domingo, 21 de dezembro de 2014

Corrupção na Petrobrás

Amanhã cedo estarei viajando e só voltarei no Ano Novo.
Se por um lado ver outros ares é sempre salutar, sinto-me um tanto frustrado por não ter tempo hábil para elaborar uma nota mais estruturada sobre a situação de corrupção na Petrobrás.
Acabei de assistir no “Fantástico”, na TV Globo, a entrevista da  Gerente de Abastecimento da Petrobrás Venina Velosa da Fonseca , não me contive e elaborei este limitado arrazoado.
Estou tão excitado com as declarações dessa moça  que acho que nem conseguirei dormir.
Normalmente já sou um noctívago e com uma bomba como essa é que não conseguirei dormir mesmo.
Nem as declarações do Pedro Collor que desencandeou o processo de deposição de Fernando Collor de Mello foram tão impactantes como o de Venina Velosa da Fonseca sobre a corrupção na Petrobrás.
Afinal de contas  Pedro Collor era irmão do Presidente Fernando Collor de Mello e essa denunciante acupa um cargo de gerente de área na Petrobrás; nem diretora ela é.
Para tentar detê-la e isolá-la a transferiram para a unidade da Petrobrás em Cingapura; em lá chegando foi avisada que não teria nenhuma atuação executiva e que passaria a fazer um curso.    São uns canalhas e covardes !!
Essa entrevista vai render muitas manchetes mais aprofundadas na mídia.
Essa mulher desafiou todo um gigantesco sistema de corrupção montado dentro da maior empresa brasileira.
Não deixou pedra sobre pedra.
Mas ainda falta muito mais para falar e ela prometeu que não vai parar.
Não vai parar em respeito a ela mesma, às suas filhas, à sua família, à Petrobrás e ao Brasil.
Está sofrendo pressões e ameaças de toda ordem.
Apelou para seus companheiros na Petrobrás para que a acompanhem nessa epopéia.
Nunca em minha vida vi um depoimento tão impressionante como o dessa  mulher raçuda e determinada.
É de gente assim que o Brasil precisa para fazer uma faxina geral.
É um processo sofrido e só essa mulher corajosa sabe o que está passando em razão das denúncias que está fazendo.
A melhor coisa que Venina Velosa da Fonseca fez foi denunciar tudo no “Fantástico”.
E ela sabe que, a partir do momento em que  começou a afrontar o “sistema” esquematizado dentro da Petrobrás, ela não pode mais parar.
Tem mais é de voltar com mais material e expor tudo na TV.
O que essa quadrilha que se instalou na Petrobrás mais teme é a luz do sol.
Eles atuam nas trevas.
São ratos de esgoto.
Parabenizo aqui o blog TERCEIRA VIA (que pode ser acessado através deste blog) que foi o primeiro que abordou a entrevista de Venina Velosa da Fonseca  na nota “Venina é uma Heróina”.
Espero que os demais blogueiros se debrucem sobre essa matéria que, sem exagero, classifico como um marco histórico.
Espero encontrar matéria farta e empolgante sobre o assunto para degustar em minhas leituras noturnas quando voltar de viagem.
Feliz Natal e um Ano Novo pleno de saúde, felicidade e sucesso para todos.

Adaí  Rosembak

Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O Papel dos Blogs

Um companheiro me perguntou qual era a finalidade de um blog já que todos os órgãos aos quais estamos vinculados ( BB, CASSI, PREVI e outros) bem como nossas associações têm sites repletos de informações bem detalhadas.
De fato tais órgãos e associações tem sites bem estruturados.
Mas esses sites dependem dos interesses ou da linha política dos órgãos aos quais estão vinculados para a publicação de qualquer matéria.
A maioria desses sites é dependente de partidos políticos, de órgãos governamentais, de órgãos classe ou de grupos privados. Assim, não têm independência para criticarem ou discutirem qualquer matéria que cotrarie os interesses da categoria a que pertencem.
Essas injunções abortam em seu nascedouro a liberdade e a honestidade de críticas e comentários de seus autores.
Aí é que entram os blogs.
Os blogs são completamente independentes e expressam a visão pessoal de seus criadores.
Como exemplos em nossa área, citamos os blogs dos representantes da Chapa 3 que venceram as eleições na PREVI.
São os blogs da Cecília Garcez, Medeiros, Ari Zanella e Carvalho.
Podemos chamá-los de “O Quarteto de Ouro” (favor não confundir com conjunto musical).
Se destacaram inicialmente na vitória nas eleições na PREVI por serem os pioneiros na utilização da TI-Tecnologia da Informação. Inauguraram um novo ciclo nas eleições em nossas instituições.
Recentemente, inovaram novamente e criaram um site para representar o grupo: www.previlivre.com.br
São uns revolucionários, uns inovadores.
Poderíamos dizer que , da mesma forma que cada um tem uma impressão digital diferente, cada blogueiro tem uma forma peculiar e inconfundível de se expressar.
Outro dia tive a oportunidade de constatar esse fato.
Misturei os textos impressos de várias matérias (sem saber os nomes dos blogueiros) e procurei adivinhar, pelo estilo dos textos, quem seriam os autores.
Bingo !! Não errei nenhuma sequer ! Acertei na mosca !
Este é da Cecília, esse outro do Medeiros (o Medeiros então é inconfundível), aquele é do Zanella e este é do Carvalho. Cada um deixou sua impressão digital, digo a impressão de sua personalidade , retratada nos seus textos.
A diversidade humana é realmente maravilhosa.
Aliás, Nelson Rodrigues já disse que toda unanimidade é burra.
O outro lado interessante desse “Quarteto de Ouro” (não tenham dúvidas de que o apelido vai pegar) é que todos estão na direção atual da PREVI.
Isso significa dizer que sempre estaremos fidedignamente atualizados sobre os assuntos de nosso interesse que serão honesta e objetivamente comentados, criticados ou até elogiados sem as injunções castradoras impostas pelas limitações corporativas do BB, PREVI, CASSI ou de quem quer que seja.
Muitas decisões desses órgãos já foram suspensas, modificadas ou implementadas por ação desses companheiros e pela influência e força de seus blogs.
Essa turma tem agilidade, capacidade e destemor em seus comentários.
Fazem de tudo, dentro de suas limitações, digo das limitações impostas pelos estatutos da PREVI, para nos beneficiar e não deixam passar nada em branco.
Para nossa glória !!
De meu lado, decidi criar um blog por sugestão de alguns amigos.
Mas um deles de antemão me preveniu que uma coisa é escrever esporadicamente e outra bem diversa é assumir o compromisso de escrever para um blog. E ainda mais tratando-se de um blog numa área especializada como é a da defesa dos interesses de aposentados e pensionistas do BB.
Mas fui em frente e hoje, para exercer o que poderia chamar de “obrigação” de sempre escrever e comentar matérias diversas, tenho de “suar a camisa” ou “esquentar o assento” da cadeira.
Não disponho de notícias quentes, dicas atualizadas e papos de cocheira. Isso é privilégio do “Quarteto de Ouro”.
Mas , como tantos outros blogueiros, vou procurando dar meu recado e coloco no computador o que acho de interessante e que, direta ou indiretamente, tenha relação e venha a afetar a nossa situação.
A elaboração de um artigo mais rebuscado dá muito trabalho. Às vezes entro pela madrugada pesquisando dados pela internet.
Mas faço isso com entusiasmo e prazer. É uma ótima forma de nos mantermos atualizados e ativos.
Desculpem-me os aficionados por dominó ou cartas, mas considero uma tremenda perda de tempo e desperdício de experiência de vida um monte de idosos ficarem em torno de uma mesa de praça a apreciar , opinar e dar dicas para outros que estão jogando.
Mas temos de respeitar o gosto alheio.
Uma vez fiz esse comentário com um daqueles senhores e a resposta me deixou desconcertado :
-Amigo, eu lia muito e me interessava muito por política. Mas não consegui mudar o mundo. Depois passei a assistir filmes pornô. E não aprendi nada que eu já não tivesse feito antes. Com esses jogos faço novos amigos, conversamos sobre as experiências da vida, sobre os amores e paixões do passado e não gasto dinheiro com livros nem com cinema, além do que minha visão já está muito falha.”
Fiquei a refletir sobre as lucubrações sinceras e inteligentes daquele homem e cheguei à conclusão que o importante é estarmos satisfeitos com o que fazemos e , acima de tudo, fazermos novos amigos que é o que mais precisamos.
Em comum com aquele senhor posso dizer que, ao me deleitar com meu blog, tive o prazer de ter conquistado novas amizades e, paradoxalmente, novos desafetos.
Quanto a esses últimos , me previno e me afasto: caretas, cara feia e mau humor pode ser dor de barriga. Saio logo de perto senão posso me sujar.
E, quanto às novas amizades, dou graças a Deus.
Nesta altura da vida, novos amigos são conquistas maravilhosas !!!

Adaí Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

sábado, 13 de dezembro de 2014

Ações coletivas contra a Petrobrás nos EUA

Transcrevemos abaixo entrevista do Professor de Direito da Universidade de Columbia, John Coffee, à correspondente Isabel De Luca , que está na Coluna de Economia do jornal O Globo, de 11.12.2014 (pg. 32), sobre a perspectiva de ações coletivas contra a Petrobrás nos EUA, implementadas inicialmente pelos escritórios de advocacia Wolf Popper, Rosen Law Firm, Glancy Binkow & Goldberg, Brower Piven , Kahn Swick & Foti e Pomerantz.
Já se prevê que outras bancas de advocacia nos EUA entrem com ações semelhantes e já existem acordos com escritórios de advocacia no Brasil com esse objetivo.
As iniciativas legais nos EUA estão restritas a acionistas que tenham recibos de ações negociados nos EUA (American Depositary Receipt - ADR) .
Essas ações em território americano só são viabilizadas a partir do momento em que se verifique que ocorreram fraudes, o que é o caso da corrupção em várias áreas da Petrobrás.
Para dar andamento a esses processos as fraudes têm de ser comprovadas através de um relatório da SEC (Securities and Exchange Commission) que é o órgão que regula o mercado acionário nos EUA.
Esse relatório tem de ser circunstanciado e apontar a quem, quanto, quando e onde a empresa pagou propinas. A SEC e o Departamento de Justiça trabalham juntos para obter essas informações.
É de suma importância que bancos, fundos de pensão, empresas e acionistas minoritários no Brasil analisem que medidas tomar a respeito do assunto e reavaliem suas aplicações no mercado acionário brasileiro.
Atualmente no Brasil, a Bolsa de Valores não oferece segurança aos investidores e mais parece um cassino operado por mafiosos do que uma bolsa de valores regulamentada e disciplinada onde os investidores podem aplicar seus capitais com segurança .
Temos de considerar que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) não tem se desincumbido a conteto de seu papel regulador do mercado acionário.
Entre suas diversas responsabilidades está a de “proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias ou de administradores de carteira de valores mobiliários.”
Ora, como a CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, como poderia ela ir contra a política do Ministro Guido Mantegua, titular daquela pasta, que forçava a Petrobrás a comprar petróleo no exterior por um preço e vender mais barato no mercado interno a fim de conter a inflação, redundando em prejuízo contínuo para a empresa e para seus acionistas ?
Além da constatação das fraudes que estão sendo apuradas, essa interferência governamental perniciosa em empresas estatais de capital aberto é outro aspecto que vai pesar nas investigações da SEC e do Departamento de Justiça nos EUA.
Ademais a Justiça nos EUA é mais eficiente e rápida do que no Brasil..
Infelizmente, convivemos com uma justiça morosa, burocratizada em excesso, sobrecarregada de processos em todas as áreas e plena de recursos em todas as instâncias , o que acabou transformando o uso do recurso legal em ato corriqueiro quando deveria ser um instrumento de caráter excepcional.
Essa é uma conjuntura em que o aforismo de que “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil” se aplica com absoluta precisão.
Consideramos que as investigações desenvolvidas nos EUA pela SEC (Securities and Exchange Commission) e o Departamento de Justiça acrescidas das ações implementadas por renomados escritórios de advocacia em defesa dos interesses de seus clientes, se constituem em uma oportunidade impar para que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e a Justiça sejam forçadas a tomar medidas efetivas para regulamentar e moralizar o mercado acionário a fim de recuperar a confiança dos acionistas no Brasil sob pena de inviabilizar novos investimentos na BOVESPA.
Em relação aos interesses dos aposentados e pensionistas da PREVI julgamos que as diversas associações que nos representam poderiam pressionar a PREVI cobrando iniciativas junto à BOVESPA e à Justiça a fim de salvaguardar o patrimônio de nosso fundo de previdência.
Muito embora, dentro da atual conjuntura, não vislumbremos perspectivas de sucesso a curto prazo em face das razões aventadas.
Finalmente, só nos resta ser otimistas e esperançosos de que, após esse cataclismo que se abate sobre o que já foi a maior empresa brasieira e que se ramifica por outras áreas, a Petrobrás renasça sanada, próspera, respeitada e com suas ações valorizadas no mercado nacional e internacional.
E também que a CVM se renove para agir com autonomia, autoridade, rapidez e eficiência para tornar a Bolsa de Valores uma área respeitada e atraente para investidores nacionais e internacionais quando da aplicação de seus capitais.

Adaí Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

Entrevista de John Coffee , transcrita no Caderno de Economia do O Globo, em 11.12.2014 (pg.32):

Mercado vê empresa em apuros”

Pergunta: O que devemos esperar dessa onda de ações contra a Petrobrás?
John Coffee: No fim das contas vai haver uma só ação, todas serão consolidadas. Por enquanto, há cinco firmas de advocacia brigando para ter controle desse caso; acredito que surjam mais. No fim, um juiz vai eleger um reclamante líder, baseado em qual tem a maior participação, ou perda, na ação. Se houver um grande fundo de pensão público, ele certamente vai ter mais ações e portanto vai conseguir o controle do litígio. Mas o fato de haver cinco tão rapidamente significa que os advogados estão como tubarões nadando em volta de um corpo. Todos acham que é uma ação convidativa.

Pergunta: Há quem considere essas ações oportunistas...
John Coffee: Sem dúvida há oportunismo em jogo. Por outro lado, esse litígio vai provavelmente seguir a investigação da Securities and Exchange Commission (SEC, que regula o mercado nos EUA).
Os advogados não podem avançar a não ser que possam alegar fatos que apontem uma fraude. Não dá para alegar esses fatos contra a Petrobrás até que haja um relatório da SEC indicando a quem a empresa pagou propinas, quando, onde e quanto. Juntos, o Departamento de Justiça e a SEC podem obter uma boa quantidade de informações.

Pergunta: O que a Petrobrás deve temer mais?
John Coffee: A SEC e o Departamento de Justiça têm jurisdição sobre a Lei de Práticas Corruptas Estrangeiras e como a Petrobrás tem ações negociadas nos EUA, o pagamento de propina ofende essa lei. A maior parte dos casos é resolvida com um acordo que será público, descrevendo ao menos alguns dos fatos. E os advogados dos reclamantes vão incluir esses fatos em seus argumentos e dizer à Corte que há fortes evidências de fraude. Ainda estamos em um estágio embrionário.

Pergunta: O que poderá sair mais caro?
John Coffee: As investigações podem envolver acusações criminais. Para os altos funcionários da Petrobrás, a prioridade é não serem acusados. Já houve casos semelhantes. A Siemens precisou pagar mais de US$ 1 bilhão para chegar a um acordo com a SEC e o Departamento de Justiça. Depois, houve uma enxurrada de ações coletivas.

Pergunta: Quão longe a SEC e o Departamento de Justiça podem ir?
John Coffee: Eles podem barrar indivíduos de serem funcionários ou diretores de uma empresa com papéis negociados no mercado americano. Foi o que aconteceu com Martha Stewart. Ela foi proibida por cinco anos de trabalhar em sua própria empresa.

Pergunta: Haverá mais ações coletivas?
John Coffee: Claro! É uma indústria muito competitiva. Mas a única razão para registrar a essa altura é se você tiver um cliente grande o suficiente para te dar o controle do caso. Fundos de pensão facilmente detêm 1% das ações de uma empresa. Indivíduos, não. Depois que a primeira firma entra com ação coletiva, as outras têm 90 dias para entrar , ou o controle será dado à única pessoa que o fez.

Pergunta: O que de pior pode acontecer com a Petrobrás?
John Coffee: O pior seria uma acusação. Isso só o Departamento de Justiça pode fazer, e raramente faz. Se forem acusados, vão entrar num arquivo criminal que pode envolver amplas sanções e a possibilidade de funcionários serem presos. Mas muitos acordos terminam bem. São acusações sérias, ao menos nos EUA. E os EUA querem um acordo que garanta proteções a investidores e que reduzam a perspectiva de futuras propinas serem pagas. A questão é que tipo de alívio será negociado.

Pergunta: As ADRs da empresa já caíram 46% em New York.
John Coffee: É uma grande queda, que sugere que o mercado acha que a empresa está em apuros. E o mercado sabe muito.

John Coffee é Professor de Direito da Universidade de Columbia, e é um dos mais respeitados especialistas em regulamentação de títulos e mercado de capitais dos EUA. É autor de livros consagrados e de inúmeros trabalhos em sua área de atuação.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Gás de xisto, complexidade e incerteza: uma questão delicada

Alguns colegas já me perguntaram porque abordar um problema como o da exploração de xisto em um blog relacionado com os interesses de aposentados e pensionistas da PREVI.
Reafirmo que parcela significativa das aplicações da PREVI está em ações da Petrobrás, portanto esse assunto nos atinge diretamente.
Já coloquei neste blog três notas sobre essa matéria mais baseadas em sites internacionais, basicamente sites americanos, pelo fato dos USA serem os maiores exploradores de xisto (shale gas) no mundo.
Veículos de informação nacionais, normalmente, utilizam-se em grande parte, de notícias e pesquisas internacionais para a elaboração de suas notas.
O artigo “Gás de xisto, complexidade e incerteza: uma questão delicada”,publicada na Revista BSP, de autoria de Fernando Rodrigues Marques, Coordenador de Programas de MBA e Professor de Contabilidade e Finanças da Business School de São Paulo, baseia suas considerações fundamentalmente dentro da abrangência e características brasileiras.
Analisando esse trabalho podemos avaliar as reais possibilidades de exploração do xisto dentro das perspectivas brasileiras e não das experiências externas o que pode nos levar a .mais uma experiência frustrada nessa área.
Com a autorização do Professor Fernando Rodrigues Marques, transcrevo esse trabalho de alto nível que, pela sua objetividade e profundidade, espero que satisfaça o interesse de todos.
Adaí Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB


Gás de xisto, complexidade e incerteza: uma questão delicada
Março/2014
Fernando Mário Rodrigues Marques*
RESUMO
Este texto aborda os processos de extração do gás de xisto, ao lado de suas consequências para o meio ambiente, em especial o problema ético gerado pela relação entre a rentabilidade econômica e o bem-estar das populações.
Palavras-chave: gás de xisto, indústria petrolífera, rentabilidade econômica, ética ambiental.
ABSTRACT 
This paper discusses the process of extracting shale gas, alongside its consequences to the environment, in particular the ethical problem raised by the relationship between economic profitability and the well-being of populations.
Keywords: shale gas, oil industry, economic profitability, environmental ethics.
Introdução
A busca por fontes não convencionais de gás tem levado as empresas do setor a explorar densas formações de xisto, um tipo de rocha de onde se pode tirar gás natural. Para isso, é necessário injetar no solo uma mistura de água, ácido, chumbo e benzeno. Esses produtos criam fissuras nas rochas, que permitem que o gás de xisto (do inglês, shale gas) escape. A exploração do xisto vem sendo  apontada como um sucesso tecnológico e econômico nos Estados Unidos, movimentando bilhões de dólares.
Esse fato a princípio, pode soar como positivo para a economia, mas também pode ser considerado prejudicial para a sustentabilidade ambiental. E é assim porque a tecnologia de extração do gás de xisto, denominada de fracking, baseia-se em processos invasivos das camadas geológicas e causa impactos ambientais que, embora ainda pouco conhecidos, podem ser irreversíveis.
Gás não convencional
A diferença entre o gás convencional e o não convencional tecnicamente está na forma como esses recursos são explorados O gás não convencional é encontrado em folhelhos e sua extração, em regra, exige a aplicação de uma tecnologia de fraturamento hidráulico (do inglês fracking). Quanto ao gás convencional, pode ser encontrado em reservatórios com permeabilidade e porosidade tradicionais. A tecnologia de fracking consiste na perfuração de poços horizontais a partir de poços verticais (de cada poço vertical derivam vários horizontais em diversas direções), e no fracionamento das rochas sedimentares por meio de explosões controladas, seguidas de injeção de uma mistura de água, areia e produtos químicos. Muitas críticas têm sido feitas ao uso do fracking – desde o uso da água em imensas quantidades até a eventual contaminação de lençóis freáticos.
Reservas
As reservas de gás de xisto, tecnicamente recuperáveis, são estimadas em 200 trilhões de metros cúbicos. A China ocupa a liderança com 36,1 trilhões, seguida pelos Estados Unidos, com 24,4 trilhões, Argentina, com 21,9 trilhões e México, com 19,3 trilhões (EIA/ARI, 2013).
No Brasil, a produção de gás não convencional praticamente inexiste. A única exploração  é feita pela Petrobras, no município de São Mateus do Sul (PR), onde se produzem apenas 130 mil metros cúbicos de gás por dia.  Estima-se que o Brasil tenha 6,4 trilhões de metros cúbicos de reservas de gás de xisto, o que o colocaria em 10º lugar no mundo (EIA/ARI, 2013).  Admite-se que, apesar das incertezas em relação às atuais tecnologias não convencionais, à medida em que elas forem disseminadas e ao mesmo tempo aperfeiçoadas e tornadas convencionais, revelem um aumento das reservas mundiais.
Impacto ambiental
O gás de xisto inicialmente saudado, principalmente nos EUA, como uma alternativa de energia limpa ao carvão para a geração de energia elétrica, atualmente é criticado por muitos, devido a problemas ambientais decorrentes da sua exploração. Esse impacto ambiental estaria relacionado aos seguintes fatores:
(1) Risco de contaminação dos lençóis freáticos: O xisto está aprisionado em pequenas formações rochosas altamente impermeáveis. Sua exploração consiste na fratura das rochas, com a injeção de grande volume de água sob alta pressão, explosivos e substâncias químicas que podem causar vazamentos e chegar aos lençóis subterrâneos de água.
(2) Uso intensivo de água no processo de fratura: As estimativas indicam que são usados cerca de 20 milhões de litros de água por poço perfurado, o que pode chegar a proporções gigantescas, caso se considere a previsão da abertura de um milhão de poços no mundo.
(3) Poluição do ar: Na exploração do xisto, as rochas são bombardeadas com uma mistura de água, areia e produtos químicos. A pressão causa fissuras no subsolo e faz com que o gás suba em direção à superfície.
(4) Abalos sísmicos: A explosão de rochas subterrâneas inclui o risco de pequenos abalos sísmicos nas áreas exploradas.
(5) Receio da possibilidade de o gás de xisto desbancar fontes renováveis de energia, como a eólica e a solar: Admite-se que não se pode reduzir emissões de CO2 sem reduzir o uso do carvão, e o gás de xisto já está destronando o carvão nos EUA. Mesmo que alguma fonte mais limpa se torne posteriormente viável, ainda precisaremos do gás natural como energético para auxiliar na transição para uma economia menos carbono intensiva.
A  “revolução” americana
Nos EUA, o excesso de produção de gás natural tem levado empresas petroquímicas e fabricantes de fertilizantes a construir novas fábricas. Trata-se de uma grande mudança, após anos de transferência de unidades de produção para o exterior. É a chamada “revolução americana” do xisto. Esse movimento começou no final dos anos 90, quando foi perfurado o primeiro poço moderno há alguns quilômetros de Fort Worth, no Texas.
O avanço da indústria de gás e petróleo de xisto nos EUA tem produzido um impacto considerável sobre a economia americana, tendência que deverá se aprofundar nos próximos anos e afetará também a economia global. As previsões apontam um crescimento mais forte no PIB, maior geração de empregos, mais receitas para os cofres públicos e um impulso importante para industrialização dos EUA, ao baratear o custo da energia. Estima-se que em 2020 o PIB americano será de 2% a 3,3% maior do que seria, devido ao impacto cumulativo da nova produção de gás e petróleo, em grande parte devido à indústria do xisto (Citigroup Global Markets, 2013).
A fatia do gás de xisto na produção total de gás natural dos EUA pulou de 4% para 5% em meados da década passada, para 34% em 2012, e em 2040 deve atingir 50% (EIA/ARI, 2013).  Um fator crítico, que tem favorecido a exploração do gás de xisto nos EUA, é a propriedade privada das reservas de gás no subsolo. Nos EUA, o subsolo pertence aos proprietários das terras e não à União.  Dessa forma, os exploradores do gás podem tratar a atividade de exploração diretamente com os donos dos direitos de mineração, dispostos a vendê-los por uma participação nos lucros. Os EUA têm um ambiente regulatório mais ágil e uma regulação ambiental menos restritiva, quando comparados com outros países. É um sistema que garante o máximo de aproveitamento dos recursos naturais, mas tende a comprometer a sustentabilidade ambiental.
A combinação de direitos sobre o subsolo nas mãos de particulares, a existência de empresas menores de gás para atuar na produção e desenvolver tecnologia, a disponibilidade de dados geológicos e a existência de uma vasta malha de gasodutos, já amortizada, constituem um modelo empresarial peculiar aos EUA e, ao que parece, inexistente em outro lugar do mundo.
As empresas têm encontrado obstáculos ao tentar reproduzir a experiência americana em outros continentes, o que pode resultar em demora na produção do gás de xisto.  Entre os motivos desse ritmo lento está o fato de os governos fora dos EUA serem donos dos direitos sobre o subsolo, da existência de preocupações ambientais e da falta de infraestrutura de perfuração e transporte de hidrocarbonetos. A tudo isso, acrescente-se a escassez de estradas adequadas, prestadores de serviços e padrões de segurança modernos. Ademais, o conhecimento da geologia local é bem menor na maioria dos países fora dos EUA, país onde se perfuram poços há mais de um século.
Perspectivas brasileiras
O aproveitamento do gás de xisto tornou-se uma das pautas dos governos de diversos países, incluindo o Brasil, depois que os EUA mostraram-se bem sucedidos na campanha exploratória desse insumo.
As condições adequadas para a exploração, produção e distribuição do gás de xisto, incluindo tecnologia, infraestrutura de transporte, mercado consumidor e impactos ambientais, recomendam cautela aos entusiastas dessa nova fonte de energia. Não basta a ideia de desenvolver novas áreas e oferecê-las. Não se pode abraçar uma causa pelo ângulo do modismo, olhar para os EUA e acreditar que devemos fazer tudo o que eles fazem. Precisamos estar preparados em termos de infraestrutura, redes de distribuição, tecnologia e, acima de tudo, assegurar um mercado de gás de xisto.
Isso explica, em parte, o fato de que no leilão da 12º Rodada de licitações da ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, realizado em 28/11/2013, terem sido negociados apenas blocos com perspectiva de exploração de gás natural convencional. As áreas com mais probabilidade de exploração de gás não convencional, que exigem a perfuração de poços com fratura de rochas, não tiveram compradores.
No Brasil é necessário investir em tecnologias, pesquisa e desenvolvimento, dadas as peculiaridades das bacias sedimentares domésticas e a carência de estudos de sismologia. Há também a necessidade de conhecer a disponibilidade no mercado dos equipamentos específicos para a exploração e produção de gás de xisto, para não mencionar a falta de regulamentação ambiental nos Estados.
A questão da complexidade
Como se todas as dificuldades até agora apontadas e analisadas ainda não fossem suficientes, é indispensável examinar a questão também pela ótica da teoria da complexidade. O leitor dirá que acabamos de fazer isso, mas engana-se. O que acabamos de fazer foi examinar os aspectos tecnológicos e geopolíticos do problema o que, nos termos da teoria da complexidade, implica conhecer seus aspectos complicados.
Para que esse ponto se torne transparente, é preciso tornar clara a diferença entre complicação e complexidade ou, em outros termos, sistemas complicados e sistemas complexos. Sistemas complicados são os tecnológicos, os conjuntos de máquinas construídas e operadas pelo homem. Sistemas complexos são todos aqueles dos quais participam seres vivos. Uma empresa fechada, vazia de pessoas, é um sistema complicado, pois nela só existem máquinas. Uma empresa aberta e em pleno funcionamento é um sistema complexo, pois inclui a presença humana e esta comporta o fator fundamental da complexidade: a incerteza.
A experiência tem mostrado que a melhor maneira de levar em conta a complexidade em qualquer contexto é introduzir nele a natureza humana. Com essa noção, revisemos agora os problemas já apontados relacionados à exploração do gás de xisto: uso desmedido de água, contaminação de lençóis freáticos, poluição atmosférica, dos rios e outros mananciais de água, ameaça à velocidade do desenvolvimento de outras fontes de energia, como a solar e a eólica e assim por diante.
Nos EUA, costuma-se assegurar que o fracking é seguro, desde que observados os respectivos procedimentos e tecnologias. É neste ponto que convém reanalisar tudo o que até agora foi dito à luz do que se conhece sobre a natureza humana que, como há muito tempo se sabe, é auto e heterodestrutiva: pulsões inconscientes nos impelem à destruição de nossa espécie, de outros seres vivos e do meio ambiente (Mariotti, 2013).
Assim, levar em consideração a natureza humana, seja em que contexto for, equivale a introduzir também a complexidade e a incerteza inerentes a essa condição. Não importa o volume de recursos financeiros, o cuidado e o apuro com que as tecnologias e suas especificações sejam postas em prática – nada garante o sucesso. É óbvio que com esse reparo não se pretende criar obstáculos e dificuldades: o que se quer destacar é que,  uma vez levado em conta o fator complexidade tudo já não parece tão simples – mas, por outro lado, mostra-se mais realista e portanto menos sujeito a leviandades, equívocos, fraudes e outros excessos do gênero.
É claro que levar em consideração a natureza humana em um dado contexto está muito longe de ser uma tarefa simples. Hoje já se conhecem algumas formas de fazer isso na prática, as quais incluem graus variáveis de dificuldade. Estes por sua vez, dependem de parâmetros como valores e crenças, ética, política e responsabilidade socioambiental que, como se sabe, variam de país para país. O que se expôs neste artigo foi apenas um exemplo de que não bastam recursos financeiros e tecnologia para resolver determinados problemas, como muitos de nós fomos (e continuamos a ser) por tanto tempo levados a acreditar.
Conclusão
O gás de xisto apresenta-se como uma fonte de energia não convencional com potencial de aproveitamento em diversas partes do mundo, tendo como referência a bem sucedida experiência norte-americana. Embora representantes industriais vejam a exploração desse energético como uma importante fonte de renda, além de um mecanismo para desenvolver a economia, a forma como os EUA o exploram encontra opositores em diversos países.
Os “ambientalistas” se preocupam com os riscos locais, principalmente para os mananciais de água, além do receio de vazamentos de gás metano e de atividades sísmicas induzidas. Esses temores não podem ser desprezados, pois não é suficiente a indústria gaseífera proclamar que o fracking é seguro desde que as operadoras hajam de forma responsável e os órgãos reguladores cumpram suas obrigações. Essa segurança seria bem maior se a complexidade da natureza humana passasse a fazer parte rotineira dos procedimentos envolvidos em sua produção e consumo.
Referências
EIA – Energy International Agency/ARI – Advanced Resources International. World Shale Gas and Shale Oil Resource Assessment. June, 2013. Disponível em: http://www.adv-es.com/pdf/A_EIA_ARI_2013%20World%20Shale%20Gas%20and%20Shale%20Oil%20Resource%20Assessment.p.  Acesso: 01 fevereiro, 2014.
Citigroup Global Markets. Julho, 2013. Disponível em: http://outrapolitica.wordpress.com/2013/07/01/gas-de-xisto-estimula-economia-dos-eua-e-pode-derrubar-preco-do-petroleo/ Acesso em 01 fevereiro, 2014.
MARIOTTI, Humberto, 2013. Complexidade e sustentabilidade: o que se pode e o que não se pode fazer. São Paulo: Atlas, 2013. Neste livro há incontáveis exemplos e ampla bibliografia sobre o assunto.
**FERNANDO RODRIGUES MARQUES. é Pós Doutorando (FEA/USP), Coordenador de Programas de MBA e Professor de Contabilidade e Finanças da Business School São Paulo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Sustentabilidade da CASSI em Risco

Companheiros,
Face à importância do assunto, transcrevemos adiante nota desta data da Companheira Isa Musa de Noronha sobre o assunto em epígrafe.
Adaí  Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

Notícias preocupantes nos chegam através de eleitos de nossa Caixa de Assistência.  Segundo informações, a última reunião do Conselho Deliberativo da CASSI na semana passada, onde o tema SUSTENTABILIDADE foi discutido, foi muito tensa. Surpreendentemente o Banco se se manifestou pelo aumento das contribuições dos associados e fim do PAS e do PAF. Sua contribuição permaneceria a mesma.
Como de hábito, usando de uma estratégia ardilosa e imoral, o Banco do Brasil abre discussões da espécie apontando os piores cenários. Revela-se agora, sem sombra de dúvida, que a negociação que resultou nas alterações estatutárias de 2007 embutia a clara intenção do Banco do Brasil em ver-se livre do Plano Associados da CASSI. Pela proposta aprovada, o BB aplicou na Cassi R$ 300 milhões. O aporte financeiro foi feito para recompor as reservas da entidade e investir em serviços próprios. Metade deste valor foi pago em 2007 e o restante em três parcelas de R$ 50 milhões, corrigidos pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor. No entanto, embutiu no Artigo 16 a fixação de sua contribuição em 4,5%. No Estatuto anterior, sua contribuição sempre seria uma vez e meia à do associado.
Vejam:
“Art. 16.      A contribuição mensal do patrocinador Banco do Brasil S.A., devida exclusivamente aos associados descritos nos incisos I a III do Art. 6º, bem como de seus dependentes previsto no § 3º do Art. 12, deste Estatuto, devidamente inscritos do Plano de Associados, é de 4,5% (quatro e meio por cento), e não excederá este limite, sobre o valor total dos benefícios de aposentadoria ou pensão, ou dos proventos gerais, na forma definida no regulamento do Plano de Associados e no contrato previsto no Art. 85, excluídas quaisquer outras vantagens extraordinárias e, uma vez por ano, a 4,5% (quatro e meio por cento) sobre a gratificação natalina.
Parágrafo único: A responsabilidade do patrocinador junto à CASSI limita-se à contribuição prevista no caput deste artigo.”
No Estatuto anterior a regra era:
“Artigo 21 – A contribuição mensal do plano de associados é calculada com base nos seguintes parâmetros:
(....)
Parágrafo único: A contribuição mensal do empregador equivale a 1,5 (uma vez e meia) o total arrecadado dos associados e dos beneficiários de pensão, (...)”
Assim, a ameaça do Banco do Brasil de que, para assegurar a sustentabilidade, nós, associados, devemos elevar nossas contribuições enquanto ele, BB, mantém seus 4,5%, era previsível e se mais uma vez cedermos a essa chantagem podemos estar certos de que o céu é o limite para nossas contribuições.
A proposta que o funcionalismo aprovou em 2007, em troca da isonomia da contribuição foi:
Medidas Financeiras:
• Repasse de R$ 300 milhões (R$ 150 milhões em 2007 e três parcelas* de R$ 50 milhões nos anos subsequentes)
• Contribuição patronal de 4,5% com limitação estatutária da responsabilidade do BB a este percentual, também retroativa a janeiro/2007
• Assunção do déficit dos Dependentes Indiretos, retroativa a janeiro/2007
• Implantação de contribuição sobre o valor do 13º salário (3% do funcionário e 4,5% do BB).
Manutenção das atuais coparticipações (30% sobre consultas, visita domiciliar, sessão psicoterápica e acupuntura) e a  instituição da  coparticipação de 10% em eventos não hospitalares, limitada a 1/24 do salário bruto mensal, ficando isentos(as):
•  transfusões de sangue
• radioterapia
•hemodiálise/diálise
• quimioterapia
•tratamento de portadores de deficiência - art. 81 TGA
• oxigeno terapia hiperbárica no tratamento de queimados
• tratamentos vinculados a doenças do trabalho
•cirurgias e tratamentos ambulatoriais
Medidas relativas a gestão da CASSI
• Extinção da Assembleia de Representantes
• Eleição direta para Diretor de Saúde e Diretor de Planos de Saúde e     Relacionamento com Clientes
• Representação paritária nos Conselhos Fiscal e Deliberativo
• Ampliação dos Conselhos Fiscal e Deliberativo (para 6 e 8 membros, respectivamente)
• Decisões por maioria absoluta em todas as instâncias
• Transferência das competências de natureza operacional do Conselho Deliberativo para a Diretoria Executiva
• Definição de funções e atribuições estatutárias para as Diretorias (assim como na Previ)
Na época das discussões relativas a Reforma Estatutária, a FAABB através de suas Associações recomendou primeiramente a ABSTENÇÃO para, em não dando quorum, forçar o Banco do Brasil a reabrir o processo negocial, pois víamos a fixação dos 4,5% como um risco potencial futuro.  A estratégia deu resultado. A primeira votação para as mudanças no estatuto da Cassi terminou em 30 de abril de 2007. Na primeira consulta, no total, 59.204 associados votaram favoráveis à proposta final do novo Estatuto da CASSI.
Para aprovação de reforma estatutária da Caixa de Assistência em 1ª consulta, eram necessários os votos favoráveis de 95.905 associados (2/3 dos associados, que representam um total de 143.858). Como esse resultado não foi obtido, o estatuto vigente à época previa que as propostas de alterações no documento podem ser aprovadas em segunda consulta, desde que esta apresente o quórum de votantes de metade do total de associados, mais 1 (um), e, destes, 2/3 (dois terços) votem favoravelmente. A segunda consulta foi realizada entre 21 de maio e 1º de junho daquele ano.
Veja o resultado da 1ª consulta:


Funcionários da
ativa
Aposentados
Total de votantes

%
%
Aprovaram
44.430
59,22
14.774
86,16
59.204
Rejeitaram
19.835
26,43
2.158
12,59
21.993
Brancos ou Nulos
10.772
14,35
215
1,25
10.987
Total
75.037
100
17.147
100
92.184

Em segunda votação, em que pese a resistência da maioria das Associações de Aposentados filiadas à FAABB, o Estatuto da Cassi foi aprovado depois de dez dias de votação. Ao todo, 81,7 mil associados disseram sim às mudanças, número que corresponde a 80,15% dos votos. Disseram não 16.183 (15,88%), enquanto 1.868 votaram em branco (1,83%) e 2.189 anularam (2,15%). Lamentavelmente a participação do aposentado no pleito foi ínfima:
Ativos: 70.894 votos
Sim – 52.634 (74,24%)
Não – 14.357 (20,25%)
Brancos – 1.792 (2,53%)
Nulos – 2.111 (2,98%)

Aposentados: 31.046 votos
Sim – 29.066 (93,62%)
Não -1.826 (5,88%)
Brancos – 76 (0,24%)
Nulos – 78 (0,25%)
Este breve histórico tem o objetivo de equalizar as informações para que todos saibam o que está em jogo. Não adianta chorar sobre o leite derramado. O funcionalismo trocou um estatuto que, embora falho, nos dava alguma garantia, por outro que, se trouxe recursos financeiros para a Cassi, onerou os associados com as coparticipações e, principalmente, permitiu que o Banco colocasse um limite à sua responsabilidade: 4,5%.
Lamentável é a constatação de que as medidas saneadoras não tenham surtido o efeito esperado, seja por falhas na gestão, seja pelo custo saúde historicamente crescente no país. 
Nossa Cassi corre risco. Um projeto inovador, idealizado pelos trabalhadores, está sendo sufocado pelo poder opressor do Patrocinador, Banco do Brasil. Constituída em 1944 como associação de ajuda mútua, baseada no princípio de solidariedade, segundo o qual cada participante contribuía  com base em sua remuneração, ou seja, dentro de suas possibilidades, e utilizava seus serviços na medida de suas necessidades. Seu objetivo era o de reforçar a assistência médica prestada pelo Banco do Brasil e pelo ex-IAPB.
Posteriormente a associação à Cassi passou a ser obrigatória e a rescisão do contrato de trabalho  acarretava a automática exclusão do quadro social.
A matéria foi codificada na CIC-FUNCI. Constava do item 7 – Ingresso nos quadros do Banco, com a seguinte redação: “Ressalvado o disposto na CIC-FUNCI 2-3-6-“d” e “e”, o ingresso na CASSI e PREVI, inclusive CAPEC é condição do contrato de trabalho.”
A contribuição dos associados, inclusive aposentados, era de 1% dos proventos totais e a do Banco era de dois por um da contribuição dos associados.
A Cassi não tinha empregados. Os médicos, enfermeiros e o pessoal burocrático, eram funcionários do Banco.  Os funcionários eleitos para cargos de direção na CASSI eram cedidos pelo Banco sem ônus, percebendo o salário do posto efetivo acrescido de adicional de função. 
Por tais características, a assistência médico-hospitalar, prestada pelo banco como empregador, integrava do contrato de trabalho, constituía direito adquirido (na forma codificada na CIC-FUNCI) e não poderia ser modificada unilateralmente.
Entendemos que devemos pautar para que a direção do Banco do Brasil, antes de qualquer decisão, reflita sobre as excepcionais vantagens por ele obtidas desde a Reforma Estatutária de 1996, pois essas vantagens mais do que justificam uma moderação de sua parte. Alertamos que a sua tentativa de continuar onerando apenas os associados, sem honrar suas obrigações, pode conduzir a Cassi a um impasse.
O Banco, além de assumir os encargos relativos aos Diretores por ele indicados, também deve colaborar para que a remuneração dos eleitos e nomeados retorne aos patamares anteriores à reforma estatutária de 1996. Não se justifica a manutenção da remuneração atual em uma empresa deficitária, cujos associados vêm sofrendo contínua redução salarial e dos benefícios de aposentadoria e pensão. Afinal, em qualquer empresa deficitária a primeira providência consiste em reduzir o privilégio dos diretores.
Afigura-se lícito que o banco deixe de cobrar aluguel das instalações que cede à Cassi no país e também deixe de cobrar comissão pelos serviços bancários prestados à Cassi, pois tais concessões não lhe acarretarão nenhum ônus.
A FAABB está conclamando suas filiadas e as demais Entidades do funcionalismo para que promovam urgente um Fórum de discussão para que possamos enfrentar o déficit crescente da CASSI discutindo as possibilidades, mas sem abrir mão da responsabilidade do Banco do Brasil,  sobre nossa saúde. 
Por outro lado, estamos à véspera da posse de um novo Governo do PT. Devemos procurar os parlamentares ligados aos funcionários do Banco do Brasil, na tentativa de sensibilizá-los para nossas reivindicações. Nessas eleições foram eleitos colegas do BB, a saber:
Deputados Federais:
-Augusto Carvalho (DF)
- Darci Pompeo de Mattos (RS)
- José Orcírio Miranda dos Santos - Zeca do PT - (MS)
Esses eleitos se juntam a parlamentares que continuam com mandato, como o Deputado Berzoini e o Senador José Pimentel. É fundamental envolvermos a “Bancada do BB” no Congresso Nacional para as nossas discussões.
Atenciosamente,

Isa Musa de Noronha

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Comentário de um companheiro sobre a exploração do xisto

Pela relevância do assunto abordado, transcrevo o comentário do Companheiro Júlio César Alt e a resposta deste blogueiro em relação ao assunto Extração de Gás e Petróleo do Xisto.

Prezado Adai,

Existem ainda muita polêmica em torno dessa matriz energética. Veja na mensagem abaixo alguns aspectos negativos a resistência que poderá haver caso o seu uso seja implementado. (Fonte - Exame.com -  de 27/11/2013)
Abr.,
Julo Alt
A extração do gás de xisto tem sido questionada pelos riscos e danos que pode gerar ao meio ambiente, principalmente à poluição de lençóis freáticos , e ao uso de grande quantidade de água na técnica de exploração chamada de faturação hidráulica (do inglês, "hydraulic fracturing", ou simplesmente “fracking”).
Na esteira do desenvolvimento dessa indústria, que além dos EUA, já ganhou escala comercial no Canadá, cresce o número de estudos que relacionam o método de fraturação a graves problemas ambientais. Conheça a seguir os principais riscos já identificados.
Contaminação da água
A técnica de extração do gás não convencional consiste na injeção de toneladas de água misturadas a produtos químicos e areia para gerar fraturas na rocha. Toda a água usada no processo de extração retorna à superfície, poluída por hidrocarbonetos e por outros compostos e metais presentes na rocha e pelos próprios aditivos químicos.
Além do risco de contaminação de áreas vizinhas, o processo pode permitir que os gases acumulados nas rochas atinjam aquíferos. Um estudo feito por cientistas da Universidade Duke, da Carolina do Norte, encontrou níveis elevados de metano e etano em mais de 100 poços privados que abastecem as casas situadas na bacia de gás de xisto de Marcellus, no nordeste da Pensilvânia e no sul do estado de Nova York.
As concentrações de metano na água potável das residências situadas a menos de um quilômetro dos locais de perfuração eram, em média, seis vezes maiores às da água das casas que estavam mais distantes, enquanto as concentrações de etano eram 23 vezes superiores.
Tremores de terra
Estudos recentes também relacionam a injeção de água residual no subsolo ao aumento da ocorrência de tremores no país. Um deles, realizado pelo Serviço Geológico dos EUA (USGS ) indica que o número de terremotos aumentou dramaticamente ao longo dos últimos anos, na região central e leste do país.
Mais de 300 terremotos acima de magnitude 3,0 ocorreram a cada três anos entre 2010-2012, em comparação com uma taxa média de 21 eventos por ano, observadas entre 1967 e 2000. Os cientistas da USGS descobriram que em alguns locais o aumento da atividade sísmica coincide com a injeção de efluentes em poços de descarte.
Um segundo estudo, feito pelo Earth Observatory da Universidade de Columbia, em Nova York, indica que pelo menos metade dos terremotos de magnitude superior a 4,5 que atingiram o interior Estados Unidos na última década ocorreram perto dos locais de injeção de fluídos.
A suspeita é de que o aumento da atividade em poços de gás natural alterou tensões em áreas suscetíveis a terremotos, aumentando a pressão de poros fluidos nas rochas subterrâneas, lubrificando falhas pré-existentes e deixando-as mais propensas à ruptura.
Mortandade animal
Os fluidos poluídos do fraturamento hidráulico são apontados como a causa da morte de espécies aquáticas em rios de Kentucky próximos à áreas de exploração onde foram verificados vazamentos.
Estudo realizado pelo USGS e o Serviço de Pesca e Vida Selvagem Americano (Fish and Wildlife Service) mostra que os fluidos liberados no ambiente degradaram a qualidade da água ao ponto de causar lesões nas guelras dos peixes e no fígado e baço.
Emissão fugitiva de metano
Apesar de poluir menos que o carvão, a extração de gás de xisto pode emitir na atmosfera, de maneira fugitiva, volumes nada desprezíveis de metano, um gás efeito estufa 20 vezes mais potente que o CO2.
Embora os Estados Unidos tenham visto suas emissões globais de gases efeito estufa declinarem com a expansão dessa fonte na matriz energética, em cidades onde ocorrem operações de fracking, tem se verificado um aumento das emissões de metano.
Vazamentos na exploração de petróleo e gás, na produção e no processo de distribuição são suspeitos de ser uma das principais fontes de emissão desse gás.
Incertezas no Brasil
O leilão que ocorre nesta quinta-feira se desenrola num contexto nada convencional. A busca pelo gás de xisto no território brasileiro vai ser inaugurada sem que existam ainda uma legislação ou marco regulatório claro sobre como as explorações devem ocorrer.
Além disso, o país ainda carece de estudos aprofundados sobre os riscos socioambientais da extração de gás não convencional.



    Resposta deste blogueiro

    Júlio Cesar Alt,

    Como toda fonte de energia, a exploração do xisto tem riscos sérios.
    A exploração do xisto já foi proibida em alguns lugares nos USA por risco de contaminação de lençóis freáticos.
    Um dos maiores esforços dos centros de pesquisa e universidades nos USA  tem sido justamente o de evitar esse tipo de problema.
    Mas existem áreas praticamente desérticas nos USA em que a exploração do xisto tem crescido muito.
    O mesmo acontece no Brasil com depósitos de xisto no Maranhão onde a exploração do xisto não oferece grandes ameaças ao meio ambiente e nem a lençóis de água. Resta saber como levar a água para explorar o xisto no interior daquele estado.
    Isso já é matéria para especialistas do ramo.
    No Brasil temos artigos muito bons sobre o tema. Tem o site da SBPC. da Globo.Com , da CGN, da Outra Política, da Exame.com, da Veja.com e por aí vai.
    É preciso observar que em todas as áreas existem blogueiros e articulistas que são absolutamente do contra e os que são totalmente a favor.
    Cada grupo tem seus interesses específicos e, para afirmarem suas ideias, forjam estatísticas, deturpam informações, inventam problemas e apelam para todo tipo de desinformação possível.
    A exploração do xisto é um tema que não foge a essa regra,
    Existem grupos empresariais que só olham o rendimento de seus empreendimentos e existem os ambientalistas ortodoxos radicais que lutam pelo retorno à natureza na sua forma original.
    Para esses terem suas teses plenamente atendidas , teríamos de voltar à idade da pedra.
    Nessa matéria,  também temos de considerar o risco de exploração de outras fontes de energia.
    A energia nuclear, por exemplo. A Alemanha proibiu usinas nucleares em seu território.
    Já a França tem grande parte de sua energia baseada em usinas nucleares.
    A usina de Chernobyl na Ucrânia foi um dos maiores desastres ambientais pelos quais o mundo já passou. Nos USA, também já houve vazamento em usinas nucleares.
    Quando foram jogadas as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, alguns cientistas na época previram que a vida não se restauraria naquela área.
    Logo se tornaram  duas cidades prósperas.
    A mesma coisa com as explosões nucleares americanas no Atol de Bikini e francesas no Atol de Mururoa, no Pacífico.
    A natureza também se refez por lá.
    Agora mesmo no Japão, com os efeitos de uma tsunami, uma usina nuclear contaminou vastas áreas.
    A energia elétrica extraída de represas também já causou desastres seríssimos.
    Represas já se romperam e causaram grandes desastres.
    A construção da usina de Belo Monte é acusada também de desequilibrar o meio ambiente e invadir reservas indígenas.
    E a exploração de petróleo?
    Talvez nenhuma outra área tenha causado tantos desastres ambientais.
    O desastre com o petroleiro Exxon Valdez, em 24.03.1989, inundou 40 milhões de m2 do oceano com petróleo crú como também 2.000 km da costa do Alasca, matando centenas de milhares de aves marinhas, focas, lontras e outros animais, causando o maior desastre ambiental daquela região.
    No Golfo do México, o rompimento da plataforma Deepwater Horizon, da Transocean e operada pela britânica BP-British Petroleum , causou o maior desastre ambiental daquela área. O petróleo cobriu grande parte das praias da Flórida.
    Depois que a plataforma foi consertada, a natureza recompõs o meio ambiente em 6 meses.
    De modo que problemas ambientais sempre existiram e sempre existirão na exploração de energia em qualquer área.
    É fundamental  tomar as cautelas necessárias para evitar esses problemas pois a humanidade continua a precisar cada vez mais de energia.
    Muita coisa vem sendo descoberta na exploração do xisto até porque é a  fonte mais nova de exploração de gás e petróleo.
    Vários elementos químicos já foram substituídos. Em diversas áreas foi proibida a exploração para evitar contaminação de aquíferos.
    As técnicas de fraturamento hidráulico (fracking) evoluíram muito.  As pesquisas continuam a avançar cada vez mais.
    Passei alguns dias pesquisando sites no Brasil e ao redor do mundo sobre esse tema. É um universo de discussões e ideias. O número de universidades, empresas e centros de pesquisas que abordam esse assunto é impressionante.
    É, de fato, um caminho sem volta.
    Os USA, que sofriam com as ameaças de corte de suprimento de petróleo, hoje estão cada vez mais autosuficientes - ainda não de todo - e estão revertendo a posição política da OPEP , diminuindo o custo da energia e fortalecendo a evolução da indústria e da agricultura.
    Em pouco tempo esse progresso se espraiará ao redor do mundo. 
    Mas os alertas, como o seu, são absolutamente indispensáveis para evitar desastres ambientais e a contaminação do meio ambiente.

    Um abração

    Adaí   Rosembak
    Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB