quinta-feira, 3 de março de 2016

FASE DE CHOQUE

Ao acompanhar o noticiário político, perguntei-me até onde irá essa purgação pela qual estamos passando.
Hoje mesmo, Eduardo Cunha que seria a manchete do dia passou o bastão para Delcídio do Amaral. As TVs não param de comentar o assunto. Que coisa massacrante !!
Não conseguimos sair desse círculo vicioso, não conseguimos sair dessa mediocridade !!
Parece que nunca chegamos ao fundo do poço.
A situação na área política está tão tumultuada que decidi somente abordar a área econômico-financeira transcrevendo ao final desta nota o excelente artigo “Difícil Missão”, da jornalista Miriam Leitão, publicada no O Globo, de 03.03.2016, à página 22 ,   onde ela aborda com realismo a conjuntura em que estamos mergulhados.  Esse artigo vem a calhar justamente hoje em que o IBGE apurou que a queda do PIB do Brasil em 2015, foi de 3,8%, a maior em 25 anos.
Como rir é o melhor remédio, ao nos defrontarmos com tudo isso, lembramo-nos do conhecido adágio popular: “A situação está ruim.  Mas vai piorar. ”
Ou da piada (dizem que de origem italiana) do forasteiro que chegou a uma cidade e perguntou a um cidadão muito risonho e otimista como estava a situação. De pronto, o cidadão respondeu: “A situação está uma merda.”  Chocado, o forasteiro comentou com seus botões:  “Se o otimista diz isso, que dirá o pessimista? ”  Logo adiante ele se se defronta com uma pessoa que, pela expressão se revelava ser pessimista. O forasteiro não se contém e repete a mesma pergunta sobre como estava a situação na cidade. Resposta:   “A situação está uma merda. E o pior é que a merda não vai dar para todo mundo. ”  
É isso: a situação sempre pode piorar. Ou, a m... pode não dar para todo mundo.
Então, mesmo que a atual situação política seja o assunto do momento e o prato predileto dos comentaristas e blogueiros, decidi mudar para temas ligados aos nossos interesses.
Tomei conhecimento dos nomes dos componentes das 3 chapas que concorrerão à CASSI.
Fiquei dividido e conflitado. O ideal seria fisgar as pessoas que conheçemos pessoalmente e que são respeitadas em nossa área e formar o time dos sonhos.
Da Chapa “CASSI SEMPRE”, escolheria pela ordem: Fernando Amaral Baptista Filho (está sempre risonho - acho que é “o otimista” da piada acima - e é bom de discurso), José Odilon Gama da Silva (amigão da AAFBB), Isa Musa de Noronha (minha musa suprema) e o outro amigão da AAFBB, Ari Sarmento do Valle Barbosa.
Da Chapa “JUNTOS PELA CASSI”, selecionaria: Mirian Cleusa Focchi (de quem sou fã desde criancinha), Mário Fernando Engelke (um tanto sisudo, com sobrenome de pronúncia complicada, mas com histórico brilhante na CASSI).
Como não dá para juntar as duas chapas e escalar o time dos sonhos terei de fazer a “Escolha de Sofia”. Essa escolha eu não revelo para ninguém porque vai ser um sofrimento para mim.
A situação lembra-me uma máxima de Manuel Bandeira: “A vida não é completamente boa nem má. É entremeada de momentos bons e momentos maus. ”
Assim também é com as escolhas que temos de fazer.
Um outro assunto que tenho me preservado de abordar é o processo movido contra o amigo e blogueiro Ari Zanella.  Mas como a blogueira e querida amiga Rosalina de Souza já abordou o assunto em seu blog na nota “O que você pode fazer”, de 20.02.2016, sinto-me liberado para também falar sobre o assunto.
Começo por enaltecer o companheiro Odali Dias Cardoso, que  conheço desde quando assumiu a presidência da AABB em 1990. Considero, como tantos outros associados da AABB, que Odali Dias Cardoso foi o presidente que teve a atuação mais exitosa e realizadora à frente daquela associação. É dito por muitos que a AABB-Lagoa é marcada por dois períodos  : A.OC (antes de Odali Cardoso) e D.OC (depois de Odali Cardoso). Além de ser um gestor bem sucedido, é uma pessoa querida, respeitada e amiga de todos os associados e servidores da AABB.
Assim, sinto-me a cavaleiro para solicitar a Odali  Dias Cardoso e à sua suplente Diusa Alves de Almeida,   que revejam a continuação desse processo contra Ari Zanella.   Até porque Ari Zanella já fez uma “Retratação Pública” em seu blog, em 04.08.2015, reconhecendo o seu erro na edição da nota “Van da Alegria na PREVI? ”, de 02.06.2015.
Em sua retratação ele declara que foi induzido a erro por comentários de terceiros e pede desculpas públicas por sua falha.
Quantas vezes eu próprio já cometi erros baseado em informações equivocadas e falei demais em meus comentários.
Isso me serviu de lição e, hoje, não me atrevo a falar sobre assuntos sobre os quais não tenho amplo domínio. E, mesmo assim, vira e mexe, estou cometendo erros.
Estamos em uma fase da vida, caro amigo Odali Dias Cardoso, em que a saúde não é mais a mesma, os sentidos não são mais os mesmos, a memória falha frequentemente deixando-nos em situação vergonhosa, nos cansamos facilmente, os membros tremem e a força é escassa. O coração fraqueja, respiramos com dificuldade, temos insônia, caímos e tropeçamos facilmente. Temos dores aqui e dores acolá. Nada é como antes e tende a piorar.
Mas é justamente nesse período avançado de nossa existência   que ficamos mais sábios, mais sensíveis, mais humanos e, apesar das falhas eventuais de nossa memória, temos “insights” mais profundos sobre nós mesmos, sobre os que nos cercam e sobre toda a humanidade. Isso só é possível nesse período da vida.
É nessa etapa que Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach, atinge o seu clímax e alça os seus voos mais arrojados, longínquos, seguros e belos.
É nesse ponto de nossa existência que nossa mente se torna mais audaciosa, desbravadora, maravilhosa, criativa e sensível.
Em razão disso tudo, caro companheiro Odali Dias Cardoso, permita-se tomar a iniciativa de renunciar a essa ação.
Esse gesto de grandeza se somará à sua já brilhante biografia. O contrário disso será um gesto de apequenamento que só lhe trará vergonha, remorsos, amargura e infelicidade.
Mudando de tema, caros companheiros, apelo para que tenham uma consideração mais humanizada e objetiva sobre o papel de nossas associações.
Por inúmeras vezes, ouvimos protestos contra um alegado imobilismo e acomodação dessas associações em relação aos problemas pelos quais passamos.
Essa é uma visão errônea. Tudo que está ocorrendo ou não está ocorrendo nas associações é resultado da situação geral do país. As associações são provocadas e reagem às mudanças que ocorrem na sociedade.
E tudo que está ocorrendo é resultado das escolhas que fizemos e do que deixamos de fazer para cessar os erros que estavam à vista de todos nós.
E, o processo não cessa pois, o que aconteceu de errado no passado vai continuar acontecendo no futuro em razão da visão equivocada que ainda temos e ainda teremos da realidade que está à nossa frente.
Portanto, não se lamentem, não reclamem e não culpem outrem pelo que ocorre.
Olhem-se no espelho e verão os culpados.
Aos novos que estão entrando na arena, repasso as palavras de uma raposa vivida e respeitada na área:
“Enquanto berram, formam grupos e atacam companheiros e associações, o governo vai passar o rodo em todo mundo”.
É o que vai irremediavelmente continuar acontecendo se não tivermos a maturidade de enxergar a realidade dos fatos e de não lutarmos da forma adequada e correta a ser lutada.
Adaí  Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

Difícil  Missão
O que pode fazer a política monetária de um país que está com inflação elevada, recessão forte, queda de arrecadação, dívida bruta em alta e déficit público? Pouca coisa. Usar mais palavras do que os juros, e por isso ontem a Selic foi mantida. A primeira coisa para agir em situação tão hostil é saber qual é o mandato que recebeu. O BC brasileiro tem como missão combater a inflação e neste ponto é que tem que focar.
É por isso que, mesmo diante do aprofundamento da recessão e dos sinais de alguma queda da inflação nos próximos meses, o presidente do Banco Central avisou que os juros não poderiam cair. O problema é que para combater a inflação seria necessário outro aperto da política monetária, o que não pode acontecer pelos outros sintomas da doença econômica brasileira: a recessão se aprofundando e os dados fiscais cada vez piores.
Enfrentar uma recessão com inflação alta e com o país em meio à crise fiscal é um dos piores cenários que podem acontecer. O ideal, tendo em vista o quadro de encolhimento do produto, seria o Banco Central reduzir o aperto monetário e usar estímulos para reativar a economia: ampliar crédito, diminuir juros, liberar recolhimento compulsório dos bancos ao BC. Nada disso pode ser usado. O PT tem proposto algumas dessas medidas. O problema é que no passado o governo foi leniente com a inflação, e quem sugeriu maior aperto para evitar a alta dos preços foi desqualificado. Hoje, o governo que semeou ventos colhe esta tempestade. Tempestade perfeita, na verdade. Aquela sobre a qual alguns economistas falaram que podia se abater sobre o Brasil. Tudo o que podia dar errado deu. Para completar o desastre econômico, o país vive uma das piores crises políticas de sua história e isso impede que sejam encaminhados ao Congresso projetos para a solução da crise. Isso se a atual equipe econômica tivesse capacidade de formular alguma solução consistente.
Quando se diz que tudo deu errado não se pense que foi má sorte. Foi fruto de decisões tomadas pelo governo, ou por omissões na hora certa para agir. O mundo inteiro está com inflação baixa. Alta de preços aflige apenas uma meia dúzia de países que a fabricaram em casa. O contexto internacional é deflacionário. Ontem, a OCDE divulgou um relatório dizendo que a inflação anual entre os países do grupo subiu para 1,2% em 12 meses. Em dezembro, havia ficado em 0,9%. Isso porque a deflação de energia perdeu um pouco da força. Na zona do euro, a inflação anual foi para 0,3%.
Eles estão tentando se livrar do risco da deflação.
O que acontece no Brasil na inflação é totalmente na contramão do mundo, mas quem acompanha a cena brasileira não se surpreendeu quando a taxa chegou perto de 11%. Em 2010, a inflação começou a subir, o Banco Central alertou para esse risco, e a resposta do Ministério da Fazenda, vocalizada na época pelo atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, foi dizer que o BC estava fazendo terrorismo. “E com terroristas não se negocia”, disse Barbosa, na ocasião. Hoje, ele tem que negociar com a realidade e na condição de principal condutor da economia.  As projeções são de que a inflação, mesmo caindo a golpes de recessão, chegará ao fim do ano acima do teto da meta novamente.
O governo foi também imprudente diante do crescimento da dívida e da piora dos indicadores fiscais. Quando o superávit começou a cair, o governo Dilma pedalou. Quando a dívida começou a subir, o governo negou que isso estivesse acontecendo, exibindo a dívida líquida. O conceito já é uma jaboticaba, porque o índice que o mundo inteiro compara é o da dívida bruta. Mas os “empréstimos” de meio trilhão de reais ao BNDES, que passaram a ser contados como ativos, apesar da pouca probabilidade de esse dinheiro voltar aos cofres do Tesouro, tornaram o indicador da dívida líquida no Brasil ainda menos significativo do que realmente acontece com as contas públicas.
Foi o governo que inflacionou o país, provocou o déficit público e levou o PIB à recessão. Agora, é difícil atuar sobre esse conjunto de problemas. Cabe ao Banco Central tentar influenciar as expectativas, mesmo diante da dificuldade de usar a taxa de juros para disciplinar os preços. O que o BC podia fazer foi feito ontem: manter a Selic.
Miriam Leitão – Jornalista do O Globo  

10 comentários:

  1. Adaí,
    Parabéns pelo seu didático e sensato texto.
    Abraços,
    Norton

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Norton Seng,

      Grato por sua apreciação.
      É nossa obrigação abrir os olhos de companheiros mais afoitos e idealistas para a realidade em que vivemos.
      Considero isso um papel dos blogs.

      Um grande abraço

      Do já amigo

      Adaí Rosembak

      Excluir
  2. Concordo plenamente, estou enojado de tudo. Já vi muita coisa, tinha 18 anos e estudante de 2° grau, quando ocorreu o suicídio do Getulio. Tenho vergonha do meu País. Eloy Severo de Rosário do Sul

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Eloy Sevwero,

      Eu cursava o primário no Colégio Municipal Rodrigues Alves que ficava na esquina oposta ao Palácio do Catete (hoje é uma saída do metrô) quando Getúlio Vargas se suicidou.
      Foi um tumulto generalizado com quebra-quebra , muita violência, roubos generalizados e a atuação violenta da polícia da época.
      Logo que minha mãe ouviu a notícia no rádio (poucos tinham TV) ela foi correndo me pegar no colégio.
      Apesar de tudo que estamos passando não chego ao ponto de ter vergonha de meu país.
      Já disse em outros artigos que estamos predestinados a ser bem sucedidos.
      Temos todas as condições para tanto.
      Estamos passando pela "Fase de Choque" a que se refere este artigo.
      A situação ainda pode piorar mais e é bem possível que possamos cair ainda mais no poço.
      Só depois ganharemos impulso e senso de realidade para mudar o país.
      Temos de aguentar o tranco.
      Até porque não temos outra alternativa.

      Um abração

      Adaí Rosembak

      Excluir
  3. Amigo,

    Parabéns pelo artigo.
    Muito lúcido.
    Estou saturado de tudo isso.
    Não sei o que fazer.
    E como me arrependo de ter contribuído para isso tudo quando votei nesse canalha Lula.
    Dá vontade de sair deste país. Se eu fosse mais jovem, eu o faria.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Anônimo,

      Grato pelo reconhecimento ao artigo.
      Não é só você que está saturado de tudo isso.
      E também não é só você que se arrepende de ter votado no Lula.
      Os erros fazem parte do crescimento.
      É preciso extrair lições dos erros cometidos no passado para não cair na mesma situação.
      Quanto a sair do país não se iluda, pois o mundo todo está em ebulição.
      Aqui pelo menos não temos guerras, terrorismo, existe integração racial de fato, não temos castas, etc, etc.
      Tenha fé de que o período de mudanças está perto.
      Depende só de nós.

      Um abração

      Adaí Rosembak

      Excluir
  4. Amigo,

    Não entendi seus comentários.
    O senhor não acha que devemos discutir a situação política atual?
    Qual é o tipo de reação para o novatos que estão entrando na arena? Não protestarem?

    ResponderExcluir
  5. Caro Anônimo,

    Claro que devemos discutir a situação política atual.
    Nunca disse o contrário.
    Quanto ao tipo de reação para os novatos é que não insistam em caminhos que não levam a nada.

    Adaí

    ResponderExcluir
  6. Amigo,

    Essa turma do PT tem saudades do tempo dos velhos comunas.Só que comuna é igual a cachimbo: Só serve para levar fumo.
    Eles não aprendem.
    É uma corja repugnante.

    ResponderExcluir
  7. Li um artigo na UOL de que a oposição vai cobrar justificativas do governo para a visita de Dilma ao investigado Lula.
    Essa mulher está ficando louca? É ela que governa o país?
    Aonde isso vai parar?

    ResponderExcluir