Caros Companheiros,
Vivemos tempos estranhos.
Muitos brasileiros se perguntam se merecemos tudo o que vem
acontecendo conosco e qual caminho o Brasil tomará no futuro próximo.
Nas últimas eleições, votei em JAIR BOLSONARO (PSL).
Exerci meu voto anti-PT, porque o desencanto com o PT e com a
esquerda em geral, que arrasaram o país, era imenso.
Mas uma série de manifestações estapafúrdias e medidas esdrúxulas
por parte do titular do Poder Executivo e alguns de seus representantes,
acabaram com minhas esperanças de término do Governo Bolsonaro de forma
tranquila e com respeito à Constituição Federal.
Por isso é que, quando me perguntam se tornaria votar no
mesmo presidente, nas próximas eleições, minha resposta é um taxativo NÃO.
A última coisa que se poderia esperar é que JAIR BOLSONARO
viesse a trair suas promessas basilares de campanha – a HONESTIDADE e a ÉTICA.
Foi por essas razões que a maioria dos votantes o elegeu.
É preciso frisar que votamos em JAIR BOLSONARO, mas não em
seus filhos, demais familiares e amigos.
Temos de esperar que o STF, que é a Suprema Corte de Justiça
do Brasil, julgue se tem sido ilegal a interferência de JAIR BOLSONARO na atuação e autonomia da POLÍCIA FEDERAL, no Rio
de Janeiro, no que tange às investigações daquela autarquia sobre o papel do
Senador FLÁVIO BOLSONARO (REPUBLICANOS-RJ) no processo da chamada RACHADINHA.
E aí não se trata de perseguição a nenhum parente, familiar
ou amigo de JAIR BOLSONARO.
Trata-se de uma função precípua de Polícia Federal, que é um órgão
do âmbito Poder Judiciário.
Assisti na TV à gravação do encontro do Presidente JAIR BOLSONARO
com ministros de seu Governo em 24 de abril de 2020, no Palácio do Governo no
Planalto, cuja exibição pela mídia foi autorizada pelo Ministro do STF, CELSO
DE MELLO, decano daquela Corte.
É inacreditável o que se viu e ouviu.
Foi um debate de nível absolutamente rasteiro, inimaginável e incompatível com a liturgia exigível para um encontro ministerial
daquela natureza conduzido pelo Presidente da República.
JAIR BOLSONARO abusou do uso de palavrões, e dirigiu ofensas
pessoais graves a diversas autoridades,
entre as quais o Governador JOÃO DÓRIA, de
São Paulo , chamado de BOSTA, o
Governador WILSON WITZEL, do Rio de Janeiro, de ESTRUME e o Prefeito de Manaus,
ARTHUR VIRGÍLIO NETO, também de BOSTA.
Custei a acreditar no que estava vendo e ouvindo.
Estava perplexo com tudo aquilo.
Não me contive e dei boas gargalhadas.
O Rei ficou nu.
Até falou em hemorroidas. Não me lembro se foi citado de quem
eram as ditas cujas.
As genitoras inocentes de muitos de seus opositores que, se já
não estavam falecidas, deveriam estar assistindo assustadas àquele espetáculo
dantesco, também eram alvos de seus petardos.
Isso tudo é um prato cheio para a mídia, no Brasil e no
exterior.
Não me lembro de nada parecido na recente história
brasileira.
O que mais se aproximou desse episódio, foi o ITAMAR FRANCO
que foi filmado em um palanque carnavalesco acompanhado de uma mulher que
estava sem calcinha.
A mídia internacional adorou.
As filmagens de ITAMAR FRANCO acompanhado da mulher sem
calcinha circularam pelo Mundo todo.
Sucesso total!!
Mas ITAMAR FRANCO saiu pela tangente e se justificou dizendo que
quem estava sem calcinha era a mulher, mas ele continuava de cueca e calças.
Presidente ITAMAR FRANCO deixou saudades, apesar de seu
jeitão caipira, seu apego a um fusquinha velho, e esse episódio pitoresco.
Ao lado de JAIR BOLSONARO, obrigados a participar daquele
espetáculo constrangedor e deprimente, encontravam-se, por vezes impassíveis, em outros momentos surpresos e
assustados, com discretos olhares de soslaio, o Vice-Presidente da República HAMILTON MOURÃO,
o Ministro da Justiça e Segurança
Pública SÉRGIO MORO, o Ministro-Chefe da Secretaria de Governo LUIZ EDUARDO
RAMOS, o Chefe da Casa Civil WALTER BRAGA NETTO, o Ministro Chefe do Gabinete
de Segurança Institucional da Presidência da República AUGUSTO HELENO, e outras ilustres autoridades e demais
ministros.
O linguajar inapropriado de JAIR BOLSONARO deu margem a que alguns
membros radicais de seu governo abusassem do mesmo nível de vernáculo.
Como exemplo, cito, entre outros, o Ministro da Educação
(logo da Educação ??), ABRAHAM WEINTRAUB, que chegou a classificar os Ministros
do STF, a mais alta corte do país, de “vagabundos” e que, por ele, colocava
todos na cadeia.
O Ministro da Economia PAULO GUEDES foi outro que passou a seguiu
o mesmo padrão de expressão.
O jornal O GLOBO publicou em 15.05.2020, a notícia de que, em
uma reunião ministerial realizada no Palácio do Planalto, o Ministro da
Economia, Sr. PAULO GUEDES declarou que era preciso “VENDER LOGO A PORRA
DO BB”.
Na reunião no Palácio do Planalto, em 24.04.2020, ao fazer
elogio à sua pessoa ao declarar ter lido vários livros sobre economia, disse
que o BANCO DO BRASIL era um pacote pronto para “a privatização”.
Porém esqueceu-se de dizer que a implementação dessa medida extrema
com efeitos deletérios sobre toda a economia do país, principalmente a área agrícola, teria antes, de ser aprovada
pelo Congresso.
Na defesa do BB, enalteço o relevante papel da ANABB - Associação
Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, a maior associação de funcionários
aposentados do Banco do Brasil, com cerca de 100.000 sócios, entre funcionários
da ativa e aposentados, que declarou que
vai entrar com interpelação judicial contra o Ministro da Economia para que ele
se explique sobre uma afirmação que fez na reunião ministerial de 22.04.2020,
dizendo que é preciso “vender logo a PORRA do BB”
Adiante, após este introito, reproduzirei a relevante nota sobre
esse assunto, intitulada “QUE PORRA É ESSA “MINISTRO” !!!*, publicada em
20.05.2020, de autoria do Companheiro EDSON MACHADO MONTEIRO, economista,
ex-Diretor da PREVI e ex-Vice Presidente do BANCO DO BRASIL.
Como blogueiro, nestes tempos bicudos de COVID-19, aperto
financeiro e em quarentena, tenho procurado me poupar ao extremo.
Afinal de contas estou no grupo de risco.
Muitos outros blogueiros optaram por dar um tempo em suas
publicações. Antes eu os criticava, agora os compreendo.
Bato palmas para os blogueiros Medeiros, Ari Zanella e
Rosalina de Souza.
Cada um, dentro de seus estilos e de seus nichos, são muito
ativos.
Poucos tem ideia do trabalho, do tempo dispendido, e dos
gastos para manter um blog ativo.
É muito tempo gasto em estudo e em pesquisas.
É preciso ter muito cuidado e tato na elaboração de artigos.
E, mesmo assim, cometemos gafes e erros.
Por essa razão, podemos ser alvos de processos legais.
Temos de ter equipamentos de informática potentes e
dispendiosos.
Temos de usar cartuchos de tinta importados e caros, é muito
papel e, vira e mexe, sofremos invasões de hackers que, depois, exigem o trabalho
de técnicos especializados que cobram caro para a formatação e reinstalação de sistemas.
Pagamos um alto preço a provedores para o envio de numerosas
mensagens, divulgação de blog etc., etc.
Enfim, é um turbilhão de despesas.
Para culminar, ainda somos injustamente acusados de
recebermos ajuda financeira para a publicação
de “fake news”.
Queremos ajudar os companheiros de nossa categoria cada vez mais,
mas estamos idosos e, isso tudo junto, torna-se muito aborrecido, cansativo e
dispendioso.
Acresça-se a esses aspectos, o fato de que temos nossos
problemas e prazeres pessoais que consomem nosso tempo.
Gosto de me manter atualizado com os problemas e o noticiário
em geral sobre o Brasil e o Mundo.
Aprecio a boa música.
Entre outras leituras, sou um leitor voraz dos livros e participante
das palestras ( via Youtube) dos filósofos Luiz Felipe Pondé, Mário Sérgio Cortella
e Leandro Karmal – meus preferidos no Brasil.
Estudo inglês intensamente para uso em viagens e leitura de
livros, revistas e jornais em inglês.
Enfim, apesar da idade avançada, mantenho-me ocupado
e ativo.
Para usufruir mais dos prazeres da vida, havia decidido tirar
um tipo de período sabático, com uma freada na publicação de meus artigos, mas, face aos desafios na presente quadra, não pude me
conter e estou lançando a presente nota.
Não deixem de apreciar, adiante, a corajosa e excelente nota
de autoria de nosso companheiro EDSON MACHADO MONTEIRO.
Imperdível!!
Uso o típico linguajar nordestino para descrever o ilustre
companheiro EDSON MACHADO MONTEIRO:
“MASSA, TÁ AÍ UM CABRA MACHO E ARRETADO !!”
Boa leitura para todos.
Forte Abraço e protejam-se.
ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB
Nota de EDSON MACHADO MONTEIRO:
*QUE PORRA É ESSA
“MINISTRO” !!!*
O jornal O GLOBO publicou, em 15 de maio último, a informação
de que, em uma reunião ministerial realizada no Palácio do Planalto no dia 22
de abril de 2020, o Ministro da Economia, Sr. PAULO GUEDES, teria afirmado que
é preciso “vender logo a PORRA do BB”.
Como o conteúdo do vídeo gravado nessa reunião está sob
segredo da justiça e seu inteiro teor possivelmente nunca será trazido à
público, fiquei em dúvida sobre que “BB” V. Exa. estaria falando.
De repente, pode ser um código de comunicação utilizado no governo
ou, quem sabe, a senha de algum projeto em andamento em seu cabuloso
ministério.
Mas Ministro, se V.Exa. estava mesmo se referindo ao Banco do Brasil, com toda certeza o despropósito e a
vulgaridade de com que tratou o tema não se coadunam com a liturgia do cargo
que ocupa, pois estaria referindo-se a uma empresa de valor e relevantes
serviços prestados à sociedade brasileira, com mais de 200 anos de existência.
Talvez o melhor e mais rentável ativo do portfólio que administra, como “chefe”
do Tesouro Nacional, acionista controlador do Banco do Brasil.
E isso, para mim, não é novidade.
V.Exa é um “posto Ipiranga” com origem no mercado financeiro,
sócio de banco de investimento que vivia mamando nas tetas dos fundos de pensão
nas décadas de 1980 e 1990, exceto nas da PREVI, que, em 1993, rompeu o
relacionamento espúrio com diversos agentes do mercado financeiro, entre eles o
banco do qual V. Exa. era sócio, para constituir o que é hoje o patrimônio
saudável da maior entidade fechada de previdência privada abaixo da linha do
Equador.
A reforma bancária de 1964 favoreceu o surgimento de grandes
conglomerados financeiros, com ampla atuação no mercado, e impôs amarras à
atuação do BB, impedindo-o de operar em frentes emergentes e rentáveis, como
nas áreas de mercados de capitais, seguros, previdência e cartões, levando-o,
ao longo dos anos, a definhar e perder a representatividade que tinha no
mercado.
Somente a partir de 1995 foi que o BB, com o apoio de seus
acionistas, sobretudo o Tesouro Nacional, venceu as amarras e também se
transformou em um conglomerado financeiro, após efetuar ajustes estruturais e
sanear seus ativos, com vultosos investimentos em tecnologia, no desenvolvimento
de pessoas e em novas frentes de negócios, passando a atuar de maneira
competitiva em todos os ramos do mercado financeiro e de capitais, no Brasil e
no exterior.
De lá para cá, Ministro, são mais de 20 anos de lucros
sucessivos e crescentes, com profissionalismo e elevada eficiência operacional,
apesar das restrições que enfrenta uma sociedade de economia mista para atuar em
mercados competitivos.
Mas o BB superou tudo isso, com expressivo crescimento em
todos os ramos de negócios, distribuindo vultosos dividendos no período,
sobretudo ao acionista controlador, além de impostos gerados para os cofres da
União e da excelência dos serviços entregues à sociedade.
E sabe por que, Ministro?
Porque o BB inovou em parcerias, investiu e formou gente
competente, comprometida com o desenvolvimento de negócios em prol da sociedade
brasileira.
Além disso, retomou uma das características mais marcantes de
sua história: voltou a ser celeiro de profissionais de excelência, muitos dos
quais assediados e recrutados por grandes empresas nacionais e multinacionais
dos mais diversos ramos de atividade.
E a história se repete, Ministro!
Por ingerência do controlador, a atual direção do BB vai
dando consequência à estratégia irresponsável de fatiar um banco moderno,
competitivo e lucrativo, vendendo isoladamente as subsidiárias que dão retorno e
complementam a atuação do conglomerado BB nos diversos segmentos de mercado.
Ao final desse processo restará sim um “elefante branco”,
igual àquele de antes das reformas iniciadas em 1995, sem capacidade de gerar
resultados, pois os negócios mais rentáveis foram “vendidos” sabe-se lá para
quem e com que grau de transparência.
Aí talvez, seja mesmo a hora de “VENDER LOGO A PORRA DO BB”,
pois será uma empresa sem competitividade e que não atende mais às expectativas
de seus clientes e acionistas.
Isso é cruel e leviano, Ministro!
A irresponsabilidade chega às raias do absurdo, do
inacreditável.
Representa um descompromisso com os investidores e com a
sociedade brasileira, pois arruína o patrimônio do povo e desintegra um negócio
que está funcionando de maneira harmônica e lucrativa há décadas.
É claro que é um desmonte planejado, possivelmente combinado com
os competidores, com amplos interesses em adquirir ou retomar “shares” que lhes
foram tirados pela contundente atuação do BB nas últimas duas décadas.
Afinal Ministro, que PORRA é essa?
É bom lembrar que a privatização do BB depende de autorização
do Legislativo.
E lá, os representantes do povo terão que enfrentar esses
fatos históricos e os valores que o BB representa para o País, além de “abrir
mão” do papel que desempenha no campo social e cultural, na execução de
políticas econômicas anticíclicas , no financiamento da produção nacional,
principalmente do agronegócio, e na prestação de serviços a milhões de
brasileiros.
https://www.linkedin.com/pulse/que-porra-/%C3%A9-essa-ministro-edson-monteiro/
EDSON MACHADO MONTEIRO
Economista, ex-Diretor da PREVI e ex-Vice Presidente do Banco
do Brasil.
Publicado em 20.05.2020