Caros Companheiros,
Fiquei surpreso
e feliz com o bem-sucedido encontro de uma comitiva do PT-Partido dos Trabalhadores
com um grupo de dirigentes do PCC- Partido Comunista da China.
Parabéns ao
PT-Partido dos Trabalhadores e que tenham sucesso nessas conversações.
Os entendimentos
provenientes dessa iniciativa certamente gerarão um fabuloso incremento de
investimentos chineses no Brasil.
Como “aperitivo”
para a enxurrada de investimentos que poderão vir da China, cito a compra pelos
chineses de uma fábrica da Ford em Camaçari-BA, onde, a partir de 2025, os
chineses fabricarão carros da BYD.
Parabéns à
Bahia, estado que amo e onde trabalhei por quase 3 anos.
Esse aporte de
capitais chineses, certamente não implicará em qualquer estremecimento de
nossos laços com os Estados Unidos.
Até porque, o
maior mercado para produtos “made in China” são os Estados Unidos.
Se os USA atualmente
fazem negócios com a China e foram os primeiros e maiores investidores nas
primeiras ZEEs no Leste daquele país, o que possibilitou o soerguimento da
moderna China, porque o Brasil não
poderia fazer negócios com aquele país?
Vários amigos
já me perguntaram se os USA não tomarão qualquer medida de ordem militar para evitar
qualquer ameaça militar da China dentro do território brasileiro, como aconteceu
na crise entre os USA e a ex-URSS, na década de 60, com a criação de instalações
para misseis soviéticos em Cuba.
Essa hipótese
é completamente inadmissível.
Recentemente,
houve uma declaração de um general americano (formado em West Point) que previu
uma guerra entre os USA e China em 2025.
Infeliz
declaração! Esse militar certamente está “queimado”.
Principalmente,
porque a China não é a Rússia e não está interessada em guerras, e sim em “business”
e, para tanto, dispõe de imensos recursos humanos e materiais e, aparentemente,
inesgotáveis aportes de capitai para implementar seus projetos ao redor do
Mundo, e para a consecução de seus objetivos estratégicos.
A China não almeja
impor, pela força, seu sistema de governo a nenhum país do Mundo, ao contrário do
que fazia a ex-URSS e faz a atual Rússia,
mas procura, tenazmente, criar uma conexão em rede planetária, de paz, união, felicidade, criatividade
e progresso e, dessa forma, retornar ao seu original papel de “Império do Meio”,
depois de sua luta sanguinária para se libertar do “século da humilhação”, que se estendeu de 1840
a 1940, em que morreram dezenas de milhões de chineses, em embates promovidos por
algozes nações europeias, incluindo a Rússia.
Também houve a
invasão do Japão, que promoveu uma terrível carnificina contra o povo
chinês.
Para completar,
a Inglaterra promoveu duas guerras contra a China para implantar o comércio do
ópio, que viciou grande parte do povo chinês.
Inúmeras
indagações já me foram feitas sobre a razão do sucesso chinês no cenário
mundial.
Hoje
cientistas sociais se debruçam sobre estudos das civilizações do Oriente e Ocidente
para encontrar respostas plausíveis para o sucesso da China.
Usando o jargão
norte-americano, essa é a pergunta cuja resposta vale “um milhão de dólares”.
De fato, os
Estados Unidos não conseguem encontrar soluções para freiar o progresso da
China.
Tomemos o
exemplo da fábrica de automóveis BYD EM Camaçari-BA.
Pergunta-se: por
que a fábrica da Ford não teve sucesso e, certamente, a BYD vai ser bem-sucedida?
Outro
exemplo: Um dos primeiros e vitais projetos já engatilhado pelas autoridades
chinesas é a construção de uma linha férrea que unirá o Oceano Atlântico ao
Oceano Pacífico no meio da América Latina e que passará pelo meio do Brasil.
Por que os
USA não tomaram a dianteira nesse projeto?
Não é nosso
objetivo fazermos a análise aprofundada de matéria tão vasta e complexa, que é
alvo de pesquisas minuciosas em centros de estudos de sinologia e universidades
renomadas ao redor do Mundo.
Faremos
observações superficiais.
Vamos começar
pelo estudo do homem ocidental, que, nos meios acadêmicos,
é qualificado de “homem atomizado”.
Esse homem,
como o próprio termo “atomizado” diz, é movido pelo sucesso individual junto a outras
pessoas e à sociedade, pela vaidade, pelo sexo, pela riqueza, pelo
individualismo, pela usura, pelo poder, pelo prazer, pelo perfeccionismo,
criatividade, pela ambição e por uma diversidade de outros fatores.
E essas são
as razões pelas quais o homem atomizado é enaltecido no Ocidente.
Essas são as
forças motrizes e a razão do progresso, das disparidades, e de desequilíbrios
nas sociedades ocidentais.
Volto a
repetir que faço uma análise limitada.
Os estudiosos
no ramo, ao analisar o espírito oriental, principalmente o chinês, apesar das diferenças
intelectuais e pessoais de cada cidadão de per si, o classificam como “o homem
conectado em rede”.
O primeiro
nível de rede é a família, que une solidamente membros próximos e distantes.
As redes
familiares se conectam umas às outras.
Há níveis de
ética e disciplina nessas conexões.
Em outras
palavras, a união familiar é extremamente forte e, para muitos estudiosos, essa
é a razão do nível de trabalho intensivo “9.9/6”, ou seja, de 9.00h da manhã
até 21.00h da noite, 6 dias por semana.
Apesar dessa
dura jornada de trabalho, é comum os chineses também trabalharem aos domingos,
para ganharem um “extra”.
Também ocorre
de famílias se juntarem e se cotizarem para
patrocinar os estudos dos que
mais se destacam nos estudos. Eles vão para universidades no exterior, onde
passam anos se aperfeiçoando. E, depois, movidos pelo espírito da conexão em
rede, retornam para a pátria mãe China.
E os que não
seguem essa linha de disciplina de conexão em rede pagam um alto preço.
Exemplo disso
foi à chamada à realidade pelo PCC-Partido Comunista Chinês, do empresário Jack
Ma, do Grupo Empresarial Alibaba Group, que se vangloriava, até na imprensa
estrangeira, de seus sucessos e méritos individuais.
De lá para cá,
Jack Ma fugiu da notoriedade.
A notoriedade
de tudo que acontece na China cabe ao PCC, que representa e zela pelo bem de
toda a sociedade chinesa, da melhor forma possível.
O PCC tem 97
milhões de membros e segue uma disciplina rígida de comportamento.
Não existem
condições para se implantarem condições de vida, de trabalho e de disciplina tão
duras como essas em sociedades ocidentais.
Mas a China
não interfere e nem deseja mudar qualquer sociedade com a qual ela faz seus
negócios. Mas exige seriedade em suas
tratativas.
Parabéns e
Boa Sorte para o PT-Partido dos trabalhadores.
Espero que esse encontro traga bons frutos para o Brasil.
Abraços em
todos
ADAÍ ROSEMBAK
Associado da
ANABB e AAFBB