terça-feira, 26 de setembro de 2017

AAFBB em FOCO - 27.09.2017

Caros Companheiros,

Neste artigo, embora com algum atraso, vou me reportar ao almoço mensal promovido pela AAFBB, que se realizou em sua sede no Rio de Janeiro, em 20.09.2017.
Desde que frequento a associação nunca vi um almoço mensal tão concorrido como esse.
A afluência de associados foi tanta que se providenciou mais mesas e cadeiras para acomodar tantos convivas que decidiram comparecer ao convescote. E salientamos que o salão é bem amplo. Mas, mesmo com mais mesas, o número de pessoas continuou a ser tão grande que muitos iriam ter de almoçar em pé.  Foi necessária a colaboração de todos para um ajuntamento de cadeiras que permitiu que todos se acomodassem sentados.
Com tanta gente, a falação estava excessiva.
Parecia um bando de pássaros a grasnar ao mesmo tempo.
De um lado do salão, “o time das meninas da AAFBB”, comandado pelo “técnico” Júlio Alt, o querido Nelson Luis de Oliveira, o “empinador de pipas”, muito bem acompanhado, e mais um grupo bem festivo.  No meio do ambiente, a galera numerosa e barulhenta de marmanjos, que o Bento apelidou de  clube do Bolinha.  No outro lado, outro grupo em que, entre outros companheiros, estavam o Mário Bastos, o Waldyr Argento, o Nelson Leal, o Noé Fernandes, o José Mauro, este articulista, o Franz e o Portal, com suas respectivas esposas. O Portal parecia um francês no inverno, com boina e cachecol preto. Sempre irônico e espirituoso, ele não parava de contar causos e piadas. 
A administração da AAFBB compareceu em peso ao almoço. Além dos já citados, na mesa principal, estavam Célia Laríchia, Loreni de Senger, José Odilon, Carlos Fernando (Café), Ernesto Pamplona, Ari Sarmento e Gilberto Santiago.
Quando a Presidente da AAFBB, Célia Laríchia, convidou a charmosíssima nutricionista Fabiana para anunciar o cardápio, a excitação e a alegria tomaram conta do ambiente. Eram assobios, aplausos, gritos, batidas de talheres nas mesas, e apelos para que a bela Fabiana continuasse a falar.
A galera dos marmanjos, no meio do salão, estava incontida e pedia em voz alta para Fabiana repetir mais uma vez o cardápio, porque não haviam ouvido direito. Mas Fabiana tinha anunciado o cardápio pelo microfone. Todos haviam ouvido. Bando de coroas assanhados!!
Enfim, era um ambiente de descontração, muita euforia e congraçamento.
O cardápio estava divino. De entrada, salada mista com creme de leite. Como prato principal, carne fatiada com molho madeira, batatas cozidas, e arroz de legumes. De sobremesa, um pudim de leite sensacional. E tudo regado a vinhos branco e tinto seco, refrigerantes, sucos e água mineral.
E, mais uma vez, frisamos: TUDO PAGO POR CADA CONVIVA !!
Na hora dos discursos, Célia Laríchia passou a palavra a Loreni de Senger, que discorreu sobre vários temas, entre os quais a Governança da PREVI, o Acordo CASSI-BB, e as minutas das resoluções propostas pela CGPAR.
Pouco antes do almoço, havia conversado rapidamente com Loreni de Senger, e ela me falou de seus encontros e conversações em Brasília e das dificuldades encontradas para encetar entendimentos e acordos nessas áreas.
Pelo que pude depreender desse breve diálogo, precisaremos, como nunca antes, de paciência de Jó, habilidade pessoal, diplomacia, e uma imensa carga de energia por parte dos dirigentes de nossas associações nessa nova temporada de desafios.
O ambiente é impositivo e autoritário. Mas esse tipo de enfrentamento não é novidade para os dirigentes de nossas associações. E temos certeza de que, também desta vez, tudo será enfrentado com garra e altivez.
Em qualquer dos embates em que nossas associações se envolveram, podemos nos orgulhar de termos tido acordos que salvaguardaram a maior parte de nossos direitos e conquistas.
E, mesmo nos casos em que, até o momento, não fomos bem-sucedidos, como a Resolução CGPC 26, de 29.09.2008, não podemos nos considerar derrotados, pois   a luta pelos nossos direitos continua junto à Justiça. 
O site da AAFBB e a Revista CONEXÃO AAFBB, têm mantido os associados atualizados sobre esses assuntos.
Após Loreni de Senger, o companheiro Beto Dias foi quem falou.
Beto Dias parabenizou os presentes pelo sucesso daquele encontro, expressou seus votos de confiança e exitosa atuação para os dirigentes da AAFBB, e desejou felicidades a todos. Fiquei satisfeito por ver o Beto Dias tão bem-disposto. Emagreceu, está alegre, ágil e ativo, como nunca o tinha visto antes.
Em seguida falou o Bento.
Os almoços na AAFBB não teriam o mesmo colorido sem os  discursos do Bento.  Ele é uma pessoa querida e respeitada por todos os associados.
Sempre expressou livremente seus pontos de vista sobre os mais variados e controversos temas, mesmo que, muitas vezes, contrarie pontos de vista consagrados por grande parte de nossos companheiros. 
Por essa razão, o Bento é admirado.
Justamente por ser a prova pessoal de que a AAFBB é um ambiente absolutamente democrático em que os associados podem se expressar, sem receios e constrangimentos, sobre quaisquer assuntos que desejem abordar.
A Presidente da AAFBB, Célia Laríchia, que se manifestou  por último,  ressaltou o intenso e duro trabalho desenvolvido pelos dirigentes da associação, para a luta contra tantas frentes, ao mesmo tempo, na defesa de nossos interesses, corroborando as palavras da companheira Loreni de Senger.
Na AAFBB, convivem, pacífica, harmoniosa e fraternalmente, associados que defendem quaisquer posições políticas, religiosas, de gênero, ou de quaisquer outras tendências.
Tenho amigos na AAFBB que me chamam de “caro amigo coxinha” e eu afetuosamente retribuo, os classificando de “queridos amigos petralhas”. E tudo termina em abraços, risos, chopes e música.
Há ambiente melhor, mais sadio e mais democrático do que esse?
O importante é que estamos todos no mesmo barco e defendendo os mesmos interesses.
Por isso, sempre programo meus compromissos pessoais e ajusto meu calendário para   comparecer aos almoços mensais da AAFBB.

Abraços em todos.

ADAÍ  ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB

sábado, 16 de setembro de 2017

ADEUS ÀS ILUSÕES

Caros Companheiros,

Estava a divagar sobre a visão política de alguns segmentos de esquerda, face à falência do modelo ideológico do comunismo e de estados que implodiram frente  à realidade dos fatos. 
O exemplo mais flagrante desse desastre, foi a ex-URSS.
Como na minha juventude também fui um seguidor do que Lênin chamava de “doença infantil do esquerdismo”, muitas vezes sinto-me frustrado e constrangido de tentar um diálogo equilibrado, mas “impossível”, com um esquerdista radical fanatizado por uma visão política superada pela realidade histórica.
Como não têm uma argumentação política e econômica racionais para a sustentação de um debate objetivo e equilibrado, partem para insultos e agressões pessoais.
Já fui chamado de “coxinha” (de onde provém e qual o sentido dessa qualificação?) e de outras “alcunhas” impublicáveis. É imenso o número de mensagens insultuosas que excluo neste blog, após a análise moderadora.
Mas a realidade dos fatos não admite contestações.
Dilma foi deposta pelo “conjunto da obra” e pelas “pedaladas fiscais” que quebraram o país.
Michel Temer, se não for julgado até o fim do mandato, certamente o será após sair da Presidência. Por motivos diversos.
O importante é que prevaleça o “IMPÉRIO DA LEI. ”
Esse é o caminho da redenção do Brasil.
No momento, defrontamo-nos com a perspectiva de delação premiada de Antônio Palocci, um dos expoentes do PT que, se efetivada,  abalará os alicerces mais recônditos e putrefatos do PT.
O que foi revelado até agora pelo “italiano” Palocci, são apenas acepipes iniciais para o farto banquete de delações e provas que deverão ser apresentadas, caso a delação premiada de Antônio Palloci seja aprovada.
A lógica de Nicolau Maquiavel, em sua obra “O Príncipe”, de que “os fins justificam os meios”, que sempre foi um dos esteios basilares da atuação política do PT, vai ser exposta às escâncaras para toda a sociedade.
Lula e o PT sobreviverão a esse ataque fulminante? Estejamos atentos para os próximos e excitantes capítulos desse drama draconiano.
Para que tenhamos uma visão objetiva dessa situação, transcrevo adiante o artigo “ ADEUS LULA, é um filme sobre implosão, separação e pulverização”, do colunista político DEMÉTRIO MAGNOLI, publicado em 16.09.2017, na versão digital do jornal “A Folha de São Paulo”.
À vossa apreciação.

ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB


Artigo de DEMÉTRIO MAGNOLI
“Adeus, Lula' é um filme sobre implosão, separação e pulverização”

As confissões de Palocci, uma explosão fatal na imagem pública de Lula, pedem um roteiro sobre a orfandade da esquerda brasileira, que não se preparou para viver sem seu patrono de quatro décadas.

"Adeus, Lenin!", filme satírico de Wolfgang Becker, ilumina o deslocamento psicológico causado pela queda do Muro de Berlim nos alemães orientais idosos, cujas referências cotidianas estavam todas definidas pelo "socialismo real".
Nos bons tempos, antes do "mensalão", disputava com Dirceu a condição de sucessor de Lula –e tinha a preferência do próprio Lula. O ex-ministro da Fazenda, porém, não possui a têmpera de Dirceu ou dos "apparatchiks" do núcleo duro lulista, como Delúbio e Vaccari. 
Ele desconhece a "omertà", o código de honra que bloqueia a estrada da delação. 
Por isso, começou a falar, convertendo-se subitamente de "herói do povo brasileiro" (segundo o congresso do PT paulista) em traidor "calculista, frio e simulador" (segundo Lula).
Lula e os seus creem que a política está acima de tudo, inclusive dos tribunais.
A tese tem alguma verdade: as implicações judiciais das confissões de Palocci permanecem turvas, mas suas consequências políticas são devastadoras.
A sentença do traidor sobre o "pacto de sangue da propina" tem maior potencial destruidor para a candidatura de Lula que as sentenças de Moro sobre um certo tríplex ou um célebre sítio.
Palocci fecha um ciclo histórico no qual a esquerda não precisou se ocupar com os problemas cruciais da unidade e do rumo ideológico.
O projeto do PT reuniu as heterogêneas correntes da esquerda, oferecendo um leito comum para sindicalistas, movimentos sociais, militantes católicos da "teologia da libertação", castristas de diversos matizes e grupúsculos trotskistas.
Lula serviu como traço de uma unidade que jamais derivou de consensos sólidos nos planos dos valores, da doutrina ou das estratégias.
Na falta desse mastro, nada deterá a fragmentação em curso, ainda que venha a ser disfarçada sob o rótulo de uma "frente popular" de partidos e movimentos.
A candidatura Haddad, plano B do lulismo, pode até evitar o naufrágio da nau petista, mas carece de força gravitacional para restaurar a moldura unitária que se despedaça.
O lulismo garantiu a unidade por meio da virtual supressão da divergência ideológica.
No percurso, a curva decisiva foi a chegada de Lula ao Planalto, que cancelou o já rarefeito debate de ideias no interior do PT.
Dali em diante, as correntes petistas engajaram-se na ocupação de cargos no aparelho de Estado, enquanto os "intelectuais de esquerda" aceitaram a humilhante tarefa de justificar tanto as oscilações de rumo do governo quanto as pútridas alianças do capitalismo de compadrio patrocinadas por Lula. 
O ex-presidente carrega a culpa direta pelo "pacto de sangue" confessado por Palocci, mas a responsabilidade política espraia-se muito além dele, até doutos acadêmicos que nunca se beneficiaram do vil metal.
Unidade e ausência de debate ideológico –as duas coisas estão ligadas como as lâminas de uma tesoura.
O lulismo salvou a esquerda das forças centrífugas provocadas pela discussão de temas como o lugar das empresas estatais, a produtividade da economia, a curva de sustentabilidade fiscal, a qualidade dos serviços públicos, o imperativo da reforma política.
Lula construiu uma cápsula encouraçada, isolando a esquerda num santuário.
A prova de seu sucesso está à vista de todos, nos artigos vexatórios dos "companheiros de viagem" que ainda defendem a política econômica dilmista ou celebram a calcificação ditatorial do regime venezuelano.
"Adeus, Lula" é um filme sobre implosão, separação, pulverização.
Depois de Palocci, a unidade está morta.
Com sorte, do desfecho ressurgirá o debate estancado. 
Ergamos um esperançoso brinde ao traidor.

Compartilhar

demétrio magnoli


quarta-feira, 6 de setembro de 2017

EM DEFESA DO BB

Prezados Companheiros,

    A mídia vem noticiando continuamente medidas que estão sendo tomadas com vistas à privatização do BB.
    O Banco do Brasil  sempre desempenhou de forma meritória o papel de executor da política econômica e financeira governamental, como regulador dos juros, fomentador da produção e  executor de políticas sociais.
    Este Governo, ou qualquer outro que o substitua, não pode prescindir do apoio de um instrumento da magnitude do BB.
    Não há outro banco no Brasil, a não ser o Banco do Brasil, que tenha o mesmo gigantismo e alcance de atuação pela capilaridade de suas agências e representações, atingindo os mais distantes e remotos rincões no Brasil.
 Esse não é um papel a ser desempenhado por bancos privados.     Eles visam o lucro e não poderia ser de outra forma. Almejar o lucro em escala crescente faz parte da gênese das instituições bancárias privadas.
 Além de sua atuação  como instrumento da política econômica governamental e de seu papel social, o BB também atua no mercado de forma bem-sucedida.
É um banco lucrativo, moderno e eficiente. Atua no Brasil e no exterior no mesmo nível das maiores instituições financeiras nacionais e internacionais.
Ou seja, o BB não dá despesas; ao contrário, se auto sustenta e dá lucros. Paralelamente, é o braço do governo para a implantação  e execução  das políticas econômicas governamentais.
Por tudo isso, estamos abismados com as medidas açodadas que a administração do BB vem tomando, e que estão implicando em cortes de comissões, fechamento de centenas de agências, e uma série de providências tomadas sem o devido critério, cuidado e planejamento. Reclamações da clientela, em todos os níveis, em um vulto nunca antes visto, aparecem em todas as agências e em áreas diversificadas.
Por isso, somos levados a pensar que a mídia está correta quando denuncia que tudo isso é um processo bem pensado e dirigido para a privatização do BB.
É importante que não nos deixemos levar pela sofreguidão de modernizar a máquina pública sem o devido equilíbrio e planejamento.
Se o BB for privatizado, o Governo estará dando um tiro no próprio pé. Estará matando a galinha dos ovos de ouro.
Decididamente, esse não é o caminho correto a ser seguido.
                              
A propósito deste assunto, reproduzimos adiante o excelente artigo “Em Defesa do BB”, do Companheiro GILBERTO SANTIAGO, atual Presidente do CODEL na AAFBB, que, na sua clarividência, equilíbrio e experiência, joga luz sobre o tema, e nos leva a refletir sobre a atual situação do BB e sobre os destinos de nosso país.

À vossa apreciação.

ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB 


EM DEFESA DO BB

GILBERTO SANTIAGO

       Noticiário recente divulgado na mídia ressalta uma série de providências administrativas que estão sendo tomadas pelo Banco do Brasil, em relação a seu quadro de pessoal, com cortes de comissões e fechamento de centenas de agências.
      Como é natural, surgem insinuações a respeito de iminente processo de privatização.
 Uma privatização não se faz de uma hora para outra. De modo geral, ela é sequência de uma série de procedimentos ocorridos em diversas épocas – alguns com a aparência de simples “reestruturação” ou adaptação aos tempos modernos – no aguardo do tempo certo para a implementação dos últimos capítulos. Talvez seja esta a finalização que estamos presenciando agora.
  Lembramos a carta aberta do saudoso Betinho, de 20 de outubro de 1995 (já se vão mais de 20 anos) dirigida “às amigas e amigos do Banco do Brasil“. Betinho relata a importância da adesão “entusiasta, surpreendente e nacional” dos funcionários que, por toda a parte, organizaram cerca de três mil comitês. Tudo estava bem, “até que chegou a onda de privatizações das empresas públicas”. E acrescenta: “A direção do Banco, seguindo à risca as instruções do Governo, começou o processo de demissões. A unidade que havia entre direções e base foi fortemente abalada, a crise se instalou no BB e, em consequência, nos comitês. Funcionários revoltados com o processo, e os demitidos, pararam de atuar, muitas vezes para cuidar da própria sobrevivência”.
      Como que profetizando o que viria a ocorrer 20 anos após, Betinho conclui que o Banco confirmava (já naquela época) a sua postura de instituição voltada ao mercado, perdendo muito de sua visão e missão social.
      E pergunta: “como separar as questões do Banco do Brasil da dinâmica da Ação da Cidadania? As instituições mudam, as direções passam, a cidadania e a solidariedade devem permanecer”.
  Betinho morreu mas os problemas em relação ao Banco permanecem vivos, a mesma vinculação ao mercado, a mesma busca do lucro desenfreado, a mesma dependência das “instruções e interesses do governo” acima de seu papel de fomento à produção e aderência às questões sociais.
 É esse Banco que precisamos resgatar, esse Banco que financia 70% do agronegócio, em um movimento nacional semelhante à Ação de Cidadania tão bem capitaneada pelo saudoso Betinho, com a adesão maciça dos funcionários da ativa e aposentados, fortalecidos pela atuação firme e constante de nossas associações.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A REVOLUÇÃO CONTINUA

Companheiros,

Constantemente somos confrontados com situações que nos desafiam, e que nos fazem questionar quais são os caminhos a seguir para que o Brasil consiga sair do atoleiro em que se encontra.
Há um ano, completamos um ciclo de governos do PT, que nos levou ao abismo econômico e financeiro do qual estamos começando a escapar.
Durante os períodos do PT, criou-se um governo orientado para a implantação de   um modelo marxista utópico de sociedade protecionista, com uma imensa  diversidade de programas sociais, abrangendo dezenas de milhões de pessoas, em escala crescente, sem qualquer controle e, principalmente, sem que houvesse a contrapartida de aportes financeiros para sustentar esse mastodôntico e pródigo estado assistencialista.
Em lugar de se criar um estado enxuto, ético, eficiente e dinâmico, deu-se andamento a um empreguismo desenfreado de apadrinhados políticos, que incharam a máquina pública, tornando-a um monstrengo pesado, oneroso e ineficiente, com o intuito de obter apoio parlamentar para uma miríade de programas governamentais desfocados da realidade econômica do país.
Paralelamente, criou-se   um colossal esquema de corrupção entre políticos e dirigentes governamentais juntos     com grandes conglomerados empresariais privados, para promover saques do Estado de toda ordem, como    isenção fiscal a segmentos privados, que chegou a quase R$ 450 bilhões. Montou-se uma cadeia de projetos megalomaníacos desvinculados da realidade, com o único objetivo de promover desvios de recursos estatais. Institucionalizou-se no meio político um viciado e gigantesco sistema de extorsão de propinas junto a empresas privadas e estatais, a título de apoio para campanhas políticas, em troca de favores de toda ordem.  
Arrasou-se a Petrobrás, a maior empresa do país e diversas outras estatais, através de um gigantesco e sofisticado sistema de corrupção sem paralelo no mundo.
Enfim, promoveu-se todo o corolário de irregularidades que quebrou o país, que continuam a ser descobertos,  e que a mídia nos mostra a todo momento.
Para cobrir esse esquema criminoso que esgotou os recursos do Estado, criou-se o esquema das “pedaladas fiscais”, que foi a razão básica para a deposição de Dilma Rousseff.
Para que se tenha um retrato real da dimensão desse saque,  que afundou a economia e as finanças do Brasil, recomendo a leitura do excelente livro “Anatomia de um Desastre”, de Cláudia Safatle, João Borges e Ribamar Oliveira, três dos mais destacados jornalistas da área econômica em nosso país.
Nessa obra se verá como Arno Augustin, um trotskista à frente do Tesouro, junto com Dilma Rousseff e Guido Mantega, criou a maquiavélica “contabilidade criativa”, que acabou por desestruturar as finanças do país para cumprir metas fictícias, e cobrir o rombo criado pelo desgoverno do PT.
O   último Governo de Dilma Rousseff, pode ser classificado como o ápice de arrasamento  econômico e financeiro do Brasil, em toda a sua história.
Esse ciclo infernal, que cessou com a deposição da presidente, foi o início da saída dessa hecatombe econômica e social.
Muito embora os recentes índices  econômicos apresentem uma pequena reversão do quadro trágico em que se encontra o Brasil, estamos apenas no início da revolução que almejamos para transformar nossa sociedade.
O governo de Michel Temer está envolvido numa trama de corrupção política que envergonha a imagem do Brasil.
A Operação Lava-Jato e o Poder Judiciário como um todo, vêm sendo atacados por todos os lados, tanto pela esquerda como pela direita, tanto por Lula como por Michel Temer.
Ou seja, como no conhecido bordão popular, as moscas mudam, mas o esterco é o mesmo.
A classe política, atacada e acuada como nunca em nossa história, tanto pela mídia, pelo Judiciário e por diversos órgãos da República, trata de se defender ferozmente ao tentar aprovar leis absurdas, imorais e discricionárias, a exemplo do chamado “abuso de autoridade”, para constranger e frear a atuação de juízes federais e outras autoridades  que atuam para punir a ação delituosa de membros da classe política.
Por outro lado, a PF-Polícia Federal, vê-se ameaçada pelo Poder Executivo, e aí leia-se Michel Temer, com a mudança de seu comando e com o corte de verbas, situações que podem inviabilizar a continuação de suas operações.
A imagem do Presidente Michel Temer, a despeito do relativo sucesso de sua viagem à China, vem sendo denegrida pela mídia internacional pelo seu envolvimento direto em esquemas de corrupção que estão sendo continuamente descobertos e denunciados pela PGR-Procuradoria Geral da República e repassados ao STF-Supremo Tribunal Federal.
A situação de Michel Temer tornou-se tão vexaminosa e constrangedora que dirigentes de diversos países e representantes de órgãos internacionais, quando visitam a América Latina, vão a vários países, mas não vêm ao Brasil, justamente o maior, mais populoso e mais rico país de nosso continente.
Para o bem do Brasil e para que o processo de depuração e mudança de nossa sociedade não pare, a mídia - o quarto poder - continua exercendo vigorosamente seu papel de informar à sociedade tudo que é apurado nessas investigações e suas consequências.
Apesar das ameaças de políticos e do Poder Executivo, os poderes da República prosseguem atuando com todo o empenho.  A Justiça Federal e a Lava Jato continuam trabalhando vigorosamente, novas operações da PF são efetuadas, e novos processos continuam a surgir.
O que nos assusta, é se o PT, tendo à frente o ex-Presidente Lula, for vencedor nas próximas eleições.
O anúncio de Lula de que uma de suas primeiras medidas, vai ser o controle da mídia, deixa a sociedade organizada aterrorizada.
Espera-se que Lula, que classificamos como uma raposa política, tenha feito essa declaração no calor de um comício para agradar a ala radical de sua militância política.
Esse seria o primeiro passo para frear o processo de purgação e renovação pelo qual passa o país.   
Se isso viesse a ocorrer, seria o primeiro ato de ruptura com o estado democrático de direito, e o início de um processo sanguinário e destruidor para implantar à força uma brutal ditadura ao estilo bolivariano, como ocorre na Venezuela.
Não somos contra os partidos de esquerda. Eles são o contraponto frente à opressão de medidas autoritárias por parte do Estado, e dos abusos e transgressões por parte do mundo empresarial. Existem medidas sociais por parte do Estado que têm de ser implementadas, preservadas e defendidas, e esse é um papel a ser exercido pelos partidos de esquerda.
Mas a esquerda precisa se reciclar.
Não tem mais cabimento, na atualidade, defender princípios políticos superados e fracassados baseados no marxismo-leninismo, tal como a ditadura do proletariado, que monopolizava a mídia, e que acabou por implodir a ex-URSS.
Foi isso o que fez a presidente do PT, a Senadora Gleisi Hoffmann, ao defender a sanguinária e brutal ditadura implantada na Venezuela e comandada por Nicolás Maduro.
Nada pior para a imagem do PT.
Aliás, ficamos espantados com o descolamento da realidade por parte de parlamentares radicais do PT.
Será que vivem em outro planeta?
Será que nunca vão entender que a massa da população brasileira não quer violência nem derramamento de sangue?
O brasileiro está realmente preocupado é em ter um teto e um emprego, levar uma vida tranquila, melhorar seu padrão de vida, dar boa educação, segurança e saúde para seus familiares, e desfrutar a vida da melhor forma possível, dentro de suas limitações financeiras.
O brasileiro, antes de tudo, é um bon-vivant, e tem inúmeras razões para ser feliz e desfrutar a vida com alegria e prazer.
As manchetes esportivas dos jornais e os estádios lotados retratam o entusiasmo e o encanto do povo com o   esporte da paixão – o futebol.
O prazer da dança e da música, a par com o Carnaval, são outros motivos de    satisfação e alegria do povo.
A beleza, a sexualidade, e o charme da mulata, criação autenticamente brasileira, são razões de encantamento, gozo e prazer.
Até as novelas são outro grande motivo de prazer para as famílias.  Aliás, lembro-me de uma passagem em que o cantor e ex-vereador Agnaldo Timóteo, perguntado por um parlamentar se o povão estava preocupado com as péssimas notícias políticas, ele respondeu que o povão estava preocupado mesmo era com o próximo capítulo da novela das 9h, da Globo. Poucas vezes ouvi uma declaração tão realista.
Então, por favor, Senadores Gleisi Hoffmann e Lindberg Farias, deixem de ser ridículos e parem com seus discursos inflamados, chatos e repetitivos para mobilizar o povo para a violência e para mudar tudo na marra.
Usando o direto linguajar popular: “Caiam na Real !!”
Esse tipo de discurso cansado e desfocado da realidade, pode até iludir grupos minoritários de agitadores, e estudantes imaturos, recém-entrados na puberdade, mas não um povão sábio como o nosso.
Sim, o povo é sábio. Sabe o que não quer, embora ainda não consiga atingir o que quer.
Governos se mudam em eleições ou em processos legais de impeachment.
E progresso do país e de seu povo se faz com muito trabalho, um sistema judiciário sério e atuante, e uma classe política digna e honesta   que trabalhe em prol dos interesses da sociedade.
A despeito das críticas ácidas a políticos radicais, sejam de que matizes forem, temos apreço e admiração por diversos líderes da esquerda.
Entre esses, citamos o admirável Senador Cristovam Buarque (PPS-DF).
Adiante reproduzimos sua nota “Comemoração incompleta”, que foi publicada no jornal O Globo, em 02.09.2017, à página 15.
Em relação à situação social, econômica e financeira do país, também transcrevemos o artigo “Falta mais do que dinheiro”, do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, publicado no jornal “O Globo”, em 31.08.2017, à pag. 16.   
A nota de Carlos Alberto Sardenberg é uma apreciação realista não só da economia do Brasil, mas dos traços que permeiam nossas ações e nossa maneira de pensar.
A mudança desses comportamentos e dessa mentalidade são alguns dos maiores desafios para a transformação da sociedade e de nosso país.
Essa é uma situação da qual não temos como escapar, independentemente de quais sejam nossas opções ideológicas  e nossas filiações políticas.

À vossa apreciação.

ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB


Artigo “Falta mais do que dinheiro”, do jornalista CARLOS ALBERTO SARDENBERG:

“As leis, a mentalidade política e a cultura nacional querem do Estado muito mais do que ele pode fornecer.”

A história das contas do governo federal tem o seguinte enredo:

— Por norma constitucional, a despesa de um ano tem que ser igual à despesa do ano anterior mais a inflação;

— Na vida real, e por determinação também constitucional, as despesas com previdência, pessoal e benefícios crescem bem acima da inflação todos os anos;

— Logo, para que a despesa total permaneça estável, é preciso cortar os gastos com custeio e investimento;

— Logo, falta dinheiro para o governo tocar os serviços públicos de educação, saúde, segurança etc.

Claro que a primeira resposta para essa situação está na reforma previdenciária, de longe o maior gasto e o maior déficit, que cresce todos os anos.

Mas ainda que se faça essa reforma, o que é muito difícil, não vai sobrar dinheiro para o resto do Orçamento. Primeiro, porque o gasto previdenciário já atingiu um nível muito elevado — mais de 50% do total das despesas. Nenhuma reforma reduzirá esse gasto. Poderá apenas, sendo bem-sucedida, diminuir a velocidade de expansão do déficit.

Logo, continuará muito apertado o orçamento de todas as demais áreas do governo. O que nos leva à necessidade de outras duas reformas, uma para conter a folha de salários do funcionalismo, outra para reduzir o generoso pagamento de benefícios diretos.

Mas, de novo, esses gastos já atingiram níveis elevados. Também não podem ser reduzidos, mas apenas contida sua expansão.

E mesmo que se consiga isso — reparem, já são três reformas muito difíceis — não vai sobrar dinheiro para o setor público naquela que é sua função principal, a de prestar serviço aos cidadãos.

A razão é óbvia — ou deveria ser. E é a seguinte: as leis, a mentalidade política e a cultura nacional querem do Estado muito mais do que ele pode fornecer.

Como se financia o Estado? Com impostos e com a tomada de empréstimo. Já fizemos isso. A carga tributária é muito elevada, não cabe no bolso dos contribuintes. E a dívida pública cresce todos os anos, aproximando-se perigosamente do nível em que será insustentável. O governo tem ainda uma última arma — destruidora — que é emitir dinheiro. Resolve por um instante e gera uma baita inflação.

Tudo isso para tentar mostrar que é preciso reduzir o tamanho do Estado.

Está uma choradeira em tudo que é repartição pública. Compreensível. Está sempre faltando alguma coisa, de gasolina para a polícia a rancho para os soldados. Reação automática do pessoal: pedir mais dinheiro para Brasília.

Tem uma turma que vai ao limite do ridículo: é contra as reformas, contra mais impostos e a favor do aumento de gastos e investimentos. A dívida pública? Não tem problema, é só deixar de pagar aos especuladores, alegam.

Mas mesmo tirante essa turma, fica muita gente bem-intencionada que não percebeu a raiz do problema: o Estado terá que fazer mais com menos, prestar menos serviços para menos pessoas e, finalmente, buscar recursos no setor privado.

Vamos falar francamente: não faz sentido dar universidade de graça para quem pode pagar. Idem para o atendimento médico.

Diz a Constituição que todo brasileiro tem direito a ser atendido de graça e com o melhor tratamento disponível. Não tem dinheiro para isso. Logo, é preciso fazer uma fila e definir quem pode e quem não pode receber este ou aquele tratamento.

Dizem: isso é uma violação do princípio do atendimento universal. Mas esse princípio é violado todos os dias e da maneira mais selvagem: fila no pronto-socorro, gente morrendo no corredor do hospital ou aguardando meses para o tratamento de um câncer.

A lei não organiza a fila. Fica por conta do coitado do plantonista da emergência.

Não faz sentido que as universidades e os centros de pesquisa não vendam serviços para empresas e outras instituições privadas. As universidades aqui não conseguem nem receber doações. Já em países onde estão algumas das melhores escolas do mundo, as universidades vivem basicamente de doações e venda de serviços. Incluindo a cobrança de anuidades, combinando com o fornecimento de bolsas.

Desculpem se estamos piorando o cenário, mas é isso mesmo. Não bastarão as reformas da Previdência e do funcionalismo. Precisamos de uma mudança cultural: entender que o Estado brasileiro atual não cabe no país. Tem que ser menor e melhor.



Artigo “Comemoração incompleta”, do Senador CRISTOVAM BUARQUE (PPS-DF)

Daqui a cinco anos, o Brasil ingressará no terceiro centenário de sua história como país independente. Neste 7 de setembro, aos 195 anos de nossa independência, é possível comemorar o que nossos antepassados conseguiram.

Atravessamos quase 200 anos consolidando um imenso território soberano e unificado por redes de transporte, de comunicações, de distribuição de energia, a economia brasileira está entre as maiores do mundo no valor do produto, passamos de 200 milhões de habitantes. Não há dúvida de que temos que comemorar os primeiros dois séculos.

Mas se, no lugar de olharmos para a história, olharmos ao redor, a festa perde seu brilho. Comemoramos um elevado PIB, o oitavo do mundo, mas 84º por habitante, por causa de nossa baixa produtividade.

Igualmente grave, nossa economia se concentra em bens agrícolas e minerais ou indústrias tradicionais, porque somos um país de baixa capacidade de inovação.

Do ponto de vista social, carregamos a vergonha de sermos campeões em concentração de renda, temos formidáveis ilhas de riqueza e um trágico mar de pobreza.

Chegamos ao nosso terceiro século divididos tão brutalmente que podemos nos considerar um sistema de apartação, um país onde a população está dividida e separada por “mediterrâneos invisíveis” intransponíveis.

Somos um país integrado fisicamente e desintegrado socialmente. Por isso, somos hoje, em parte, campeões de violência urbana com mais de cem mil mortos por ano, 50 mil assassinatos e 45 mil vitimados por acidentes de trânsito.

Na política, apesar de comemorarmos o aniversário com um sistema democrático e instituições funcionando, em nenhum outro momento tivemos uma classe política tão desacreditada.

As promessas foram descumpridas, a corrupção se alastrou, os partidos se desfizeram, as finanças públicas foram quebradas, as estatais arrombadas, as corporações dividiram o país em republiquetas sem sentimento nacional.

A sensação é de que o país entra no seu terceiro século desagregando-se, sem coesão social, sem rumo histórico.

O mal-estar se explica por muitas causas, mas certamente a principal está no descaso com a educação de nossa população, desde a primeira infância. Chegamos ao nosso terceiro século com 13 milhões de compatriotas adultos incapazes de reconhecer a própria bandeira da República, por não saberem ler o lema “Ordem e Progresso”.

Além destes, segundo o IBGE, são quase 28 milhões de adultos analfabetos funcionais, apenas um pequeno número de jovens recebe formação necessária para construir a economia e a sociedade do conhecimento que vai caracterizar o século adiante.

Passados dois séculos, ainda somos um país com baixíssimo grau de instrução e com abismal desigualdade no acesso à educação conforme a renda da família.

E não seria difícil fazer com que, bem antes do quarto século, o Brasil conseguisse ser um país com educação de qualidade para todos: os filhos dos mais pobres em escolas com a mesma qualidade dos filhos dos mais ricos; uma sociedade que não dispensaria um único talento intelectual de sua população.
Sem isso, certamente não teremos o que comemorar quando o quarto centenário chegar.