso dessa lógica assusta o Kremlin.
Moscou recentemente restaurou o Arco Imperial na cidade de Blagoveshchensk, na distante fronteira leste da Rússia Asiática, declarando: “A área ao longo do Rio Amur foi, é e sempre será russa.” 
Mas o título de posse que a Rússia anuncia para toda a área tem somente 150 anos.  E a vasta área de arranha-céus em Heihe, a cidade chinesa de  rápido crescimento na margem sul do Rio Amur, à direita de Blagoveshchensk, deixa dúvidas  sobre o  “sempre será” alardeado pela Rússia.
Sibéria – a parte asiática da Rússia, a leste dos Montes Urais – é imensa.
Ela toma três quartos do território de toda a Rússia, o equivalente aos territórios dos Estados Unidos e da Índia juntos. É difícil imaginar tal vastidão de área territorial mudando de mãos.
Mas igual ao amor, a fronteira é real somente se ambas as partes acreditam nela.
E para ambos os lados da fronteira sino-russa tal crença é incerta.
A fronteira com a China, distante 6.100 quilômetros de Moscou, levando oito horas de voo sobre  território inóspito e gelado  , é a herança da Convenção de Pequim de 1860 e é mais um dos desiguais e injustos pactos celebrados entre uma  Rússia emergente e forte e uma China enfraquecida após a Segunda Guerra do Ópio. (da mesma forma, outras potências europeias  abocanharam  territórios chineses,  na área sul da China. Como exemplo, citamos a tomada britânica de Hong-Kong).  
Os 1,35 bilhões de cidadãos chineses ao sul da fronteira com a Rússia, ultrapassam a população russa de 144 milhões, em quase 10 a 1.
A proporção é ainda maior na Sibéria, onde residem somente 38 milhões de pessoas e, especialmente, na área de fronteira, onde somente 6 milhões de russos se defrontam com 90 milhões de chineses. Com casamentos entre pessoas de ambas as nacionalidades, comércio intenso e investimentos através da fronteira, os russos da Sibéria chegaram à conclusão de que, para melhor ou para pior, Beijing é muito mais perto que Moscou.
Quando a URSS existia, com o intuito de povoar a Sibéria, o governo soviético oferecia generosos subsídios   para trabalhadores e jovens casais se fixarem naquela área longínqua e desolada. Eles ganhavam altos salários, oportunidades de carreira e bons apartamentos. Haviam também passagens aéreas muito baratas para a Rússia Europeia. Os incentivos também eram dados devido ao clima severo – verões escaldantes e invernos congelantes com temperaturas que chegam a cair a até  50º centígrados abaixo de zero.
Com o desmoronamento da União Soviética, o sistema entrou em colapso. A passagem aérea para Moscou passou a custar £500  (500 libras) , a nova geração de russos nascidos na Sibéria  cresceu com laços fracos com Moscou. Em vez de visitar São Petersburgo, os russos locais preferem ir à China – viajando por ônibus para o balneário de Dalian, no lado chinês da fronteira e para outros locais no nordeste da China.
Gradualmente, os russos asiáticos estão conhecendo melhor seus vizinhos.  No fim do Rio Amur, na cidade fronteiriça de Blagoveshchensk, pensionistas russos começaram a comprar apartamentos no lado chinês do rio.
Outros russos tomaram um caminho oposto e voltaram para a Rússia europeia, no oeste.
Desde o começo de 1990, a população do leste da Rússia decresceu em 1,6 milhões de pessoas.
Esse êxodo aterroriza o Kremlin.    
Sob esse aspecto, a TV Russa chamou a atenção para um plano secreto que a China tinha elaborado. A estratégia da China  consistia em  incentivar  cidadãos chineses a migrarem para a Sibéria, casarem com mulheres da região e dominarem  ou se associarem aos negócios locais.
As vastas dimensões da Sibéria poderiam prover não só espaço de habitação para as massas compactas de chineses , atualmente espremidas na metade costeira de seu país separada por montanhas e desertos da parte oeste da China . A Sibéria também proveria a China, “a fábrica do mundo” , com grande quantidade de matérias primas, especialmente petróleo, gás natural, carvão,  prata, platina, estanho, chumbo, zinco, ouro, diamantes  e madeira.
A Sibéria também conta com rios com pesca farta  e, o que é mais importante, vastas áreas de terra despovoadas.   
Gradualmente e sem qualquer conflito, esse plano de migração de cidadãos chineses para a Sibéria, já é uma realidade.
Fábricas de proprietários chineses na Sibéria fabricam mercadorias totalmente acabadas, como se a região já fosse uma parte da economia do Império do Centro.
Um dia, a China vai querer que o Mundo se defronte com a realidade. De fato, Beijing poderia usar a própria estratégia russa: dar passaportes para simpatizantes em áreas contestadas, então se mover militarmente para “proteger seus cidadãos”.
O Kremlin tem tentado isso na Transnistria, Abkhazia, Ossétia do Sul e, mais recentemente, na Crimeia, todas formalmente parte de outros estados pós-soviéticos, mas controlados por Moscou.
Mas existe  outro aspecto do assunto.
Sob o comando de Vladimir Putin, a Rússia está olhando a leste visando seu futuro – construindo uma União Eurasiana ainda mais vasta que a recentemente celebrada em Astana, a capital do Casaquistão, um forte aliado de Moscou. 
Talvez a existência de dois blocos – o Eurasiano englobando Russia, Belorússia e Casaquistão e a Organização de Cooperação de Shangai – poderiam unir China, Rússia e a maior parte dos chamados “stans states”, estados que terminam com “stan” (por exemplo, Kazakhstan, Uzbekistan, Turkmenistan, etc.).
Os críticos de Vladimir Putin temem que essa integração econômica reduza a Rússia, especialmente a Sibéria, a um exportador de matérias primas dominado pela Grande China.
E os chineses aprenderam da humilhação frente à Rússia em 1860, que os fatos na terra podem se transformar em linhas no mapa.”
Craig Hill / Luke Harding

Em nossas pesquisas em  sites internacionais que abordam com  profundidade esse assunto, a opinião é unânime na previsão de que, mais cedo ou mais tarde, a posse da Sibéria voltará às mãos dos chineses.
Os grandes especialistas na área e os grandes centros de Estudos de  Relações Internacionais, já não se perguntam “SE”, mas  “QUANDO” e “COMO” essa retomada de posse da Sibéria pela China se efetivará.
O  site da Forbes foi o único que  expõe a análise  de Michael Rubin , Ph.D. da Yale University , discordando  desse ponto de vista geral ( e é por isso que ganhou destaque na internet ) , em seu artigo  “A invasão da Sibéria pela China é um Mito” (“The Chinese “Invasion” of Siberia is a Myth”), de 27.05.2014. (http://www.forbes.com/sites/markadomanis/2014/05/27/ the-chinese-invasion-of-siberia-is-a-myth/ )
Permito-me discordar das razões expostas por Michael Rubin, pela simples razão de que ele não se ateve a um fator fundamental na análise de um  movimento de ordem ciclópica como esse da reconquista da Sibéria pela China : “O TEMPO”.
No presente momento, a China está centrando seus esforços para levar o desenvolvimento para o interior de seu imenso território aonde ainda se encontram 900 milhões de pessoas, principalmente nas áreas rurais.
Embora o percentual de  desenvolvimento da China tenha caído de dois dígitos para  “apenas 7.5% a 8% ” , ainda é o maior índice de desenvolvimento do mundo.
Outro   equívoco recorrente  de vários analistas é prever que o crescimento acelerado da capacidade militar  da China está ligado a um pseudo objetivo chinês de entrar em guerra em futuro próximo.
Estamos  convencidos de que essa não é   a intenção da China. Muito pelo contrário.
O que a China está construindo rapidamente  , é uma capacidade militar dissuasória, igual ou superior a de qualquer outro país, e  que   iniba  qualquer ataque por parte de quem quer que seja.
É preciso não confundir intenção de guerrear com capacidade militar dissuasória, que são conceitos absolutamente distintas.
A China está  seguindo o aforismo   latino “Si vis pacem para bellum” , que significa: “ Se queres a paz, prepara-te para a guerra”.
A China sabe que se tentar  retomar a Sibéria pela força, a única forma que Moscou poderia tomar para cessar essa situação, seria usando armas nucleares. E A China não quer isso.
A China não pretende entrar em conflito militar com ninguém. Ela vai esmagar  quem se atrever a cruzar seu caminho pela força de  seu poderio econômico.
A China já está em guerra econômica aberta com o Mundo.
Contra essa forma de guerrear  sem paralelo em toda a história da humanidade, ninguém está preparado , não vislumbrou qualquer forma de contra-ataque e não enxerga qualquer caminho de fuga.
A China luta com as armas do Mundo Globalizado. 
A única alternativa é cada país mudar a si mesmo para enfrentar a China em igualdade de condições.
Podemos afirmar, sem qualquer exagero ou elucubração fantasiosa,  que o ataque econômico da  China  ao redor do Mundo, vai criar um tal nível de transformação mundial que estamos prestes a mergulhar  em um novo estágio de evolução da humanidade.
O que vemos no momento, é apenas o começo desse processo.
Os únicos países que estão com capacidade de se aproximar do poderio do dragão chinês são  a Índia e o Japão.
A própria União Europeia,  envolvida em conflitos de ordem econômica e financeira entre seus membros (principalmente os PIGS – Portugal, Italy,  Greece, e Spain) não tem perspectivas, pelo menos a curto prazo, de acompanhar o passo chinês.
Os Estados Unidos, que ainda ostentam o título de  superpotência preponderante, vem  sendo batidos em várias áreas, em razão da velocidade do desenvolvimento chinês.
O Brasil precisa urgentemente abrir os olhos e se adequar para esse desafio global.
Adaí  Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Um Desfecho para uma Agressão

A última coisa que o Presidente da PREVI, Gueitiro Matsuo Genso, gostaria de   estar se defrontando é com essa futricada de baixo nível entre a Diretora Cecília Garcez e os Diretores Marcel Juviniano Barros e José Ricardo Sasseron.
Aliás, nos espanta a imobilidade e o mutismo da PREVI em dar um basta a  esse problema e divulgar uma nota de esclarecimento  para os associados.
A última novidade é um e-mail da turma do Diretor de Seguridade eleito da PREVI, Sr.  Marcel Juviniano Barros e que veio assinada pelo ex-Diretor de Seguridade, Sr. José Ricardo Sasseron, como é denunciado na última postagem  “ Atenção !!! Cuidado!!! ” , de 20.06.2015 , no blog da Cecília Garcez. Reproduzo o artigo abaixo.
Imagina-se como deva estar ácido o ambiente na PREVI, no 4º andar do prédio do Mourisco, com essa baixaria. Como é que essas pessoas se cruzam nos corredores? Se cumprimentam? Ou baixam a vista quando se encontram uns com os outros?
Já expus minha posição em relação a esse assunto em meus artigos “Uma Agressão à Espera de um Desfecho”, de 31.05.2015, e “Esclarecimentos Necessários”, de 02.06.2015.
Pelo que  está registrado no artigo “O que o desespero faz com as pessoas”, de  20.05.2015, no blog da Cecília Garcez, quem começou esse tiroteio foi o Sr. Marcel Juviniano Barros, com um e-mail assinado por ele com acusações contra a Diretora Cecília Garcez de que ela queria entregar a gestão da PREVI para o BB.
Eu me pergunto se é dessa forma  que se resolvem disputas e  questões dentro da alta administração da PREVI, que deveria seguir  rígidas e  elevadas normas de governança empresarial.
O que é que pretendem esses senhores Marcel Juviniano Barros e José Ricardo Sasseron, com esses comunicados   já divulgados e discutidos em grupos  na internet ?
A Diretora Cecília Garcez tem um histórico de  atuações  marcantes na PREVI e uma imagem muito respeitada junto aos associados.
Os senhores Marcel e Sasseron também tem seus méritos na instituição.
Acima de tudo está a preservação da imagem da PREVI junto aos seus associados e à opinião pública.
Não aleguem os senhores Marcel e Sasseron   que são mensagens apócrifas, porque se assim as fossem,  já teriam reagido  desde o primeiro registro da matéria.
Nesta altura dos acontecimentos  fazemos um apelo. Tenham dignidade. Tenham hombridade. Tenham postura,  elegância e respeito com seus pares e com a própria PREVI.
Muitos já comentam que essa polêmica rasteira é uma forma de encobrir a política escandalosa de remuneração a presidente e diretores executivos da PREVI,  e que foi denunciada de forma explícita pelo companheiro João Rossi Neto, em sua nota de 17.06.2015, que extrai do blog do Ari Zanella e que também volto a reproduzir adiante.
Estamos idosos.  Esta vida é um sopro.
Então vamos dar  um sentido digno às vossas vidas.
Adaí  Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

Artigo  “ Atenção !!! Cuidado !!! ”, de 20.06.2015, de Cecília Garcez :
Mais uma vez sou surpreendida com um e-mail da turma do atual Diretor de Seguridade eleito da Previ, Sr. Marcel. Agora, quem assina é o ex-diretor de Seguridade José Ricardo Sasseron, que me acusa de querer acabar com o Empréstimo Simples e Imobiliário da Previ. Parece piada! Não consigo entender o que esse pessoal pretende com essa idiotice. Ou eles pensam que os colegas aposentados esqueceram que ele os chamou de “velhos trambiqueiros” ?
A verdade é que por eles, os empréstimos já tinham terminado para os aposentados há muito tempo, vide a proposta que apresentaram de mudança dos parâmetros do ES em 2014, que excluiu muitos colegas da renovação dos seus empréstimos, onde a aprovação se deu com o voto do Marcel e dos diretores indicados pelo Banco. Eu e o diretor Décio votamos contra porque não aceitamos que um grupo grande de aposentados e pensionistas não pudesse renovar, bem como fomos contra as novas regras da margem consignável.
Eu entendo que perder é difícil e que essa turma ligada ao Governo atual não entendeu ainda (depois de 1 ano) que perdeu a eleição da Previ e que poderá perder novamente no próximo ano.
Vamos relembrar:
Em 2014, perderam as eleições dos maiores fundos de pensão ligados às empresas estatais: Petros (Petrobrás), Funcef (CEF), Previ (BB) e Postalis (Correios). Em 2015, perderam o representante dos funcionários (CAREF) no Conselho de Administração do BB. Além disso, perderam a gestão de várias entidades.
A turma da Contraf-CUT está se armando na intenção de dominar novamente a Previ.
Não vamos cair nessa cilada! Vocês lembram qual foi a proposta que eles fizeram nas eleições de 2012 ??? Incorporação do BET como benefício vitalício e, quando assumiram, a única coisa que fizeram foi acabar com o BET, voltar com as contribuições e a mudança cruel nos parâmetros do ES. Não vamos mais aceitar aparelhamento político na Previ !!!
Pois é, essa turma está “louca” e me atacando com mentiras deslavadas. Esta é a forma de agir de pessoas de mau caráter, que estão perdendo tudo e que não tem escrúpulos.
O que acho mais interessante é o poder que eles estão afirmando que eu tenho, como se não conhecessem a governança da Previ, onde as alçadas são bem limitadas e a grande maioria das decisões é colegiada, ou seja, a maioria dos diretores tem que aprovar, dependendo da situação, a decisão é do Conselho Deliberativo, que temo voto de qualidade. Na diretoria não há voto de qualidade. No caso da contratação do diagnóstico sobre a gestão da Previ, houve unanimidade na aprovação da contratação e no repasse das informações do Conselho Deliberativo.
O maior problema dessa turma é que eles têm alergia a duas palavras : “EFICIÊNCIA” e “TRABALHO” . Só sabem de política, corrupção e projeto de poder. Acabaram com a Petrobrás, jogaram os fundos de pensão Petros e Postalis na lama. A constatação de estarem perdendo espaço político está deixando essa turma “desesperada”, muito “louca”.
Pelo visto, não é só a Dilma e o Lula que estão no volume morto...

Depoimento  sobre  PREVI, de 17.06.2015, de  João Rossi Neto, extraído do  Blog do Ari Zanella:

“Amigo Ari,
Entendo que este post guarda correspondência com o último assunto veiculado no blog.
Assim, se quiser, pode publicá-lo como comentário.
Convenhamos, salários de R$ 58,3 e R$ 49,4 mil para Presidente e Diretores Executivos, respectivamente, a título de Remuneração Fixa, são de dar inveja nos “Marajás” das hostes superiores do serviço público, aqueles que, como na PREVI, em cargos elevados, ganham acima do mercado, trabalham pouco e nada produzem, recebendo fortunas espetaculares, anualmente, sem merecimento. É um caso típico de enriquecimento legal, mas, imoral.
Computando os 18 salários anuais (12 fixos e 6 variáveis) o Presidente do Fundo terá um salário médio mensal de R$ 87.450,00 e os Diretores também com 18 salários terão um ganho médio de R$ 74.100,00, afora outras mordomias como remunerações por conta de cargos nos Conselhos das empresas participadas. Em suma, em termos de aumentar o patrimônio pessoal, é melhor ser Diretor da PREVI do que ganhar várias vezes prêmios medianos nas loterias da CEF.
De  fato esses valores substantivos escapam até do imaginário popular da classe média que não sonha tão alto. No entanto, o que assusta e causa escárnio é que essa gastança desenfreada, inexplicável e injustificável, feita com o dinheiro dos associados não têm limites, pois a tendência é megalomaníaca, dado que comparam o Fundo de Pensão a uma mina de ouro inesgotável, por isso são pródigos na farra com os recursos alheios.
Faltou ética e profissionalismo aos Conselheiros Deliberativos indicados pelo BB e eleitos, visto que foram inconsequentes ao autorizar proventos dessa grandeza, fora da filosofia de remuneração praticada pelas demais sociedades civis sem fins lucrativos.
Na visão caolha e de má-fé do Conselho Deliberativo da PREVI faltou dinheiro para a concessão e manutenção de benefícios para os associados, mas como a recíproca não é verdadeira e sim paternalista, em interpretação estapafúrdia e inexplicável, inobstante a gestão ruinosa dos Diretores e o superávit pífio verificado no exercício de 2014, abaixo das expectativas atuariais, o CD resolveu pagar Remuneração Variável à Diretoria Executiva, isto é, bônus de seis salários relativos ao ano de 2014, cujo desempenho foi comprovadamente insatisfatório, medida financeira totalmente ilógica.
Realmente são dois pesos e duas medidas, porquanto a decisão do Conselho Deliberativo é tresloucada, incoerente e inconsistente, visto que, de um lado, penalizou impiedosamente o Corpo Social, mediante o corte do BET e retorno das contribuições a pretexto da falta de superávits (dinheiro) para cobrir os 25% da Reserva de Contingência, todavia, surpreendentemente, de outro lado, em sentido inverso, fez vistas grossas em relação ao mesmo superávit insuficiente e utilizou régua diferente na medição do dito superávit e por vias sub-reptícias agraciou à Diretoria Executiva com Remuneração Variável por um desempenho fraco (superávit de 2014 foi de R$ 12,5 bilhões), muito aquém da meta atuarial (RC correspondente a 25% da RM). Evidentemente, essa remuneração variável é incorreta e indevida.
Será que é séria uma instituição secular que se vangloria de cumprir as regras e normas regulamentares ao pé-da-letra se prestar a um papel tão indigno e vergonhoso de tergiversar a verdade dos fatos, rebaixando-se a praticar essa gritante futilidade interpretativa desconexa?
De nada adianta o Conselho Deliberativo fixar para efeito de avaliação de desempenho, indicadores isolados como: Redução Despesas Gerais, Número de adesão ao Previ Futuro, índice de satisfação dos associados, etc.  O importante e fator limitante a considerar, em última análise, tem que ser o resultado final do balanço, ou seja, o “Superávit” ou “Déficit”, vez que indicadores parciais são apenas fatores coadjuvantes no contexto da obra (ganhos ou perdas).
Quem afirmar que a PREVI vem sendo bem administrada incorre em erro elementar de análise de balanço, porque embora esteja apresentando superávits técnicos, esses estão com tendência descendente, em quedas sucessivas (2013 – R$ 24,7 bilhões; 2014 – R$ 12,5 bilhões e em 31/03/15 – R$ 9 bilhões), sem cumprir a sua principal meta que é a geração de superávit suficiente para cobrir a Reserva de Contingência e excesso para constituir a Reserva Especial.
Isto, por si só, é bastante para descartar o pagamento de Remuneração Variável enquanto tais objetivos não forem alcançados. Qualquer interpretação à revelia disso é gestão temerária.
A Diretoria Executiva utilizou reiteradas vezes o argumento de que as dificuldades conjunturais externas e internas foram imperativas na decretação dos baixos superávits apurados em 2013, 2014 e no primeiro trimestre de 2015, isto, claro, como válvula de escape para não vestir a carapuça de má gestão.
Patente ficou que, para os Diretores é factível e procedente ,  a falsa tese do momento conjuntural, contudo, para lado dos associados é o chicote que comeu solto e a mesma motivação e razões semelhantes não foram aceitas para explicar o não atingimento dos 25% da Reserva de Contingência de 2013 e 2014.
Partindo da premissa de que o Corpo Social não tem ingerência na vida administrativa e financeira da PREVI, logo não se pode imputar-lhe culpa alguma por malogros operacionais como, por exemplo, pela concentração suicida de capital (quase 100 bilhões) em Rendas Variáveis, negócios de elevado risco.
Na realidade, para equacionar o problema da Reserva de Contingência, optou-se pelo caminho mais fácil e, coercitivamente, empurraram goela abaixo dos associados essa fatura maligna, a qual deriva da gestão desastrada dessa Diretoria Executiva relapsa, incompetente e cavilosa.
Para a consecução da retaliação injusta, o impacto imediato foi sentido com o corte do BET e volta das contribuições a partir de janeiro/14. É sempre assim, papagaios comem o milho e os periquitos levam a culpa.
João Rossi Neto   17/06/15  

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Defesa Pessoal de Dilma no TCU

Companheiros,
Em complementação ao nosso artigo “O Império da Lei”, de 19.06.2015 e, em face à grave  situação  por que atravessa o país em razão de irregularidades apuradas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) nas contas públicas em 2014, que foram  relatadas pelo Ministro Augusto Nardes,   transcrevemos adiante o  artigo  de 17.06.2015, de autoria de Dimmi Amora Aguirre Talento, publicado no jornal “A Folha de São Paulo”, edição de 21.06.2015.
Adaí Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-Rs e ANAPLAB

DILMA terá que fazer defesa pessoal no TCU contra irregularidades nas contas
Os ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) decidiram nesta quarta-feira (17) dar um prazo de 30 dias para que a presidente Dilma Rousseff se explique pessoalmente, por ofício, sobre irregularidades apontadas pelo órgão na prestação de contas do governo de 2014. Será a primeira vez que o tribunal convoca um presidente a se explicar.
A posição do relator das contas de gestão, ministro Augusto Nardes, de pedir explicações à Dilma, foi seguida por unanimidade pelos oito ministros votantes. O receio da corte de reprovar as contas sem ouvir a presidente era o de que o Palácio do Planalto recorresse à Justiça alegando não ter tido o amplo direito de defesa e derrubasse uma possível decisão contrária ao governo.
Em seu voto, lido por pouco mais de uma hora, Nardes afirmou que irregularidades cometidas no ano passado em relação aos gastos públicos impedem a aprovação das contas de Dilma.
"As contas não estão em condições de serem apreciadas em razão dos indícios de irregularidades. Não foram fielmente observados os princípios legais e as normas constitucionais", disse.
Antes da anunciar a decisão, ele fez um discurso duro sobre os problemas apresentados nas contas de 2014. "Todos devem se submeter ao império da Lei. Não podemos agir diferente se quisermos consolidar a democracia brasileira", afirmou.
FALHAS
Técnicos do TCU apontaram várias irregularidades, incluindo as chamadas "pedaladas" fiscais, que permitiram ao governo segurar despesas com ajuda dos bancos públicos que pagam, por meio de transferências, benefícios como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.
"É preciso dar um basta nisso", disse Nardes, apontando que em 2014 R$ 37 bilhões dessas dívidas foram escondidas.
"A Lei de Responsabilidade Fiscal não pode ser jogada pela janela."
No total, as dívidas escondidas pelo governo em 2014 com bancos e fornecedores chegam a R$ 256 bilhões.
O relator também apontou que o governo foi avisado de que teria que cortar despesas e, mesmo assim, aumentou gastos no último ano do governo, quando a presidente tentava a reeleição.
Atos pessoais de Dilma, como a emissão de decretos aumentando despesas sem autorização do Congresso, também foram considerados ilegais e colaboraram para o voto contrário de Nardes.
PRESSÃO
Os ministros sofreram fortes pressões ao longo da semana. Emissários de Dilma tentaram convencer o tribunal a aprovar as contas, enquanto integrantes da oposição, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG) –que perdeu para Dilma a última eleição presidencial–, defenderam sua reprovação.
A rejeição das contas pode prejudicar a imagem externa do país, aumentando a desconfiança dos investidores sobre os números do governo, e criar dificuldades políticas, oferecendo nova justificativa para líderes da oposição que defendem o impeachment da presidente.
Seja qual for o resultado final do TCU, o parecer é encaminhado ao Congresso Nacional, onde os parlamentares podem manter ou alterar a decisão da corte.
CRÍTICAS
O relator foi duro em suas críticas ao governo, insinuando que faltou "verdade" nos gastos públicos.
"Qual o Brasil que queremos? Um Brasil que o Estado comanda tudo, pára de investir e o país pára, como estamos vivendo hoje?
Queremos um Brasil de credibilidade, de confiança, de respeito internacional nas instituições. Precisamos de verdade para realizar esse desejo. Verdade na gestão dos recursos públicos, na demonstração no emprego do dinheiro do povo brasileiro", disse.
Nardes atribuiu os problemas da economia nacional ao desrespeito com as contas públicas, já que o governo teve deficit em 2014 de R$ 22 bilhões nos seus gastos primários.
"O que mostramos leva a um círculo vicioso de baixo crescimento, inflação alta, despesa pública alta e investimento baixo, deficit fiscal, criando a incerteza que vivemos hoje", disse.
O ministro do TCU ainda elogiou o ministro Joaquim Levy (Fazenda), dizendo que ele "está tentando fazer consertos".




domingo, 21 de junho de 2015

ANABB em Foco - 21.06.2015

Exposição da ANABB “CASSI em Debate”, 5º vídeo.
Em complementação à nossa nota ANABB em Foco- 13.06.2015, voltamos a parabenizar àquela associação pela apresentação  do 5º vídeo em relação ao tema “CASSI em Debate”.
Enfatizamos o excelente trabalho apresentado pelo Presidente da ANABB, Colega Sérgio Riede.  Esperamos que não seja o último vídeo sobre o assunto, conforme foi anunciado, face  a abordagem da matéria ainda não ter sido esgotada.
Essa é uma iniciativa que deveria merecer uma  análise apurada de outras associações, da CASSI, do BB e da PREVI.
Não se trata de  copiar  literalmente o modelo  adotado pela   ANABB. Até porque este é um tipo de trabalho que sempre pode ser inovado e aperfeiçoado.
E foi justamente isso o que a ANABB fez desta vez.
Um dos maiores méritos da apresentação de   Sérgio Riede, foi que ele organizou e sintetizou matérias que já tinham sido  discutidas anteriormente em debates entre as associações, a CASSI e o BB.
Teria sido um trabalho extenso e  cansativo  e, o que é pior, sem a mínima perspectiva de sucesso e de despertar o interesse  entre  os associados, apresentar vídeos com a integralidade de discussões e debates demorados , por vezes acalorados, repetitivos e, porque não dizer, maçantes.
Isso já aconteceu anteriormente  por várias vezes.
Desta vez, os vídeos da ANABB    apresentaram aos membros  das associações e da PREVI, mormente os aposentados, a essência e a objetividade das iniciativas e das discussões para a solução dos problemas que nos atingem.  Poupou-se tempo, dinheiro e, o que é mais importante, a paciência dos associados.
Muitos dirigentes de associações já denunciaram  várias vezes  a apatia de associados, principalmente os aposentados, em se interessarem pelos  assuntos que lhes atingem diretamente.
Mas poucos se deram ao trabalho de fazer um exercício  aprofundado de empatia e se colocar no lugar dos aposentados, muitos com necessidades especiais, para descobrirem as reais razões dessa falsa  apatia.
Os jornais e os sites das associações são veículos importantes de informação, mas tem um alcance   limitado por apresentarem uma visão colegiada e corporativista das instituições  e pela própria limitação de tamanho desses meios de comunicação.
As manifestações  pessoais e críticas de muitos dirigentes , como é o caso dos que colaboram na Coluna Antenado da AAFBB, desempenham um papel importantíssimo por irem além da visão institucional das associações,  mas não deixam de terem a extensão  de seus artigos cerceada  pelo próprio limite do veículo informativo .
Já vídeos como os que foram elaborados pela ANABB dão tempo e espaço para uma apresentação muito mais ampla e diversificada dos assuntos.
Além do que, a visão do apresentador (e aí entram as qualidades pessoais  do expositor), e o muito superior nível de apresentação visual e auditiva  dos vídeos, tornam os assuntos muito mais atraentes e interessantes para o público alvo.
Em razão do resultado exitoso desse trabalho da ANABB, exortamos as demais associações a seguirem o modelo dessa bem sucedida iniciativa, que só irá contribuir para  incrementar  o interesse dos associados pelos assuntos abordados  e que, paralelamente, aumentará e fortalecerá a união dos associados com suas associações.
Adaí  Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

sexta-feira, 19 de junho de 2015

O Império da Lei

O tempo está chuvoso e frio.
Acabei de sair de uma gripe brabíssima e tenho de me resguardar.
Pego o O GLOBO, e a manchete são os senadores que foram atacados  na Venezuela. Me pergunto como esses parlamentares  não previram que isso iria acontecer naquela ditadura bolivariana. Pelo menos tiveram o mérito de tentar  melhorar alguma coisa naquela maçarocada.  Coitados mesmo são os parlamentares oposicionistas que estão presos nas masmorras daquela ditadura brutal.
Vão acabar morrendo e ainda é possível que o governo brasileiro vá elogiar Nicolás Maduro, o herdeiro do Deus bolivariano  Hugo Chavez.
Acesso a internet e vou direto para os blogs de minha preferência. Manchete do Ari Zanella : “Cenário Desanimador”. O do Medeiros: “Comunicação, Exposição e Transparência.”
A Cecília Garcez continua com o título  “Vocês lembram da Fábula do Sapo e o Escorpião ?” e o Carvalho com “Previ – Comunicação – Remuneração Dirigentes.”
Tomo meu café com leite bem quente com pão com manteiga na chapa, me aninho embaixo de  um edredon gaúcho e volto a esmiuçar o jornal.
Fico entusiasmado  quando leio a nota “Nardes: “império da lei” tem que valer para todos os governantes.”
Junto todas as reportagens e artigos que já tinha colecionado sobre esse tema.  Muita coisa.
Lembrei-me de  um amigo americano, que residiu durante 10 anos no Brasil, e que  dizia que sempre ficava indeciso entre voltar a morar nos Estados Unidos ou continuar a residir no Brasil.  Ele via qualidades em ambos os países e afirmava que o lugar ideal para viver seria um que tivesse as qualidades de ambos os países sem os seus defeitos.
Sempre afirmava que considerava “o império da lei”  a maior qualidade  dos Estados Unidos.
Não vou me fixar sobre os vários e conhecidos problemas americanos mas tão somente me ater a essa nuance positiva  “o império da lei”,  que é uma virtude da qual temos extrema carência.
Como exemplo claro do não seguimento ao  “império da lei” , os associados do PB-1 da PREVI, do plano de Benefício Definido -  BD, tem a famigerada Resolução 26,  que nos  foi empurrada garganta abaixo ao arrepio dos Poderes  Judiciário e Legislativo. Vou me abster  de, nesta exposição,  me aprofundar sobre esse e outros abusos já tão debatidos a que, nós associados da PREVI,  estamos sendo submetidos, justamente pelo afrontamento ao princípio do “império da lei”.
Entre todas as reportagens e  arrazoados sobre o tema de Rogério Furquim Werneck, Merval Pereira, Míriam Leitão e do próprio Ministro Augusto Nardes,  reproduzo abaixo a nota “Pegaram de novo”, de Carlos Alberto Sardenberg, que está na página 18, do O Globo, de 18.06.2015.
Esse assunto ainda vai  render palpitantes matérias na mídia.
Apreciem, analisem a nota e tirem suas próprias conclusões.
Adaí  Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

Pegaram de Novo
Roberto Setúbal não pode tomar dinheiro emprestado no Itaú, assim como Lázaro Brandão não pode se financiar no Bradesco. Não podem nem ter cheque especial nos bancos que presidem e do qual são acionistas. Isso é para proteger a instituição financeira, seus clientes e o sistema. Se o dono pode sacar no caixa do banco, é imenso o risco de que se abra um saco sem fundo. Já houve quebradeira pelo não cumprimento dessa regra no setor privado.
No setor público, a norma faz ainda mais sentido. O Tesouro (a União, o governo) não pode pegar dinheiro emprestado nos seus bancos – e isso para proteger a instituição, os clientes, o sistema e os contribuintes, estes os donos em última instância, embora raramente respeitados.
Além disso, o/a presidente da República não pode autorizar despesas que não estejam autorizadas no Orçamento, este aprovado pelo Congresso – um sistema muito eficiente, embora nem sempre respeitado.
Está aí a base da Responsabilidade Fiscal. E que foi claramente desrespeitada no governo de Dilma Rousseff, como afirma o relatório do ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União.
O caso mais simples: o seguro-desemprego é um programa mantido pelo governo federal, pelo Tesouro, com recursos previstos no Orçamento. A Caixa é agente, faz os pagamentos aos segurados, com dinheiro que recebe do Tesouro.  Presta um serviço, para o qual, aliás, é remunerada. Portanto, se a Caixa não recebesse os recursos do Tesouro, não poderia pagar aos segurados. Não deveria, aliás. E deveria ter autonomia administrativa para fazer isso.
Aconteceu bem diferente: o Tesouro não fez os repasses e o governo mandou a Caixa continuar pagando normalmente. Ou seja, nesse e em outros casos, como no abono salarial, o governo sacou a descoberto, pegou dinheiro por conta, prometendo cobrir o rombo mais à frente. Ora, isso é um empréstimo, é a Caixa financiando o Tesouro numa espécie de cheque especial.
Só que a operação não é assim registrada. Fica como um pequeno atraso, nada demais, pessoal. Qual o problema, se sempre se fez assim?
A novidade é que, pela primeira vez, um relatório diz o óbvio ululante: trata-se de um empréstimo e é ilegal.
São  as pedaladas.
Fazendo isso repetidas vezes, o governo Dilma gastou sem registrar o gasto. Ficou devendo para a Caixa, para o BB e para o BNDES, mas a coisa toda parecia normal, que estava tudo em dia. E para quê? Para gastar mais do que o autorizado pelo Congresso no Orçamento.
São duas ilegalidades. Primeira, empréstimos que não poderiam ser tomados. Segunda, gastos além dos autorizados na lei maior, a Lei do Orçamento.
A Responsabilidade Fiscal foi uma construção levantada depois do Real. Um conjunto de leis, normas e acordos cujo objetivo foi colocar limites, controles e transparência ao gasto público. Foi um aprendizado.
No início do governo FH, o Banco do Brasil recebeu um aporte de capital de R$ 9 bilhões, em dinheiro da época. Estava praticamente quebrado, justamente por causa das pedaladas. O governo federal abria uma linha de crédito subsidiado para um determinado setor, o BB adiantava os financiamentos e não recebia o ressarcimento do governo federal. Como hoje.
O governo fluminense e suas estatais se financiavam no Banerj e, claro, não pagavam nada. Que dívida? Por que pagar ao nosso próprio banco? O mesmo aconteceu com o Banespa.
Resultado: quebraram os governos, as estatais e os bancos, atolados em dívidas no final das contas financiadas pelo contribuinte.
Regras de ouro, portanto: o governo não pode se financiar no seu banco; tem que gastar menos do que arrecada; o gasto tem que ser autorizado pelo Congresso e transparente.
A gestão Dilma desrespeitou tudo isso com manobras contábeis que procuraram esconder os fatos e iludir os contribuintes.
Muita gente registrou, apontou e denunciou as manobras. Mas o ministro Mantega e a presidente não estavam nem aí. Negaram as manobras até o fim. É impressionante. Pareciam ter absoluta confiança de que não ia dar em nada.
Daí a importância política do relatório de Augusto Nardes.
É mais uma peça da crise atual, mas também é mais um sinal de como as coisas estão mudando. Não faz muito tempo, o TCU era uma aposentadoria de luxo para políticos. Hoje, o relatório ainda não foi votado, a presidente Dilma tem prazo para se defender formalmente, mas os dados levantados e apontados pelo relator já fizeram o serviço – o serviço de mostrar que o governante não pode fazer o que quer com o dinheiro dos outros.
Mas fica também um lado triste dessa história. Caramba, gente, essa irresponsabilidade já havia sido praticada, deixou estragos, foram corrigidos, com custos para o contribuinte, e ... se faz tudo de novo ?
Carlos  Alberto Sardenberg é jornalista.