sábado, 4 de outubro de 2014

AS ELEIÇÕES E A REALIDADE

Sempre procuro não discutir política em período de eleições porque os ânimos ficam exaltados , as posições ficam radicalizadas e podem ocorrer atos de violência.
Lembro-me da primeira eleição do Lula em 27.10.2002, em que o refrão era o “Lula-Lá”.
Era a quarta tentativa de Lula, em que o PT insistiu em o lançar como candidato a presidente quando, finalmente, teve êxito.
Cito uma cena que retrata bem a insanidade desse período.
Eu almoçava em um restaurante no Catete (bairro no Rio) quando irromperam no recinto lotado, três moças empunhando bandeiras do PT e aos gritos de “Lula-Lá”.
Foi um tumulto generalizado e os seguranças retiraram as moças à força do restaurante. Alguns comensais reagiram àquela intrusão com xingamentos e ameaças de agressão.
Elas se esqueceram da máxima de que devemos respeitar opiniões alheias no que concerne a religião, política e futebol.
Eu conhecia uma delas. Trabalhava em um banco e era uma ativista sindical.
Passaram-se os anos e eu a reencontrei. Hoje, madura e desencantada com os políticos, ela é uma feroz anti-petista.
Ou seja, continua uma radical.
Antes de continuar meu relato, esclareço que não votarei em nenhum candidato do PT. Portanto, sou insuspeito de defender a atual presidente e muito menos de ser um simpatizante do PT.
Até porque penso que sempre deva haver uma renovação de nossos representantes e dos quadros dominantes.
É um privilégio das democracias.
Ademais, com o Mensalão e com a corrupção generalizada em empresas estatais e em áreas da administração pública, o PT que empunhava uma bandeira de retidão e honestidade, se desmoralizou e penso que é a hora de deixar o poder.
Mas hoje, 03.10.2014, li no “O Globo”, dois artigos bem oportunos relacionados às eleições.
Um é “Eleição”, de Paulo Nogueira Batista Jr., economista e diretor executivo pelo Brasil e por mais 10 países no FMI. O outro é “Pela Família!”, de Arthur Dapieve, colunista do segundo caderno do O Globo.
O artigo de Paulo Nogueira Batista Jr. retrata a amargura e o choque da classe média com a repentina recuperação da Presidente Dilma nas pesquisas eleitorais.
Já a nota de Arthur Dapieve retrata o nepotismo na administração pública e a candidatura de parentes de políticos para novos cargos.
É o velho sistema viciado do nepotismo na política brasileira.
Senti essa realidade quando trabalhei como gerente do BB na agência de Maragogipe, no interior da Bahia.
Era o período do Governo Fernando Collor de Mello.
Maragogipe é um município muito grande com mais de 20 povoados.
A população é de baixa renda com grande número de idosos aposentados que, à época, recebiam pensões do INSS e também o benefício rural, a pensão para aposentados rurais.
A maior parte da população jovem, principalmente homens, se deslocava para trabalhar em cidades maiores e, principalmente, na capital Salvador.
Quando cheguei à cidade aluguei uma excelente casa que ficava a cinco minutos a pé da agência do BB. Assim não perdia tempo e nem gastava dinheiro com condução de ida e volta ao trabalho.
Aliás não existiam ônibus circulando dentro da cidade.
Os táxis trabalhavam basicamente em percursos mais longos a povoados distantes ou a outros municípios.
Para as distâncias médias, era muito comum o uso de bois, jegues e cavalos “sem sela”. Enfiavam uma bola na boca do animal presa a duas cordas e montavam direto no lombo.
Para mim, que estava recém-chegado do Rio, tudo era surpreendente.
Comprei móveis simples e eletrodomésticos básicos já que ia ficar por dois anos na cidade até completar o tempo para me aposentar.
Contratei uma empregada e, ao estipular o salário , propús pagar o salário mínimo até porque ela tinha cinco filhos menores e fora abandonada pelo companheiro.
Ela ficou assustada com a proposta e eu achei que tinha oferecido muito pouco pois, no Rio de Janeiro, se registra na carteira de trabalho um salário mínimo mas, na realidade, acaba se pagando quase o dobro, além de outros benefícios.
Para minha surpresa, ela agradeceu e me pediu que não revelasse para ninguém o quanto ia receber pois os vizinhos iriam lhe pedir dinheiro emprestado.
Na cidade se pagava um terço do salário mínimo para empregadas domésticas.
Esse foi meu primeiro contato com a realidade da miséria em nosso país.
Ao conversar com essa valorosa mulher e mãe dedicada, ela sempre dizia que eu era “rico”. Fui obrigado a lhe dizer francamente que eu não era rico, ela é que era muito pobre.
Ela morava em uma “meia água” junto à casa de um parente. A “meia água” era um único aposento, sem banheiro nem cozinha, construído junto à parede de outra casa. Assim, não pagava aluguel.
O banheiro era a “casinha” no mato.
Usavam fogão de lenha – não se gastava com gás.
Dormiam ela e os filhos “juntados” numa lona.
E quanto à comida? Tinham frutas do mato e do quintal , inhame, algumas hortaliças, porcos, galinhas, patos, tatus, pacas, outras caças eventuais e peixes pescados por eles mesmos no Rio Paraguaçu. Compravam pouca coisa na feira.
Era uma feira diferente onde as mercadorias ficavam expostas em esteiras no chão e não em barracas como nas feiras do Rio.
A carne era vendida sem refrigeração e sem embalagem. Se fazia um buraco na peça de carne, se enfiava um barbante ou folha de bananeira e ela era carregada no ombro.
Só eventualmente se usava sabão. E assim mesmo sabão de coco.
Tomavam banho de bacia ou no córrego.
Era costume andar a pé ou com sandália de dedo – não se compravam sapatos.
O cabelo era cortado em casa.
Dormiam cedo e acordavam cedo; não precisavam de luz elétrica.
Não tinham televisão.
Por isso, não havia despesa com energia.
Se gastava pouco com roupas. Se comprava pano barato e se faziam as roupas em casa com tesoura, linha e agulha.
Uma despesa era com a compra de cadernos e lápis para a escola. Os livros eram usados e doados por outras pessoas.
Nessa situação, acabei “adotando” a empregada e os filhos.
Comiam na minha casa, tomavam banho de chuveiro e, eventualmente, dormiam em colchões sobressalentes que comprei para eles.
Comprei agasalhos e livros novos para todos.
Quando voltei ao Rio , dei para ela todos os móveis, utensílios de cozinha, eletrodomésticos, inclusive TV, geladeira, fogão e roupas de cama e de banho.
Foi uma festa e fui levado às lagrimas por ter ajudado de coração aqueles irmãos brasileiros pobres.
Pouco se lia na cidade.
Havia um senhor idoso que distribuia o jornal “A Tarde” para diversos fregueses habituais.
Esse senhor obtinha uma pequena renda com a distribuição do jornal que chegava bem cedo, de ônibus, de Salvador.
Aí surgiu um visionário que montou uma banca de jornal na praça principal em frente ao BB.
Como qualquer banca de jornal de cidade grande, na inauguração haviam publicações de todos os generos. Dei força ao empreendedor e me comprometi a comprar a Veja, Isto É, Seleções do Reader's Digest, revistas sobre economia e até a Newsweek ou a Time.
O dono da banca estava eufórico e o senhor que distribuia “A Tarde” furioso com a inesperada concorrência.
Quinze dias depois as revistas continuavam encalhadas.
As únicas publicações que vendiam eram revistas pornográficas.
Logo depois, por pressão do prefeito e do padre local , essas revistas foram impedidas de serem vendidas.
A banca fechou e o idoso que distribuia “A Tarde” voltou a sorrir.
Em conversa com um dono de farmácia , ele me revelou que a grande renda da farmácia estava na venda de anti-concepcionais e camisinhas.
Sem TV, sem cinema, sem biblioteca, dormindo cedo, “aquilo” era o melhor passa-tempo...
Não havia stress na cidade, com exceção da trabalheira no banco.
O ar era puro. A vida era tranquila, sadia e prazerosa.
O Rio Paraguaçu era uma opção de lazer maravilhosa.
Tenho saudade dos passeios de barco e caiaque.
Sinto  falta das fartas fritadas e muquecas de peixe em praias de rio.
Enfim, os pobres ganhavam pouco mas levavam uma vida feliz.
O grande temor daquela gente era perder o tal do benefício rural que era um valor bem baixo.
As filas no BB – o único banco da cidade - para o pagamento do benefício,  começavam a se formar à noite, no dia anterior ao do pagamento, quando eu fechava as portas da agência. Essas filas se estendiam por vários quarteirões e vinham pessoas de todos os povoados do município.
A praça em frente ao banco ficava entupida de animais, charretes, bicicletas, motos, carroças, caminhões, etc. Muitas pessoas passavam mal e faziam suas necessidades em qualquer lugar. Outras desmaiavam na imensa fila.
O assoalho da agência ficava completamente sujo com  fezes de animais.
A agência em si já era uma coisa horrorosa. O gerente anterior dizia que eram as piores instalações do BB no país.
De fato, era uma velha barbearia que foi desativada e adaptada para ser agência bancária. A madeira do teto estava completamente corroída pelo cupim. Todo dia, ao sair da agência, sacudia as roupas, a cabeça e passava a mão pelos cabelos para tirar o cupim. Os apoios de madeira das luminárias já haviam sido corroidos pelo cupim e as lâmpadas ficavam penduradas pelos fios elétricos.
A situação melhorou um pouco quando boa parte do telhado da agência desabou em um temporal. Ao telefonar para  Salvador alarmei o pessoal quando comuniquei que o telhado da agência havia caído. Felizmente não houve vítimas mas muitos documentos se perderam e máquinas se quebraram.
No outro dia os técnicos vindos de SSA chegaram cedo e os trabalhos de reconstrução começaram de imediato.
Outro problema era a constante queda de energia. As máquinas se desprogramavam e os funcionários tinham de trazer as baterias dos próprios carros e colocar em cima das mesas para o acionamento das máquinas.
Devido ao tamanho precário da agência, alugou-se uma casa na virada da esquina para servir como posto exclusivamente para recebimento de contas e pagamento do benefício rural.
Para chegar ao posto pelo fundo da agência principal,  para levar ou recolher numerário e materiais, era preciso passar por cinco quintais de outras casas onde tinham porcos, galinhas, patos, tartarugas, gatos e cachorros, isso sem contar papagaios e diversas gaiolas de passarinhos. Também tinham vários lagartos verdes tipo iguana, comuns na região. Muito capim, lama e  árvores frutíferas.
Vez por outra os animais entravam na agência pelo porta dos fundos da agência que dava nos quintais.
De uma feita ao ir sentar em minha cadeira levei um susto. Uma galinha estava chocando seus ovos no assento macio. Sentei em outra cadeira e deixei a galinácea chocar seus ovos em paz.
Um rapaz que fazia a limpeza da agência, de propósito, colocou ração nos dois degraus que davam acesso à saída para o quintal. A porca que transitava pelos quintais – gigantesca – ao comer a ração, entrou dentro da agência com seus oito porquinhos ao escorregar pelos degraus.
O tumulto foi geral e a agência parou.
Os clientes se juntaram aos funcionários e arrumaram madeiras para fazer uma rampa e, em um esforço conjunto, conseguiram empurrar a imensa porca e os porquinhos rampa a cima de volta ao quintal.
Infelizmente, eu não tinha máquina fotográfica e nem existiam celulares para registrar o evento. Seria um acontecimento digno de constar nos anais do BB.
Comecei a rascunhar um livro sobre essas e muitas outras passagens pitorescas do período que passei naquela acolhedora e calorosa cidade.
Estava em dúvida sobre dois títulos: “Maragogipe, Meu Amor” ou “Estórias de Maragogipe”.
Mas por descaminhos da vida não levei o projeto adiante.
Quinze anos depois, já no Governo Lula, voltei a Maragogipe.
Vi algumas transformações na cidade. Muita coisa se modernizara.
A começar pelo BB que estava em um prédio novo. Terminais bancários haviam sido instalados.
As crianças de minha época já eram jovens crescidos.
E a renda geral do povo da cidade se concentrava no Programa Bolsa Família (PBF) do Governo Lula (2003), muito embora os primórdios desse programa tivessem sido implantados durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso, com o Bolsa Escola, o Auxílio Gás, o Bolsa Alimentação e o Cartão Alimentação.
Mas foi Lula quem efetivamente ampliou esse programa que hoje atinge 45,8 milhões de pessoas em todo o Brasil.
As pessoas pobres com as quais conversava colocavam Deus e Lula no Céu e a Bolsa-Família na terra.
O programa tem pontos controversos? Sim, tem !
Mas o medo da perda dessa mísera renda oficial, mas que é vital para a sobrevivência daquela gente paupérrima, permea a mente daquele povo humilde.
E aí concordo plenamente com Paulo Nogueira Batista Júnior, em sua nota “Eleição” , quando diz que a elite brasileira pouco ou nada entende de povo. E ainda quando ele pergunta se não é o que estamos vendo , mais uma vez.
A desigualdade social neste país, a pior do planeta, atingiu um nível tão absurdo e fora de qualquer parâmetro, que conseguiu eclipsar por completo a visão, a sensibilidade e o bom senso dos extratos superiores da população, as chamadas classes média e alta, e ainda mais dos dirigentes do país, principalmente os próprios petistas, que se tornaram os maiores exploradores desse sistema imoral.
Para os pobres deste país, para os pobres de Maragogipe, para os pobres retirantes nordestinos, considerações de justiça e ética passam ao largo se comparadas com o terror da fome.
É por esse prisma realista que devemos enxergar esta eleição.
Ela se insere no contexto de luta de classes e de mudança de mentalidade.

Adaí Rosembak
Associado da AAFBB e ANABB

8 comentários:

  1. Adaí,
    Será que o número de eleitores tão atrasados supera os eleitores mais esclarecidos das grandes cidades?

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    1. Caro Anônimo,

      Hoje o nível de informação é muito maior do que na época em que trabalhei em Maragogipe BA.
      Mesmo os bolsões mais pobres contam com TVs.
      E o problema não é entre cidades pequenas e cidades grandes. Tanto as cidades grandes como as pequenas, tem bolsões de pessoas muito pobres e nichos de pessoas de classe média e rica.
      Ou seja, é tudo muito mesclado.
      Mas penso que os habitantes das grandes metrópoles sejam mais esclarecidas politicamente.
      O acesso a fontes de informação nas grandes cidades é maior do que nas cidades pequenas.
      Vamos ver o que vai dar nestas eleições.
      Que vença o eleitor !!

      Um abração

      Adaí Rosembak

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  2. Adaí,
    Muito bom o relato. O que deixa a gente triste é saber que os atuais responsáveis pelo poder no País conseguiram (dentre tantos outros mal-feitos) "tirar" para não dizer roubar a dignidade de muitas pessoas humildes, inocentes ao induzi-las a trocar o voto por um prato de comida (infelizmente).

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    1. Caro Pr. Guima,

      É lamentável o que acontece em nosso país.
      Mas como é o nosso país, somos nós que devemos mudar esse sistema.
      Muita coisa mudou para melhor.
      Pior era no tempo da ditadura em que a corrupção acontecia e a imprensa estava amordaçada e o Congresso sob intervenção.
      Hoje temos uma imprensa muito ampla e livre, temos uma Polícia Federal atuante com equipamentos modernos, temos outras polícias que apresentam um trabalho muito bom, temos o Ministério Público, temos um Judiciário que, apesar das deficiências e do gigantismo do trabalho, está atuando, temos um Congresso sem intervenção, temos eleições livres, temos várias outras instituições públicas e privadas que lutam pelo país.
      Enfim, o país mudou para melhor se comparado com outros nesse aspecto.
      Somos uma grande democracia e temos de soltar fogos.
      Pior é uma Venezuela, Equador e Bolívia, isso só na América Latina.
      Na minha época de jovem, na ditadura, nunca poderíamos pensar que um presidente pudesse ser caçado (Collor), ou que houvesse um Mensalão ligado ao partido no Poder, ou que diretores de uma Petrobrás pudessem ser presos.
      E vem mais coisa por aí.
      Ou seja, as inflamações estão se rompendo e estamos expelindo o que tem de ruim.
      Temos de torcer para que o sistema continue assim.
      Seja quem for o presidente eleito.

      Um abração

      Adaí Rosembak

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  3. Caríssimo Adaí.

    Não sou desses dados a radicalismo que não seja por palavras - creio que o faço com cortesia e educação. Não coloco adesivo no meu carro ou qualquer outras evidência na minha definição política exatamente para não criar animosidade. Jamais tento convencer ninguém, apesar de gostar do diálogo político, quando inteligente e mutuamente proveitoso.

    Vou votar em Dilma, mas não estou cego a tantos defeitos e erros do PT, muito justamente merecedor de tantas críticas. Mas escrevo-lhe apenas para dizer que meu voto, "com restrições", se deve ao fato de que sou testemunha dessas mudanças na vida de tantos brasileiros, cuja penúria sempre me maltratou.

    Parabéns pelo depoimento honesto, mesmo tendo posição política diferente.

    Receba um cordial abraço.

    Mlton

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    1. Caro Milton Bertoco,

      Fico lisonjeado recebendo comentários desse nível de sua parte.
      Você sabe que eu o considero, desde longa data, um dos mais honestos e brilhantes ativistas em nossa área.
      Você reconhece os erros do PT e assim mesmo vai votar na Dilma, porque reconhece que o PT, apesar dos erros, mudou a estrutura da sociedade brasileira e ainda tem muito mais a fazer..
      Eu já voto em outro candidato porque, apesar de reconhecer o que o PT fez de bom, acho que o ciclo desse partido se esgotou devido aos descaminhos em que entrou.
      É hora de mudança.
      O importante é que refletimos sobre a sociedade em que vivemos e votamos com consciência.

      Um abração

      Do sempre admirador

      Adaí Rosembak

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  4. Seu Adaí,

    Muito interessante e realista o seu artigo. Mas como é que fica isso? Votamos na Dilma para defender o Bolsa Família ou votamos em outro candidato - no caso o Aécio - para defender o moralismo e a honestidade no trato da coisa pública e parar com a roubalheira promovida pelo governo no poder ? O senhor mesmo no início do artigo disse que não votaria no PT. A sua posição não é contraditória?

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    1. Caro Anônimo,

      A sua pergunta foi muito objetiva.
      Existe de fato uma contradição. Eu preferi votar em um candidato não petista até por razão de renovação política.
      Acho que o PT está há muito tempo no poder e é precisar arejar e renovar a máquina pública.
      Mesmo que outros problemas venha a surgir.
      A desonestidade , a esperteza de baixo nível, o nepotismo, o desvio de recursos, a corrupção na máquina pública e nas estatais não são privilégio do PT.
      Hoje o país está mudado. Temos democracia e liberdade de expressão. Os meios de comunicação põem a boca no trombone e colocam a sujeira na TV, nos jornais e nos sites.
      Temos uma Polícia Federal de primeira linha, temos outras polícias muito boas e que estão melhorando cada vez mais, temos o Ministério Público, temos um Judiciário atuante, enfim, a sociedade hoje dispõe de instrumentos e de condições de liberdade e de atuação que não tínhamos no tempo da ditadura.
      Hoje não existe mais corrupção do que antes. O que ocorre é que hoje a corrupção é denunciada.
      Antes a imprensa era censurada e o Congresso estava sob intervenção.
      Grandes fortunas se fizeram durante a ditadura. Poderia se dizer que havia a corrupção armada.
      Seja quem for o vencedor nestas eleições, ele vai pegar uma barra pesada para resolver.
      Não se iluda que alguém vai fazer milagres.
      Mas, de qualquer forma, sou a favor da renovação.
      O PT já deu a sua cota de contribuição. É preciso mudar.
      Essa é a minha posição.
      Que me perdoem os muitos amigos petistas que tenho.

      Um abração

      Adaí Rosembak

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