Caros Companheiros,
A alta dos custos médicos – hoje na faixa de 18,5% em
comparação com o IPCA projetado para 4,1% neste ano – é um problema que se reflete
de forma generalizada em todas as operadoras de saúde do país, o que
inviabiliza um atendimento mais universalizado, aperfeiçoado e humanizado à
população do país.
A CASSI não é exceção à essa regra perversa.
Frente a essa equação que não tem condições de fechar, qualquer
acordo que se venha a celebrar com o BB para a sustentabilidade da CASSI, terá
de ser revista, em futuro próximo, se esse desequilíbrio de cifras não passar por
uma revisão estrutural.
Acabo de ler o artigo “AMIL trava queda de braço com
hospitais para baixar custos”, publicado no jornal Valor Econômico, de 15, 16 e
17.06.2019, à página B6, de autoria das jornalistas
Beth Koike e Maria Luíza Filgueiras, da filial de São Paulo daquele diário.
É uma importante análise que merece ser lida por todos os
interessados no assunto e, principalmente, os administradores e associados da
CASSI.
Muito embora consideremos as diversas peculiaridades que nos
diferenciam da AMIL, que é uma operadora privada, perguntamos se não é o caso dos
dirigentes da CASSI entrarem em contato
com os administradores da AMIL e, em particular, com seu presidente, Senhor DANIEL COUDRY, que está à frente desse
processo de mudança na AMIL, para que se adotem ações comuns e coordenadas visando
reequilibrar a
inflação dos custos médicos com o IPCA/IBGE ou, pelo menos, encontrar mecanismos
viáveis que venham a minorar os efeitos
deletérios dessa absurda disparidade entre
custos médicos e o IPCA/IBGE.
Afinal de contas, ao ler o artigo, observamos que muitos dos
problemas que atingem a AMIL e outras operadoras privadas na área de saúde, são
os mesmos que atingem a CASSI e o universo de operadoras de saúde de empresas estatais.
Fica a sugestão.
Boa leitura a todos.
Atenciosamente
ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB
AMIL TRAVA QUEDA DE BRAÇO COM HOSPITAIS PARA BAIXAR CUSTOS.
“Saúde: Meta da controladora é fazer a “inflação
médica”, na casa de 18 %, chegar ao patamar do IPCA até 2025”
Beth Koike e Maria Luíza Filgueiras – De São Paulo
A operadora de saúde Amil está sob pressão de sua controladora,
a americana UNITEDHEALTH GROUP, para enxugar custos e voltar a ter lucros mais
robustos.
Para que isso aconteça, a operadora trava uma queda de braço
com os prestadores de serviço, em especial os hospitais, que representam mais
da metade do custo médico do plano de saúde.
A meta da UNITEDHEALTH é que essa “inflação médica”, hoje na
casa dos 18,5 % chegue ao mesmo patamar do IPCA, projetado em 4,1 % neste ano –
e a AMIL precisa fazer isso até 2025.
A AMIL está propondo que prestadores de serviços como
hospitais e clínicas compartilhem os riscos dos procedimentos médicos, adotando
um novo modelo de remuneração.
Neste formato, batizado de orçamento ajustável, a operadora
paga um valor fixo pelo procedimento – uma cirurgia ou uma radiografia, por
exemplo.
Se ele for bem-sucedido paga-se um adicional após alguns
meses.
Caso contrário, ou seja, se o procedimento apresentar alguma
intercorrência não previsível por protocolos médicos, o prestador recebe apenas
o preço pré-acordado, cujo valor é calculado com base na média de preços
praticada no ano anterior.
A disputa mais emblemática é com a Rede D`Or, que teve 15
hospitais descredenciados, totalmente ou parcialmente, pela AMIL.
A intenção da AMIL era cortar os hospitais da Rede D`Or para
os planos de saúde mais baratos, substituindo por hospitais do próprio grupo.
A proposta foi mal recebida pela D`Or, que preferiu o
rompimento.
Um hospital de traumatologia de Feira de Santana, na Bahia, e
uma clínica geral em Fortaleza, no Ceará, foram informados sobre o novo modelo
de remuneração, sem margem de negociação, disseram fontes.
“O próprio rompimento entre AMIL e D`Or mostra como a
negociação está sendo abrupta”, diz um executivo do setor.
A AMIL nega que esteja impondo essa pressão e que todos os
prestadores de serviço podem voltar a trabalhar com o modelo de “fee for service”
quando quiserem - neste sistema, a conta
é aberta, ou seja, o hospital gasta o que achar que precisa e manda a conta para a operadora do
plano de saúde.
Atualmente, a AMIL tem 30% de suas contas médicas no modelo
de remuneração ajustável, ou seja, quando o risco é compartilhado.
Quando se considera o modelo por pacote, ou seja, com preço
fixo por cirurgia, esse percentual sobe para 50%.
A maior parte das operadoras e dos prestadores está migrando para
o modelo por pacote – considerado o meio do caminho até se chegar ao modelo de compartilhamento
de risco.
A AMIL não está sozinha na busca de um modelo que ajude a
reduzir os custos dos planos de saúde.
Outras operadoras também buscam migrar do modelo de conta
aberta para preços fechados por procedimento.
O Presidente da AMIL, DANIEL COUDRY, recebeu determinação de
sua controladora, a americana UNITEDHEALTH GROUP, para baixar os custos para
que a “inflação médica” atinja o mesmo patamar do IPCA/IBGE, o índice que mede
a inflação oficial do país e que neste ano é projetado na casa de 4%.
COUDRY disse ao VALOR que os planos de saúde contratados a
partir do segundo semestre já terão um custo hospitalar de 12,5%.
Esse percentual pode ter um acréscimo vindo de exames
laboratoriais e clínicas, mas é bem menor do que a inflação médica projetada
para este ano no país de 18,5%.
“Todas essas ações vão impactar o usuário final que terá um
plano de saúde mais acessível.
O mercado perdeu 3 milhões de beneficiários nos últimos anos.
O que queremos é dar acesso ao plano de saúde.
Não podemos mais continuar com esse patamar de reajuste”,
disse COUDRY.
“Operadora propõe novo modelo de remuneração, o
orçamento ajustável, no qual os riscos são compartilhados”
Em meio a essa guerra de braço, os prestadores de serviço alegam
que os hospitais do AMÉRICAS – grupo hospitalar da UNITEDHEALTH – não praticam
o modelo de remuneração ajustável cm outras seguradoras e operadoras, apenas
com a própria AMIL.
COUDRY rebate afirmando que 50% das contas médicas do
AMÉRICAS são pagas via pacote ou ajustável.
Ainda segundo fontes, a AMIL enfrenta pressão de sua controladora
para apresentar um melhor desempenho financeiro.
No ano passado, a operadora apresentou um lucro líquido de R$
7,8 milhões para uma receita de R$ 21 bilhões.
Em 2017, a empresa havia apurado um lucro de R$ 54 milhões, o
que parecia ser uma recuperação da operadora que amargou prejuízos acumulados
de R$ 723 milhões entre 2014 e 2016.
Segundo COUDRY, a AMIL não está pressionando os prestadores de
serviço devido a seu resultado financeiro, mas está seguindo uma estratégia da
UNITEDHEALTH que não é exclusiva para o BRASIL e sim a todos os países em que a
companhia atua.
O mercado brasileiro é o mais importante fora dos ESTADOS
UNIDOS para a UNITEDHEALTH, que é considerada a maior empresa de planos de
saúde do mundo.
O desempenho financeiro da AMIL vai na contramão do setor,
que conseguiu melhorar seus resultados, no ano passado, mesmo num cenário com
menos usuários de planos de saúde.
A AMIL é a única que mostrou uma queda – bem expressiva - no lucro no ano passado, quando se consideram
os resultados de suas rivais BRADESCO SAÚDE, SUL AMÉRICA e INTERMÉDICA (ver
quadro nesta página).
Parte do desempenho mais fraco da AMIL é explicada pela carteira
de planos individuais – são 525 mil usuários que representam 15% do total.
O reajuste desses convênios médicos é determinado pela
Agência Nacional de Saúde (ANS) que determina índices muito menores em relação
aos praticados em planos de saúde empresariais.
COUDRY confirma que essa carteira de planos individuais tem
um impacto grande no resultado.
Ele vem adotando várias ações para reduzir os custos – uma delas
é oferecer um médico de família ao usuário, e, assim evitar idas desnecessárias
ao pronto-socorro, onde o gasto costuma ser alto.
Atualmente, 330 mil usuários, incluindo todas as modalidades de
planos de saúde, são acompanhados por um médico de família da AMIL.
O mercado do Rio de Janeiro foi o mais atingido pela queda de
braço entre a AMIL e a Rede D’Or.
Já há clientes trocando o plano desta operadora por outros
que oferecem hospitais como o COPA D’Or, um dos mais conhecidos no Rio.
“Alguns clientes já trocaram de operadora por considerarem a
importância dos hospitais da REDE D’Or tanto no RIO quanto em SÃO PAULO.
Havia clientes que estavam no período de reajuste e outros no
meio do contrato.
Normalmente, paga-se uma multa (neste último caso), mas a
AMIL foi bastante compreensiva e não cobrou a multa”, disse THOMAZ MENEZES, Presidente
da IT’S SEG, corretora e consultoria de planos de saúde com forte presença no
RIO.
Para não perder mais clientes no RIO, a AMIL começou a
liberar os hospitais do grupo como PRÓ-CARDÍACO e SAMARITANO – estes, até
então, eram oferecidos apenas a convênios médicos mais caros.
Em alguns casos, como o contrato com o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
RIO, a AMIL estendeu o serviço de seus hospitais premium para quem não estava nesse
perfil de plano e ainda fez um
reajuste de 7% - abaixo da inflação médica do ano passado, de 11%, e abaixo do
reajuste praticado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os
planos individuais, que foi de 10% no ano passado. “Um reajuste abaixo da média
do mercado é negociado entre as partes, mas dá espaço para outros contratantes pleitearem
isonomia de tratamento”, avalia ALESSANDRO ACAYABA, Presidente da Associação Nacional
das Administradoras de Benefícios (ANAB).
A Confederação Nacional de Saúde, segundo fontes, tem
recolhido reclamações de associados.
A queixa é que a AMIL estaria usando seu “poder de barganha”
e o fato de a REDE D’Or ter tido boa parte de seus hospitais descredenciados
para pressionar hospitais menores.
Procurada, a Confederação não comentou.
Infelizmente, a saúde do cidadão tornou-se mercadoria, e mercadoria cujo preço é muito fácil de explorar-se...
ResponderExcluirEdgardo Amorim Rego
Caro Edgardo Amorim Rego,
ExcluirVocê tem razão.
Mas vai chegar uma hora em que essa situação vai ter de se ajustar.
As pessoas vão apelar para tratamentos naturais, terapias alternativas, etc.
E aí os avanços tecnológicos vão ficar limitados a um nicho muito restrito de clientes endinheirados.
Abraços
Adaí Rosembak
Caro Blogueiro Adaí,
ResponderExcluirInfelizmente, tenho de concordar com o senhor. Esse é um problema que cada vez mais atinge todo mundo.
A medicina fica cada vez mais cara e mais sofisticada.
Como atender a todo mundo?
Acho que esse vai ser o grande problema do novo milênio.
Caro Anônimo,
ExcluirA minha resposta ao comentarista anterior também serve para o seu comentário.
Alguma saída vai ser encontrada.
Abraços
Adaí Rosembak
O que vai ser de nossos descendentes?
ResponderExcluirCaro Anônimo,
ExcluirBoa pergunta.
Abraços
Adaí Rosembak
Tem duas saídas para resolver o problema: 1 - diminuir os custos médicos. 2 - aumentar salários e benefícios no mesmo índice dos custos médicos.
ResponderExcluirComo nenhuma dessas soluções vai sair, o problema vai continuar.
Caro Anônimo,
ExcluirSó me resta concordar com você.
Abraços
Adaí Rosembak
Caro Blogueiro,
ResponderExcluirIsso tudo faz parte de uma grande doidice.
De um lado, acabar com estatais que dão lucro e que são fundamentais para o progresso do país como o BB e, de outro, cobrir um furo de R$ 100 bi da Odebrecht, é alguma coisa de um louco, é um caso patológico.
Que país é este? Para onde estamos indo?
Caro Anônimo,
ExcluirAinda que o questionamento que você coloca não seja o foco do artigo, concordo inteiramente com você.
Abraços
Adaí Rosembak