terça-feira, 26 de abril de 2016

Simpósio AAPBB parte VIII

PALESTRA DE MÁRIO SIMÕES TAVARES (PREVI)


Na continuação do Painel 4, houve a Palestra de MÁRIO SIMÕES TAVARES sobre a PREVI
2 – Curriculum de MÁRIO SIMÕES TAVARES 

Mário Simões Tavares trabalhou no Banco do Brasil de 1974 até 2007, quando se aposentou.
Depois trabalhou como Gerente de Pagamentos na CASSI de 2007 a 2009.
É associado da AAPBB.
É natural de Birigui (SP).
É formado em Administração de Empresas.

Cursos de Pós-Graduação:

  • Análise de Sistemas – CICC – Tóquio, Japão;
  • Auditoria de Sistemas Tecnológicos – Universidade de Brasília; 
  • MBA Auditoria – USP/FIPECAFI

Atuação no Banco do Brasil:

Principais cargos: Analista de Sistemas, Auditor, com atuação também no exterior, Gerente-Adjunto de Auditoria no Exterior, Gerente de Auditoria.

Palestra de MÁRIO SIMÕES TAVARES

Mário Simões Tavares é chamado de o homem dos números.
Suas análises são eminentemente técnicas e muito bem abalizadas em dados que são constantemente atualizados.
É respeitado por todo o corpo de associados da PREVI como um dos mais capacitados técnicos que analisam os dados relativos a esse fundo de pensão e dos caminhos a tomar para corrigir e aprimorar os investimentos da PREVI a fim de evitar problemas que venham a atingir os participantes e assistidos da PREVI.
Como sua palestra foi apoiada em um grande número de slides e dados estatísticos, publicaremos abaixo duas sinopses de sua palestra, que retratam com fidelidade toda a matéria que Mário Simões Tavares apresentou.

“Situação Atual da PREVI”

A apresentação de Mário Simões Tavares destacou principalmente os riscos que as atuais e futuras aposentadorias da PREVI estão correndo e a necessidade das nossas diversas associações e os próprios associados acompanharem o desempenho e os resultados obtidos pela PREVI.
Em função de diversos fatores, mas notadamente devido à concentração dos investimentos em ativos de Renda Variável, que representam cerca de 60% dos valores investidos pela PREVI, houve uma redução de R$ 27,7 bilhões, observada no período de 01.01.2013 a 30.09.2015, no valor dos recursos garantidores dos pagamentos das aposentadorias atuais e futuras.
Também foi bastante destacada a baixa rentabilidade observada nos últimos seis anos nos recursos aplicados dos participantes incluídos nos perfis de investimento moderado, agressivo e PREVI do Plano Previ Futuro, devida também à participação expressiva da parcela de renda variável na composição dos ativos desses perfis de investimento.
Também foi apresentado de forma bastante detalhada a composição dos investimentos da PREVI, aonde foram identificados alguns riscos como a quantidade de empresas que administram recursos da PREVI de forma terceirizada, concentração de investimentos em renda variável nos Planos de Benefícios 1, Previ Futuro e Programa de Gestão Administrativa e aplicações financeiras em instituições de segunda linha ou de risco elevado.
Finalizando, foi também destacado a falta de manifestação dos diversos níveis de governança da PREVI no Relatório Anual de 2014 sobre o déficit técnico de R$ 12,2 bilhões observado no exercício de 2014.
Todos os fatores abordados contribuem muito para a observância de resultados bastantes insatisfatórios nos últimos três anos e assunção de riscos acima do esperado para um plano de aposentadorias em extinção, reforçando a necessidade das nossas associações e os próprios associados acompanharem de perto o desempenho financeiro e resultados obtidos pela PREVI, instituição de nosso maior orgulho e que já conta com mais de 110 anos de existência.

“PREVI – RESULTADOS   2015”

A PREVI divulgou na última sexta-feira o déficit técnico do exercício de 2015 que atingiu o montante de R$ 28,6 bilhões. Assim, o superávit acumulado que existia no final de 2014 no montante de R$ 12,5 bilhões se transformou em um déficit acumulado de R$ 16,1 bilhões em 2015.
Destaque-se que o Plano de Benefícios nº 1, já vinha apresentando déficit técnico anualizado desde 2013, sendo que o déficit desse ano foi de R$ 2,5 bilhões, o de 2014 foi de 12,2 bilhões e agora o de 2015 atingiu R$ 28,6 bilhões. Assim, o déficit técnico anualizado desses três períodos atingiu o impressionante montante de R$ 43,3 bilhões, recursos esses que faziam parte das reservas destinadas à cobertura das atuais e futuras aposentadorias desse Plano de Benefícios.
De acordo com os normativos existentes, a recomposição de R$ 2,9 bilhões desse déficit acumulado poderá vir a ser rateada já no ano de 2017, sendo que 50% desse valor será de responsabilidade do Patrocinador e os outros 50% será cobrado dos associados do Plano 1. Caso o desempenho financeiro da PREVI em 2016 seja favorável e consiga reverter o déficit de pelo menos esses R$ 2,9 bilhões, esse valor não deverá ser cobrado em 2017.
A PREVI justificou nas apresentações realizadas na última sexta-feira que esse déficit técnico de R$ 28,6 bilhões, recorde anual negativo da indústria financeira nacional, foi principalmente decorrente do péssimo desempenho dos investimentos em renda variável (ações) e do aumento da inflação que corrige anualmente os cálculos atuariais.
Essas justificativas não se sustentam, visto que não há nenhuma garantia de que esses investimentos em renda variável não venham a apresentar desempenho também insatisfatório nos próximos anos, como também ocorrido em 2014, e que algum índice similar à inflação sempre irá corrigir anualmente os cálculos atuariais.
Na verdade, esse péssimo desempenho foi decorrente principalmente da manutenção nos últimos anos de uma altíssima concentração de investimentos em renda variável, mantendo-se na média de cerca de 60% dos investimentos, e da rentabilidade inadequada em investimentos realizados nos últimos anos, evidenciando que o perfil de investimentos da PREVI é muito agressivo e incompatível com o esperado do perfil de um plano de aposentadorias maduro e em processo de extinção, como é o caso do Plano 1.
Além disso, apesar do déficit técnico gigantesco de 2015, a PREVI não apresentou nenhuma medida de forma clara e concreta que poderia vir a minimizar o impacto do déficit ora apresentado e até como forma de tranquilizar os associados que, queiram ou não, irão ficar preocupados com resultado tão negativo.
Assim sendo, tomamos a liberdade de listar uma série de medidas que a PREVI já deveria ter anunciado, sendo que algumas delas já até foram veiculadas nos canais de comunicação por diversos grupos de associados ou individualmente, a saber: 

GESTÃO DO PASSIVO ATUARIAL


  1. Implantação do teto de contribuições e de benefícios, medida que não admite mais protelações;
  2. Revisão das aposentadorias eternas de jovens viúvos e viúvas, medida que o próprio INSS já equacionou e outros fundos de pensão também já o fizeram, mesmo que o impacto atuarial seja residual;
  3. Elevação da média de apenas três anos para o cálculo das aposentadorias no Plano 1. Essa medida vai corrigir uma série de distorções que se observam atualmente, sendo muito salutar para a solvência do Plano 1.


GESTÃO DOS INVESTIMENTOS


  1. Reduzir gradativamente a concentração de        investimentos em renda variável, aproveitando-se as situações favoráveis de mercado, inclusive em função de momentos de crise como estamos atravessando hoje;
  2. Reduzir os investimentos em renda variável em empresas deficitárias ou que tenham um histórico de não apresentar a rentabilidade esperada;
  3. Proibir/reduzir drasticamente os investimentos estruturados (FIPs), como o Fundo de Pensão PETROS já divulgou;
  4. Reduzir drasticamente a quantidade de empresas e os investimentos realizados através de empresas terceirizadas, com exceção das ligadas ao Grupo BB;
  5. Reduzir drasticamente os investimentos cuja rentabilidade esperada não se concretizou no curto/médio prazo, tais como os investimentos em empresas emergentes, small caps, fundos imobiliários, etc;
  6. Reduzir as aplicações em bancos de segunda linha;
  7. Proibir as aplicações em bancos de risco elevado;
  8. Reduzir os investimentos em renda variável em empresas que não possuam cotações das suas ações em bolsas de valores;


GESTÃO DAS DESPESAS ADMINISTRATIVAS:


  1. Proibir o pagamento de bônus ou qualquer tipo de remuneração variável enquanto houver déficit acumulado ou quando a PREVI apresentar déficit técnico anual, medida que também não admite mais protelações;
  2. Contingenciar em pelo menos 10% as despesas administrativas orçadas para o ano de 2016.

Com certeza, essas medidas contribuirão para minimizar os impactos de resultados tão insatisfatórios e ajustar o perfil de investimentos, tornando-o mais adequado a um plano de aposentadorias maduro e em processo de extinção como o Plano 1, sendo que não conseguimos entender quais são os motivos da PREVI ainda não ter divulgado e já implantado medidas como estas ou outras similares, considerando o momento de crise de resultados tão agudo como este que a PREVI está atravessando.

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