sábado, 16 de setembro de 2017

ADEUS ÀS ILUSÕES

Caros Companheiros,

Estava a divagar sobre a visão política de alguns segmentos de esquerda, face à falência do modelo ideológico do comunismo e de estados que implodiram frente  à realidade dos fatos. 
O exemplo mais flagrante desse desastre, foi a ex-URSS.
Como na minha juventude também fui um seguidor do que Lênin chamava de “doença infantil do esquerdismo”, muitas vezes sinto-me frustrado e constrangido de tentar um diálogo equilibrado, mas “impossível”, com um esquerdista radical fanatizado por uma visão política superada pela realidade histórica.
Como não têm uma argumentação política e econômica racionais para a sustentação de um debate objetivo e equilibrado, partem para insultos e agressões pessoais.
Já fui chamado de “coxinha” (de onde provém e qual o sentido dessa qualificação?) e de outras “alcunhas” impublicáveis. É imenso o número de mensagens insultuosas que excluo neste blog, após a análise moderadora.
Mas a realidade dos fatos não admite contestações.
Dilma foi deposta pelo “conjunto da obra” e pelas “pedaladas fiscais” que quebraram o país.
Michel Temer, se não for julgado até o fim do mandato, certamente o será após sair da Presidência. Por motivos diversos.
O importante é que prevaleça o “IMPÉRIO DA LEI. ”
Esse é o caminho da redenção do Brasil.
No momento, defrontamo-nos com a perspectiva de delação premiada de Antônio Palocci, um dos expoentes do PT que, se efetivada,  abalará os alicerces mais recônditos e putrefatos do PT.
O que foi revelado até agora pelo “italiano” Palocci, são apenas acepipes iniciais para o farto banquete de delações e provas que deverão ser apresentadas, caso a delação premiada de Antônio Palloci seja aprovada.
A lógica de Nicolau Maquiavel, em sua obra “O Príncipe”, de que “os fins justificam os meios”, que sempre foi um dos esteios basilares da atuação política do PT, vai ser exposta às escâncaras para toda a sociedade.
Lula e o PT sobreviverão a esse ataque fulminante? Estejamos atentos para os próximos e excitantes capítulos desse drama draconiano.
Para que tenhamos uma visão objetiva dessa situação, transcrevo adiante o artigo “ ADEUS LULA, é um filme sobre implosão, separação e pulverização”, do colunista político DEMÉTRIO MAGNOLI, publicado em 16.09.2017, na versão digital do jornal “A Folha de São Paulo”.
À vossa apreciação.

ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB


Artigo de DEMÉTRIO MAGNOLI
“Adeus, Lula' é um filme sobre implosão, separação e pulverização”

As confissões de Palocci, uma explosão fatal na imagem pública de Lula, pedem um roteiro sobre a orfandade da esquerda brasileira, que não se preparou para viver sem seu patrono de quatro décadas.

"Adeus, Lenin!", filme satírico de Wolfgang Becker, ilumina o deslocamento psicológico causado pela queda do Muro de Berlim nos alemães orientais idosos, cujas referências cotidianas estavam todas definidas pelo "socialismo real".
Nos bons tempos, antes do "mensalão", disputava com Dirceu a condição de sucessor de Lula –e tinha a preferência do próprio Lula. O ex-ministro da Fazenda, porém, não possui a têmpera de Dirceu ou dos "apparatchiks" do núcleo duro lulista, como Delúbio e Vaccari. 
Ele desconhece a "omertà", o código de honra que bloqueia a estrada da delação. 
Por isso, começou a falar, convertendo-se subitamente de "herói do povo brasileiro" (segundo o congresso do PT paulista) em traidor "calculista, frio e simulador" (segundo Lula).
Lula e os seus creem que a política está acima de tudo, inclusive dos tribunais.
A tese tem alguma verdade: as implicações judiciais das confissões de Palocci permanecem turvas, mas suas consequências políticas são devastadoras.
A sentença do traidor sobre o "pacto de sangue da propina" tem maior potencial destruidor para a candidatura de Lula que as sentenças de Moro sobre um certo tríplex ou um célebre sítio.
Palocci fecha um ciclo histórico no qual a esquerda não precisou se ocupar com os problemas cruciais da unidade e do rumo ideológico.
O projeto do PT reuniu as heterogêneas correntes da esquerda, oferecendo um leito comum para sindicalistas, movimentos sociais, militantes católicos da "teologia da libertação", castristas de diversos matizes e grupúsculos trotskistas.
Lula serviu como traço de uma unidade que jamais derivou de consensos sólidos nos planos dos valores, da doutrina ou das estratégias.
Na falta desse mastro, nada deterá a fragmentação em curso, ainda que venha a ser disfarçada sob o rótulo de uma "frente popular" de partidos e movimentos.
A candidatura Haddad, plano B do lulismo, pode até evitar o naufrágio da nau petista, mas carece de força gravitacional para restaurar a moldura unitária que se despedaça.
O lulismo garantiu a unidade por meio da virtual supressão da divergência ideológica.
No percurso, a curva decisiva foi a chegada de Lula ao Planalto, que cancelou o já rarefeito debate de ideias no interior do PT.
Dali em diante, as correntes petistas engajaram-se na ocupação de cargos no aparelho de Estado, enquanto os "intelectuais de esquerda" aceitaram a humilhante tarefa de justificar tanto as oscilações de rumo do governo quanto as pútridas alianças do capitalismo de compadrio patrocinadas por Lula. 
O ex-presidente carrega a culpa direta pelo "pacto de sangue" confessado por Palocci, mas a responsabilidade política espraia-se muito além dele, até doutos acadêmicos que nunca se beneficiaram do vil metal.
Unidade e ausência de debate ideológico –as duas coisas estão ligadas como as lâminas de uma tesoura.
O lulismo salvou a esquerda das forças centrífugas provocadas pela discussão de temas como o lugar das empresas estatais, a produtividade da economia, a curva de sustentabilidade fiscal, a qualidade dos serviços públicos, o imperativo da reforma política.
Lula construiu uma cápsula encouraçada, isolando a esquerda num santuário.
A prova de seu sucesso está à vista de todos, nos artigos vexatórios dos "companheiros de viagem" que ainda defendem a política econômica dilmista ou celebram a calcificação ditatorial do regime venezuelano.
"Adeus, Lula" é um filme sobre implosão, separação, pulverização.
Depois de Palocci, a unidade está morta.
Com sorte, do desfecho ressurgirá o debate estancado. 
Ergamos um esperançoso brinde ao traidor.

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demétrio magnoli


4 comentários:

  1. Caro Senhor,

    Gostei muito do artigo.
    Mas pergunto quem colocar no poder se ninguém presta?

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    1. Caro Anônimo,

      Discordo radicalmente de você.
      Temos grandes valores no Congresso.
      Em um artigo anterior, reproduzi uma nota do Senador Christovam Buarque, que é um político de alto nível, um intelectual e escritor brilhante, e que tem uma trajetória política ilibada.
      Fora isso, concordemos com suas posições ou não, temos políticos que entrarão na próxima disputa presidencial como João Dória, Geraldo Alckmim, Bolsonaro (quanto a esse tenho restrições em relação às suas posições radicais), Ciro Gomes (é outro quanto ao qual tenho restrições) e vários outros políticos.
      Caberá ao povo escolher a melhor opção.
      Temos de continuar nessa jornada de depuração do exercício da política.
      Doa a quem doer, independente de partidos e de visões pessoais.
      O que importa é que prevaleça o IMPÉRIO DA LEI.
      Para tanto, temos de enaltecer e valorizar o Poder Judiciário. Adicionalmente temos de fortalecer o sistema democrático e preservar a liberdade de expressão, cuja expressão maior é a independência da mídia.
      O resto virá como consequência.
      O povo sabiamente saberá encontrar seu caminho.

      Abração

      Adaí Rosembak

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  2. Senhor,

    Acabei de ler que a comissão de ÉTICA (?????) do PT em Ribeião Preto SP vai pedir a expulsão de Antônio Palloci do PT. Essa canalha além de perder a vergonha na cara ainda ficou louca??
    Amigo, continue a martelar. Gosto de seus artigos. Não pare.

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    1. Caro Anônimo,

      Realmente é chocante e paradoxal que o PT tenha de recorrer a uma comissão de ÉTICA (???) para expulsar do PT um companheiro que se atreve a denunciar a podridão dentro de seu partido.
      Deveria ser exatamente o contrário.
      Abordei esse tema no artigo anterior.
      Não se trata de vergonha na cara e nem de loucura.
      Estamos lidando com um fenômeno que foge à normalidade.
      Trata-se de um fanatismo político como se fosse um fanatismo religioso.
      Lembra-se do Pastor Jim Jones que levou ao suicídio mais de 900 seguidores fanatizados pelos princípios radicais de sua seita? Lula é o Jim Jones do PT. Lula é o deus idolatrado e é a verdade única e absoluta.
      Então desista de tentar mudar essa estrutura política fracassada, cristalizada e petrificada.
      É uma missão impossível.
      Temos é de a derrotar nas urnas pela força da democracia.
      Temos é de procurar a solidificação da democracia, da paz, do progresso e da liberdade de expressão.
      Para tanto temos de exercer com consciência e responsabilidade nosso papel de eleitores nas próximas eleições.
      Esse é o caminho.

      Abração

      Adaí Rosembak

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