quinta-feira, 30 de abril de 2015

O Caminho da Perdição

Há algum tempo tinha optado por  não ser mais um a malhar o PT e a abordar o assunto Petrolão.
São muitos blogueiros a se centrarem  nesses temas.
Todos os dias os jornais, a internet e as TVs  despejam uma enxurrada de  novas denúncias, novos desvios, novas irregularidades, novas propinas,  novas investigações, novas prisões , novos recursos.
Considerei que seria desnecessário e até maçante    ser mais um a repetir as mesmas notícias da mídia no meu  blog.
Preferi me dedicar a assuntos relacionados especificamente aos interesses dos aposentados e pensionistas da PREVI, às notícias das associações e a escrever um ou outro artigo de cunho histórico, que é uma matéria que gosto.
Mas existe um limite para tudo.
Até o momento em que você é diariamente confrontado com  imagens chocantes na TV mostrando a desgraça que se abate sobre os desempregados da Comperj e suas famílias, de uma hora para outra jogados ao léu, na miséria,  desesperados, sem qualquer ajuda nem respeito.
Até o momento em que você vê um homem aos prantos, com a sua dignidade vilipendiada, revoltado, sem emprego, sem dinheiro, com a família passando por privações.
Até quando sua auxiliar do lar lhe pede um adiantamento pois seu companheiro perdeu o emprego em Itaboraí, ela deve o aluguel e não tem dinheiro para comida e necessidades básicas.
Até quando você vê  na TV canalhas como Renato Duque e João Vaccari Neto mentirem e debocharem descaradamente da população e de parlamentares em uma CPI.
Até quando você vê os dirigentes de um partido como o PT defenderem ferozmente  delinquentes  desse jaez.
Até quando você vê uma militante com 33 anos dedicada ao PT como Marta Suplicy, abandonar o partido desencantada com o caminho nefasto que o partido tomou nos últimos tempos. E ainda existem petistas com a desfaçatez de a acusarem  de ter abandonado o partido por ambições eleitorais.
Até quando você encontra  ex-petistas desencantados, revoltados com a traição do partido e do candidato em quem votaram,   enojados com a classe política e até amargurados de  serem  brasileiros.
Até quando você lê os artigos destemidos de um guerreiro como Ari Zanella.
Até quando você lê uma nota arrasadora  como “O Pesadelo do PT”, de Cecília Garcez, em que ela expressa sua revolta com tudo o que está ocorrendo.
Até quando você lê um magistral artigo como “O Erro Principal”, de Miriam Leitão, no O Globo.
Aí não dá para ser indiferente. Não dá para segurar.
Você não é um ermitão, você vive em sociedade.
Tudo isso lhe toca, essa infelicidade alheia lhe abate.
Sentimos tristeza, desencanto e revolta  com essa desgraça que nos cerca.
Que me perdoem os amigos que respeito e de quem gosto mas que continuam a defender o PT. É um momento em que temos de ser diretos e sinceros.
Saiam desse esgoto moral.   Nada justifica compactuar com essa imundície.
Resgatem a dignidade de seus semelhantes, respeitem seus compatriotas e seu país.
Vou parar por aqui.
Transcrevo adiante o magnífico artigo  “O Erro Principal”, de Miriam Leitão, publicado no O Globo, de 26.04.2015.
Adaí  Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

O Erro Principal
O PT administrou a Petrobrás como se a empresa fosse dele. Esse é o erro primeiro do desastre consagrado em balanço. Desde que assumiu o governo, em 2003, foi isso que se viu. Todos os alertas, todos os avisos eram tratados como se fossem intromissões indevidas em assuntos internos. O PT geriu a Petrobrás como se ela fosse uma sesmaria, e o partido, o seu capitão donatário.
Na donataria da Petrobrás, o partido cometeu todos os erros conhecidos nos manuais de administração. E mais alguns. O PT achava que a ninguém tinha que prestar contas, e os militantes-dirigentes diziam que tinham salvado a empresa do risco de privatização e, portanto, poderiam usá-la. Com essa visão, o ex-presidente José Sergio Gabrielli assumiu a empresa em 2005.
Tudo vem desse erro primordial. O que era público foi privatizado para um partido, que inchou seu quadro com indicações políticas. Ela foi administrada como se fosse o quintal do Palácio do Planalto. Mas é empresa de capital aberto com ações em Bolsa , capital pulverizado, inclusive com recursos do Fundo de Garantia e com ações negociadas na Bolsa de Nova York. É empresa internacional que vendeu títulos e bônus no exterior, comprados por fundos de aposentadoria de trabalhadores. Foi tratada como uma donataria do Partido dos Trabalhadores.
De Brasília, o ex-presidente Lula decidiu fazer a refinaria Abreu e Lima, a qualquer custo, para agradar ao amigo Hugo Chávez. Ela custou mais caro, entre outras coisas, porque no meio do caminho a Venezuela saiu fora, e o Brasil precisou mudar o projeto de refino que havia sido desenhado para processar o petróleo da Venezuela.
A gestão petista em três mandatos tomou decisões insensatas, e a palavra final ficou sempre com os presidentes Lula e Dilma. A presidente era ministra da Energia, presidente do conselho de administração, chefe da Casa Civil, antes de assumir o governo. Lula foi presidente por dois mandatos e tutelou o primeiro de Dilma. Os dois são responsáveis pelo que aconteceu.
Os preços foram controlados para que a inflação ficasse abaixo do limite máximo permitido pelas metas de inflação. A defasagem vigorou durante anos. A empresa passou a pagar mais pelo produto importado do que podia cobrar por ele. Quando confrontado com isso, Gabrielli dizia que não podia repassar para o consumidor a volatilidade dos preços. Balela. Só faria sentido o argumento se fosse por pouco tempo; não abona anos de prejuízo na venda do combustível. A ex-presidente graça Foster pediu várias vezes que os preços fossem corrigidos, mas não conseguiu.
A direção da empresa rasgou os mais elementares conceitos da boa gestão, como vimos aqui neste jornal em série de reportagem: primeiro, a empresa comprou equipamentos em regime de urgência para o Comperj; depois, decidiu mudar o projeto. A construção de mais duas refinarias foi moeda política para estados do Nordeste, apesar de todos os avisos de que a margem do refino tinha se estreitado e não era viável instalar quatro refinarias ao mesmo tempo.
O governo Lula interrompeu os leilões para mudar o modelo de exploração para partilha, criar outra estatal de petróleo , redividir os royalties. Perdemos o melhor momento do mercado, quando havia vontade de investir no Brasil, capital sobrando, e poucas alternativas.    
Como se não fosse suficiente manipular os preços, afugentar investidores, impor projetos errados e ocultar informações de órgãos fiscalizadores, ainda houve a corrupção. A empresa foi retalhada dando uma gleba para cada partido da base. Equivaleu a uma licença para assaltar. Os operadores políticos e seus escolhidos dividiram o botim do ataque à maior empresa do país.
A Petrobrás ficou à beira do abismo. A cratera que se abriu em suas contas foi calculada em R$ 51 bilhões. Pode ter sido muito mais, se contar o custo de oportunidade de ter seguido outro modelo de administração que evitaria o desperdício de recursos em projetos equivocados, alguns deles, abandonados. O uso da empresa como se fosse propriedade do partido provocou a destruição de riqueza coletiva. Tudo Nasceu do erro inicial: o PT , ao ser eleito, achou que tinha virado o dono das empresas que são públicas.

Este artigo é da Colunista Míriam Leitão, e foi publicado no Jornal O Globo, em 26.04.2015

terça-feira, 28 de abril de 2015

AAFBB em Foco

AAFBB em Foco – I
A AAFBB está parabenizada pela comemoração do Dia Internacional da Mulher (08.03.2015) que contou com a presença da escritora Mary Del Priore. A escolha não poderia ter sido melhor.
Mary Del Priore é uma escritora que fala do amor, da paixão e do erotismo. Temas que tocam fundo na alma feminina.
E que também atingem os homens, apesar de um aforismo  que diz que “a mulher se realiza pelo amor e o homem pelo poder”.
Afinal de contas, como estaríamos aqui e o que seria de nós  se não fossem as mulheres?
Muitas mulheres  dizem que os homens não amam como as mulheres. Essas mulheres estão equivocadas pois  os homens sabem como sofrem e das loucuras que são capazes de  cometer quando não são correspondidos  pelas mulheres que amam.
Mary Del Priore é uma pessoa charmosa e serena e que excede em  inteligência, cultura, sensibilidade,  beleza, classe, altivez e  uma energia e paz interior que extravasa em seu sorriso aberto e espontâneo. Tem uma  simpatia e carisma que conquista a todos.
É aquela pessoa que tem o raro privilégio    de  despertar  o  “amor à primeira vista” por onde passa.
Não pude  comparecer ao evento por estar envolvido em compromissos pessoais. Doravante, acompanharei com mais atenção os comunicados  da AAFBB para não perder acontecimentos dessa grandeza.
Lamento que no site da  AAFBB a apresentação  só tenha sido registrada em “Galeria de Imagens” e não em “Vídeos da  AAFBB”.
Mas tive o prazer de assistir a  entrevista de Mary Del Priore no Programa do Jô Soares.
Sugiro que o convite para uma visita à AAFBB  seja estendido a outros escritores e personalidades tais como  os  escritores e palestrantes Mário Sérgio Cortella,  Lya Luft,  Glória Kalil entre outros.

AAFBB em Foco – ll
Parabenizamos a AAFBB pela reunião de seus dirigentes com o Presidente da PREVI, Sr. Gueitiro Matsuo Genso, em 22.04.2015.
Por mais de uma vez dissemos que a melhor forma de alcançarmos qualquer conquista efetiva em relação aos nossos pleitos é pelo diálogo.
O grupo de dirigentes da AAFBB que participou do encontro foi composto pela presidente da AAFBB, Célia Larichia, o presidente do Conselho Deliberativo, Gilberto Santiago e a presidente do Conselho Fiscal, Maria Tereza Silva.
Esses  dirigentes pelo conhecimento da área, capacidade   pessoal,  experiência  e poder de persuasão, são a certeza de que essa reunião renderá resultados positivos.
Figurativamente, são  camaleões que se adaptam de pronto às condições em que atuam. São sepulcrais quando o silêncio é vital e passam a ser  loquazes quando a situação assim o exige.
Essa turma é capaz de vender geladeira a esquimó.
Tenho fé de que esse encontro renderá frutos.
Em 27.04.2015, na representação estadual da AAFBB em Porto Alegre,  também contaremos com a presença da  Presidente Célia Laríchia, do vice-presidente de Assistência aos Associados e Representações José Odilon , do representante estadual Ivo Balestrin , do conselheiro regional Jayme Mayer e outros dirigentes para encontro com o presidente da PREVI, Sr. Gueitiro Matsuo Genso, para continuar a discutir assuntos de nosso interesse.
O presidente da PREVI ainda participará de reunião com colegas da AFABB-RS, na sede daquela associação.
Pelos encontros dos quais participou, o novo presidente da PREVI se mostrou uma pessoa  aberta e acessível aos questionamentos e  à análise honesta dos pleitos dos associados da PREVI.  É importante que tenhamos uma pessoa que tenha esse espírito desprendido e equilibrado para uma discussão sensata que leve a bom termo os temas em discussão.
Mais uma vez  ressaltamos o caráter positivo desses encontros e dessas tratativas e torcemos para que novas reuniões e debates se sucedam a fim de obtermos  sucesso em nossas  demandas.

AAFBB em Foco – lll
Li um artigo interessante e muito objetivo  sobre a expansão do   Rio de Janeiro.
A Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Recreio  e a Zona Oeste como um todo, em razão das Olimpíadas em 2016, da extensão do metrô, da implantação do BRT e da abertura e ampliação de novas vias de acesso, estão se tornando em ritmo muito rápido, na  fronteira mais importante de crescimento da cidade.
A quantidade de lançamentos imobiliários de porte gigantesco e de alto nível  que são auto-suficientes em termos de recreação, comércio, educação e transporte  está revolucionando as condições de padrão e qualidade de vida da população dessas áreas.
Grandes complexos comerciais e de lazer  , centros médicos integrados e de serviços de toda ordem, seguem em um crescimento acelerado.
As obras para as Olimpíadas de 2016 na Avenida Abelardo Bueno, em Jacarepaguá, já constituem o maior canteiro de obras do Rio de Janeiro.
Pelos dados disponíveis, a população da região oeste do Rio de Janeiro já suplanta a  população de muitas cidades de portes médios a grandes no país.
Pelo grande número de funcionários na ativa e aposentados do BB que vivem naquela região do Rio de Janeiro, perguntamos à direção da AAFBB se já existe algum plano para aquela associação ter alguma sub-sede naquela área. O tempo hábil para adquirir alguma propriedade com porte para esse objetivo é agora.
A sub-sede de Xerém, pela sua distância, pelos congestionamentos e pelo custo de combustível dispendido, está se tornando um programa excessivamente dispendioso para grande parte dos associados. A manutenção e a administração à distância daquela sede campestre é outro aspecto a ser analisado.
Deixo claro que esta opinião não é exclusiva deste articulista mas de grande parte dos associados.
Está colocada a questão.
Adaí   Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

sábado, 18 de abril de 2015

Resposta a Um Comentário

Considero  legítimo que qualquer leitor manifeste  opinião contrária a qualquer nota deste blog até porque  estou sujeito a cometer erros e, dentro do princípio democrático,  este blog  está aberto a qualquer opinião a favor ou contra ao que está exposto. 
Mas  sempre contestarei  comentários dogmáticos baseados em princípios políticos, religiosos, pessoais ou de qualquer outra ordem com o  objetivo de  deturpar ou denegrir  o sentido de qualquer nota.  
Em conversa com  companheiros, também observei que minha nota foi  confundida como uma sugestão para que adotássemos no Brasil as mesmas medidas adotadas na China.
Por isso, transcrevo adiante,  comentário de 08.04.2015 ao meu artigo “Uma Visita ao Império do Centro”, de 05.04.2015 e  a resposta que dei ao mesmo em 09.04.2015.
O artigo “Uma Visita ao Império do Centro”, de 05.04.2015, está no blog   ADAIROSEMBAK.BLOGSPOT.COM.BR.
Adaí Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

Comentário de um   Anônimo de 08.04.2015, às 22.19h
O senhor fala que temos de levar a China como exemplo.
Matar 1500 por ano? Proibir que as pessoas tenham mais de um filho? Tornar o homossexualismo um tabu? Trabalhar 12 horas por dia 6 dias por semana? Prefiro ficar como estamos.

Minha resposta em 09.04.2015, às 21.50h
Caro Anônimo,
Quando falei como levar a China como exemplo me referi, obviamente, ao salto que esse país deu ao sair da condição de um país que era considerado como inviável, que tinha saído da guerra, que deu “O Grande Salto para a Frente”, que foi um fracasso completo, que passou pelo fanatismo destruidor da “Revolução Cultural” para, em cerca de 35 anos, se tornar a segunda potência do Mundo, só superada pelos Estados Unidos.
Não somos, não queremos ser, não devemos ser e não podemos seguir os mesmos passos da China.
Nossa história é diferente, nosso povo é diferente, nossas raízes e nossa cultura são diferentes.
Temos de encontrar nosso próprio caminho para sair desse abismo em que nos encontramos senão desapareceremos.
Nesse aspecto temos de levar a China como exemplo.
Em condições muito piores do que a nossa eles encontraram seu caminho.
Porque não podemos encontrar o nosso?
Pense nisso.

domingo, 5 de abril de 2015

Uma visita ao Império do Centro

   “Deixem a China dormir porque, quando ela acordar, o    mundo vai estremecer”
Napoleão  Bonaparte

Uma das poucas  vantagens que ainda restam para quem  é profissional na área de  turismo é que  grandes operadoras às vezes oferecem viagens internacionais a preços bem baixos  para  os promotores que mais se destacam nas vendas. São as chamadas “fam-tours” ou  “tours de familiarização”, que tem o objetivo de melhor prepararem os profissionais da área de turismo para a venda de seus produtos.
Foi assim que, há dois anos, fui à China acompanhando minha mulher que trabalha em turismo.
Quando viajamos para o exterior, embora nosso objetivo seja   desfrutar ao máximo   dos prazeres  que  uma viagem nos proporciona  ,  sempre  fazemos  comparações entre o país que visitamos e o nosso próprio país.
Ao fazermos esses cotejamentos na China, ficamos tão  espantados com a abissal diferença entre nossos países, nossos povos , nossos costumes, nossa cultura e nosso comportamento, que chegamos à conclusão que é inútil e sem sentido classificar qualquer aspecto como bom ou ruim, certo ou errado, justo ou injusto. A única conclusão a que chegamos é simplesmente de que somos completamente diferentes.
Mas, de qualquer forma, sempre  ficamos  admirados com a China e com as características de seu povo, que levaram aquele país à posição de segunda potência no planeta.
E, nesses momentos,  nos perguntamos , com uma ponta de  amargura,  porque   as coisas não poderiam ser melhores no Brasil.  
Também nos indagamos, olhando para o interior de nós mesmos , em quais aspectos  precisamos mudar    para evoluirmos para uma sociedade melhor.
Por isso, peço desculpa aos leitores por, além dos comentários específicos sobre a viagem,   me ater a referências  sobre a  cultura e os aspectos históricos, econômicos , sociais e políticos que são fundamentais para entendermos a China moderna.
Também peço compreensão para o tamanho desta nota. Procurei intercalar o  texto com relatos pitorescos e até cômicos da viagem para tornar a leitura mais interessante.
Embora tenha procurado sintetizar  os temas abordados, falar de forma mesmo que genérica sobre a China,  nos obriga a estender nossas considerações muito além do que desejaríamos.
A China tem uma cultura  antiga e complexa   que remonta há mais de 5.000 anos.  A base da cultura ,  dos valores sociais e dos hábitos   estão alicerçadas no confuncionismo, no budismo e no taoísmo. 
A China é composta por uma mescla  diversificada de  etnias com  costumes , tradições, línguas e dialetos diferenciados, muitos dos quais, ao longo do tempo, desapareceram ou foram   assimilados pela predominante  etnia han, que compõe 98% da população chinesa.
 A China, em sua história, passou por muitas guerras, invasões, vício do ópio, fome, extermínios e sofrimentos de toda ordem.
Lembro  um trecho de um livro que    dizia que  “a China foi o único país que foi ao inferno e voltou”.
Como exemplo, lembramos que  no período do Governo de Mao Tsé Tung,  as avaliações de mortos , somente com o “Grande Salto para a Frente”, de 1958 a 1960, e a “Revolução Cultural”, de 1966 a 1976,   foram de 75 a 100 milhões  de pessoas.    A propósito, lembramos uma citação de Stálin que se encaixa  nessa perspectiva histórica: “Uma única morte é uma tragédia; um milhão de mortos  é uma estatística.”  
Hoje, Xi Jinping, o atual Presidente da China e Presidente do PCC-Partido Comunista Chinês, procura levar o progresso para o interior da China, onde habitam 1 bilhão de chineses na área rural.
Lembro-me do livro “A Rússia Soviética na China”, de Chiang-Kai-Shek.  A leitura desse livro nos dá uma visão muito realista  para que possamos analisar  a atual aproximação entre a China e a Rússia. Esse é um assunto para ser abordado em um artigo específico.
Também li  sobre a sanguinária  dominação do Japão sobre a China durante a Segunda Guerra Mundial, principalmente o Massacre de Nanquim, também chamado de  o Estupro de Nanquim.
Para muitos que  hoje  acusam a China de ambições territoriais,  lembramos que foi devido à Primeira Guerra Sino-Japonesa de 1894-1895  que os chineses perderam Taiwan e foram obrigados a reconhecer a independência  da Coréia.
Até hoje o Japão não reconheceu as atrocidades cometidas e nem se desculpou  perante  a China. Esta é uma nódoa que persiste  nas relações entre o Japão e a China.
Alertamos que qualquer informação para quem queira viajar à China deve ser obtida com pessoas que tenham feito alguma viagem recente àquele país.
O progresso e o nível de mudanças na China é tão acelerado que  confunde  até os próprios chineses que se deslocam   dentro de seu vasto território.
Antes de viajar, conversei com um amigo que tinha ido à China 10 anos antes, e as informações que ele me deu estavam tão  defasadas em relação ao que vi que parecia que ele tinha  falado de outro país.
O progresso da China, na casa de dois dígitos por ano, durante 30 anos seguidos (desde o início da abertura econômica iniciada por Deng Xiaoping a partir de 1978 )  promoveu  o maior avanço econômico, industrial, educacional e científico  em um único país em tão curto espaço de tempo na história da humanidade. Esse avanço econômico centrou-se basicamente na região leste da China que concentra cerca de 400 milhões de habitantes, mais do que a população dos Estados Unidos.
O   PCC – Partido Comunista Chinês, é o único partido político na China e tem um  total de 82 milhões de membros.
Essa informação é importante, pois o conceito de democracia na China é diferente de como a entendemos  no Ocidente.
Na China prevalece o interesse coletivo sobre o interesse  individual.
Para tanto, a disciplina e a ordem  são fundamentais e são mantidos com mão de ferro.
Essa é a razão que, na visão dos chineses, justificou o Massacre da Praça da Paz Celestial em 1989.
Não há como fazer comparações com o  que ocorre no Brasil.
Por exemplo, é absolutamente inconcebível que na China ocorram, como aqui no Brasil,  bloqueios  de estradas e vias públicas por protestos de grupos minoritários chamados de movimentos sociais, invasão e depredação de prédios públicos em protestos, destruição de plantações e centros de pesquisas  por movimentos como o MST, ocupação de prédios  por grupos como  MTST, invasão do Parlamento por desordeiros e por  grupos indígenas, que também interrompem a construção de hidroelétricas e são denominados de povos e suas terras dentro do território brasileiro são chamadas de nações. Na China é absolutamente impensável  que grupos radicais que, por terem formação superior,  se julguem acima das demais pessoas, se organizem e promovam quebra-quebra e a destruição do patrimônio público.  Ou que bandos de marginais armados até os dentes dominem ,  na base da violência, populações humildes de vastas áreas  nas grandes cidades, que são usadas como escudos e incitadas a desafiar as autoridades e a polícia. Ou ainda que a corrupção atinja níveis tão alarmantes na área pública em conluio com grandes grupos empresariais. 
Na China, os assuntos são decididos pelo PCC em razão do interesse público, visando o progresso do país e o bem estar do povo.
Muitos poderiam dizer  que a China evoluiu no campo econômico mas não tem abertura política.
Os líderes do   PCC gozam de um alto nível de respeito e apoio junto ao povo. Seus  membros  tem uma  formação  baseada na meritocracia, no trabalho árduo e na formação confunciana e taoísta.
O PCC não pode ser comparado, dentro da concepção ocidental, a um “partido político” como os partidos Democrata e Republicano nos Estados Unidos que representam grupos de interesse da sociedade e que competem entre si.
Em visita à China  em fevereiro de 1989, o Presidente George Bush ouviu de  Deng Xiaoping, que o conceito  americano sobre   democracia não se aplicava à China, pois se o governo chinês  permitisse que o país mergulhasse  na desordem e no caos, o mundo seria arrastado junto.
Essa lógica   também explica porque a China é o país que mais executa pessoas.
Há cerca de 10 anos , o total de execuções era estimado em torno de 10.000 por ano.
Hoje esse número é avaliado em 1500; ainda assim, é mais do que as execuções em todos os países do mundo somadas.
A China, como a Indonésia, aplica a pena de morte a traficantes de entorpecentes e de pessoas.
A corrupção promovida por membros do Governo é   punida com a pena de morte. A pena capital  pode ser revertida para prisão perpétua se o corrupto fizer a devolução de tudo que foi extorquido do Estado.
Membros do PCC que cometem crimes sérios ou corrupção  e que, por essa razão,   traem e desmoralizam os princípios do partido,  se tornam os alvos mais visados pela lei e  são executados como exemplo para todo o povo chinês.
Muitos brasileiros que se assustam com essa rigidez chinesa, no humor mórbido, dizem  que se fosse assim no Brasil,   faltariam cemitérios  para enterrar tantos corruptos.
Penso  que, justamente pela constatação de diferenças tão  díspares entre nossos países, uma viagem à China se torna uma experiência   fascinante e enriquecedora.
Recomenda-se viajar no período de verão. O inverno na China  é duro.
Recomendações básicas para quem pretende viajar para a China são levar um único par de tênis,  poucas peças  de roupa,  um chapéu e protetor solar.
Todo o resto deve ser comprado na própria China, a preços muito baixos.
Ao ir à China , é útil levar um dicionário inglês-português / português-inglês.
Não levar dicionário chinês-português pois não serve para nada.
O governo central chinês usa e tenta implantar o mandarim como língua oficial para o país inteiro , mas  as variações regionais no  idioma chinês e o número imenso de dialetos, torna muito difícil a integração das diferentes partes do país.
Ademais, o aprendizado de chinês é muito difícil.  Não existem letras nem palavras e sim ideogramas. Como é possível traduzir um ideograma?   Simplesmente não é possível.
Por isso calculo como seja difícil para os chineses aprenderem inglês ou outras línguas ocidentais.
Primeiramente, é preciso reprogramar o cérebro para  se expressar por meio de palavras usando um alfabeto  e não por ideogramas.  
Em razão disso, fiquei  pasmo com o  imenso  número de  jovens que falam um inglês fluente e absolutamente  compreensível. Muito melhor do que o inglês falado pelos   americanos que falam muito rápido, usam muitas expressões idiomáticas, se utilizam do chamado “broken english” ,  abusam de gírias e tem muita diferenciação entre sotaques regionais.
Os jovens chineses  são solícitos,  educados,  se aproximam dos turistas e oferecem ajuda. Nos conquistam com sua simpatia.
Mesmo para mim, que atualmente tenho sérios problemas  de audição, mas que tenho  razoável desenvoltura  em inglês, essa  prestimosidade chinesa foi de grande valia.
Eles chegam  ao extremo de  nos acompanhar aos lugares que queremos ir, mesmo que ao custo de se desviarem de seus próprios roteiros.
São polidos e estão sempre risonhos (fora do trabalho e dos estudos).
A segurança nas ruas é absoluta. Não se veem mendigos e nem menores sozinhos, abandonados e perambulando  pelas ruas , cometendo delitos , assassinatos e sendo assassinados como, infelizmente, ocorre no Brasil.
As autoridades são respeitadas e se fazem respeitar.
É  importante que se tenha    seriedade, respeito e educação  no trato com as autoridades locais. Na fila da alfândega, um membro do grupo   começou a rir estrepitosamente. Subitamente, surgiram guardas que o levaram pelos braços para  uma sala dentro da alfândega. Foi tudo muito rápido. Ficamos surpresos e assustados.  O guia que estava ajudando outras pessoas correu para socorrer  o senhor na área para onde ele havia sido levado.
Quando o guia voltou,  o senhor “alvo do sequestro” , estava completamente transtornado. 
O guia  havia explicado   aos agentes alfandegários que éramos brasileiros, muito extrovertidos e alegres.
Ele  nos esclareceu que as autoridades desconfiam de qualquer  tipo de comportamento que fuja da normalidade,  pois  pode ser uma forma de desviar a atenção das autoridades alfandegárias com o intuito de encobrir algum delito (contrabando, tráfico de drogas, etc. ).
Vai a dica:  Comportem-se e tenham  postura no trato com as autoridades .
Esse  primeiro contato    com a cultura chinesa foi relevado em razão dos  aspectos  positivos que iríamos conhecer ao longo da viagem.
A primeira parada na China foi em Beijing.
Da janela avião  dá para ter  uma ideia do tamanho e da arquitetura  da cidade.  São vastas áreas  ocupadas por condomínios imensos e conjuntos de prédios moderníssimos. Tudo muito arborizado e com amplas avenidas, ruas e estradas.
Ao conversar com o guia local, ele me informou sobre um aspecto interessantíssimo sobre a ocupação do solo na China.
Lá não existe a propriedade da terra como a conhecemos no Ocidente.
Existe o direito temporário de posse da terra.
Você compra um apartamento em um condomínio  com direito de ocupação do terreno  por um período específico de tempo que pode variar de região para região.
Na maioria das  cidades esse período situa-se entre  40 a 60  anos.
Assim ,  a tendência é que o imóvel vá se desvalorizando com o passar do tempo pois, ao chegar ao limite de tempo estabelecido, 40 ou 60 anos, a  área com as construções  retornam por lei para o Estado, que se utilizará dessa área de acordo com os interesses e as necessidades da comunidade e do governo local.
O outro detalhe em relação à ocupação da terra e  que provoca muitos protestos isolados , é a política forçada de desapropriação de áreas urbanas ou rurais, por interesse do Estado, para a construção de rodovias, vias férreas, aeroportos,   implantação de centros industriais ou outras obras de interesse governamental. E isso é consumado em um processo sumário muito rápido.
Essas são  razões que explicam a explosão imobiliária em toda a China.
É  outro exemplo onde impera    o princípio chinês do  interesse coletivo se sobrepor ao interesse individual.
A primeira visita em Beijing   foi à Cidade Proibida.
Para que tenhamos uma ideia do que se vai encontrar  na Cidade Proibida, onde fica o Palácio Imperial,  e para que conheçamos  um pouco da história da China Moderna, recomendamos   assistir ao  filme “O Último Imperador”, de Bernardo Bertolucci.   
É uma visita  imperdível, ainda mais quando confrontamos  todos as obras decorativas, monumentos e edificações  com os locais apresentados na película  que retrata a  vida fantástica do último imperador da China , Aisin-Gioro Puyi,  na magistral obra prima de Bernardo Bertolucci.
A Cidade Proibida é tão grande que uma visita completa demanda várias semanas. É uma cidade inteira toda murada. 
Depois da Cidade Proibida fomos visitar a Praça Tiannamen, a famosa Praça da Paz Celestial, que é a terceira maior praça do mundo.
Essa praça é considerada o centro administrativo e político do país. Lá está o Mausoléu de Mao Tsé-Tung e é onde se concentram os maiores edifícios públicos do país, como o Palácio do Povo, onde são promovidos os encontros do PCC – Partido Comunista da China, ao qual comparecem  milhares de representantes de todo o país. Na Praça da Paz Celestial também são celebradas as  mais importantes   comemorações nacionais e é lá que se realizam  as grandes paradas militares, principalmente as de comemoração da criação da China Moderna . O Governo considera o Massacre da Praça Celestial em 1989 um episódio superado na história chinesa.
Mas o aparato de vigilância, escuta e filmagem é completo.
Toda a praça é cheia de postes e, em cada um, existem várias filmadoras que registram tudo e todos.
Também existem policiais disfarçados  como  turistas comuns,  que estão sempre circulando e que  sempre carregam uma bolsa a tiracolo, com equipamentos para gravação de  conversas, fotos e filmagens.
A qualquer protesto  (o que é raro) surgem de imediato veículos e policiais que interrompem a manifestação e prendem seus participantes.
Alguns  protestos são de pessoas que tiveram suas terras ou propriedades  desapropriadas por interesse do Governo.
Outros protestos  são o de minorias étnicas como os tibetanos e uighures que reivindicam a independência de seus territórios.
É importante frisar esse aspecto de reivindicação de independência territorial, pois comumente se pensa que essas prisões devem-se ao  fato da China ser comandada por um partido comunista e a religião ser proibida .
Nas reformas comunistas nos meados do Século 20, a prática religiosa chegou a ser cerceada.
Mas atualmente não é. A China tem uma grande diversidade de religiões e dezenas de milhares de templos.
A maioria da população é taoísta ou budista. Junto com o Confuncionismo, formam as três principais linhas filosóficas e religiosas na China.
Ainda existem os cristãos, os protestantes  e os mulçumanos.
Em seguida, visitamos a Grande Muralha, que vem sendo reconstituída  desde 1980 durante o Governo de Deng Xiaoping , para ser o símbolo da China.
Modernas pesquisas mostram que a muralha tem 20.000 quilômetros e não 8.000 quilômetros como se supunha até recentemente.
Começou a ser construída em 220 A.C durante a Dinastia Ming e continuou a ser erguida durante várias dinastias ao longo de dois milênios. Foi erguida para barrar a entrada de invasores.
E, paradoxalmente, hoje é a China que invade o mundo com a força de sua pujante economia.
É um passeio um tanto cansativo mas que vale a pena pois a área  é belíssima e o ar muito puro.
No outro dia,  fomos visitar uma  avenida em que haviam inúmeros quiosques que vendiam todo tipo de comida. O lugar estava repleto de chineses de todas as idades.
A culinária chinesa é a mais diversificada do mundo.
Existem restaurantes luxuosos  com cardápios requintadíssimos.
Mas existem também, como no Brasil, as chamadas comidas populares.
E é aí que está o perigo.
O próprio guia nos alertou  que  poderíamos ter problemas digestivos sérios  ao provar  certos “quitutes” apreciados pelos  chineses mas aos quais, nós ocidentais, não estamos  acostumados.
 Mesmo que “as iguarias” sejam cozidas, fritas, assadas ou tostadas, sentimos certo receio e asco  de provar.
Mas, como estávamos visitando outro país, muitos decidiram “entrar no clima” e provar o que era oferecido. Eu entrei nessa onda.
Para minha própria surpresa, gostei dos escorpiões grelhados. Assemelham-se a camarões. Também provei espeto de grilo tostado com mel e pimenta. Testículos fritos de vários animais eram oferecidos. Alardeiam que são  afrodisíacos. Provei alguns com alho e pimenta mas não senti os tais efeitos   tão profusamente propagandeados.
Só não gostei do casulo do bicho da seda. É um tanto gosmento. Provei e joguei fora.
Não tive coragem de comer aranhas e nem baratas d’água (não são as baratas domésticas) por mais que umas chinesinhas que as comiam, aos risos,  insistissem em me oferecer.
Como era um dia calorento também comi carne de cobra (já havia comido na Bahia) e lagarto.
Os chineses classificam as carnes em frias ou quentes.
Carnes de répteis são as carnes frias, próprias para serem consumidas no verão.
Carne de cachorro, por exemplo, é classificada como carne quente própria para o inverno.
Em muitos restaurantes, um dos  petiscos mais pedidos no inverno é espeto de cachorro. Acompanhado de vinho tinto seco, óbvio.
Para meu espanto, observei pessoas passearem com cachorros de estimação nos parques.   O guia me explicou que essas pessoas, que são de um extrato mais rico da população, pagam um alto imposto para terem animais de estimação.
E, quando passeiam,  tem que ter muita atenção com seus cachorros.  Repentinamente, pode surgir um esfomeado que pega o cachorro e o leva correndo  embaixo do braço para, posteriormente,  saboreá-lo como  guisado.
Depois dessa visita degustativa  ,  fomos visitar o Palácio de Verão, utilizado como jardim pelos membros da Casa Imperial nos tempos da Dinastia Qing.  Os jardins parecem que não  tem  fim. Muito arborizados com aves e pequenos animais. Bordeia um lago. Tem  pontes maravilhosas.
De súbito,  comecei a sentir os  efeitos  da minha “degustação exótica”, que foram aumentando em um crescendo.
Bem que o guia havia avisado para termos cuidado com aqueles quitutes !!
O guia  pediu a um rapaz de riquixá que me levasse às pressas para o  banheiro mais próximo. O rapaz corria como uma bala.
Cheguei ao banheiro.  Havia um sanitário livre.
Quando entrei,  vi uma peça com um  buraco e uma canaleta comprida. Entendi a finalidade do buraco mas não a da  longa canaleta.
Conhecia   a peça  ocidental  e a   turca, mas  era a primeira vez que  me defrontava com  um vaso   chinês.
A  situação era de absoluta emergência.  Segui meu instinto. Mirei no buraco e dei um fim àquele suplício.
Na volta, ainda tive de ouvir o guia chinês, com aqueles olhinhos quase fechados , dizer aos risos, indiscretamente, na frente de todo mundo: “Que bom, né? Que bom, né? Tá mais leve !! Tá mais leve !! “
No outro dia o grupo foi fazer um passeio de riquixá e visitar um modelo de vila antiga que era o padrão de moradia urbana até 1978 quando começaram as reformas e  a abertura econômica promovida por Deng Xiaoping.
Quando chegamos ao local de início do passeio,  haviam uns 300 riquixás em linha  para atender aos turistas. Primeiro as fotografias e depois a emocionante corrida de riquixá no meio do tráfego intenso. Haja coração.
Os condutores dos riquixás corriam a toda  velocidade por ruelas estreitas, no meio de motos, bicicletas, triciclos,  carros, camionetes  e caminhões. Uma bagunça só no meio de muita poeira e barulho. Naquela corrida louca, os riquixás passam  colando junto a outros veículos à distância de um dedo. Frequentemente  encostam nos outros veículos. E não adianta gritar. Aí é que os condutores “capricham” e correm  mais rápido. Tudo muito excitante. Uma loucura. Quando chegamos ao destino nós estávamos sem fôlego. E eles, sempre rindo , balançavam as cabeças em agradecimento. Se alguém xingar eles agradecem mais ainda, pois não falam nossa língua e pensam que estamos elogiando a performance deles.
Cheguei à conclusão que aquilo tudo era muito bem planejado e encenado e fazia parte de um script preparado para deixar os turistas bem apavorados.  
Ao final do passeio de riquixá, sentíamo-nos como sobreviventes de uma aventura digna de Indiana Jones.
Fomos visitar uma das tais vilas que atualmente só existem para mostrar  aos turistas como se vivia na época. São umas 20 casas em cada lado da rua da vila. As casas tinham cômodos muito pequenos e não haviam  banheiros. No fundo da vila existia um saguão com grande número  de vasos sanitários  comunitários. Os detritos escoavam para um grande tonel. No fim do dia, o serviço sanitário da cidade recolhia o tonel em uma carroça puxada por cavalos. E recolocava outro tonel limpo. Dá para imaginar como era o aroma reinante na vila.
Em todas as partes da cidade existem  clínicas especializadas em massagens relaxantes ou curativas. Ao se entrar , primeiramente explicamos ao atendente qual o nosso objetivo ou  necessidade, informamos se temos dores, quedas de energia , carências vitamínicas, disfunções específicas ou outro  problema qualquer. São feitas perguntas sobre nosso histórico médico e sobre nossa vida funcional, afetiva e sexual. Só então somos encaminhados a um massagista especializado.  Também nos vendem vitaminas e cremes para massagens. 
Esses estabelecimentos  gozam de boa reputação.
E também existem muitas casas de chá. Uma diversidade imensa de chás para todos fins e gostos.  Os chineses não tomam leite, o qual só é encontrado nos hotéis que acomodam turistas estrangeiros.
Os chineses  acordam muito cedo e  descem para áreas dos condomínios,  parques e áreas verdes para praticar tai chi chuan, dançar (dançam homens com mulheres, mulheres com mulheres, adultos com crianças e, esquisito,  não riem), jogar peteca (jogam com as mãos e com os pés e não só com as mãos como se joga no Brasil), praticar um tipo de jogo com duas raquetes ovaladas para cada jogador e uma bola (é um jogo muito intenso que requer muita flexibilidade corporal, boa visão e rapidez).
Todos  voltam para suas casas ao mesmo tempo. É a hora de ir para o trabalho ou para os colégios.
Nos fins de semana, os parques ficam mais cheios e surgem outras atividades. Senhoras idosas fazem agasalhos de crochê. Crianças brincam e correm. Homens e mulheres   caminham , conversam ,  praticam tai chi chuam, fazem exercícios respiratórios, dançam ou se exercitam em outros  esportes. Tentei jogar peteca com as mãos e com os pés e não acertei uma única vez. É preciso muita agilidade. O mesmo ocorreu quando um senhor me convidou para jogar com as duas raquetes ovaladas e a bolinha. A mesma coisa: não acertei uma sequer.
Mas me dei bem na dança. Dancei com senhoras e crianças. Ensinei alguns passos que aprendi em academias de dança no Rio. Fiz sucesso com o mulherio chinês.
Também montam mesas para jogar  ping-pong. Os chineses são muito bons nesse esporte e  são os campeões mundiais.
Foi com uma disputa de ping-pong em Beijing que se iniciou a abertura comercial e diplomática com os Estados Unidos durante o Governo Nixon.
Não observei jovens de mãos dadas,  se beijando ou se acariciando em público.
Os jovens saem juntos, andam juntos mas para se chegar a um beijo   podem decorrer  meses.
A influência do confuncionismo e do taoísmo na   vida do chinês comum é muito forte e norteia todo o comportamento e vida social dos chineses.
As relações familiares são muito  sólidas e existe muito  respeito pelos mais velhos.   As pessoas tem hábitos muito conservadores.
A competitividade e a  dedicação extrema nos estudos e no trabalho também  limitam muito  a vida social e afetiva das pessoas.
Tive a oportunidade de conversar com um estrangeiro que vive em Beijing e ele confirmou que é muito difícil, complicado e demorado um relacionamento com uma pessoa na China. O estilo de vida liberal ocidental é completamente inaceitável  na China.
A relação sexual é considerada um passo  muito sério e normalmente só se realiza com o casamento.
O casamento consagra a relação amorosa entre duas pessoas de sexos opostos e, na China, a idade ideal para a procriação é aos 25 anos.
Ainda hoje, as famílias procuram seguir a política do “filho único”, imposta pelo Governo , com a meta de limitar o crescimento populacional .
Os relacionamentos homossexuais são  um tabu na China. É um assunto que passa ao largo de discussões abertas na vida  das pessoas como ocorre no Ocidente.
Por outro lado, o próprio Confuncionismo não qualifica o homossexualismo como crime e não se ouve falar de crimes por homofobia.
A prostituição é enquadrada como uma das três depravações que sofrem campanhas de combate e perseguições sistemáticas por parte da população, do Governo e da polícia: a prostituição, os jogos de azar e o consumo de drogas.
A próxima cidade que visitamos foi Xian no centro da China .
Da   janela do avião , vimos  o magnífico aeroporto.
É uma gigantesca estrutura ovalada iluminada com várias cores.
O  aeroporto é moderníssimo, silencioso, tudo imaculadamente limpo e organizado. Todos os controles são feitos por toque em painéis eletrônicos.  No correr da viagem,  iríamos nos defrontar com vários outros meios de transporte  ultra avançados.
Todos os táxis são novíssimos e totalmente equipados. Os motoristas são solícitos , educados e se vestem de forma elegante.
Os táxis mantém-se em linha e o embarque de passageiros é muito organizado e rápido.
Não pudemos de deixar de fazer uma comparação com a desorganização, o tumulto e a barulheira para pegar um táxi no Aeroporto Tom Jobim. Até sentimos saudades de nossa bagunça.
A distância do aeroporto até o centro da cidade tem uns 30 quilômetros e conta com  uma larga e moderna rodovia com várias pistas de rolamento. De um lado e do outro da rodovia estavam sendo construídos condomínios de alto padrão.
A primeira  visita em Xian foi a um teatro de variedades. Os shows eram do mais alto nível. Valeu a pena.
Um dos mais emocionantes foi um espetáculo com bolas. O malabarista ficava em uma plataforma de madeira e um ajudante ia jogando uma bola atrás da outra que iam sendo lançadas no ar. O público ficava boquiaberto porque já não se conseguia acompanhar com o olhar o  movimento das bolas no ar.   O malabarista chegou ao espantoso limite de manter 16 bolas em movimento.
Outro sensacional espetáculo foi com 3 moças que jogavam pratos coloridos umas para as outras. Uma infinidade de pratos voavam  pelo palco em um movimento contínuo.
Houve um show magnífico de equilíbrio e contorção corporal entre um rapaz e uma moça.
Várias outras apresentações se sucederam.
A ida ao teatro foi maravilhosa com espetáculos   com muito apuro, dedicação,    beleza, precisão e equilíbrio, tudo bem dentro da forma disciplinada e perfeita de fazer as coisas na China.
No outro dia, fizemos o passeio à famosa exposição dos Guerreiros do Exército de  Terracota ou Exército do Imperador Qui.  É uma coleção  de esculturas de guerreiros , que são expostas em grandes galpões e que representam os exércitos de Qui Shi Huang, que foi o primeiro imperador da China.
Esse exército foi enterrado com o imperador em 210-209 A.C. e foi descoberto em 1974 por agricultores em Xian, na Província de Shaanxi.
As esculturas dos soldados começam pelo tamanho real de uma pessoa. E aumentam  de altura de acordo com suas funções, sendo os generais os mais altos.
O número de esculturas nas três áreas onde estão o Exército de Terracota, sobe a mais de 8.000 soldados, 130 carruagens com 520 cavalos e 150 cavalos de cavalaria. As escavações não cessam e, além de novas esculturas de guerreiros, agora estão sendo descobertas outras esculturas não militares.
O que impressiona,  além do fabuloso número de peças, é a extrema perfeição nos mínimos detalhes  de cada escultura. São peças de valor artístico e histórico inestimável, pois revelam em minúcias os armamentos e a estrutura militar da época e descortinam a história da China antiga.
Essa exposição mostra porque , no passado, a China foi o país mais avançado do Mundo.
No dia seguinte, fomos a  outro teatro e assistimos a um espetáculo de canto e música tocada com antigos instrumentos musicais. O espetáculo foi acompanhado por um festival de massas variadas  e deliciosas. Não podemos esquecer que os chineses ( e não os italianos) são os inventores do macarrão.
O espetáculo de música e canto, foi entusiástica e demoradamente aplaudido  pelos chineses.
Os ocidentais também aplaudiram  em reconhecimento à riqueza dos trajes, à pintura dos olhos e rostos dos personagens  e à magnífica apresentação dos artistas. Os cenários da montagem também eram maravilhosos.   
Mas é um espetáculo  mais apreciado pelos  chineses  e que retrata aspectos da vida social chinesa que desconhecemos.  Não é um espetáculo fácil de ser apreciado pelos ocidentais.
Xian também conta com monumentos e parques belíssimos.
De Xian seguimos para Shanghai, que é a maior cidade da China, com 19 milhões de habitantes.
Shanghai em sua grandeza, beleza e vida trepidante , é  considerada a Paris ou New York da China.
Quanto ao guia que nos recebeu em Shanghai , ele havia residido em Foz do Iguaçu. Assim, falava português  fluentemente. Era um tipo muito esperto e ativo.
Como todo guia,  sempre procurava faturar um dinheiro extra além do que recebia pelo trabalho de guia.
Dentro do ônibus, fazia  o câmbio de dólares norte-americanos ou euros para a moeda local, o “renminbi” , cuja unidade básica é o “yuan”.  Quando fomos passear em Beijing  vimos que a cotação nas casas de câmbio era muito mais conveniente.
Outra dica: não façam câmbio com os guias.
Em todas as cidades existem  casas de câmbio.
É importante alertar que em vários lugares encontramos pessoas na rua vendendo livros de turismo ou souvenirs. São os camelôs locais. Eles aceitam notas de moedas estrangeiras e nos dão o troco em yuans. Mas, para nossa surpresa, muitas das notas de yuans não puderam ser utilizadas    no comércio local, porque foram consideradas falsas. Um senhor, que ficou  meu amigo , me presenteou com uma dessas notas. Eu a guardo até hoje.
Esse é mais um motivo para  recorrermos às  casas de câmbio.
Shanghai conta com um comércio  diversificado  para todos os gostos e preços. Tem shoppings de alto luxo, imensos shoppings populares e um intenso e variado comércio de rua.
Existem bairros inteiros que concentram lojas especializadas em artigos tecnológicos em todas as áreas. É importante que saibamos exatamente o que  desejamos adquirir pois a oferta é tão diversificada que ficamos totalmente indecisos com a imensa variedade de produtos à venda.
A cidade conta com  excelentes restaurantes, casas de massagens e de chá em todos os lados. Não vi  academias de ginástica como no Brasil.
Os restaurantes são imensos e recebem para o café da manhã, almoço e jantar. Estão sempre lotados o dia inteiro por grupos de  executivos jovens. Nessas horas os chineses são totalmente descontraídos e a barulheira é infernal.  O cardápio é apresentado em fotos e descritos em chinês e inglês. Os garçons e atendentes são ágeis e solícitos. Eles  atendem os turistas em inglês da melhor forma possível.
Enfim, apesar do gigantismo e da agitação, Shanghai  é uma cidade acolhedora, com muito calor humano  e o povo é maravilhoso.
Em termos de flexibilidade de costumes e influência ocidental só é superada por  Hong Kong e Macau.
A vida noturna é intensa. A cidade conta com teatros, casas de shows, boites e  restaurantes internacionais com orquestras completas,  artistas, dançarinos  e  cantores que rivalizam com os melhores no mundo.
A experiência mais emocionante  é o passeio de barco à noite pelo Rio Yang Tsé .
Não existe nada  comparável  ao show de beleza, fogos,  luzes e cores  de Shanghai à noite.
O Rio Yang Tsé fica repleto de grandes barcas e navios  iluminados, entupidos de chineses e turistas de todo o mundo e  com  imagens de dragões na proa. Fogos de artifício invadem os céus. Não é demais  dizer que os chineses também são os inventores dos fogos de artifício.
Os arranha-céus de Shanghai ficam com todas as luzes acesas e feixes de luzes coloridas varrem as fachadas  dos prédios.
Em terra firme e nas embarcações, champagnes são estouradas para comemorar o evento.
Nossa guia chinesa, uma moça jovem, chegava a chorar de orgulho e alegria e dizia que se lembrava de que o único arranha-céu há poucos anos atrás  era a Torre de Televisão de Shanghai.
Shanghai também é o mais avançado centro universitário e científico da China.
A  Universidade de Shanghai rivaliza com as mais importantes no Mundo.
Adiante voltaremos a abordar o assunto educação de forma mais detalhada.
Fomos visitar uma imensa  fábrica de produtos artesanais. Faziam-se pequenos anéis, colares, enfeites,  passando por uma grande diversidade de estatuetas, peças de decoração, objetos para  uso pessoal  até estátuas imensas de Buda. Fabricavam  vasos decorativos gigantescos e estátuas de animais em tamanho real. Eles   exportam essas peças para qualquer lugar do mundo em embalagens especiais.
Tudo cravejado com pequenas pedras coloridas. Havia um número imenso de operários trabalhando sem parar durante 12 a 14 horas. Seis dias por semana. Sem interrupções e conversas. Completa concentração.
É assustador. Lembrou-me o filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin.   Só chinês aguenta aquele ritmo de trabalho.
Os brasileiros ficariam loucos em uma situação dessas.
A vigilância é total. Chega a ser opressiva. Olheiros e câmeras por toda parte. Ninguém se atreve a levar uma pequena peça   como “lembrança”.
A limpeza é absoluta em todos os lugares.
A respeito dessa obsessão dos chineses com a limpeza, presenciei duas  cenas marcantes em Shangai.
Na primeira, um pedaço de plástico voava em meio a uma forte ventania. Uma mulher corria atrás do pedaço de plástico e o conseguiu pegar no ar.  Nunca me esquecerei do seu ar de felicidade e vitória ao conseguir pegar aquele plástico. Ela era uma catadora de lixo.
A segunda cena foi quando  estava almoçando em um restaurante da rede Outback e, do lado de fora,  o temporal e as rajadas de vento estavam fortíssimas. Ao olhar pela janela observei dois homens da limpeza pública da cidade a desentupirem os esgotos. Primeiro tiraram a tampa de ferro pesadíssima  e depois deram andamento ao desentupimento  do esgoto no meio daquele vendaval  inclemente. Só pararam quando o serviço estava concluído. E partiram para desentupir outras áreas do esgoto da cidade. 
Pensei com meus botões se essas situações tivessem ocorrido no Brasil. Com certeza, a mulher nem olharia para o pedaço de plástico e os homens da limpeza estariam tomando uma cervejinha até o temporal passar.
Sem qualquer  demérito ao nosso povo e à nossa cultura, aí está explicitada uma das razões para o progresso na China.
O trânsito é intenso. Os veículos são moderníssimos. As mais luxuosas marcas europeias e americanas possuem fábricas na China. Além do que existem montadoras chinesas que competem em condições de igualdade com qualquer marca internacional.
Hoje a China tem uma frota de carros maior que a dos Estados Unidos.
As rodovias são modernas e seguras. Muitas são ajardinadas de um lado e do outro. As placas indicativas são  em chinês e inglês.
O controle da poluição ambiental é um objetivo perseguido obsessivamente pelo governo chinês. Universidades e empresas debruçam-se em pesquisas e projetos os mais avançados e variados para conter a poluição.
Outro ponto alto em Shanghai foi a viagem no Maglev que é o trem de alta velocidade de levitação magnética.
É um projeto pioneiro que ainda está em estudos para ser ampliado.
A primeira  linha em operação  leva até o Aeroporto Internacional de Pudong em um percurso de 30 quilômetros que é percorrido em apenas 8 minutos.
É uma experiência fantástica mas que chega a  dar calafrios pois o trem chega até a 430 quilômetros por hora, muito embora, dentro do trem, não sintamos nenhuma trepidação.
Existe um projeto de ampliação do Maglev de Shanghai à Cidade de Hangzhou, a 170  quilômetros de distância.
A malha ferroviária dos chamados trens bala corta toda a China e se estende até às ex-repúblicas soviéticas. A China tem a maior rede ferroviária de trens de alta velocidade no Mundo.
No outro dia, seguimos para Hong Kong , uma ilha com 7 milhões de habitantes e que é  uma Região Administrativa Especial na China.
Quando chegamos,   alguns  membros do grupo queriam ir de imediato  à filial da Apple , que é uma das maiores do mundo e com preços muito atraentes. O guia fez tudo para nos levar para outras lojas de eletrônicos, onde receberia comissão pelas compras. Por nossa própria conta, fomos para a Apple que não paga comissões para guias.
Em relação aos guias,  consideramos  legítimo que  ganhem comissões sobre compras efetuadas pelos  turistas como ocorre em qualquer lugar do mundo.  Mas não concordamos com o fato de nosso guia  não  ter nos acompanhado até a Apple. Registramos essa queixa na agência de turismo.
A Apple tem um serviço excelente. Todos os funcionários e atendentes,  além de conhecerem profundamente os produtos que vendem,   falam um inglês perfeito e alguns dominam  fluentemente outras línguas.  Chegamos à conclusão de que, para se ter sucesso profissional na China, é fundamental que se tenha, no mínimo, o domínio perfeito do idioma inglês.
Além da imperdível visita à   Apple,  tivemos a oportunidade de conhecer o fabuloso centro comercial da cidade, que tem shoppings e centros comerciais que oferecem de tudo a preços baixíssimos. Uma festa para as mulheres.
Para os homens, existem as famosas  alfaiatarias com ternos de modelo inglês e a preços bem convidativos. É uma herança da colonização britânica de Hong Kong. É recomendável , logo ao chegar, dirigir-se a uma dessas alfaiatarias.  Escolhe-se o tecido e o modelo (eles tem  vários catálogos com todos os detalhes), tiram-se todas as medidas (são muito cuidadosos e minuciosos nesse aspecto), combina-se o preço, dá-se um adiantamento e, após algumas poucas horas, o terno está pronto. Infalivelmente ficam perfeitos.
Ainda no que se refere a interesse dos homens, existem ruas inteiras que concentram lojas especializadas em artigos eletrônicos e de informática.
Voltemos ao foco mais  importante relacionado às  mulheres.
Compras, compras e compras !!
Se nos espantamos com os preços atraentes nos Estados Unidos na China os preços são muito mais baixos.
O mesmo ocorre com vestuário, bolsas, sapatos,  jóias ,  acessórios de toda ordem, cremes e produtos de beleza.
Existem shoppings imensos para a classe média   onde as mulheres ficam deslumbradas com a diversidade de ofertas a preços baixos.
Outra coisa importante a considerar é a diversidade de falsificações de artigos. Existem falsificações grosseiras e muito baratas que não são recomendáveis.
Mas existem falsificações de alto padrão cujos preços são mais altos. Para felicidade do time feminino, havia uma lojista de São Paulo no grupo,  que era uma especialista nessa área. Ela própria – pasmem – comprou umas 20 bolsas em uma dessas lojas. Disse que as venderia no Brasil por, pelo menos, dez vezes mais do  que o preço que  tinha pago.
Existem alguns shoppings para a classe alta  onde encontramos filiais  das mais  luxuosas marcas internacionais. Uma bolsa feminina autêntica em uma dessas lojas pode custar milhares de dólares. Já uma bolsa de bom padrão de falsificação em um shopping de classe média fica em torno de US$ 70.00 a US$ 110.00.
Sempre é bom salientar que, quando estão trabalhando,  os chineses são  objetivos, sérios e compenetrados.
Nas lojas, os vendedores  restringem-se  a atender os clientes de forma  simpática,  rápida e eficiente e sempre centrando o foco no que  o cliente deseja. Assim, não é recomendável pedir informações  ou conversar sobre  assuntos que não estejam estritamente ligados ao que se pretende comprar. A resposta pode ser o silêncio, um sonoro “no”  ou   um virar de costas.
Não  se deve considerar esse comportamento  como uma atitude ofensiva; é uma questão cultural. Eles estão ali para trabalhar, atender bem e vender.
Os guardas  são educados, solícitos e  sempre procuram ajudar os turistas.
Em Hong Kong não se pode deixar de visitar o Victoria Peak, ou simplesmente The Peak,  que é o ponto mais alto da cidade. Conta com uma excelente estrutura de serviços de trem,  boas lojas, quiosques, excelentes e amplos restaurantes  e paradas para observação e fotos.
Lá de cima temos  uma visão do tamanho da cidade e de seu modernismo com uma infinidade de arranha-céus. Poder-se-ia fazer uma comparação com o alto do Corcovado.
Pode-se chegar lá pelo Peak Train , por carro ou ônibus.
Tudo muito organizado e limpo. Estacionamento amplo.
Outro lugar sensacional é a Avenida das Estrelas ou Star Avenue, que começou como um tributo à indústria cinematográfica de Hong Kong e a Bruce Lee. O lugar é repleto de bons restaurantes que nos oferecem uma vista privilegiada da Baia de Hong Kong e do Victoria Peak.
Existem vários outros lugares muito interessantes a serem visitados em Hong Kong.
É importante citar o amplo uso do Octopus Card, que permite o uso amplo no transporte público, como metrô, tram, trem , ferry, ônibus e peak train. Com ele não se precisa entrar em filas, pode-se fazer compras no Seven Eleven , restaurantes seletos e o que não usar é reembolsado.
Os chineses são muito orgulhosos de seu país e sempre fazem questão de ressaltar a todos os estrangeiros como a China “era” há pouco tempo atrás e como ela  “é “  hoje.
As manifestações contra o regime são raras e, em sua maior parte, são promovidas por minorias étnicas.
A população chinesa tem uma maioria de 98% da etnia han.
Os 2% restantes estão distribuídos em 55 etnias. A maioria dessas etnias se integraram ao estilo de vida chinês.
Mas existem etnias como os tibetanos e os mulçumanos uighures que resistem a  se integrar ao estilo de vida, às leis chinesas e pedem a separação da China.
Nesses casos, a China adota uma política  astuta. Eles concederam incentivos de toda ordem aos chineses da etnia han para habitarem as regiões longínquas de tibetanos e uighures. Com isso, milhões de chineses  da etnia han se mudaram para essas áreas e   a maioria da população local  passou a ser da etnia han.
Por outro lado, o governo central chinês pune com severidade qualquer crime cometido  contra os chineses da etnia han que passaram a habitar esses territórios.
Esse choque de etnias é inevitável pois,   com a habilidade e o ritmo de trabalho intenso dos chineses da etnia han, eles  passaram a dominar as atividades produtivas e o comércio locais.
Analisando esse aspecto da composição étnica da população chinesa pode-se inferir que,  nesse aspecto, a China não tem os  problemas dos Estados Unidos, que criaram o programa de Ação Afirmativa  desde o Governo Kennedy para elevar o nível de vida da  população de negros naquele país  e, também no Brasil, com o Programa de Cotas, para proteger negros, índios e pobres.
O que efetivamente conta na China são o mérito, a dedicação e a capacidade de cada um.
A competição é tão acirrada  que, na  visão brasileira, pode ser considerada  desumana e  inaceitável. Muitos estudantes  se dedicam aos estudos de maneira  intensa   e chegam a apelar para recursos extremos para se energizarem como, por exemplo, estudarem com sondas nas veias por onde continuamente é injetado soro. Estudar aos sábados e domingos em aulas intensivas de reforço  é uma rotina.
A disciplina e a atenção dos alunos é total. Todas as salas de aula tem uma bandeira da China em cima do quadro negro. As aulas são dadas em ritmo intenso, em silêncio, com concentração  e sem interrupções.  Não existem brincadeiras nas salas de aula. Os professores são muito dedicados , bem preparados e bem remunerados. São admirados e muito respeitados pelos estudantes. Qualquer desrespeito ou desobediência a um professor é motivo de punição severa.
Como se vê, muito diferente daqui, onde muitos professores são agredidos e marginais tumultuam e interrompem as aulas.
Os 9 anos de ensino compulsório na China são gratuitos. Mas os pais pagam o uniforme, o transporte e a alimentação. Os 3 anos de ensino médio são pagos, até nas escolas públicas.
A  dedicação extrema aos estudos é uma  tradição entranhada  na cultura das famílias chinesas. As famílias se privam de tudo para que seus filhos estudem nos melhores colégios e nas melhores universidades e sejam os mais bem classificados. As famílias sempre incentivam e cobram resultados de seus filhos. Os que não vencem nessa competição desenfreada  passam por sérios problemas de ordem psicológica, como depressão e até suicídio.
Existem denúncias que o Governo investiga e procura coibir, de corrupção de professores para que coloquem alunos nos melhores lugares nas salas de aula ou para que deem melhor assistência a determinados alunos.
Os que vencem  almejam objetivos mais elevados, como concluírem com sucesso seus cursos  nas melhores universidades chinesas , fazerem  cursos de mestrado ou doutorado  na China ou em universidades renomadas nos Estados Unidos.
Para chegar lá eles precisam ter destaque relevante no Gao Kao, o duro exame nacional de admissão universitária. A nota obtida no Gao Kao é que determinará o nível da universidade em que eles estudarão.
Essa é a razão da dedicação extrema aos estudos. A maioria desses jovens nessa competição  desenfreada   , saem pouco e não vão a baladas.
Além dos horários nos colégios abrangerem períodos pela manhã e à tarde, os estudantes ainda tem de dedicar uma média de quatro horas para estudar em casa.
Muitos jovens dedicam-se tanto aos estudos que passam muito tempo sem namorar. Dão prioridade absoluta aos estudos. Mesmo quando se apaixonam, retardam a concretização de seus relacionamentos até concluírem seus estudos.
Por esse motivo, em 2010,   Shangai tirou o primeiro lugar em todas as áreas analisadas (matemática, ciências e leitura) no Teste de Pisa, o mais importante e respeitado teste internacional de qualidade educacional.
Promovido pela OCDE (o clube dos países desenvolvidos), esse teste avalia o conhecimento de jovens de 15 anos de idade.
O Teste de Pisa foi iniciado em 2000 em 32 países (o Brasil ficou em último lugar).
A China hoje conta hoje com algumas universidades que rivalizam com as melhores universidades norte-americanas e o Governo continua a investir cada vez mais no ensino  universitário e nos centros científicos e de alta tecnologia na China.
As áreas de pesquisa militar, aeronáutica, espacial, robótica, nanotecnologia, medicina, controle da poluição, urbanismo e outras são priorizadas pelo governo chinês.
Em 2014, a China foi o país que recebeu mais investimentos estrangeiros no Mundo, com US$ 128 bilhôes, superando os Estados Unidos, que recebeu US$ 86 bilhões.  E ainda é preciso considerar que Hong Kong, que também é uma Região Administrativa Especial da China,  recebeu US$ 111 bilhões.
Uma das explicações para esse sucesso é o alto nível de preparo e de dedicação  dos técnicos e operários chineses.
Mas tudo tem um preço.
Em conversas esparsas com estrangeiros me foi dito  que as leis trabalhistas chinesas tem alguma semelhança com as leis na Europa e nos Estados Unidos.
Existe – no papel – limite de horas de trabalho,  férias e alguns benefícios.
Mas não há qualquer fiscalização oficial sobre o cumprimento dessas regras.
O que de fato existe é um capitalismo selvagem levado ao extremo. Os operários chineses trabalham uma média de 12  horas por dia, 6 dias por semana. E, muitas vezes, também trabalham nos domingos.
Vivem satisfeitos com essas condições duras de trabalho e com o pouco que ganham porque essa é a opção que lhes é oferecida e que  é suficiente para sobreviverem de forma digna.
A maioria desses trabalhadores é proveniente do interior da China.
Quando se destacam, são promovidos dentro das empresas privadas e estatais e órgãos do Governo, recebem incentivos para estudar e cursar universidades ,  passam a desfrutar de  outras regalias , a terem uma menor carga horária de trabalho  e a ocupar espaços mais elevados na escala social.
Os que não se adaptam à dureza desse regime são descartados e voltam para suas vilas e cidades no interior da China. Existem centenas  de milhões de pretendentes para ocuparem suas posições.
Mas apesar dessa realidade foram consolidadas algumas conquistas sociais e de assistência de saúde nos últimos anos.
Hoje existe um salário mínimo que varia de região para região mas que atende às despesas para sustentar uma família.
Na área urbana, os funcionários públicos  e de entidades estatais recebem assistência médica do Estado.
Os demais trabalhadores tem plano de saúde que garante assistência médica básica e somente pagam uma parte pequena das consultas.
Desde 2003 o Governo implementou um sistema cooperativo médico rural. O sistema tem tido êxito.
Na área urbana, Os funcionários públicos  e de entidades estatais se aposentam à custa do Estado. Os homens com 60 anos e as mulheres com 55 anos. Os empregados de empresas privadas podem se aposentar mais cedo, aos 50  anos , dependendo das condições do seguro para aposentadoria.
Nas zonas rurais está sendo implementado um sistema de seguros para aposentadoria de  idosos com a ajuda do Estado.
De Hong Kong fomos para Macau.
Até 1999, Macau foi uma colônia portuguesa e hoje é uma Região Administrativa Especial da China. Macau conta com 608.000 habitantes. Atualmente Macau tem a maior densidade populacional do mundo com 23.200 habitantes por km2 e seu território tem 26,2 quilômetros quadrados.
O distância de Hong Kong a Macau é de  65 quilômetros que pode ser feita por avião , barca ou até por via terrestre, em um percurso mais longo.
Preferimos a barca para apreciar o mar.
No embarque entramos em uma barca quase que inteiramente ocupada por turistas.
Em outro  ponto de embarque havia muito barulho.
 Era uma barca  completamente cheia de chineses.  Nesses momentos os chineses se reúnem em grandes grupos, todos muito juntos uns dos outros, todos riem  e falam alto sem parar. Parecem um bando de gralhas.
Esse comportamento dá a impressão  de ser uma forma de descontração para se compensarem pelas muitas horas de trabalho duro em que permanecem calados e isolados.  Gostaria de ter embarcado naquela barca para sentir aquela vibração e alegria.
Na área de desembarque os avisos para os passageiros são escritos em chinês, inglês e português.
Para os brasileiros é um passeio interessante porque existem muitos estabelecimentos com avisos nas três línguas, inclusive restaurantes.
Frequentemente encontramos portugueses que nos atendem com especial cortesia e atenção.
Pode-se tomar qualquer dos vários ônibus que levam aos hotéis-cassino.
A vida noturna em Macau é intensa.  Os cassinos fucionam todo o tempo e contam com restaurantes, shows, lojas  e atividades diversas.
Atualmente o cassino Venetian Macao é considerado o maior cassino do mundo. É dividido em várias áreas.
No período em que  chegamos estavam sendo erguidos 18 grandes cassinos hotel de nível internacional.
Macau é um paradoxo e uma exceção em relação ao regime e às imposições legais  que imperam no restante da  China.
Macau é o único local em toda a China em que o jogo de azar é liberado.
As receitas com a jogatina   chegaram a US$ 45 bilhões em 2013 ,  20% a mais do que em 2012. No mesmo período Las Vegas faturou US$ 6 bilhões.
Calcula-se que em 2017, o faturamento em Macau  atinja US$ 77 bilhões.
É uma cifra impressionante se considerarmos que, em 2002, Macau faturou US$ 3 bilhões.
Os cassinos em Macau ganham sete vezes mais do que em Las Vegas.
Os empregos em cassinos pagam 30 a 40% a mais do que em outras atividades e empregam um quarto da força de trabalho.
Acresça-se a isso os empregos ligados a cassinos, como a rede hoteleira, restaurantes, casas de espetáculos  e comércio em geral. Dessa forma, metade da população ativa na cidade está ligada ao jogo.
O desemprego tem a taxa irrisória de 1,8%.
Macau já é considerada mais rica que a Suiça.
Mas isso tem o seu lado negativo.
Cresce a prostituição, o crime organizado e a lavagem de dinheiro. Esses assuntos são manchetes diárias na mídia.
A população local reclama da poluição crescente do ar causada pelos ônibus que servem aos cassinos e que atendem aos 29 milhões de pessoas que visitam a cidade.
Protestam contra o encarecimento dos imóveis, a perda de áreas verdes e a deterioração geral na qualidade de vida, o crescimento da criminalidade, a falta de perspectiva de estudos e de aperfeiçoamento profissional  para os jovens  e outros problemas.
Mas os empresários do setor de cassinos veem  perspectivas ilimitadas para o crescimento de seus negócios e investem cada vez mais.
As autoridades de Macau e do Governo Chinês não parecem dispostos a interferir nesse crescimento desenfreado que tem um déficit crescente de mão de obra especializada. A carência de especialistas na área de “TI – Tecnologia de Informação” é cada vez maior.
Os empresários locais  trazem técnicos  e executivos  de outros lugares e estão investindo pesado na formação e treinamento de pessoas  para o trabalho nos cassinos e para o atendimento na ampla rede de hotéis.
Certamente as autoridades analisam  esse assunto de forma muito objetiva pois a renda de impostos em Macau é colossal.
É preciso considerar que os jogos de azar, a prostituição e a criminalidade ficam circunscritas àquela área específica que tem 1/2302% da população total da China, o que facilita o trabalho e o controle  da polícia e não permite que essas atividades ilícitas se espalhem por outras áreas do território chinês.  Por outro lado, se as autoridades chinesas adotassem uma política inflexível , a renda da jogatina e a rede hoteleira em constante expansão  iria para outros países. 
Ademais, muita gente vai a Macau com outros objetivos que não jogar. Eles vão se hospedar nos hotéis para se divertir, descansar e aproveitar de suas atrações, como belíssimos  shows, bares, piscinas e  excelentes restaurantes com cardápios internacionais.  Pode-se passear em Macau em triciclos e apreciar as construções, monumentos  e igrejas do tempo da colonização portuguesa.
O  Macau Grand Prix realizado no Autódromo de Macau é um dos mais concorridos do mundo.
São  por essas  razões que os hotéis estão sempre lotados.
Voltamos para  Hong Kong e de lá retornamos ao Rio com escala em Paris.
Essa viagem foi uma experiência inesquecível.
Mas a China é um universo muito mais amplo e diversificado do que foi apresentado nesta limitada nota.  Por isso muitos a chamam, de forma metafórica,  de Planeta China. 
Acima de tudo, essa viagem nos deixou profundamente reflexivos por compararmos o que vimos com a situação atual de nosso país.
Como dissemos no início desta exposição, não há como fazer confrontações entre a China e o Brasil.
São universos diametralmente  distintos.
A China é uma civilização de mais de 5000 anos com uma população chinesa quase que integralmente da  etnia han e que conta com 1.400.000.000 de habitantes. Tem uma base cultural, religiosa e filosófica baseada no Confuncionismo, no Taoísmo e no Budismo. 
Tem várias divisões na língua chinesa além de contar com uma infinidade de dialetos o que torna a integração, educação e comunicação  de seu povo um processo bem complexo. 
No atual despertar da China, ela tem tido vários atritos  militares  e tem feito várias ameaças a países que a cercam em razão de  disputas territoriais com fundamentos históricos.
O Brasil é um país jovem com uma população  miscigenada  de povos e raças provenientes de todos os lugares do mundo e com uma mistura heterogênea de costumes, religiões e culturas.
Temos a vantagem da língua  portuguesa ser o único idioma falado em todo o território nacional.
E, o que consideramos de suma importância, temos um amplo e rico território e não temos disputas fronteiriças  com  os países que nos cercam. Muito pelo contrário, temos uma relação pacífica e harmoniosa com todos eles.
Ou seja, temos todas as  condições  para sermos uma potência de primeira linha com  progresso e paz.
Mas somos obrigados a aceitar e compreender que, na presente quadra, nosso povo, nossas instituições e cada um de nós,  estamos mergulhados em uma crise moral  sem paralelo em nossa história.
Crise essa que compromete nossa paz, nossa felicidade , nossas famílias,  a saúde e a educação de nosso povo, nosso sucesso econômico e a nossa sobrevivência como  nação.
Não temos outra alternativa que não seja olharmos para  dentro de nós mesmos   para fazermos uma mudança radical em nossas vidas, em nosso comportamento pessoal e no relacionamento  com nossos semelhantes  para assim, mudarmos o país como um todo.
Ou saímos desse abismo moral em que nos encontramos e nos reestruturamos como indivíduos e como nação , ou desapareceremos como   já ocorreu com tantas outras civilizações ao longo da  história.
Nesse fundamental aspecto, a China é um exemplo a ser seguido.
Adaí  Rosembak
Sócio da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB