Caros Companheiros,
Ontem, 27.12.2018,
acordei eufórico e cheio de energia.
Depois do café, pretendia
me debruçar na leitura e eventuais correções da Ata de Reunião Ordinária do
CODEL, de 12.11.2018.
Esse é um “presente” que os dirigentes do CODEL (Célia
Laríchia, José Odilon, Waldyr Argento e meu caro amigo Mário Bastos) mandam aos
conselheiros do CODEL da AAFBB, a cada
dois meses.
É papel que não acaba
mais.
É a extensa ata em si
(coisa em torno de 50 folhas), mais um
amontoado de informações de ordem administrativa e técnica do CADMI, e ainda um
imenso calhamaço de pareceres e detalhamento de demonstrativos contábeis do
CONFI.
Enfim, é o que se pode
chamar de “presente de grego”.
Olhando de lado, vi
aquela pilha de papéis e já me preparava para a labuta, quando decidi dar uma rápida olhada no jornal O Globo que o
entregador havia acabado de deixar na minha porta.
Ao chegar à página 3 do
O Globo, assunto Opinião, para minha absoluta surpresa, me deparei com duas notas
imperdíveis, que me fizeram refletir e rir um bocado, e que transcrevo ao final
deste introito.
O sol estava um pouco
encoberto pelas nuvens, a temperatura agradável e fui dar
uma nadada na piscina antes de voltar para o computador.
É sempre importante frisar
que, justamente quando estamos prestes a passar por momentos impactantes como
os que vivenciaremos no próximo governo, que mexerão com nossas estruturas de
vida, é que devemos apelar para o humor e para o usufruto dos pequenos e
recompensadores prazeres de nossa vivência doméstica e de nosso cotidiano.
Afinal de contas, como
já disse um pensador, “A Vida é uma aventura que merece ser vivida”.
Auguro um Feliz e
Próspero Ano Novo para todos!!
Boa Leitura!!
ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB,
ANABB e ANAPLAB
BREVIÁRIO DE MÁXIMAS
Ascânio Seleme
Apesar de ter servido sob o comando de
Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, que cumprem penas de prisão por
corrupção, nenhuma dúvida paira sobre a qualidade da gestão do diretor-geral da
Assembleia Legislativa do Rio, José Geraldo Machado.
Foi ele quem recepcionou os 36 novos
deputados estaduais que assumem no dia 1º de fevereiro.
Machado deu a cada um deles uma cópia
do “Breviário de máximas da administração pública ou Por que as coisas demoram
tanto”.
O livrinho escrito pelo próprio
diretor da ALERJ tem 48 páginas e elenca 38 pontos que servem como guia para os
novos deputados que começam a lidar pela primeira vez com a tal coisa pública.
José Geraldo Machado também incluiu no
Breviário duas fábulas, aparentemente criadas por ele mesmo, para ajudar a
clarear o caminho dos novatos.
Além de instrutivo e rigoroso nas
recomendações que faz, o Breviário é um documento de fácil leitura e divertido.
Uma pérola difícil de encontrar nesse
mar revolto que machuca até mesmo as rochas mais
duras.
A primeira fábula conta a história de
Absalão, a quem Deus encomendou a construção de um banco para escapar de um
dilúvio que provocaria sobre a terra.
Absalão chamou o carpinteiro Noel e
repassou a ordem.
Mas ao ouvir de Noel o pedido de dez auxiliares
de carpintaria, Absalão contratou uma equipe para fazer a seleção. Depois outra
para comprar a madeira, e mais uma para cuidar da questão administrativa, e
ainda outra para fiscalizar as demais.
Enfim, criou uma barafunda burocrática
tão grande que acabou não realizando a tarefa no prazo pedido por Deus.
Na outra fábula, uma pessoa come um
pernil na casa de uma amiga e ao sair pede a receita.
A amiga diz que tempera o pernil com
vinho tinto, ervas finas, sal e alho, depois corta as duas pontas e o leva ao
forno.
O comensal pergunta por que cortar as
duas pontas.
A dona da casa diz que aprendeu assim
com sua mãe.
A mãe diz que aprendeu com a avó da
filha.
A avó, sentadinha num canto, explica:
“Eu cortava porque o forno era pequeno.
Hoje, com esses fornos grandes, não precisa cortar”.
Segundo Machado, os novos deputados
vão encontrar muitos pernis com as pontas cortadas na administração pública.
E aqui alguns dos pontos mais
interessantes do Breviário de Máximas.
1 – No serviço público, tudo que
estiver em processo bem instruído, tem 50% de chances de acontecer em um prazo nunca
inferior a um ano.
O que não estiver não tem chance
alguma.
2 – Os fornecedores podem fazer tudo o
que a lei não proíbe.
O gestor público apenas pode fazer o
que a lei permite.
Parte da ineficiência do serviço
público nasce daí, já que a lei não pode prever tudo.
3 – O calendário do serviço público
não tem 365 dias. Tem no máximo 245, sendo que os 45 primeiros dias do ano são prejudicados
porque não estará pronto o Quadro de Detalhamento de Despesas do Orçamento.
4 – O administrador não pode confundir
o que é legal com o que é legítimo.
Embora um pleito seja legítimo, justo
e urgente, o Tribunal de Contas, às vezes até 15 anos depois do evento, vai
julgar e condenar unicamente à luz da legalidade.
5 – Considerando que ninguém sabe
tudo, o gestor deve procurar quem sabe.
É melhor um bom talento autodidata do
que um bacharel sem talento.
6 – Um gestor só terá pleno sucesso se
passar dois anos antes de assumir o cargo montando sua equipe.
7 – O administrador não pode se iludir
com os valores do orçamento.
A receita orçamentária é sempre
inferior à da arrecadação.
8 – Independentemente de feriados e
pontos facultativos, a semana do serviço público termina sempre na quinta-feira.
9 – Muita atenção com os convênios com
Banco do Brasil, Caixa e BNDES.
É preciso ser fluente em seus
dialetos.
10
- O mais importante será sempre a informática. Se ela pifar, em alguns
casos a impressora é mais importante que a retroescavadeira.
11 – O servidor não pode viajar às
custas do setor privado; inventar congressos e reuniões no exterior; receber
presentes de mais de R$100,00; manter vida social com fornecedores; e usar
códigos em telefones ou em qualquer outra forma de comunicação.
Só o fato de precisar de códigos já
levanta dúvidas.
Finalmente, o Breviário informa que se
o servidor quiser paz não deve aceitar cargo que implique ser “ordenador de
despesas”.
Pois esse será refém de seus atos pelo
resto da vida.
MELHOROU, MAS O VELHO ESTÁ POR AÍ
Carlos Alberto Sardenberg
A economia claramente melhorou nos
dois anos do governo Temer.
Foi até surpreendente: a equipe econômica
manteve sua integridade e sua capacidade de atuação mesmo depois que o governo
foi atolado por denúncias de corrupção.
O país saiu de uma perversa combinação
de recessão com juros altos e inflação elevada para um quadro de recuperação do
crescimento, juros historicamente baixos, por um largo período, e inflação
abaixo da meta.
Contas externas em ordem, graças a
saldos comerciais e investimentos estrangeiros.
Na verdade, o país voltou ao normal
quando comparado com o resto do mundo.
No tempo de Dilma, excetuando-se um ou
dois, os países estavam em crescimento, com inflação e juros muito baixos.
Pois o Brasil de Dilma era exatamente o
contrário: perda de riqueza, PIB em
queda, inflação acima dos 10% mesmo com juros nas alturas.
Merecia um prêmio IGNOBEL.
As contas públicas brasileiras
continuam em estado de desastre.
Nem se pode dizer que melhoraram, mas
é certo que deixaram de piorar.
Ou seja, antes iam de mal a pior; agora foram de pior a mal.
O déficit público foi reduzido,
aprovou-se um teto de gastos – reforma inédita e crucial[A1] -, mas o
problema estrutural é o mesmo: as despesas previdenciárias e com pessoal
consomem parte cada vez maior do orçamento.
Acreditem: se não for feita nenhuma
reforma, em pouco tempo, algo como quatro ou cinco anos, toda a receita de
impostos será destinada a pagar salários, pensões e aposentadorias.
Os salários dos juízes até poderão
sair em dia, mas eles e todos os funcionários ficarão em casa porque não haverá
dinheiro para pagar a conta de luz dos tribunais.
Nem os medicamentos para hospitais.
Pensaram no Estado do Rio de Janeiro?
Pois é, pior que isso.
De todo modo, Bolsonaro pega um país
mais arrumado e pronto para reagir bem às reformas.
Fica também um Brasil velho, que
atrapalha qualquer mudança.
Começa pelo Judiciário, empenhado em
elevar salários, dane-se o resto.
A troca de auxílio-moradia por um aumento
salarial, tudo decidido dentro do próprio Judiciário, foi um escândalo
monumental.
Estranho que tanta gente acha que é
assim mesmo, paciência.
Pior, o escândalo não terminou.
Primeiro, que o Conselho Nacional de
Justiça salvou o auxílio moradia, com restrições, é claro.
Mas podem apostar que essas restrições
serão, digamos, “adaptadas” ao longo do tempo.
Enquanto isso, tribunais estaduais,
como o de Mato Grosso do Sul, arranjam um auxílio-transporte que dá para pagar
algo como dez mil litros de gasolina por mês.
Podem procurar outras peças pelos
estados.
Com isso, o teto salarial, agora de R$
39 mil reais e uns trocados, continua sendo ultrapassado em diversos setores do
funcionalismo, especialmente naqueles colocados mais longe do público.
Policiais nas ruas, professores nas
salas de aula, médicos e enfermeiros nos hospitais continuam na escala
inferior.
A reforma do setor público tem duplo
objetivo: conter o déficit e reduzir desigualdades.
Não será tarefa fácil quando se sabe
que as maiores desigualdades estão no Judiciário e nos Legislativos, por onde
passam as reformas.
De resto, passam para 2019 muitos
outros episódios antigos.
Lembram-se do caso Celso Daniel?
Pois a polícia de São Paulo acaba de
prender, por acaso, numa blitz de trânsito, Klinger de Oliveira, condenado a 17
anos, em segunda instância, em novembro do ano passado, acusado de corrupção na
prefeitura de Santo André (SP).
Segundo o processo, a roubalheira
ocorreu durante a prefeitura de Celso Daniel (PT), assassinado em 2002.
Caso obviamente em aberto.
A Lava Jato encerra 2018 muito perto
de um evento extraordinário: a negociação para delação premiada de Sérgio
Cabral, que pode entregar membros do alto Judiciário e da comunidade
internacional que decidiu sobre a Olimpíada, por exemplo.
E a gente fica pensando: se Cabral
fechar a delação, só fica faltando o Lula.
Parece que o STF vai tentar soltá-lo
no ano que vem.
Mas e se Cabral entregar o chefe?
Lula poderia, então, ficar na situação
de delatar ele também (quem?) ou passar um longo período na cadeia.
E Temer e seu grupo deixam o poder
para os tribunais.
Blogueiro e Mestre Adaí,
ResponderExcluirGostei do artigo como um todo . Da primeira parte, Breviário das Máximas, de Ascânio Seleme, que foi o que mais gostei, não li nada sobre perspectivas de mudanças e melhoras, mas gostei demais. Ele é muito crítico, mordaz e incisivo.
Da segunda parte, Melhorou mas o Velho está aí, de Carlos Alberto Sardenberg, não se poderia esperar melhor. O Sardenberg é figura de primeira linha como analista político e de economia.
Parabéns pelo seu artigo como um todo. Foi muito bom.
Volte afalar de política internacional. Sempre leio seu blog.
Caro Anônimo,
ExcluirObrigado pelas suas observações e elogios.
Tenho andado um tanto ocupado com assuntos pessoais.
Mas voltarei a falar sobre política e assuntos internacionais.
É uma área que gosto muito e, como no Brasil, tem muita coisa para acontecer.
O mundo está fervilhando.
Grande abraço.
Adaí Rosembak
Senhor,
ResponderExcluirEstou tão desencantado com tudo que não leio mais jornais e não vejo mais noticiários na TV. Ando muito e vejo filmes, principalmente comédias.
Não tenho mais saco para política e muito menos economia.
Quero ser feliz.
Caro Anônimo,
ExcluirAbra os olhos senão o trem pode te atropelar.
As coisas estão acontecendo ao teu redor.
Levante a crista e vá em frente.
O mundo e o tempo não param.
Adaí Rosembak
Discordo do comentarista acima. Devemos estar informados e atuantes na defesa de nossos interesses.
ResponderExcluirAliás, essa foi a única coisa que faltou no seu artigo. Não falou nada sobre nossos interesses.
Apesar disso, gostei;
Caro Anônimo,
ExcluirVocê está certo em relação ao coentarista anterior.
Leia a resposta que dei para ele.
O mundo, de certa forma, é uma selva. Temos de estar atentos.
Em relação aos nossos assutos, devo colocar um artigo ainda hoje.
Espero que goste.
Grande abraço
Adaí Rosembak