segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A REVOLUÇÃO CONTINUA

Companheiros,

Constantemente somos confrontados com situações que nos desafiam, e que nos fazem questionar quais são os caminhos a seguir para que o Brasil consiga sair do atoleiro em que se encontra.
Há um ano, completamos um ciclo de governos do PT, que nos levou ao abismo econômico e financeiro do qual estamos começando a escapar.
Durante os períodos do PT, criou-se um governo orientado para a implantação de   um modelo marxista utópico de sociedade protecionista, com uma imensa  diversidade de programas sociais, abrangendo dezenas de milhões de pessoas, em escala crescente, sem qualquer controle e, principalmente, sem que houvesse a contrapartida de aportes financeiros para sustentar esse mastodôntico e pródigo estado assistencialista.
Em lugar de se criar um estado enxuto, ético, eficiente e dinâmico, deu-se andamento a um empreguismo desenfreado de apadrinhados políticos, que incharam a máquina pública, tornando-a um monstrengo pesado, oneroso e ineficiente, com o intuito de obter apoio parlamentar para uma miríade de programas governamentais desfocados da realidade econômica do país.
Paralelamente, criou-se   um colossal esquema de corrupção entre políticos e dirigentes governamentais juntos     com grandes conglomerados empresariais privados, para promover saques do Estado de toda ordem, como    isenção fiscal a segmentos privados, que chegou a quase R$ 450 bilhões. Montou-se uma cadeia de projetos megalomaníacos desvinculados da realidade, com o único objetivo de promover desvios de recursos estatais. Institucionalizou-se no meio político um viciado e gigantesco sistema de extorsão de propinas junto a empresas privadas e estatais, a título de apoio para campanhas políticas, em troca de favores de toda ordem.  
Arrasou-se a Petrobrás, a maior empresa do país e diversas outras estatais, através de um gigantesco e sofisticado sistema de corrupção sem paralelo no mundo.
Enfim, promoveu-se todo o corolário de irregularidades que quebrou o país, que continuam a ser descobertos,  e que a mídia nos mostra a todo momento.
Para cobrir esse esquema criminoso que esgotou os recursos do Estado, criou-se o esquema das “pedaladas fiscais”, que foi a razão básica para a deposição de Dilma Rousseff.
Para que se tenha um retrato real da dimensão desse saque,  que afundou a economia e as finanças do Brasil, recomendo a leitura do excelente livro “Anatomia de um Desastre”, de Cláudia Safatle, João Borges e Ribamar Oliveira, três dos mais destacados jornalistas da área econômica em nosso país.
Nessa obra se verá como Arno Augustin, um trotskista à frente do Tesouro, junto com Dilma Rousseff e Guido Mantega, criou a maquiavélica “contabilidade criativa”, que acabou por desestruturar as finanças do país para cumprir metas fictícias, e cobrir o rombo criado pelo desgoverno do PT.
O   último Governo de Dilma Rousseff, pode ser classificado como o ápice de arrasamento  econômico e financeiro do Brasil, em toda a sua história.
Esse ciclo infernal, que cessou com a deposição da presidente, foi o início da saída dessa hecatombe econômica e social.
Muito embora os recentes índices  econômicos apresentem uma pequena reversão do quadro trágico em que se encontra o Brasil, estamos apenas no início da revolução que almejamos para transformar nossa sociedade.
O governo de Michel Temer está envolvido numa trama de corrupção política que envergonha a imagem do Brasil.
A Operação Lava-Jato e o Poder Judiciário como um todo, vêm sendo atacados por todos os lados, tanto pela esquerda como pela direita, tanto por Lula como por Michel Temer.
Ou seja, como no conhecido bordão popular, as moscas mudam, mas o esterco é o mesmo.
A classe política, atacada e acuada como nunca em nossa história, tanto pela mídia, pelo Judiciário e por diversos órgãos da República, trata de se defender ferozmente ao tentar aprovar leis absurdas, imorais e discricionárias, a exemplo do chamado “abuso de autoridade”, para constranger e frear a atuação de juízes federais e outras autoridades  que atuam para punir a ação delituosa de membros da classe política.
Por outro lado, a PF-Polícia Federal, vê-se ameaçada pelo Poder Executivo, e aí leia-se Michel Temer, com a mudança de seu comando e com o corte de verbas, situações que podem inviabilizar a continuação de suas operações.
A imagem do Presidente Michel Temer, a despeito do relativo sucesso de sua viagem à China, vem sendo denegrida pela mídia internacional pelo seu envolvimento direto em esquemas de corrupção que estão sendo continuamente descobertos e denunciados pela PGR-Procuradoria Geral da República e repassados ao STF-Supremo Tribunal Federal.
A situação de Michel Temer tornou-se tão vexaminosa e constrangedora que dirigentes de diversos países e representantes de órgãos internacionais, quando visitam a América Latina, vão a vários países, mas não vêm ao Brasil, justamente o maior, mais populoso e mais rico país de nosso continente.
Para o bem do Brasil e para que o processo de depuração e mudança de nossa sociedade não pare, a mídia - o quarto poder - continua exercendo vigorosamente seu papel de informar à sociedade tudo que é apurado nessas investigações e suas consequências.
Apesar das ameaças de políticos e do Poder Executivo, os poderes da República prosseguem atuando com todo o empenho.  A Justiça Federal e a Lava Jato continuam trabalhando vigorosamente, novas operações da PF são efetuadas, e novos processos continuam a surgir.
O que nos assusta, é se o PT, tendo à frente o ex-Presidente Lula, for vencedor nas próximas eleições.
O anúncio de Lula de que uma de suas primeiras medidas, vai ser o controle da mídia, deixa a sociedade organizada aterrorizada.
Espera-se que Lula, que classificamos como uma raposa política, tenha feito essa declaração no calor de um comício para agradar a ala radical de sua militância política.
Esse seria o primeiro passo para frear o processo de purgação e renovação pelo qual passa o país.   
Se isso viesse a ocorrer, seria o primeiro ato de ruptura com o estado democrático de direito, e o início de um processo sanguinário e destruidor para implantar à força uma brutal ditadura ao estilo bolivariano, como ocorre na Venezuela.
Não somos contra os partidos de esquerda. Eles são o contraponto frente à opressão de medidas autoritárias por parte do Estado, e dos abusos e transgressões por parte do mundo empresarial. Existem medidas sociais por parte do Estado que têm de ser implementadas, preservadas e defendidas, e esse é um papel a ser exercido pelos partidos de esquerda.
Mas a esquerda precisa se reciclar.
Não tem mais cabimento, na atualidade, defender princípios políticos superados e fracassados baseados no marxismo-leninismo, tal como a ditadura do proletariado, que monopolizava a mídia, e que acabou por implodir a ex-URSS.
Foi isso o que fez a presidente do PT, a Senadora Gleisi Hoffmann, ao defender a sanguinária e brutal ditadura implantada na Venezuela e comandada por Nicolás Maduro.
Nada pior para a imagem do PT.
Aliás, ficamos espantados com o descolamento da realidade por parte de parlamentares radicais do PT.
Será que vivem em outro planeta?
Será que nunca vão entender que a massa da população brasileira não quer violência nem derramamento de sangue?
O brasileiro está realmente preocupado é em ter um teto e um emprego, levar uma vida tranquila, melhorar seu padrão de vida, dar boa educação, segurança e saúde para seus familiares, e desfrutar a vida da melhor forma possível, dentro de suas limitações financeiras.
O brasileiro, antes de tudo, é um bon-vivant, e tem inúmeras razões para ser feliz e desfrutar a vida com alegria e prazer.
As manchetes esportivas dos jornais e os estádios lotados retratam o entusiasmo e o encanto do povo com o   esporte da paixão – o futebol.
O prazer da dança e da música, a par com o Carnaval, são outros motivos de    satisfação e alegria do povo.
A beleza, a sexualidade, e o charme da mulata, criação autenticamente brasileira, são razões de encantamento, gozo e prazer.
Até as novelas são outro grande motivo de prazer para as famílias.  Aliás, lembro-me de uma passagem em que o cantor e ex-vereador Agnaldo Timóteo, perguntado por um parlamentar se o povão estava preocupado com as péssimas notícias políticas, ele respondeu que o povão estava preocupado mesmo era com o próximo capítulo da novela das 9h, da Globo. Poucas vezes ouvi uma declaração tão realista.
Então, por favor, Senadores Gleisi Hoffmann e Lindberg Farias, deixem de ser ridículos e parem com seus discursos inflamados, chatos e repetitivos para mobilizar o povo para a violência e para mudar tudo na marra.
Usando o direto linguajar popular: “Caiam na Real !!”
Esse tipo de discurso cansado e desfocado da realidade, pode até iludir grupos minoritários de agitadores, e estudantes imaturos, recém-entrados na puberdade, mas não um povão sábio como o nosso.
Sim, o povo é sábio. Sabe o que não quer, embora ainda não consiga atingir o que quer.
Governos se mudam em eleições ou em processos legais de impeachment.
E progresso do país e de seu povo se faz com muito trabalho, um sistema judiciário sério e atuante, e uma classe política digna e honesta   que trabalhe em prol dos interesses da sociedade.
A despeito das críticas ácidas a políticos radicais, sejam de que matizes forem, temos apreço e admiração por diversos líderes da esquerda.
Entre esses, citamos o admirável Senador Cristovam Buarque (PPS-DF).
Adiante reproduzimos sua nota “Comemoração incompleta”, que foi publicada no jornal O Globo, em 02.09.2017, à página 15.
Em relação à situação social, econômica e financeira do país, também transcrevemos o artigo “Falta mais do que dinheiro”, do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, publicado no jornal “O Globo”, em 31.08.2017, à pag. 16.   
A nota de Carlos Alberto Sardenberg é uma apreciação realista não só da economia do Brasil, mas dos traços que permeiam nossas ações e nossa maneira de pensar.
A mudança desses comportamentos e dessa mentalidade são alguns dos maiores desafios para a transformação da sociedade e de nosso país.
Essa é uma situação da qual não temos como escapar, independentemente de quais sejam nossas opções ideológicas  e nossas filiações políticas.

À vossa apreciação.

ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB


Artigo “Falta mais do que dinheiro”, do jornalista CARLOS ALBERTO SARDENBERG:

“As leis, a mentalidade política e a cultura nacional querem do Estado muito mais do que ele pode fornecer.”

A história das contas do governo federal tem o seguinte enredo:

— Por norma constitucional, a despesa de um ano tem que ser igual à despesa do ano anterior mais a inflação;

— Na vida real, e por determinação também constitucional, as despesas com previdência, pessoal e benefícios crescem bem acima da inflação todos os anos;

— Logo, para que a despesa total permaneça estável, é preciso cortar os gastos com custeio e investimento;

— Logo, falta dinheiro para o governo tocar os serviços públicos de educação, saúde, segurança etc.

Claro que a primeira resposta para essa situação está na reforma previdenciária, de longe o maior gasto e o maior déficit, que cresce todos os anos.

Mas ainda que se faça essa reforma, o que é muito difícil, não vai sobrar dinheiro para o resto do Orçamento. Primeiro, porque o gasto previdenciário já atingiu um nível muito elevado — mais de 50% do total das despesas. Nenhuma reforma reduzirá esse gasto. Poderá apenas, sendo bem-sucedida, diminuir a velocidade de expansão do déficit.

Logo, continuará muito apertado o orçamento de todas as demais áreas do governo. O que nos leva à necessidade de outras duas reformas, uma para conter a folha de salários do funcionalismo, outra para reduzir o generoso pagamento de benefícios diretos.

Mas, de novo, esses gastos já atingiram níveis elevados. Também não podem ser reduzidos, mas apenas contida sua expansão.

E mesmo que se consiga isso — reparem, já são três reformas muito difíceis — não vai sobrar dinheiro para o setor público naquela que é sua função principal, a de prestar serviço aos cidadãos.

A razão é óbvia — ou deveria ser. E é a seguinte: as leis, a mentalidade política e a cultura nacional querem do Estado muito mais do que ele pode fornecer.

Como se financia o Estado? Com impostos e com a tomada de empréstimo. Já fizemos isso. A carga tributária é muito elevada, não cabe no bolso dos contribuintes. E a dívida pública cresce todos os anos, aproximando-se perigosamente do nível em que será insustentável. O governo tem ainda uma última arma — destruidora — que é emitir dinheiro. Resolve por um instante e gera uma baita inflação.

Tudo isso para tentar mostrar que é preciso reduzir o tamanho do Estado.

Está uma choradeira em tudo que é repartição pública. Compreensível. Está sempre faltando alguma coisa, de gasolina para a polícia a rancho para os soldados. Reação automática do pessoal: pedir mais dinheiro para Brasília.

Tem uma turma que vai ao limite do ridículo: é contra as reformas, contra mais impostos e a favor do aumento de gastos e investimentos. A dívida pública? Não tem problema, é só deixar de pagar aos especuladores, alegam.

Mas mesmo tirante essa turma, fica muita gente bem-intencionada que não percebeu a raiz do problema: o Estado terá que fazer mais com menos, prestar menos serviços para menos pessoas e, finalmente, buscar recursos no setor privado.

Vamos falar francamente: não faz sentido dar universidade de graça para quem pode pagar. Idem para o atendimento médico.

Diz a Constituição que todo brasileiro tem direito a ser atendido de graça e com o melhor tratamento disponível. Não tem dinheiro para isso. Logo, é preciso fazer uma fila e definir quem pode e quem não pode receber este ou aquele tratamento.

Dizem: isso é uma violação do princípio do atendimento universal. Mas esse princípio é violado todos os dias e da maneira mais selvagem: fila no pronto-socorro, gente morrendo no corredor do hospital ou aguardando meses para o tratamento de um câncer.

A lei não organiza a fila. Fica por conta do coitado do plantonista da emergência.

Não faz sentido que as universidades e os centros de pesquisa não vendam serviços para empresas e outras instituições privadas. As universidades aqui não conseguem nem receber doações. Já em países onde estão algumas das melhores escolas do mundo, as universidades vivem basicamente de doações e venda de serviços. Incluindo a cobrança de anuidades, combinando com o fornecimento de bolsas.

Desculpem se estamos piorando o cenário, mas é isso mesmo. Não bastarão as reformas da Previdência e do funcionalismo. Precisamos de uma mudança cultural: entender que o Estado brasileiro atual não cabe no país. Tem que ser menor e melhor.



Artigo “Comemoração incompleta”, do Senador CRISTOVAM BUARQUE (PPS-DF)

Daqui a cinco anos, o Brasil ingressará no terceiro centenário de sua história como país independente. Neste 7 de setembro, aos 195 anos de nossa independência, é possível comemorar o que nossos antepassados conseguiram.

Atravessamos quase 200 anos consolidando um imenso território soberano e unificado por redes de transporte, de comunicações, de distribuição de energia, a economia brasileira está entre as maiores do mundo no valor do produto, passamos de 200 milhões de habitantes. Não há dúvida de que temos que comemorar os primeiros dois séculos.

Mas se, no lugar de olharmos para a história, olharmos ao redor, a festa perde seu brilho. Comemoramos um elevado PIB, o oitavo do mundo, mas 84º por habitante, por causa de nossa baixa produtividade.

Igualmente grave, nossa economia se concentra em bens agrícolas e minerais ou indústrias tradicionais, porque somos um país de baixa capacidade de inovação.

Do ponto de vista social, carregamos a vergonha de sermos campeões em concentração de renda, temos formidáveis ilhas de riqueza e um trágico mar de pobreza.

Chegamos ao nosso terceiro século divididos tão brutalmente que podemos nos considerar um sistema de apartação, um país onde a população está dividida e separada por “mediterrâneos invisíveis” intransponíveis.

Somos um país integrado fisicamente e desintegrado socialmente. Por isso, somos hoje, em parte, campeões de violência urbana com mais de cem mil mortos por ano, 50 mil assassinatos e 45 mil vitimados por acidentes de trânsito.

Na política, apesar de comemorarmos o aniversário com um sistema democrático e instituições funcionando, em nenhum outro momento tivemos uma classe política tão desacreditada.

As promessas foram descumpridas, a corrupção se alastrou, os partidos se desfizeram, as finanças públicas foram quebradas, as estatais arrombadas, as corporações dividiram o país em republiquetas sem sentimento nacional.

A sensação é de que o país entra no seu terceiro século desagregando-se, sem coesão social, sem rumo histórico.

O mal-estar se explica por muitas causas, mas certamente a principal está no descaso com a educação de nossa população, desde a primeira infância. Chegamos ao nosso terceiro século com 13 milhões de compatriotas adultos incapazes de reconhecer a própria bandeira da República, por não saberem ler o lema “Ordem e Progresso”.

Além destes, segundo o IBGE, são quase 28 milhões de adultos analfabetos funcionais, apenas um pequeno número de jovens recebe formação necessária para construir a economia e a sociedade do conhecimento que vai caracterizar o século adiante.

Passados dois séculos, ainda somos um país com baixíssimo grau de instrução e com abismal desigualdade no acesso à educação conforme a renda da família.

E não seria difícil fazer com que, bem antes do quarto século, o Brasil conseguisse ser um país com educação de qualidade para todos: os filhos dos mais pobres em escolas com a mesma qualidade dos filhos dos mais ricos; uma sociedade que não dispensaria um único talento intelectual de sua população.
Sem isso, certamente não teremos o que comemorar quando o quarto centenário chegar.

2 comentários:

  1. Caro Amigo,
    Longo e esclarecedor artigo.
    O Brasil se encontra em uma arapuca.
    Como sair disso?
    Não sei.

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  2. Caro Anônimo,

    Se eu fosse futurólogo estaria rico.
    Penso que o povo brasileiro tenha amadurecido e perdido as ilusões com soluções mágicas e demagogos que nada oferecem a não ser vãs promessas.
    Acho que o Brasil está trilhando o caminho certo.
    Tudo está sendo revisado e investigado.
    A Justiça está cumprindo seu papel.
    Vão surgir obstáculos e mais obstáculos mas o caminho é em frente.
    Mesmo que em um determinado momento haja uma parada ou até um recuo a jornada vai continuar.
    E isso é o que importa.
    Essa é a minha opinião.

    Abraços

    Adaí Rosembak

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