Caro Companheiros,
Pelo realismo e objetividade em
relação ao julgamento do impeachment da Presidente Dilma Rousseff e o papel
desempenhado pela Operação Lava Jato nesse processo, transcrevo adiante o
artigo “O Tempo como Adversário”, publicado pelo companheiro Leonel Ribeiro
Campos, no grupo (bbfuncionários) Resumo 4248, de 24.07.2016.
Também público o importantíssimo e
elucidativo artigo “Mudança de Sinais”, da jornalista Míriam Leitão, publicada
no O Globo, de 23.07.2016, em que ela faz uma exposição realística sobre a atual
situação econômica no Brasil, e sobre o que poderá “ocorrer” ou “não ocorrer”,
dependendo da aprovação ou não do impeachment da Presidente Dilma Rousseff pelo
Senado.
ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e
ANAPLAB
“O tempo como adversário”
O empenho do PT em protelar o
desfecho do impeachment, coadjuvado por manobras ritualísticas patrocinadas
pelo STF, está saindo pela culatra.
O partido apostou no desgaste de
Michel Temer, na impossibilidade de apresentar bons resultados em curto prazo. De
fato, não se reverte instantaneamente um quadro de caos econômico, como o
legado pelo PT, nem é possível fazê-lo sem medidas impopulares.
O novo presidente estaria, portanto,
fadado ao insucesso, o que abriria espaço para o retorno da velha (des) ordem.
Faltou, porém, considerar um detalhe:
a Lava Jato.
Enquanto o Senado consumia semanas
repetindo o rito já aprovado na Câmara – a admissibilidade do processo -, e na
sequência, ouvindo nada menos que 40 testemunhas, a turma de Curitiba colhia
mais e mais delações comprometedoras, que viriam (estão vindo) à tona, antes da
votação final.
O tempo, ao contrário do desejado,
trabalha contra.
Estão em curso, entre outras,
delações da diretoria da Odebrecht, que confirmam a origem criminosa de
recursos eleitorais e não eleitorais, envolvendo Lula e a própria Dilma, pela
primeira vez citada diretamente – e pelo próprio dono da empresa.
A íntegra dessas delações ainda virá
à tona, mas a prévia já é demolidora.
Esta semana, mais uma bomba veio de
Curitiba: o depoimento do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura.
Eles confirmaram ter recebido 4,5
milhões de dólares, de caixa dois, da campanha de Dilma. A confissão somou-se à
do operador Zwi Skornicki, de que se tratava de dinheiro roubado da Petrobras,
pago a pedido do então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Pior: estava
depositado em conta no exterior. Bastam esses dois fatos, capitulados como
crimes pela legislação eleitoral, para que o próprio registro partidário do PT
seja cassado.
Dilma, como responsável pela
campanha, pode até alegar que não sabia (inclusive, já o fez), mas não
adiantará nada. A lei é implacável: o candidato é responsável pela campanha.
O ex-senador Eduardo Azeredo,
candidato tucano ao governo de Minas em 1998, fez a mesma alegação, diante de
fatos análogos, e foi condenado a 20 anos de prisão – aliás, sob os aplausos do
PT.
A diferença é que Azeredo foi
derrotado e Dilma elegeu-se.
O caso dele, portanto, esgotou-se
nele.
Já o caso Dilma, a pega no curso do
mandato, interrompido por razões bem mais amenas, e terá repercussão na votação
final do impeachment.
O processo no Senado, graças a
Eduardo Cunha, atém-se a delitos apenas administrativos, os tais crimes de
responsabilidade.
Mas o prontuário, como as delações
premiadas e a Lava Jato têm mostrado, é bem maior e invade a esfera do Código
Penal.
Cunha poupou a presidente do pior –
não por amor, é claro, mas por medo de alguma bala perdida o atingir. Afinal,
foi parceiro, ainda que menor, na rapina da Petrobras. Escolheu o pedido de
impeachment mais brando, mas é improvável que os senadores deixem de considerar
o conjunto da obra na hora de votar. Os ainda indecisos (se é que os há)
dificilmente ousarão afrontar os fatos, de pleno conhecimento do público, na
hora de definir seu voto, que será aberto e transmitido pela TV. O julgamento
será no final de agosto, lá pelo dia 26. Até lá, novas delações virão à tona,
novas prisões devem ocorrer, não se excluindo a hipótese da do próprio Lula.
Outro efeito colateral adverso do
adiamento do impeachment são as eleições de outubro, que este ano terão
praticamente um mês apenas de campanha.
A dura exposição da administração
petista, sobretudo a ilegalidade de algumas de suas práticas, irão repercutir
fortemente no eleitorado.
O recurso terrorista ao fim do Bolsa
Família, na hipótese de vitória do adversário, já não terá a eficácia de antes.
Ele mudou de mãos – e Temer, não obstante os conselhos de sua equipe econômica,
acaba de conceder-lhe aumento de 12,5%.
O único risco que Temer corre deriva
dele próprio, se insistir em nomear para sua equipe gente carimbada por atos
praticados na gestão de sua antecessora.
Leonel Ribeiro Campos
“Mudança de Sinais”
Uma pesquisa feita no setor de
eletrônicos mostrou que 42% dos associados esperam aumento das vendas neste
segundo semestre, percentual maior do que os 33% que esperam queda. A confiança
na indústria subiu pelo quinto mês. Os sinais de mudança de humor, como temos
dito, estão espalhados pelo mercado e pela economia real. Mas ainda são
frágeis e dependentes do quadro político.
A sondagem foi feita pela ABINEE
(Associação Brasileira da Indústria Eletrônica) em junho, mas ainda não havia
sido divulgada.
Além desse sinal positivo, houve
desaceleração nas demissões do setor em maio, que caíram ao menor nível desde
fevereiro de 2015, segundo a entidade.
“- Há muito tempo não víamos
indicações de vendas superarem as de queda em nossas sondagens. Esta semana
ouvi de um empresário que ele já está com crescimento das encomendas. A melhora
de ânimo que se vê no mercado financeiro pode estar começando a chegar na
economia real” – afirmou Humberto Barbato, presidente da ABINEE.
Na visão do executivo, a partir de
setembro será possível medir a intensidade desse processo, porque nesse mês a
indústria começará a receber os pedidos para o Natal. Ele avalia que a
interinidade do governo Temer é um impeditivo para a volta mais forte da
confiança porque a incerteza continua elevada.
Além disso, ainda não houve a
aprovação de nenhuma reforma relevante no Congresso.
“- Mesmo com a melhora da confiança, ninguém vai tirar da gaveta projetos
de investimento em um governo interino” -afirmou.
No setor de papelão ondulado, que é
considerado um termômetro do nível de atividade, o mês de junho apontou alta de
3% sobre o mesmo mês de 2015, e tudo indica uma nova alta em julho, segundo
Sérgio Ribas, diretor da ABPO - Associação Brasileira do Papelão Ondulado. Mas
ele ressalta que a base de comparação é muito fraca e não está claro se esses
números são uma nova tendência.
Ele também avalia que a interinidade do atual governo é um entrave para
a recuperação.
“ – Tivemos dois meses estáveis, em
abril e maio, crescimento em junho, e acredito que julho terá nova alta.
Percebo que há uma vontade muito grande do empresário de que a recuperação dê
certo. É muito importante que o governo
deixe de ser interino e apresente propostas concretas. Se acontecer, acredito
que a recuperação pode se intensificar – disse Sérgio Ribas.
Outro problema para a retomada, na
visão da ABPO é o medo do desemprego. O consumo vai demorar a reagir porque
mesmo quem está empregado tem preocupação de perder a vaga. Com isso, evita as
compras e os financiamentos. Além disso, avalia que as empresas estão com muita
ociosidade e vão tentar aumentar a produção com as equipes mais enxutas.
“- O desemprego não vai cair na mesma
intensidade que subiu, e isso vai afetar o consumo, e consequentemente, os
investimentos” – disse Ribas.
O setor de máquinas continua sofrendo
muito com os juros elevados, a pouca confiança para os investimentos e, agora,
a valorização do real. O presidente da ABIMAQ – Associação Brasileira de
Máquinas e Equipamentos, José Velloso, acha que o governo Temer está emitindo
sinais ambíguos na questão fiscal e isso está impedindo a redução dos juros,
como ficou claro na decisão do COPOM desta semana.
“- O governo está aceitando dar
aumento de salários para vários grupos. Quanto mais tempo demorar para equilibrar
o Orçamento, mais tempo levará para derrubar a SELIC. Meu setor está sem
capital de giro e asfixiado pelas taxas de financiamento” - disse.
Os três executivos ouvidos pela
coluna temem que o BC utilize a valorização do real no combate à inflação. Isso
tiraria a competitividade dos exportadores e aumentaria a presença dos
importados.
“ – Já há empresas levando prejuízo
porque exportaram com câmbio de R$ 3,60 e agora a taxa voltou para R$ 3,25. Uma
forma de crescer na crise é tentar substituir as importações. Meu setor já
perdeu mais 80 mil postos de trabalho em quatro anos. Com esse câmbio e esses
juros, não vai se recuperar” – explicou Velloso.
Há as reclamações de sempre dos
empresários, e as preocupações novas. Os sinais de melhora precisam se
consolidar. A confiança está voltando, mas com um pé atrás.
Miriam Leitão
Mestre Adaí,
ResponderExcluirLi um artigo que diz que o impeachment já é jogo jogado.
Hoje leio que ela vai renunciar ao cargo antes da votação do impeachment.
Mas aquela meia dúzia de malucos do PT no Senado não enxergam o Brasil nem o povo.
São uns fanáticos infelizes.
É nisso o que dá votar no PT.
Caro Anônimo,
ResponderExcluirNão sou mestre em nada.
Sou apenas um blogueiro bem intencionado.
O primeiro parágrafo de seu comentário já diz tudo: o impeachment já é jogo jogado.
Mas vamos ser pacientes e esperar a votação no Senado.
Como se diz no carteado: só depois de mostradas as cartas o jogo está definido.
Abraços
Adaí Rosembak