“Lamente por aquele que julga
haver achado a felicidade, inveje aquele
que a procura e a abandonará, tão logo a encontre. A única felicidade consiste em esperar a felicidade.
”
Muçulmano Saadi, escritor e poeta persa do século 13.
“A
sabedoria não se transmite, é preciso que a gente mesmo a descubra depois de
uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar, e que ninguém nos pode
evitar, porque a sabedoria é uma maneira de ver as coisas. ”
Marcel Proust, escritor francês, na obra “À sombra das raparigas em flor”.
Tempos atrás entrei em uma agência do Banco do Brasil para pagar uma
conta. A agência estava com poucos clientes e o ar condicionado proporcionava
uma temperatura agradável.
O stress, o barulho e a aglomeração de pessoas que comumente fazem parte
do dia-a-dia de agências bancárias, contrastava com o ambiente tranquilo daquele
dia.
Nem tive tempo de folhear o jornal pois o letreiro eletrônico logo marcou
o número de minha senha e me dirigi ao caixa.
O rapaz que me atendeu efetuou a operação, me devolveu o título quitado
e o troco. Logo após comentou com o colega
ao seu lado que estava frustrado e saturado com aquele tipo de serviço.
Aquele comentário me atingiu em cheio.
Não me contive e me atrevi a fazer um rápido comentário sobre a situação
em que ele se encontrava.
Disse-lhe que milhões de desempregados sonhariam em estar em seu lugar, em
executar suas tarefas e gozar do salário que recebia. Acrescentei que o melhor
a fazer seria mudar sua visão da situação ou poderia entrar em um processo
depressivo e até ficar doente.
Teria muito mais a dizer, mas conclui minha súbita intervenção
prometendo que, em outro dia, eu o presentearia com um livro que seria de muita
valia para ele.
A situação de desajuste e amargura daquele rapaz não saía de minha
mente.
No outro dia cumpri com minha promessa.
Fui na agência e o presenteei com o meu próprio exemplar do livro “Como ser Feliz no Emprego sem Gostar Dele”,
de autoria de meu amigo Ernande Monteiro Ferreira, pedagogo, escritor,
professor universitário, conferencista e auditor de empresas, entre diversas
outras atividades.
Logo após convidei o funcionário
para almoçar.
Durante o repasto, aproveitei a oportunidade para tentar salvá-lo da
armadilha mental em que ele se encontrava.
Para iniciar meu diálogo perguntei o que ele desejaria fazer em lugar
de exercer a função de caixa-executivo.
Após pensar um pouco, a resposta do funcionário foi um impactante “Não sei.
”
A única certeza – se é que a isso se pode chamar de certeza – era que
detestava aquela função.
Não adiantou citar exemplos de pessoas que se tornaram bem-sucedidas em
suas atividades e que começaram suas carreiras profissionais nos escalões mais
inferiores de suas organizações. Como exemplo, citei o ex-colega Aldemir
Bendine, que começou sua trajetória como menor estagiário e chegou a presidente
do Banco do Brasil. E hoje, a despeito de críticas que se possam fazer à sua
pessoa, foi nomeado presidente da Petrobrás.
Outro exemplo é Gueitiro Matsuo Genso, que também iniciou sua carreira
no BB como menor estagiário e hoje é presidente da PREVI. A resposta que recebi foi a de que nem todos
os funcionários do banco podem chegar a ter o mesmo êxito dos colegas que
citei.
Mudei o foco de minha argumentação para dizer-lhe que, se nem todos
podem ter o mesmo nível de sucesso em suas atividades, todos têm, nesta vida, de
procurar conduzir suas existências de forma a serem felizes e saudáveis. E
voltei a citar seu exemplo como um modelo a ser evitado. Pois sua atitude no
seu trabalho o levaria a ter males físicos além de limitar qualquer esperança
de ascensão profissional. E, nos momentos em que vivemos, até corria o risco de
ser demitido.
Não o vi mais.
Não sei se minhas palavras encontraram eco em sua consciência. Talvez a
leitura do livro que lhe presenteei tenha gerado um efeito mais abrangente e
duradouro.
Porque estou contando essa passagem?
Comumente observamos que, em grande parte das atividades produtivas no
Brasil, encontramos um grande número de pessoas passando por esse mesmo
desajuste.
As pessoas encontram-se revoltadas com baixos salários, com cargas
horárias excessivas de trabalho, com a distância de suas residências, com a
dificuldade de estudarem, com a tensão e violência dos grandes centros, enfim,
com um conjunto de problemas que limita as perspectivas de progresso em suas vidas. Como resultado dessa situação, estão sempre
tensas e nervosas, tratam mal seus clientes, torpedeiam o bom andamento de suas
atividades, estão sempre atrasadas no cumprimento de suas tarefas, são
desorganizadas, dispersivas, desatentas e, como resultado, a produtividade de
suas funções desaba.
No contexto geral do país, essa é uma das causas principais do baixo rendimento
laboral no Brasil.
Para comparação, basta dizer que o nível de produtividade de um
trabalhador americano é nove vezes superior à nossa.
Mas o objetivo desta nota não é fazer avaliações de desempenho profissional
e nem comparações de produtividade com trabalhadores de outros países.
Nosso objetivo é apontar caminhos para tornar as pessoas mais felizes e
bem-sucedidas em suas áreas de atuação profissional e em suas vidas privadas.
Se observarmos com cuidado essas ocorrências, veremos que existe uma permanente
diferenciação comportamental entre um indivíduo e outro dentro de uma mesma
situação.
Em um supermercado perto de minha casa, analisei o comportamento de duas
funcionárias que trabalhavam como caixas.
Uma estava sempre revoltada, tratava os clientes com má vontade e
grosseria e se encaixava nos protótipos de desajustes que descrevi acima.
Outra, uma moça vinda do interior do Maranhão, irradiava um carisma e
energia constantes, atendia a clientela com educação e cortesia e estava sempre
sorridente e satisfeita. A sua fila de clientes era sempre maior do que a fila
da outra funcionária pois os clientes preferiam ser atendidos por ela.
Em um dia de pouco movimento conversei mais longamente com ela. Era uma
moça adepta de uma igreja evangélica, estava noiva de um rapaz que era
marceneiro e já estavam de casamento marcado. Seu noivo havia concluído a casa
em que iriam morar. Apesar do baixo salário e das duras condições de vida, ela
estava concluindo um curso de contabilidade à noite.
Resumindo: era uma pessoa bem resolvida, ajustada ao embate com as duras
condições de sobrevivência e com plenas perspectivas de sucesso pessoal.
Ela simbolizava o que os adágios no introito desta nota descrevem: uma
pessoa sábia em ação dentro de um horizonte de felicidade.
Sim, podia não ser culta, mas era sábia, pois sua sabedoria consistia na
sua maneira positiva de encarar a vida de forma altaneira, como bem descreveu
Marcel Proust em seu romance.
As duas caixas do supermercado passavam pelos mesmos problemas e
desincumbiam-se das mesmas tarefas na empresa com visões diametralmente
opostas.
Tempos depois passei pelo supermercado e a moça maranhense tinha sido
promovida a gerente de outra filial do supermercado. A outra havia sido
demitida.
Em razão dessas experiências e análises pessoais, podemos perguntar qual
deve ser o critério de dirigentes de empresas na seleção dos funcionários que
ocuparão cargos de administração e chefia dentro de suas organizações.
Seguir a lógica cartesiana de selecionar os melhores pela sua
capacitação técnica e por sua carga de inteligência emocional e descartar os
demais que não se encaixem dentro desse contexto?
Sim, esse é o procedimento correto.
É desumano agir dessa forma? Penso que não é sob esse prisma que se deve
avaliar essa situação.
Não é papel das empresas atuar nessa vertente tão diversificada,
profunda e complexa das pessoas.
O desequilíbrio pessoal, na maior parte das vezes, tem suas raízes
fincadas em famílias desajustadas (comumente conhecidas nos Estados Unidos como
“dysfunctional families”), da extrema miséria, de problemas estruturais de um
país (caso do Brasil no momento), e de traumas históricos advindos de guerras,
da escravidão e de outros conflitos da história da humanidade e que afetam
diretamente núcleos familiares e cujos efeitos passam de geração a geração.
Cabe a cada ser humano procurar apoio espiritual de per si para resolver
esses problemas e alcançar um patamar superior de felicidade e relacionamento
com seus semelhantes.
Para atingir essa meta, pode-se recorrer a uma vasta literatura de auto-ajuda
que abrange todas as áreas de desajuste pessoal ou social.
Também existem inúmeros centros
de aperfeiçoamento humano e espiritual, com base em fundamentos religiosos e de
outras vertentes.
Não é vergonha para ninguém procurar ajuda pessoal nessas instituições.
As igrejas católicas, sinagogas, mesquitas, templos de diversas outras
religiões, centros de aperfeiçoamento humano, consultórios de análise e grupos de
auto-ajuda estão sempre cheios de pessoas à procura de apoio e cura para seus
males espirituais.
Para tanto, o primeiro passo é reconhecer que temos um problema dessa
natureza impeditivo para nossa felicidade.
O segundo é ter fé e estar imbuído da certeza de que pode e vai mudar
para melhor. Nenhuma mudança nessa área pode ser feita sem a firme determinação
e o compromisso consigo mesmo de
trabalhar duro para seu próprio progresso pessoal.
Muitas dessas terapias só surtem efeito mais profundo após anos de
intensivo trabalho espiritual.
Dentro da situação atual em que se encontra a humanidade com guerras em
todos os quadrantes do planeta, com miséria extrema de um lado e opulência
acintosa de outra, com tantos desajustes e desafios a enfrentar, todos nós
precisamos, em escala maior ou menor, de algum tipo de apoio para nos
transformarmos em seres humanos mais amorosos, sábios, sadios, ativos e
felizes.
Poderíamos até dizer que é uma exceção que, dentro desse caos em que se
encontra a humanidade, existam pessoas absolutamente normais e que não precisam
de qualquer apoio espiritual.
Esta é a mensagem de Natal e de Próspero Ano Novo que dirijo para todos
os companheiros e amigos deste articulista, extensivo a todos os brasileiros
que passam por um período tão conturbado e de transformações tão radicais como
o Brasil passa no presente momento.
Que Deus nos abençoe e às nossas famílias e que sejamos felizes.
Adaí Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB
A Mulher em
Foco
Recomendo a todas as mulheres a leitura do excelente livro “A
Mulher V”,
de autoria de Cristiane
Cardoso, editora Vida Melhor
Editora S.A.,
que também é de leitura fundamental dos homens para a ampliação do conhecimento
do universo e da alma femininas.