quarta-feira, 31 de maio de 2017

O HOMEM QUE OUVIU DEMAIS

Companheiros,

Estamos passando por tempos surreais.
A delação premiada de Joesley Batista em que ele colocou a cabeça do Presidente Temer na guilhotina, é o tipo de situação em que a realidade, de longe, superou a ficção.
O Presidente Temer ainda não conseguiu se recuperar do golpe.
A prova disso é que, em uma de suas últimas declarações, ele declarou que o Joesley Batista cometeu o “crime perfeito”.
Mas que crime perfeito o delator da JBS cometeu? Quem cometeu um crime chulo e inexplicável foi o Presidente da República Michel Temer.
O Joesley Batista deu um golpe de mestre.
Entrou em acordo com as autoridades para rastrear valores que foram doados a políticos pelo Caixa 2, não titubeou, desde o primeiro momento, em colaborar nas investigações (ao contrário do Emílio Odebrecht que, só quando não havia outra saída, decidiu abrir o bico).
Enfim, Joesley Batista fez tudo de acordo com as suas reais conveniências, e com o figurino de obediente e bom moço.
Deve estar comemorando o seu feito em New York, em sua cobertura de 38 milhões de dólares, dando boas gargalhadas, ao tempo em que degusta   com seu cúmplice e irmão, Wesley Batista, um Romanée Conti 1934, de US$ 25,000.00 a garrafa.
Conseguiu mostrar para o povo brasileiro, bem escancaradamente, a dimensão dessa mistura fétida de politicagem rasteira corrompida com uma classe dominante inescrupulosa.
E ainda faturou em cima do golpe. Comprou US$ 1 bilhão e vendeu ações na alta.
Agora, esfolados pela sova e sedentos por vingança, seus parceiros de rapinagens    contra o Estado, o querem punir por crimes que ele não cometeu.
Vai ser difícil a CVM caracterizar como crime de “insider trading”, a operação da JBS de compra de dólares e venda de ações. Principalmente no Brasil, onde  Nagi Nahas, depois de quebrar a Bolsa de Valores no Brasil   na década de 70, em lugar de estar mofando na cadeia, acabou sendo o cicerone de Lula, quando de sua visita a países árabes. Isso sem falar dos golpes de Eike Batista, o empresário galã, queridinho da Dilma Rousseff.
Porque não abrem o bico e acusam Joesley Batista pelos crimes que ele realmente cometeu? Isso, obviamente, não vão fazer, porque aí seus acusadores também estariam colocando suas cabeças no cadafalso.
Ademais, os irmãos Joesley e Wesley, conseguiram com a Procuradoria Geral da República, um generosíssimo acordo que os livrou de novas acusações, não foram presos, não usarão tornozeleiras eletrônicas, e estão livres para viajarem para onde quiserem, em troca de suas delações premiadas.
“ - Êta Acordão Bão, Sô!!! ”, deve estar exclamando a  dupla sertaneja “Jo e We”, em seu linguajar caipira, pelo excelente acordo, da mesma forma como faziam seus ótimos negócios de  compra e venda de políticos e  cabeças de gado. Com todo meu respeito ao gado. 
Confesso que, depois do desastre do Governo da ex-Presidente Dilma Roussef, que jogou o país no abismo, estava confiante na recuperação financeira e no caminho do desenvolvimento econômico do Brasil.
Não tenho simpatia por nenhum partido político e menos ainda em seus próceres.
Mas confesso que tive grandes esperanças com o início do Governo Temer, com a perspectiva de aprovação das dolorosas, mas necessárias reformas no Congresso, que viriam aumentar o nível de investimentos, dinamizar a economia, e diminuir o desemprego.
Pensava que só um imprevisto cataclísmico poderia interromper a rota virtuosa   no caminho do ajuste financeiro e do desenvolvimento econômico do Brasil, e sua afirmação como país progressista, sério e respeitado no cenário internacional.
Mas nunca poderia imaginar que pudéssemos cair de novo em uma esparrela tão vexaminosa como essa em que o Temer entrou.
Até agora estou pasmo como foi possível que o Presidente Temer tenha entrado nessa arapuca, principalmente depois do que ocorreu em maio/2016 , quando o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, gravou telefonemas comprometendo o ex-Presidente José Sarney, o Senador Renam Calheiros, e o Senador Romero Jucá que, inclusive, foi apeado do cargo de Ministro do Planejamento.
Receber à noite, às escondidas, no Palácio do Jaburu, um empresário sem escrúpulos, sem caráter, e sem limites, que já estava sendo investigado pela PF, por subornar autoridades públicas e políticos, por financiar criminosamente partidos políticos por Caixa 2, por efetuar operações irregulares junto a fundos de pensão, e ser beneficiário de   empréstimos bilionários com espantosos privilégios  do BNDES, por influência do ex-Ministro Guido Mantega, em troca de doações ilícitas para o PT?
Temer não é um neófito na política, não é um despreparado, tem um histórico bem-sucedido em sua ascensão como político.
Ademais, é um advogado experiente, é uma pessoa contida, hábil, discreta e educada.  Como professor de Direito Constitucional conhece bem nossa Constituição.
Não é uma doidivanas, estúpida, grosseira e despreparada como Dilma Rousseff.
Por isso, repito, é absolutamente incompreensível que tudo isso tenha ocorrido justamente com ele.
Esse é um segredo que Michel Temer guarda a sete chaves.
Quem sabe se, no futuro, quando publicar suas memórias de seu período na Presidência do Brasil, ele revele o real motivo que o moveu a agir dessa forma?
Tenho para mim que a razão que o levou a receber o empresário delinquente na calada da noite, foi uma curiosidade mórbida em tomar conhecimento de alguma futrica ocorrida nos subterrâneos palacianos, que fugisse ao seu conhecimento.
Ouvi as gravações umas três vezes e, confesso, não ouvi nenhuma manifestação conclusiva por parte do Presidente Temer que, de fato, o comprometessem.
Por essa razão, concordo com a afirmação de que “a montanha pariu um rato”.
As gravações são de péssima qualidade, próprias de amadores no ramo, e as interferências do Presidente Temer são inaudíveis.
O motivo que, de fato, condena o Presidente foi ele não ter mandado prender, de imediato, o empresário tagarela e mal-intencionado pelas suas revelações criminosas.
Por isso, volto a frisar que a curiosidade angustiante de tomar ciência de alguma fofoca, o fez esquecer das medidas cautelares em relação a todo o contexto da situação.
É conhecido o adágio popular de que o homem erra quando fala demais.
O caso de Michel Temer é inédito.
Inverteu  a lógica do ditado.
Ele pecou por ouvir demais e agir de menos.
Temos de considerar que estamos só no início das revelações da delação da JBS.
A mídia noticia que, somente 30% do conteúdo das delações da JBS, chegou ao conhecimento da opinião pública.
Leio hoje que, em nosso nicho, o ex-Presidente da PREVI, Ricardo Flores, é alvo de inquérito aberto pela Polícia Federal.
Pelo visto, a Operação Greenfield ganha novo impulso.
Ainda vem chumbo grosso por aí.
E que revelações esperar dos demais delatores que estão na fila?
Muitos brasileiros consideram tudo isso um grande desencanto. 
Muito voltam a ser perguntar se somos viáveis como povo e como nação.
Mas essa é uma visão equivocada e derrotista.
É fundamental que essa chaga se abra cada vez mais e toda a podridão que permeia nossa sociedade seja expurgada, e a luz volte a brilhar em nossas entranhas.
Mao Tsé Tung, em uma de suas máximas políticas, disse: “Da lama nasce o lótus, a mais bela flor”.
A perda das ilusões faz parte desse processo de renascimento.
Essas são as dores do parto de uma nova sociedade.
É fundamental que nosso povo deixe de crer em salvadores da pátria.
Seja qual for o presidente eleito no próximo pleito, a forma de se fazer política no Brasil nunca mais será a mesma.
Essa redenção vinda de cima se infiltrará e se espraiará por toda a sociedade.
Os poderes executivos e legislativos, em nível nacional, estadual e municipal, terão todas as suas iniciativas monitoradas e levadas ao conhecimento e julgamento de toda a população, em tempo real, pela mídia.
O Poder Judiciário também   passará por uma varredura e purgação interna.
Duvido que, de agora em diante, qualquer empresário se atreva a obter favores escusos através do financiamento de partidos políticos pelo Caixa 2, ou tente  subornar políticos ou agentes públicos para obter vantagens em seus negócios.
E também não haverá mais espaço para ideologias apocalípticas que pregam   o ódio entre irmãos e a guerra.
O povo quer educação, saúde, trabalho, paz, honestidade, seriedade, ordem e progresso.
Esses espécimes pseudo-revolucionários, que não passam de caricaturas políticas frustradas e fracassadas, estão sempre à espreita, para sorver o sangue dos caídos.
Uso, de forma paradoxal, a expressão da revolucionária comunista Dolores Ibárruri, na Guerra Civil Espanhola, para repetir que “Eles Não Passarão”.
O quarto poder, a mídia, estará cada vez mais atenta e vigilante, e terá cada vez mais penetração em tudo que acontecer no cenário político brasileiro.
Acima de tudo, desempenhará um papel preponderante e revigorante na informação e na formação de uma nova mentalidade no país.
Tudo isso ocorrerá, e só poderia ser possível de acontecer, dentro do regime democrático que vivemos, onde prevalece a Constituição, a liberdade de expressão, e a força das instituições garantidoras da Lei.
Por tudo isso, reafirmo minha fé absoluta no futuro radioso deste país.
Atenciosamente

ADAÍ  ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB

quinta-feira, 18 de maio de 2017

VOLTA AO BRASIL

Caros Companheiros,

Acabei de voltar de viagem e, como qualquer pessoa que retorna ao país, fiquei espantado pelo avanço da Operação Lava-Jato no Brasil em tão curto espaço de tempo.
Nos Estados Unidos, as notícias sobre o México, a América Central e América do Sul, resumem-se à crise na Venezuela e ao muro entre os Estados Unidos e México.
Sobre o Brasil, li uma pequena nota de rodapé de jornal, noticiando a libertação do José Dirceu. Não sei porque deram notoriedade a esse fato. Afinal de contas, entre mil, talvez só um americano tenha ouvido falar de José Dirceu.
Os assuntos que realmente bombavam na mídia dos Estados Unidos, eram o campeonato de futebol americano e as investigações sobre a interferência russa na eleição do Trump.
Como sempre faço, entrei em um bar e puxei conversa com o cidadão ao meu lado para praticar meu inglês, enquanto saboreava um gostoso “draft” (caneca grande de chope).
Quando começamos a conversar e disse que era brasileiro, para minha surpresa, ele manifestou um grande conhecimento sobre a conjuntura internacional e sobre o Brasil.
Falou sobre o papel de liderança do Brasil na América do Sul, discorreu sobre a Operação “Car Wash” (Lava-Jato) mas, o que mais me impressionou, foi a comparação que ele fez entre os Estados Unidos e o Brasil.
Disse que muitos brasileiros consideram os Estados Unidos um modelo de civilização.
Mas afirmou que, embora os Estados Unidos tenham grandes qualidades, são um país que nunca teve uma geração sem guerras, é um país onde o porte de armas é um direito estabelecido pela constituição, e a discriminação racial ainda é uma chaga na vida americana. Acrescentou que o país tem cerca de 2,5 milhões de presidiários.
Já o Brasil, disse ele, como qualquer país, tem seus problemas, mas tem muitas virtudes, como uma integração racial sem paralelo no mundo, não tem guerras, e o povo prioriza a paz e a qualidade de vida e não a competição acirrada e um consumismo desenfreado como ocorre nos Estados Unidos.
Quando manifestei minha admiração sobre seu conhecimento sobre nosso país, ele disse que já havia visitado o Brasil no passado e, inclusive, tinha tido um longo caso amoroso com uma brasileira.
Essa é uma exceção entre os americanos.
Normalmente, o americano médio tem um desconhecimento grande no que tange à cultura de outros países.
Mas  aprecio o espírito descontraído, comunicativo e brincalhão dos americanos, muito embora não tenham a tradição de se abraçarem e se tocarem como é comum aos brasileiros.
A minha segunda visita foi ao Canadá, mais precisamente em Vancouver.
Diz-se que o Canadá tem o mesmo progresso dos Estados Unidos sem os problemas dos Estados Unidos.
O Canadá é considerado o país com o mais alto padrão de qualidade de vida do Mundo.
A educação básica é gratuita nos níveis básico e médio.
No que tange à saúde, pagam-se planos de assistência médica em que o cidadão é muito bem assistido. Não sei precisar como é a assistência a pessoas de baixa renda, mas ressalto que não vi mendigos nem mesmo pobreza aparente em nenhum lugar.  Penso que seja residual o percentual da população nessa faixa social, algo sem maior peso no serviço de assistência social.
Em relação à previdência social, existem planos    de aposentadoria privados muito bons. Mas muitos cidadãos optam por fazer planos pessoais geridos por eles mesmos.
No Canadá não existe a chamada carteira de trabalho, como existe no Brasil.
Lá, o sistema baseia-se em contratos de trabalho, que funciona muito bem. Os contratos de trabalho se tornam referências e curriculum, que acompanha e ajuda o cidadão por toda a sua vida laboral.
O chamado trabalho terceirizado que está sendo tão combatido aqui no Brasil, é uma prática generalizada, e as pessoas que trabalham dentro desse sistema são bem remuneradas.
Faço questão de frisar que não estou fazendo apologia do sistema de trabalho terceirizado. Apenas estou descrevendo como as coisas funcionam naquele país.
Pelo que verifiquei, o nível salarial nas empresas é elevado o suficiente para se levar uma vida tranquila, confortável, decente, e que satisfaz a todas as necessidades primordiais das pessoas, desde à completa manutenção pessoal, moradia de bom nível, saúde e educação.
O nível de criminalidade é baixíssimo, poderíamos dizer, quase nulo.
O Canadá alcançou sua independência plena há 150 anos.
Vancouver é uma cidade belíssima.
Visitei estações de esqui que contam com bondinhos para acesso às áreas mais altas. Pode-se apreciar cachoeiras e quedas d’água estonteantes, em meio a uma rica vegetação com árvores altíssimas.
Nos picos mais elevados, com temperatura muito baixa, me informaram que existem   ursos, castores, raposas, lobos, ratos do gelo, e outros animais típicos da região.
Essas estações contam com muitos hotéis, hospedarias, e restaurantes de alto nível, mas com preços honestíssimos.
Essa é a razão porque esses locais ficam lotados com milhares de visitantes para a prática de esqui e outros esportes de inverno.
Por falar de esportes, o hóquei no gelo é considerado o esporte nacional do Canadá.
Gostaria de ter assistido à uma partida de hóquei; me disseram que é emocionante.
A filosofia local é incrementar o turismo agradando o turista ao extremo.
Também visitei algumas ilhas que se constituem em reservas florestais e parques nacionais magníficos. Respeito absoluto pela flora e pela fauna locais, apesar do grande número de ciclistas,  trilhas e campings. Limpeza e segurança absolutas.
Fiquei em um excelente hotel em Richmond, um bairro de maioria chinesa em Vancouver, e que é um dos centros universitários mais importantes do Canadá e do Mundo.
A comunidade chinesa é muito seleta, reservada, elegante, rica e intelectualmente avançada. É um grupo composto de pessoas que preponderam na área universitária, tanto como cientistas, pesquisadores, pós-graduados e professores. 
Também têm atuação majoritária nos negócios, nas indústrias e nos setores financeiros locais.
Vancouver é uma cidade de tráfego muito organizado e de limpeza extrema.
Nas chamadas “downtowns” de Vancouver, predominam prédios residenciais inteligentes com 400 a 1000 apartamentos, em que tudo é controlado remotamente.
Não existem empregados fixos, somente um administrador para cada prédio. E, milagrosamente, tudo funciona de forma perfeita.
A limpeza, o silêncio, a organização, e a segurança nos edifícios são completos.
Os elevadores, que funcionam por controle remoto, só param no andar onde a pessoa reside. Você não tem acesso a outro andar, a não ser que o morador de outro andar o acompanhe e permita seu acesso pelo sensor de controle remoto.  
Se for receber algum visitante ou alguma encomenda, o morador tem de descer ao andar térreo e abrir    a porta de entrada do prédio por controle remoto para o visitante entrar ou para pegar qualquer compra.
No andar térreo dos prédios não existem portarias, nem ninguém para vigiar, ajudar, ou prestar informações. A área térrea é arquitetada e decorada com luxuosos espaços arborizados, com aquários, sofás e confortáveis poltronas.
É terminantemente proibido fumar nas áreas comuns e, inclusive, dentro dos apartamentos.
Existem detectores de fumaça no teto dos apartamentos, que registram se a fumaça é proveniente de cigarros. Nas áreas comuns, além dos detectores de fumaça, existem câmaras que registram tudo.
A multa é muito pesada para aqueles condôminos que transgredirem as normas condominiais e fumarem dentro dos prédios.
Se as pessoas quiserem fumar têm de ir para a rua; no inverno, penso que seja um  exercício de masoquismo sair de seus apartamentos aquecidos com calefação, para fumar na rua, em uma temperatura abaixo de zero, e no meio da neve pesada.
Por toda essa praticidade e economia de mão de obra, as taxas condominiais são baixíssimas.
No caso de carros alugados, quando da devolução dos veículos, se for verificado vestígio de nicotina, a multa pode chegar a C$ 400.00.
Os bairros residenciais são dentro do estilo dos luxuosos “suburbs” americanos. Casas de alto padrão com amplos jardins, sem cercas, e ruas arborizadas, silenciosas, largas e seguras.
A cidade não tem áreas degradadas.
Impera um respeito absoluto pelo cumprimento de horários, tanto pelos ônibus como pelo metrô.  
Os pontos de ônibus têm terminais eletrônicos que informam qual o horário exato em que o próximo veículo vai passar. Britanicamente, tudo exatamente dentro do horário marcado, nem um minuto aquém e nem um minuto além.
Ao ir pegar um ônibus, o terminal mostrou que o próximo veículo chegava em 15 minutos. Para testar o sistema, fui tomar um café em uma cafeteria próxima. Para meu espanto, faltando 1 minuto para o término do tempo, o ônibus chegou pontualmente. 
A mesma coisa com o metrô que, aliás, não tem condutores.
Em Richmond, os ônibus têm indicativos em inglês e chinês. E, como nos Estados Unidos, tem apoio para bicicletas na frente dos coletivos e elevadores para cadeirantes.
Fui a um banco, e havia água gelada, café e chá para os clientes, além de amplo espaço com sofás, poltronas e revistas. E era uma agência bancária popular.
A indústria da reciclagem é muito ativa. Quase tudo é reciclado, desde papel, madeira, vidros, plásticos e metais. Só não vi reciclagem de produtos orgânicos.
Existem postos para recebimento de material reciclável em várias partes da cidade. Fui a um desses postos e vi um chinês tirar de seu carro dois sacos grandes de garrafas de plástico. Apurou uns C$ 40.00.
Existem shoppings imensos, com uma grande variedade de produtos de todas as procedências, a preços bem baixos. Como nos Estados Unidos, existem muitas promoções, e o uso   dos bônus e cupons de ofertas é um recurso intensamente usado por toda a população.    
As áreas de alimentação contam com filiais internacionais de cadeias de fast-food, muitas ainda desconhecidas no Brasil.
Prepondera a cozinha chinesa com um toque japonês, o que torna a culinária muito variada e apetitosa.
Até agora sinto falta das saborosas sopas bem quentes de legumes com camarões, lagosta, peixe, lulas e polvo, servidas em largas tigelas, seguidas do prato principal que eram generosas porções de salmão fresco preparado com óleo e ervas finas, com arroz cremoso e legumes. Tudo regado com um bom vinho tinto/branco do Canadá. É para a gente se babar. Dá vontade de pegar um avião e voltar ao Canadá só para saborear novamente aquelas iguarias.
É importante frisar que o Canadá é a terra do salmão, que tem um sabor especial, pois é pescado nos rios e corredeiras, e não criado em fazendas de piscicultura.
Nos grandiosos shoppings, que também contam com áreas de supermercado, pode-se apreciar a venda de imensas lagostas, “crabs” (caranguejos gigantes pescados no fundo do mar), e peixes que vivem nas profundezas oceânicas. Todos vivos e expostos em grandes aquários para escolha dos clientes.
Os cinemas são luxuosíssimos e caros. Mas existem as promoções baratas no meio da semana.
Existem outras localidades de maioria indiana, judeus, ucraniana, etc. Todas também de alto padrão.
E todos se vestem da forma característica como em seus países de origem.
É admirável cruzarmos pelas ruas com aquela diversidade humana, cada um com trajes típicos e falando línguas diferentes.
O inglês prevalece como língua oficial.
Na área de Quebec, excepcionalmente, prepondera a língua francesa.
Como se pode ver, é uma vasta miscelânea de nacionalidades, culturas, hábitos e línguas. Mas o importante é que tudo funciona pacífica e perfeitamente.
Encontramos uma brasileira de Belo Horizonte, que estuda e trabalha em Vancouver. E aí tomamos conhecimento da existência de uma comunidade brasileira em Richmond.
O Canadá tem uma política inteligente de imigração.
Suas portas estão abertas para cidadãos de qualquer país.
Mas eles selecionam ao extremo as pessoas que desejam imigrar para o Canadá.
O controle é severo e abrange uma investigação completa da vida pregressa da pessoa, sua formação universitária e experiência profissional, a condição para seu sustento no país, vivência internacional, conhecimento de línguas, entre diversas outras exigências.
Ou seja, o Canadá prioriza a importação de cérebros.
Mas confesso que me senti um tanto incomodado pela falta   de entrosamento social. Os brasileiros que se mudam para o Canadá, no início, devem sofrer muito com o isolamento social.
Mas com o tempo, se adaptam e formam seu círculo de amigos.
Como uma pessoa disse, é fácil nos acostumarmos com o progresso, a segurança e a ordem. O caminho inverso é que é traumático.
Não consegui enxergar outros problemas além das adaptações iniciais e naturais em um novo país, e   fiz, a mim mesmo, a pergunta que muitos estrangeiros se fazem quando visitam o Canadá:
-O Canadá é o país perfeito para se viver?
Certamente o Canadá tem diversas outras virtudes, mas também deve ter seus próprios e peculiares problemas.
Por tudo que expus acima, recomendo a qualquer pessoa que não perca a oportunidade de visitar esse fantástico país que é o Canadá. É uma experiência inesquecível que nos deixa admirados e saudosos.
Agora que estou de volta ao Brasil, ainda afetado pelo desagradável “jet lag”, devido às muitas horas de voo, me deparo com toda essa ebulição que a Operação Lava-Jato está provocando no meio político, na economia, e no país como um todo.
Pode parecer paradoxal, mas esse verdadeiro furacão em que o país está mergulhado, me deixa satisfeito.
A nação está passando por uma barreira de choque e sairá transformado desse processo.
O povo também mudará e será o maior beneficiário dessa profunda revolução pela qual estamos passando.
Mas isso é matéria para outro artigo.
Se há alguma mensagem que gostaria passar para todos é que tenham fé no Brasil.
Este é o caminho.
Atenciosamente

Adaí  Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB