domingo, 22 de maio de 2016

UM PASSO ATRÁS

O impacto emocional da decisão do Presidente da República em Exercício, MICHEL TEMER, de recuar da decisão de incorporar o Ministério da Cultura ao Ministério da Educação, foi como se tivéssemos recebido um soco direto no queixo.
A visão de políticos derrotados nas votações do impeachment de Dilma Rousseff, como Lindbergh Farias (PT-RJ), Jandira Feghalli (PCdoB-RJ), Jean Wyllys (PSOL-RJ), Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e outros, pegando carona nos protestos  de  artistas e profissionais da área cultural contra a extinção do Ministério da Cultura, para insuflar e propagar a volta de Dilma e do PT ao poder, foi um gesto muito simbólico da falta de tato político do Governo Temer, ao tratar uma situação  como essa em um regime democrático.
Nos tempos da ditadura militar era fácil resolver um problema dessa natureza.  Era só mandar uma patrulha militar com cassetetes para prender todo mundo.  Em meia hora se resolvia um problema desse tipo. A respeito, o General Octávio Aguiar de Medeiros, alto comandante militar no período, disse uma frase que o celebrizou: “cassetete faz milagres”.
Passamos por esse período negro de nossa história e essa é a última coisa que desejamos para o país.
É de conhecimento das autoridades e também da opinião pública, que a corrupção corre solta no MinC – Ministério da Cultura.
Por isso mesmo, a classe artística se sentiu ameaçada de perder regalias, mamatas e privilégios. Estão viciados com essa esculhambação, boa vida e ganhos financeiros volumosos e fáceis.
A reação foi geral e o Governo teve de voltar atrás.
Ações açodadas dão nisso.
É natural que o Governo queira apressar reformas urgentes e necessárias para sanar a situação de caos e falência econômica e financeira em que o país foi jogado pelos governos do PT.
Não só para mostrar à opinião pública do país a ação saneadora do Governo, mas, fundamentalmente, para gerar resultados positivos que venham a beneficiar diretamente a população.
E uma dessas frentes é cortar gastos diminuindo o número de ministérios.
Mas é preciso ter paciência, analisar o momento certo e mirar o alvo certo, para dar o bote certo.
O Governo Temer tem de considerar que o processo de Impeachment da Presidente Dilma ainda não foi concluído.
Ela foi afastada por um período de até 180 dias. Assim, Michel Temer - nome completo Michel Miguel Elias Temer Lulia (não confundir com Lula) – vai permanecer como presidente interino até o final desse período, ou até quando o processo de impeachment for concluído.
É realmente revoltante ver cineastas e artistas em Cannes, que se beneficiam de polpudos  repasses governamentais de verbas milionárias, usufruem mordomias e obtém sucesso à custa dos impostos pagos pelo povo e, ao mesmo tempo, denegrirem a imagem de nosso país e do governo no exterior.
Cabe acrescentar que, muitos dos componentes dessa “classe artística e cultural”, ainda obtém retornos financeiros vultosos, com propagandas na mídia pagas por grupos empresariais, chamados de “elites” pelos governos do PT que, por mais paradoxal que seja, foi de onde o PT obteve suas mais relevantes contribuições, alvos de investigações pela Operação Lava-Jato.
Mas, infelizmente, mesmo após a conclusão do processo de impeachment da presidente afastada, o atual governo vai precisar ter paciência e engolir sapos dessa natureza.
Isso faz parte do jogo político.
O Governo   Temer precisa e quer apresentar resultados rápidos e expressivos para a opinião pública, principalmente diminuir o desemprego, baixar a taxa de inflação, ativar a economia, cortar impostos, e baixar os preços na área de consumo popular, que são pontos vitais para obter a aprovação do governo, e trazer benefícios efetivos para a população, principalmente aos seus extratos menos favorecidos.
Mas é preciso uma fina sensibilidade política para atingir esses objetivos em toda a sua plenitude.
Mexer em determinados privilégios, como está se vendo no momento na área da cultura, sempre provoca reações iradas dos que vão perder essas benesses.
Esse episódio lembra uma oração célebre do Almirante Thomas Charles Hart (1877-1971), da Força Naval dos Estados Unidos:
“Dai-nos forças, Senhor, para aceitar com serenidade tudo o que não possa ser mudado. Dai-nos coragem para mudar o que pode e deve ser mudado. E dai-nos sabedoria para distinguir uma coisa da outra. ”
Para os agitadores, perdedores e oportunistas que embarcaram nesse protesto de representantes da área cultural, lembramos que o que está acontecendo no Brasil não é “UM GOLPE”.  É “UMA REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA”.
E como “REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA”, segue um curso revolucionário, mas seguindo princípios legais e democráticos.
O primeiro passo – para a frente -  foi o afastamento da Presidente Dilma por vitórias acachapantes na Câmara e no Senado, seguindo os ritos ditados pela Justiça em um ambiente de absoluta normalidade democrática.
Esse passo equivocado – que foi a recriação do Ministério da Cultura -  foi para trás. Como em uma marcha, para contornar um obstáculo, sempre pode ser forçoso dar um passo para trás, mas, inexoravelmente, a marcha retomará seu curso para a frente.
Evidente que, para o Governo, qualquer governo, é muito mais fácil atacar as áreas mais fragilizadas da população. Cortar benefícios na aposentadoria é um exemplo. Aposentados não tem como protestar, fazer passeatas ou ocupar espaços públicos, como fazem os manifestantes da área artística e cultural.
Na área específica dos fundos de pensão, EFPCs – Entidades Fechadas de Previdência Complementar, também foi muito fácil para o Senador José Barroso Pimentel (PT-CE), obedecendo à política massacrante e corrupta do PT, implementar a Resolução CGPC 26, de 29.09.2008, que veio abocanhar, inescrupulosa e ilegalmente, recursos das EFPCs, prejudicando seus participantes e beneficiários e afrontando os Poderes Legislativo e Judiciário.
Essa é uma área a qual o atual governo deverá dedicar suas atenções para corrigir injustiças e irregularidades cometidas pelos governos anteriores do PT.
Uma ou outra decisão governamental poderá não ter sucesso no curso desse processo, mas, de nenhuma forma, haverá retorno à situação anterior, de caos e miséria econômica e social, em que o país foi jogado por sucessivas administrações petistas.
A esse propósito, citamos um princípio estratégico conhecido, de autoria do Presidente Chinês Mao-Tsé-Tung:
“Quando o inimigo avança, recuamos. Quando o inimigo acampa, provocamos. Quando o inimigo cansa, atacamos. Quando o inimigo se retira, perseguimos. ”
O importante é que esse processo não vai parar. Está apenas começando.
E ele continuará a seguir, passo a passo, seu caminho de redenção.
É um  processo  irreversível.
Adaí  Rosembak

Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

6 comentários:

  1. Sérgio Pires Ferreira - AAFBB Florianópolis SC23 de maio de 2016 às 12:51

    Um sapo duro de engolir é no ministerio Temer haver mais de sete ministros acusados na lavajatos, acobertados tal como Dilma quis fazer com o Lula. Não ha mais corruptos, não se fala mais disto? E o lider na Camara, e os amigos do Cunha? Por que o ministerio da cultura não pode atuar em prol da cultura e não a favor de apaniguados? Nem tudo foi malfadada lei Roanet. Museus, espetaculos culturais, promocoes artisticas importantes, teatros municipais, tudo mereceu e deve merecer a atuação de um ministerio da cultura.O povo merece.abrs.Sergio Pires Ferreira
    ---------- Mensagem encaminhada ----------

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    1. Caro Sérgio Pires Ferreira,

      O fato de haver componentes do Governo investigados pela Lava-Jato não implica em qualquer punição. Quando essas acusações forem comprovadas, aí sim.
      Mas veja Hoje, por exemplo, o caso do Ministro do Planejamento Romero Jucá.
      Pelo que ouvi até agora, o Ministro do Planejamento Romero Jucá deverá ser afastado, não por acusação de qualquer ato de corrupção, mas pelo fato de existir uma gravação em que ele faz críticas diretas à atuação da Operação Lava-Jato.
      A ação contra o Cunha está no âmbito do STF e ele, hoje, voltou atrás e não foi ao seu escritório no Congresso como tinha dito anteriormente. Seus assessores disseram que o Cunha vai esperar por uma decisão do STF sobre se ele pode ou não ir ao seu gabinete na Câmara.
      Então não é cabível dizer que o Governo Interino está protegendo alguém de qualquer acusação.
      Quanto aos servidores do MinC acho que eles devem defender seus interesses. O que não acho certo é que eles não denunciem as irregularidades naquela área.
      Agindo dessa forma eles comprometem a seriedade de suas reivindicações,
      Existe muita podridão no MinC e isso é de conhecimento público.
      Outra coisa que você não citou.
      Respeito a opinião de qualquer pessoa. Tenho amigos do PT, da CUT e de movimentos de esquerda. Temos discussões acaloradas entre um chopp e outro.
      O que não acho certo são passeatas que interrompem o direito de ir e vir das outras pessoas, não concordo com a depredação do patrimônio público. No fim, somos eu e você que pagamos por isso.
      Também não concordo que se façam comícios protestos e barulheira em frente da casa do Presidente da República, como tem sido feito em frente à casa do Temer em São Paulo.
      Isso é inadmissível.
      Temos de respeitar a privacidade e a paz dos outros.
      De resto, concordo com você que o povo merece um MinC que propicie ao povão a frequência a shows e espetáculos por preços mais baixos.
      Infelizmente, atualmente, muitos artistas recebem polpudas verbas do MinC e cobram os olhos da cara dos espectadores.

      Abraços

      Adaí Rosembak

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  2. Adaí,

    Gostei muito de seu comentário.
    O Governo vai acertar e vai errar.
    Isso é que é importante.
    Agora li sobre a queda do Jucá. Rápido, rapidinho, ele foi substituído.
    O Delcídio ficou requentando na panela do PT. O Mercadante nem foi tocado.
    Ainda bem que nos livramos da praga do PT.
    Deus queira que o PT não volte ao poder e nem a Dilma.
    O país precisa ser reconstruído.
    Se os petistas tomarem o poder de novo, isto aqui vira uma Venezuela.

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    1. Caro Anônimo,

      Vou ser breve.
      Não creio que a volta da Dilma, mesmo que possível, seja de interesse do PT.
      Ela não teria condições de governabilidade.
      O estrago que ela deixou vai demorar anos para ser corrigido.
      O que importa é que a Lava-Jato continua a todo vapor.
      Seja qual for o governo.

      Abraços

      Adaí Rosembak

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  3. Amigo,
    alguma notícia após vazamento da gravação entre o novo ministro interino Fabiano Silveira - ministro da Transparência - orientando Renan e Machado sobre a Lava Jato? E após vazamento da gravação entre Sergio Machado, da Petrobras, e membros da nova velha república?
    Devo estar surdo pois não ouvi panelaços dos falsos moralistas...
    Abr.,
    Julio Alt

    Julio Alt
    Vice Presidência de Administração
    Diretor
    (21)38610793

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    1. Amigão Júlio Alt,

      Não me considero falso moralista.
      Estamos em um processo de transformação.
      Muitos dos que ajudaram o PT no Governo - porque aquele era o Governo - estão no atual governo, como é o caso do Jucá (que já caiu), do Renam, do Sarney e do próprio Temer, que foi vice da Dilma.
      No momento, a luta principal do atual governo é tirar o país do abismo e caos econômico que o PT deixou, principalmente o último governo da Dilma.
      Colocar o país nos trilhos é tarefa para anos.
      A purgação da classe política não cabe a este governo.
      Cabe à Justiça. Cabe à operação Lava-Jato.
      Quanto a esse Fabiano Silveira creio que ele vai ter vida curta.
      Mesmo que daqui por diante ele tenha outra postura.
      Não é possível ter uma figura como essa como Ministro da TRANSPARÊNCIA de um governo que tem como pautas principais a gestão honesta da coisa pública e a moralização da classe política.
      Um cara como esse mancha a fotografia de qualquer governo.
      Bato palmas. Enfim, chegamos a uma concordância.
      Quanto à moralização da classe política, isso é um processo que pode demorar anos.
      Na Itália, após um bom período de purgação pela Operação Mãos Limpas , em que quase 6000 personagens foram punidos, a pressão da classe política corrupta conseguiu acabar com a Operação Mãos Limpas.
      Deus queira que isso não ocorra no Brasil, seja qual for o partido político que esteja no poder.
      É isso.

      Abração

      Adaí Rosembak

      Abração

      Adaí Rosembak

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