Caros Amigos,
Tem uns dias em que a
gente acorda e que tudo dá errado, e parece que vai continuar dando errado.
Problemas no
condomínio: piscina com água esverdeada em razão de dosagem errada de cloro; sauna
em conserto; briga entre condôminos; fofocas
e reclamações no site do condomínio; vazamentos persistentes; um gerador da rua
pifou e faltou luz no condomínio inteiro; gente presa nos elevadores; eletrodomésticos
e TVs queimaram, inclusive minha geladeira ... e
por aí vai!!
Fui ao supermercado e o
medidor de gasolina do carro estava inoperante e quase fico no meio do caminho
sem gasolina.
Fui dar uma olhada no
blog e me deparei com um comentário negativo do meu querido amigo JÚLIO ALT em
relação a uma ironia que escrevi sobre ele.
Fui reler o que escrevi
e vi que fiz uma baita lambança. Foi
mais uma lição. Sempre temos que rever com cuidado o que escrevemos, pois as
emoções e os atos precipitados costumam nos trair.
Tudo isso me deixou de
baixo astral.
Em relação à lambuzada
no blog, havia tentado repetir um golpe muito bem-urdido que apliquei anos
atrás em um tipo de circular de dança de salão que havia criado. Naquele tempo
– e lá se vão uns 35 anos - não existiam
blogs como existem hoje. Lancei um
jornaleco de edição restrita para colocar notícias do mundo da dança de salão,
mas quase ninguém lia. O pessoal gostava mesmo era de dançar. Foi um fracasso.
Mas dei um golpe – que hoje
chamaria de “fake news” – para promover,
momentaneamente, meu informativo. E deu certo.
Tinha assistido a uma
apresentação de um grupo de dança do JAIME ARÔXA, exímio professor de dança de
salão, e dono de uma academia de dança com filiais no Rio de Janeiro e São
Paulo. Para muitos aficionados da dança de salão, JAIME ARÔXA, ao lado de CARLINHOS
DE JESUS, são considerados os maiores expoentes da dança de salão no Brasil.
Ao final da
apresentação de seu grupo, JAIME ARÔXA dançou
um tango com uma dançarina maravilhosa, que foi um
sucesso estrondoso. O JAIME ARÔXA dera um show sensacional. Eu nunca tinha
visto no Brasil alguém dar um espetáculo de tango naquele nível.
O saguão estava cheio e
o público inteiro, de pé, não parava de aplaudir.
No outro dia,
ardilosamente, disparei um “fake news”, noticiando o “fracasso” da apresentação
do JAIME ARÔXA.
Os protestos foram
imediatos e vieram em enxurrada. O meu modesto jornalzinho bombou em razão, justamente, da falsa notícia.
No dia seguinte,
despachei outra nota pedindo “desculpas” pelo erro e comunicando que a
apresentação de tango do JAIME ARÔXA havia sido um sucesso absoluto.
Desta vez, o mesmo artifício
com o JULINHO ALT deu errado. Calculei mal e o tiro saiu pela culatra.
Apresentei minhas
desculpas ao JÚLIO ALT. Agora apresento minhas justificativas. Mais não posso
fazer.
Paciência. Vida que segue.
A confirmação da
condenação de LULA com o aumento da pena, continua a ser o foco na mídia.
Preferiria não abordar
esse tema. Compreendo perfeitamente a dor de um desencanto político.
Mas, devido à
existência deste blog, sinto-me não só no direito como até no dever de exercer minha
opinião sobre esse assunto.
Na juventude também fui
um comuna fanático. Tinha uma coleção de livros de esquerda.
Tive a conscientização
de que a teoria igualitária do comunismo era uma utopia e, na prática, um fracasso, quando eu era um adolescente, exatamente em março
de 1964, com a tomada do poder do país pelos militares.
Muitos esquerdistas
podem contestar, mas o que ocorreu em 1964, gerou uma verdadeira revolução. Qualificar
de golpe ou não, é uma consideração de somenos importância.
Um dia anterior à
tomada do poder pelos militares, as manchetes dos jornais noticiavam greves em todo
o país e em diversas áreas, confrontos e correrias pelas ruas, pancadarias,
agressões pessoais, vandalismo generalizado, roubos, incêndios e depredações.
FRANCISCO JULIÃO, líder
das Ligas Camponesas, que antecedeu o MST, promovia invasões violentas de
fazendas e propriedades rurais, sob a alegação de promover a reforma agrária.
Já o Cabo ANSELMO, chefe
dos marujos rebelados, incitava os militares à sublevação nas forças armadas. Tempos
depois, descobriu-se que o Cabo ANSELMO era um elemento infiltrado pelos
serviços de segurança interna da Marinha de Guerra para descobrir líderes esquerdistas
dentro de suas fileiras.
JANGO GOULART, LEONEL
BRIZOLA e outros políticos, promoviam comícios e faziam discursos inflamados incitando
o povo à revolta popular pelas reformas de base.
O Comício da Central do
Brasil foi o mais notório desses comícios e, junto com a rebelião dos marinheiros,
foi o estopim que levou à intervenção militar.
Vivia-se um período de extrema
conturbação política, de agitação, de violência, de medo e de tumulto, em meio
a boatos de toda ordem, sem as pessoas saberem o que fazer, temendo o que as
esperavam nas ruas, e sem terem certeza se conseguiriam voltar para seus lares.
Lembro-me exatamente como,
no outro dia após a intervenção militar, ao folhear um jornal, tive a sensação
de que estava em outro país.
As notícias proclamavam
a absoluta paz no país, reconhecimento da situação econômica e política do
Brasil pelos Estados Unidos e por outros países ocidentais, melhora da
economia, fim das greves, retomada dos serviços públicos, etc.
Só notícias boas. Nas
janelas tremulavam bandeiras brancas e do Brasil e as pessoas jogavam papel
picado e serpentinas.
Não se enxergavam
passeatas e nem manifestações de protestos.
Por incrível que pareça,
respirava-se um clima de tranquilidade e paz. As ruas estavam pacificadas.
Em breve, os porões da
ditadura iriam começar a ficar ocupados.
Onde estavam os líderes
e agitadores de antes da tomada do poder pelos militares? Onde estavam JOÃO
GOULART, LEONEL BRIZOLA, o Cabo ANSELMO e FRANCISCO JULIÃO? Não se falava mais
dessa turma. Todos tinham fugido. Como dizia a letra de um samba: “Não ficou um
meu irmão...”
Como bucha de canhão
ficaram os agitadores nas forças armadas, líderes estudantis e sindicalistas
engajados.
Um a um foram todos
sendo presos.
Outros se engajaram em
grupos armados e foram lutar contra as forças militares no interior do país.
Desse período, me
lembro de um ativista de esquerda, fanático e atuante. Só me recordo de seu
primeiro nome – LINCOLN. Tempos depois,
um conhecido comentou comigo que, pela minha descrição e nome, essa pessoa
teria entrado no submundo do terrorismo revolucionário.
Em relação à BRIZOLA,
me lembro de ter lido uma notícia de que ele tinha fugido para o Uruguai
vestido de mulher.
Eu já trabalhava no BB
e não queria saber de confusão. Tinha de trabalhar para sobreviver.
Antes do golpe militar,
estudava russo diariamente pois queria ir estudar economia na Rússia, em
Moscou, na Universidade Patrice Lumumba.
Cheguei a ter uma
entrevista com o representante consular da Rússia, BORIS KASTRITCH, no
Consulado da Rússia, em Botafogo.
Com a revolução, interrompi esse projeto.
As perseguições e
prisões políticas começavam a se intensificar e, para evitar problemas, me
desfiz de meus livros esquerdistas.
Acabei indo fazer um
curso de inglês na South Florida University, em Tampa, Flórida, Estados Unidos.
Todas essas passagens,
naquela época, me convenceram de que minhas teorias políticas não tinham base
na realidade.
Todo a propaganda
revolucionária e teoria comunista que impregnava a mente de seus prosélitos, era
de fato um movimento de minorias, que viviam enclausuradas em células de
partidos radicais de esquerda, mas que estavam
distanciadas do povo e não mobilizavam
as massas.
Todo aquele castelo ideológico
havia desabado de forma fácil e rápida
como se fosse de areia.
Ao reconhecer a
fragilidade e irrealismo de meus devaneios políticos frustrados de adolescente,
que queria mudar o mundo, como disse CAZUZA em uma de suas músicas, cheguei à conclusão
de que aquela experiência ideológica equivocada fora uma importante conquista para
o futuro de minha vida.
O resto todos conhecem.
O tempo voou.
A constatação
definitiva de que tudo aquilo fora, de fato, um descaminho histórico e político, confirmou-se com o fim da URSS, há 25 anos atrás.
Somente podemos lamentar que a frustrada experiência comunista na
ex-URSS, a maior ilusão política não só do Século XX, mas de toda a história da
humanidade, tenha sacrificado, só no âmbito da URSS, entre guerras e expurgos
internos, mais de 70 milhões de vidas.
Lembro-me de que, quando a imprensa noticiava a implosão da URSS, eu
estava tomando uns chopes no Largo do Machado, no Rio e, em frente ao
restaurante, uma senhora com dois rapazes, com microfones e autofalantes,
faziam discursos políticos exaltados condenando os Estados Unidos pelo fim da
URSS.
Eu os olhava com espanto pelo papel ridículo que estavam representando. Eram figuras realmente patéticas.
Só não os convidei para tomar um chope comigo, pois fiquei com medo de que
quebrassem as canecas na minha cabeça, porque sabia que não me conteria e iria lhes
perguntar se não lamentavam os 70 milhões de seres humanos que foram sacrificados,
na ex-URSS, pela implantação da ideologia equivocada que eles estavam
defendendo naquele momento.
Agora, com a confirmação da condenação de LULA por 12 anos e cinco meses,
por UNANIMIDADE, sinto esses mesmos sentimentos
pelos defensores do PT e por políticos como GLEISI HOFFMANN e LINDBERGH FARIAS.
Será que não enxergam que LULA e o PT chegaram ao fim da linha?
E ainda ficam desafiando a Justiça com ameaças demagógicas de
desobediência civil, mobilização das massas e morte de milhões de pessoas se
seus ditames políticos não forem seguidos?
Caiam na real.
Não é com sanduíche de mortadela e refresco de laranja e com R$ 30,00 por dia que
irão mobilizar as massas.
Não tentem iludir e muito menos subornar o povo com migalhas.
O povo está amadurecido e não vai se iludir e nem aceitar mais essa
empulhação.
O povo quer dignidade.
A vida continua e a revolução não para.
O povo quer democracia, quer liberdade de expressão, quer mudanças na
estrutura do país, quer honestidade e justiça social por parte da máquina
pública, quer que as instituições funcionem de fato, quer educação de alto
nível, quer assistência social e de saúde dignas, quer creches de bom padrão, quer
aumento do poder aquisitivo, quer aumento de emprego, e quer que se tenha
estabilidade política que propicie paz para o progresso geral do país.
É essa a revolução que o povo quer.
A propósito de tudo o que foi dito acima, para mostrar o resultado do que se transformou a frustrada implantação sanguinária do comunismo
que, repito, deixou, no século passado, somente
na ex-URSS, um rastro trágico de 70
milhões de seres humanos assassinados, e para
que não se continue a sonhar em utopias, transcrevo adiante o magnífico e
elucidativo artigo “Para entender o país da Copa do Mundo”, publicado na
Revista “ÉPOCA”, pelo Jornalista HÉLIO GUROVITZ, na edição nº 1018, de 25.12.2017.
Boa leitura e profícuas reflexões!!
Atenciosamente
ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB
PARA ENTENDER O PAÍS DA COPA DO MUNDO
O produtor de TV britânico PETER POMERANTSEV fugiu com os pais da União
Soviética para Londres em 1978, quando bebê.
Voltou à terra natal para tentar a sorte profissional em 2002, no momento
em que o presidente VLADIMIR PUTIN consolidava seu poder.
Morou em Moscou por quase dez anos.
Voltou ao Reino Unido e, desiludido, publicou no final de 2014 um livro
sobre sua experiência: Nothing is true and everything is
possible (Nada é verdade e tudo é possível).
No ano da Copa do Mundo, , quem quiser entender a Rússia de PUTIN precisa
ler POMERANTSEV.
“Não se trata de um país em transição, mas de uma espécie de ditadura
pós-moderna, que usa a linguagem e as instituições do capitalismo democrático
para fins autoritários”, escreve.
Há eleições, mas a oposição é financiada e serve aos interesses do
Kremlin.
Há sociedade civil e ONGs, mas também leais ao Kremlin, defendendo apenas
causas que não envolvam temas sensíveis, como oligarcas ou declínio econômico.
Há livre mercado, mas as megacorporações são comandadas por figuras fiéis
a PUTIN – se deixam de sê-lo, são descartadas.
Imprensa e canais de TV são profissionais como no Ocidente, mas sem
autonomia para produzir conteúdo que ofenda os interesses do governo.
“Você pode dizer o que quiser, desde que não siga as pistas da corrupção”,
diz POMERANTSEV.
O maior exemplo é a RT, criada à imagem de redes independentes como a
BBC, mas na verdade uma máquina de propaganda usada para fins políticos.
“Moscou pode transmitir uma sensação de oligarquia pela manhã e
democracia à tarde, monarquia no jantar e Estado totalitário na hora de dormir.”
Nada é real, tudo é mentira, feito de espuma e aparências.
A pátria das “fake News” do século XXI é a mesma das “cidades POTEMKIN”
do século XVIII (segundo a lenda, o ministro GRIGORY POTEMKIN mandou erguer na Crimeia um cenário
de fachada para impressionar sua amante, a imperatriz CATARINA II).
A mesma do comunismo, quando estatísticas e imagens forjadas passavam uma
ideia falsa de pujança.
A mesma das privatizações fraudadas, do patrocínio estatal ao doping e da
corrupção olímpica nos Jogos de Sochi.
A mesma dos “comunistas com cara de beterraba” e dos “nacionalistas que
cospem”, onde a verdade perdeu qualquer valor.
“A Rússia experimentou com diferentes modelos e velocidade alucinante: a
estagnação soviética levou à perestroika, que levou ao colapso da URSS, à
euforia liberal, ao desastre econômico, à oligarquia e ao Estado mafioso”,
escreve POMERANTSEV.
“Como acreditar em qualquer coisa quando tudo muda tão rápido?”
O cinismo da era PUTIN é sucessor do sentimento de abandono dos tempos do
czarismo e do stalinismo.
POMERANTSEV não chama PUTIN pelo nome – apenas de “o presidente”.
Seu olhar curioso e melancólico lembra a escritora SVETLANA ALEKSIÉVITCH,
Nobel de literatura de 2015 e autora de “O fim do homem soviético”.
Sua visão ácida da elite emergente lembra a ativista MASHA GESSEN, autora
de livros e ensaios críticos a PUTIN. Seu texto mistura descrições minuciosas
de cenários moscovitas ao drama dos personagens capturados no torvelinho da
Rússia pós-soviética.
OLIONA, a modelo à caça de milionário nas baladas de Moscou.
As irmãs muçulmanas do Cáucaso, uma prostituta, a outra jornalista.
BENEDICT, o consultor irlandês que se torna refém da burocracia e da
corrupção em Kaliningrado.
GRIGORY, o empreendedor genial e riquíssimo, promotor de nababescas
festas temáticas.
YANA, a empresária presa sem saber por que, graças à disputa interna entre os chefes da
espionagem estatal.
VITALY, o gângster transformado em cineasta.
VLADIK, o artista performático banido, de tanto satirizar os poderosos.
MOJAIEV, conhecedor de cada rua e prédio moscovita, derrotado no embate
contra a especulação imobiliária.
MAGNITSKY, o advogado assassinado após desvendar um gigantesco esquema de
corrupção tributária.
RUSLANA e ANASTASIA, as top models que se matam depois de um devastador
curso de “coach da vida”.
Frustrado por não conseguir terminar seu documentário sobre as modelos
suicidas, POMERANTSEV deixa o país.
Em Londres, testemunha num tribunal a disputa histórica entre os dois
maiores oligarcas russos, BÓRIS BEREZOVSKY e ROMAN ABRAMOVITCH.
Reflete sobre como a cultura de indiferença à realidade se dissemina por
outros países:
“Os russos são os precursores, formadores da tendência, porque têm aperfeiçoado
isso por alguns anos a mais. Tornaram-se pós-soviéticos um pouco antes de o
mundo todo se tornar pós-tudo. Pós-nacional e pós-ocidental, pós-Bretton Woods
e pós qualquer coisa. São YURI GAGÁRIN da cultura de gravidade zero”.
O maior símbolo é SURKOV, o publicitário, dramaturgo, romancista e
especialista em “tenologia política”, o RASPUTIN responsável pela estratégia de
comunicação tanto de BEREZOVSKY quanto de PUTIN.
Uma frase cunhada por ele é o mantra da Rússia contemporânea:
“Tudo são relações públicas”.