Companheiros,
Estamos passando por
tempos surreais.
A delação premiada de
Joesley Batista em que ele colocou a cabeça do Presidente Temer na guilhotina,
é o tipo de situação em que a realidade, de longe, superou a ficção.
O Presidente Temer ainda
não conseguiu se recuperar do golpe.
A prova disso é que, em
uma de suas últimas declarações, ele declarou que o Joesley Batista cometeu o
“crime perfeito”.
Mas que crime perfeito
o delator da JBS cometeu? Quem cometeu um crime chulo e inexplicável foi o
Presidente da República Michel Temer.
O Joesley Batista deu
um golpe de mestre.
Entrou em acordo com as
autoridades para rastrear valores que foram doados a políticos pelo Caixa 2,
não titubeou, desde o primeiro momento, em colaborar nas investigações (ao
contrário do Emílio Odebrecht que, só quando não havia outra saída, decidiu
abrir o bico).
Enfim, Joesley Batista
fez tudo de acordo com as suas reais conveniências, e com o figurino de
obediente e bom moço.
Deve estar comemorando
o seu feito em New York, em sua cobertura de 38 milhões de dólares, dando boas
gargalhadas, ao tempo em que degusta
com seu cúmplice e irmão, Wesley Batista, um Romanée Conti 1934, de US$
25,000.00 a garrafa.
Conseguiu mostrar para
o povo brasileiro, bem escancaradamente, a dimensão dessa mistura fétida de
politicagem rasteira corrompida com uma classe dominante inescrupulosa.
E ainda faturou em cima
do golpe. Comprou US$ 1 bilhão e vendeu ações na alta.
Agora, esfolados pela
sova e sedentos por vingança, seus parceiros de rapinagens contra o Estado, o querem punir por crimes
que ele não cometeu.
Vai ser difícil a CVM
caracterizar como crime de “insider trading”, a operação da JBS de compra de
dólares e venda de ações. Principalmente no Brasil, onde Nagi Nahas, depois de quebrar a Bolsa de
Valores no Brasil na década de 70, em
lugar de estar mofando na cadeia, acabou sendo o cicerone de Lula, quando de
sua visita a países árabes. Isso sem falar dos golpes de Eike Batista, o
empresário galã, queridinho da Dilma Rousseff.
Porque não abrem o bico
e acusam Joesley Batista pelos crimes que ele realmente cometeu? Isso,
obviamente, não vão fazer, porque aí seus acusadores também estariam colocando
suas cabeças no cadafalso.
Ademais, os irmãos
Joesley e Wesley, conseguiram com a Procuradoria Geral da República, um
generosíssimo acordo que os livrou de novas acusações, não foram presos, não
usarão tornozeleiras eletrônicas, e estão livres para viajarem para onde
quiserem, em troca de suas delações premiadas.
“ - Êta Acordão Bão, Sô!!! ”, deve estar exclamando a dupla sertaneja “Jo e We”, em seu linguajar
caipira, pelo excelente acordo, da mesma forma como faziam seus ótimos negócios
de compra e venda de políticos e cabeças de gado. Com todo meu respeito ao
gado.
Confesso que, depois do
desastre do Governo da ex-Presidente Dilma Roussef, que jogou o país no abismo,
estava confiante na recuperação financeira e no caminho do desenvolvimento
econômico do Brasil.
Não tenho simpatia por
nenhum partido político e menos ainda em seus próceres.
Mas confesso que tive
grandes esperanças com o início do Governo Temer, com a perspectiva de
aprovação das dolorosas, mas necessárias reformas no Congresso, que viriam
aumentar o nível de investimentos, dinamizar a economia, e diminuir o desemprego.
Pensava que só um
imprevisto cataclísmico poderia interromper a rota virtuosa no caminho do ajuste financeiro e do
desenvolvimento econômico do Brasil, e sua afirmação como país progressista,
sério e respeitado no cenário internacional.
Mas nunca poderia
imaginar que pudéssemos cair de novo em uma esparrela tão vexaminosa como essa
em que o Temer entrou.
Até agora estou pasmo
como foi possível que o Presidente Temer tenha entrado nessa arapuca,
principalmente depois do que ocorreu em maio/2016 , quando o ex-presidente da
Transpetro, Sérgio Machado, gravou telefonemas comprometendo o ex-Presidente
José Sarney, o Senador Renam Calheiros, e o Senador Romero Jucá que, inclusive,
foi apeado do cargo de Ministro do Planejamento.
Receber à noite, às
escondidas, no Palácio do Jaburu, um empresário sem escrúpulos, sem caráter, e
sem limites, que já estava sendo investigado pela PF, por subornar autoridades
públicas e políticos, por financiar criminosamente partidos políticos por Caixa
2, por efetuar operações irregulares junto a fundos de pensão, e ser
beneficiário de empréstimos bilionários
com espantosos privilégios do BNDES, por
influência do ex-Ministro Guido Mantega, em troca de doações ilícitas para o
PT?
Temer não é um neófito
na política, não é um despreparado, tem um histórico bem-sucedido em sua
ascensão como político.
Ademais, é um advogado
experiente, é uma pessoa contida, hábil, discreta e educada. Como professor de Direito Constitucional
conhece bem nossa Constituição.
Não é uma doidivanas,
estúpida, grosseira e despreparada como Dilma Rousseff.
Por isso, repito, é
absolutamente incompreensível que tudo isso tenha ocorrido justamente com ele.
Esse é um segredo que
Michel Temer guarda a sete chaves.
Quem sabe se, no
futuro, quando publicar suas memórias de seu período na Presidência do Brasil,
ele revele o real motivo que o moveu a agir dessa forma?
Tenho para mim que a
razão que o levou a receber o empresário delinquente na calada da noite, foi
uma curiosidade mórbida em tomar conhecimento de alguma futrica ocorrida nos
subterrâneos palacianos, que fugisse ao seu conhecimento.
Ouvi as gravações umas
três vezes e, confesso, não ouvi nenhuma manifestação conclusiva por parte do
Presidente Temer que, de fato, o comprometessem.
Por essa razão, concordo
com a afirmação de que “a montanha pariu um rato”.
As gravações são de
péssima qualidade, próprias de amadores no ramo, e as interferências do
Presidente Temer são inaudíveis.
O motivo que, de fato,
condena o Presidente foi ele não ter mandado prender, de imediato, o empresário
tagarela e mal-intencionado pelas suas revelações criminosas.
Por isso, volto a
frisar que a curiosidade angustiante de tomar ciência de alguma fofoca, o fez
esquecer das medidas cautelares em relação a todo o contexto da situação.
É conhecido o adágio
popular de que o homem erra quando fala demais.
O caso de Michel Temer
é inédito.
Inverteu a lógica do ditado.
Ele pecou por ouvir
demais e agir de menos.
Temos de considerar que
estamos só no início das revelações da delação da JBS.
A mídia noticia que,
somente 30% do conteúdo das delações da JBS, chegou ao conhecimento da opinião
pública.
Leio hoje que, em nosso
nicho, o ex-Presidente da PREVI, Ricardo Flores, é alvo de inquérito aberto
pela Polícia Federal.
Pelo visto, a Operação
Greenfield ganha novo impulso.
Ainda vem chumbo grosso
por aí.
E que revelações
esperar dos demais delatores que estão na fila?
Muitos brasileiros
consideram tudo isso um grande desencanto.
Muito voltam a ser
perguntar se somos viáveis como povo e como nação.
Mas essa é uma visão
equivocada e derrotista.
É fundamental que essa
chaga se abra cada vez mais e toda a podridão que permeia nossa sociedade seja
expurgada, e a luz volte a brilhar em nossas entranhas.
Mao Tsé Tung, em uma de
suas máximas políticas, disse: “Da lama nasce o lótus, a mais bela
flor”.
A perda das ilusões faz
parte desse processo de renascimento.
Essas são as dores do
parto de uma nova sociedade.
É fundamental que nosso
povo deixe de crer em salvadores da pátria.
Seja qual for o
presidente eleito no próximo pleito, a forma de se fazer política no Brasil
nunca mais será a mesma.
Essa redenção vinda de
cima se infiltrará e se espraiará por toda a sociedade.
Os poderes executivos e
legislativos, em nível nacional, estadual e municipal, terão todas as suas
iniciativas monitoradas e levadas ao conhecimento e julgamento de toda a
população, em tempo real, pela mídia.
O Poder Judiciário
também passará por uma varredura e
purgação interna.
Duvido que, de agora em
diante, qualquer empresário se atreva a obter favores escusos através do
financiamento de partidos políticos pelo Caixa 2, ou tente subornar políticos ou agentes públicos para
obter vantagens em seus negócios.
E também não haverá
mais espaço para ideologias apocalípticas que pregam o ódio entre irmãos e a guerra.
O povo quer educação,
saúde, trabalho, paz, honestidade, seriedade, ordem e progresso.
Esses espécimes
pseudo-revolucionários, que não passam de caricaturas políticas frustradas e
fracassadas, estão sempre à espreita, para sorver o sangue dos caídos.
Uso, de forma
paradoxal, a expressão da revolucionária comunista Dolores Ibárruri, na Guerra
Civil Espanhola, para repetir que “Eles Não Passarão”.
O quarto poder, a
mídia, estará cada vez mais atenta e vigilante, e terá cada vez mais penetração
em tudo que acontecer no cenário político brasileiro.
Acima de tudo,
desempenhará um papel preponderante e revigorante na informação e na formação
de uma nova mentalidade no país.
Tudo isso ocorrerá, e
só poderia ser possível de acontecer, dentro do regime democrático que vivemos,
onde prevalece a Constituição, a liberdade de expressão, e a força das
instituições garantidoras da Lei.
Por tudo isso, reafirmo
minha fé absoluta no futuro radioso deste país.
Atenciosamente
ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB,
ANABB e ANAPLAB