Há algum tempo tinha optado por não ser mais um a malhar o PT e a abordar o
assunto Petrolão.
São muitos blogueiros a se centrarem
nesses temas.
Todos os dias os jornais, a internet e as TVs despejam uma enxurrada de novas denúncias, novos desvios, novas
irregularidades, novas propinas, novas
investigações, novas prisões , novos recursos.
Considerei que seria desnecessário e até maçante ser
mais um a repetir as mesmas notícias da mídia no meu blog.
Preferi me dedicar a assuntos relacionados especificamente aos
interesses dos aposentados e pensionistas da PREVI, às notícias das associações
e a escrever um ou outro artigo de cunho histórico, que é uma matéria que
gosto.
Mas existe um limite para tudo.
Até o momento em que você é diariamente confrontado com imagens chocantes na TV mostrando a desgraça
que se abate sobre os desempregados da Comperj e suas famílias, de uma hora
para outra jogados ao léu, na miséria, desesperados,
sem qualquer ajuda nem respeito.
Até o momento em que você vê um homem aos prantos, com a sua dignidade
vilipendiada, revoltado, sem emprego, sem dinheiro, com a família passando por
privações.
Até quando sua auxiliar do lar lhe pede um adiantamento pois seu
companheiro perdeu o emprego em Itaboraí, ela deve o aluguel e não tem dinheiro
para comida e necessidades básicas.
Até quando você vê na TV canalhas
como Renato Duque e João Vaccari Neto mentirem e debocharem descaradamente da
população e de parlamentares em uma CPI.
Até quando você vê os dirigentes de um partido como o PT defenderem
ferozmente delinquentes desse jaez.
Até quando você vê uma militante com 33 anos dedicada ao PT como Marta
Suplicy, abandonar o partido desencantada com o caminho nefasto que o partido
tomou nos últimos tempos. E ainda existem petistas com a desfaçatez de a acusarem
de ter abandonado o partido por ambições
eleitorais.
Até quando você encontra ex-petistas desencantados, revoltados com a
traição do partido e do candidato em quem votaram, enojados
com a classe política e até amargurados de serem brasileiros.
Até quando você lê os artigos destemidos de um guerreiro como Ari
Zanella.
Até quando você lê uma nota arrasadora como “O Pesadelo do PT”, de Cecília Garcez, em
que ela expressa sua revolta com tudo o que está ocorrendo.
Até quando você lê um magistral artigo como “O Erro Principal”, de
Miriam Leitão, no O Globo.
Aí não dá para ser indiferente. Não dá para segurar.
Você não é um ermitão, você vive em sociedade.
Tudo isso lhe toca, essa infelicidade alheia lhe abate.
Sentimos tristeza, desencanto e revolta com essa desgraça que nos cerca.
Que me perdoem os amigos que respeito e de quem gosto mas que continuam
a defender o PT. É um momento em que temos de ser diretos e sinceros.
Saiam desse esgoto moral. Nada justifica compactuar com essa imundície.
Resgatem a dignidade de seus semelhantes, respeitem seus compatriotas e
seu país.
Vou parar por aqui.
Transcrevo adiante o magnífico artigo
“O Erro Principal”, de Miriam Leitão, publicado no O Globo, de
26.04.2015.
Adaí Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB
O Erro Principal
O PT administrou a Petrobrás como se a empresa fosse dele. Esse é o erro
primeiro do desastre consagrado em balanço. Desde que assumiu o governo, em
2003, foi isso que se viu. Todos os alertas, todos os avisos eram tratados como
se fossem intromissões indevidas em assuntos internos. O PT geriu a Petrobrás
como se ela fosse uma sesmaria, e o partido, o seu capitão donatário.
Na donataria da Petrobrás, o partido cometeu todos os erros conhecidos
nos manuais de administração. E mais alguns. O PT achava que a ninguém tinha
que prestar contas, e os militantes-dirigentes diziam que tinham salvado a
empresa do risco de privatização e, portanto, poderiam usá-la. Com essa visão,
o ex-presidente José Sergio Gabrielli assumiu a empresa em 2005.
Tudo vem desse erro primordial. O que era público foi privatizado para
um partido, que inchou seu quadro com indicações políticas. Ela foi
administrada como se fosse o quintal do Palácio do Planalto. Mas é empresa de
capital aberto com ações em Bolsa , capital pulverizado, inclusive com recursos
do Fundo de Garantia e com ações negociadas na Bolsa de Nova York. É empresa
internacional que vendeu títulos e bônus no exterior, comprados por fundos de
aposentadoria de trabalhadores. Foi tratada como uma donataria do Partido dos
Trabalhadores.
De Brasília, o ex-presidente Lula decidiu fazer a refinaria Abreu e
Lima, a qualquer custo, para agradar ao amigo Hugo Chávez. Ela custou mais
caro, entre outras coisas, porque no meio do caminho a Venezuela saiu fora, e o
Brasil precisou mudar o projeto de refino que havia sido desenhado para
processar o petróleo da Venezuela.
A gestão petista em três mandatos tomou decisões insensatas, e a palavra
final ficou sempre com os presidentes Lula e Dilma. A presidente era ministra
da Energia, presidente do conselho de administração, chefe da Casa Civil, antes
de assumir o governo. Lula foi presidente por dois mandatos e tutelou o
primeiro de Dilma. Os dois são responsáveis pelo que aconteceu.
Os preços foram controlados para que a inflação ficasse abaixo do limite
máximo permitido pelas metas de inflação. A defasagem vigorou durante anos. A
empresa passou a pagar mais pelo produto importado do que podia cobrar por ele.
Quando confrontado com isso, Gabrielli dizia que não podia repassar para o
consumidor a volatilidade dos preços. Balela. Só faria sentido o argumento se
fosse por pouco tempo; não abona anos de prejuízo na venda do combustível. A
ex-presidente graça Foster pediu várias vezes que os preços fossem corrigidos,
mas não conseguiu.
A direção da empresa rasgou os mais elementares conceitos da boa gestão,
como vimos aqui neste jornal em série de reportagem: primeiro, a empresa
comprou equipamentos em regime de urgência para o Comperj; depois, decidiu
mudar o projeto. A construção de mais duas refinarias foi moeda política para
estados do Nordeste, apesar de todos os avisos de que a margem do refino tinha
se estreitado e não era viável instalar quatro refinarias ao mesmo tempo.
O governo Lula interrompeu os leilões para mudar o modelo de exploração
para partilha, criar outra estatal de petróleo , redividir os royalties.
Perdemos o melhor momento do mercado, quando havia vontade de investir no
Brasil, capital sobrando, e poucas alternativas.
Como se não fosse suficiente manipular os preços, afugentar
investidores, impor projetos errados e ocultar informações de órgãos
fiscalizadores, ainda houve a corrupção. A empresa foi retalhada dando uma
gleba para cada partido da base. Equivaleu a uma licença para assaltar. Os
operadores políticos e seus escolhidos dividiram o botim do ataque à maior
empresa do país.
A Petrobrás ficou à beira do abismo. A cratera que se abriu em suas
contas foi calculada em R$ 51 bilhões. Pode ter sido muito mais, se contar o
custo de oportunidade de ter seguido outro modelo de administração que evitaria
o desperdício de recursos em projetos equivocados, alguns deles, abandonados. O
uso da empresa como se fosse propriedade do partido provocou a destruição de
riqueza coletiva. Tudo Nasceu do erro inicial: o PT , ao ser eleito, achou que
tinha virado o dono das empresas que são públicas.
Este artigo é
da Colunista Míriam Leitão, e foi publicado no Jornal O Globo, em 26.04.2015
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirColega Adaí concordo plenamente com Você, mas se a gente for mais fundo não salva ninguém, nenhum partido, nenhum político - Enquanto a Sociedade não conseguir emplacar uma reforma POLÍTICA radical, com absoluta independência entre os 3 Poderes - nossos protestos não terão qualquer resultado. E note que tal reforma jamais virá do Congresso, com esses políticos que aí estão.
ResponderExcluirPedrito Fábis - Campinas-sp
Caro Pedrito Fábis,
ExcluirVocê tem absoluta razão.
Mas vou mais além. Acho que o que precisamos de mudar é a nossa mentalidade.
No meu entender, não existe nenhuma reforma política que funcione se a mentalidade de um povo não mudar.
E isso é um processo traumático.
Muitos historiadores e estudiosos dizem que o que efetivamente muda a mentalidade de um povo é o sofrimento, é a guerra.
De fato, todas as grandes potências atuais passaram por grandes traumas em suas histórias.
Mas acho que já estamos passando por um período duro .
O brasileiro de hoje não é mais o mesmo brasileiro de tempos atrás. E continua a mudar.
Tenho fé neste país.
Um abração
Adaí Rosembak
Como acessar o Blog?
ResponderExcluirCaro Pedrito Fábis,
ExcluirAcesse no Google "ADAIROSEMBAK.BLOGSPOT.COM.BR".
Também não sou um expert em informática.
Vewja se funciona.
Um abraço
Adaí Rosembak
vEJA SE FUNCIONA.
uM ABRAÇO