Companheiros,
Estava começando a
formatar um artigo sobre a reforma da Previdência no Brasil tendo como base o
excelente artigo “Sigamos o modelo PREVI”, de autoria do
economista RAUL VELOSO, publicado no O GLOBO, de 06.02.2018, quando fui
surpreendido por dois acontecimentos que me obrigaram a postergar a elaboração
de minha nota.
Primeiro, foi a
intervenção federal na área de segurança no RIO DE JANEIRO que, paralelamente,
suspendeu as discussões das reformas na Previdência pelo CONGRESSO NACIONAL.
Segundo, e talvez ainda
mais impactante em nosso nicho, que é a PREVI, foi a primeira parte do pedido
de renúncia, em 01.02.2018, complementada pela segunda parte neste artigo, do
cargo de Conselheiro Deliberativo Suplente na PREVI, do dileto companheiro Dr.
JOSÉ BERNARDO DE MEDEIROS NETO.
Transcrevo sua carta de
renúncia, em sua integralidade, ao final desta nota.
Li seu pedido de
renúncia várias vezes e, confesso, continuo pasmo até agora.
Conheci o Dr. MEDEIROS de
forma mais aprofundada quando li seu livro “O CONSELHO FISCAL NAS EMPRESAS E
NOS FUNDOS DE PENSÃO – NO OLHO DO FURACÃO”.
Ao conversar com diversos
companheiros sobre esse assunto, verifiquei que as opiniões são controversas em
uma série de aspectos.
Mas todos reconhecem sua
coragem e impetuosidade, seu ego inflamado e sua experiência e conhecimento da
PREVI para a elaboração de uma carta com conteúdo tão explosivo como essa.
Ponderei nesse aspecto
que, determinadas atitudes na vida, só tomamos no impulso, de forma arrojada e
seguindo o instinto.
Se, em determinadas
decisões vitais em nossa vida, formos sopesar os prós e contras, de cabeça
fria, não faremos nada.
Outros o condenam por
não ter feito suas denúncias anteriormente.
Repito que, o Dr.
MEDEIROS, mais uma vez, se pautou pelos instintos e por suas razões pessoais
para agir dessa forma.
Ele é uma pessoa experiente,
que transitou intensamente na alta administração da PREVI, sabe de tudo e, o
mais importante, sabe se defender e tem plena consciência dos desafios que tem
pela frente.
O importante é que, já
que o assunto está na mídia, tudo seja intensamente debatido, investigado e
sanado, se for o caso, para que a PREVI não venha a sofrer uma intervenção que
só prejudicará a todos nós.
Já passamos por isso
anteriormente.
Os blogs do MEDEIROS e
do ARI ZANELLA, de imediato, publicaram a primeira parte da carta do Dr.
MEDEIROS e teceram comentários sobre o gesto que, além de ousado, implica em uma
renúncia a benesses corporativas, opção pessoal muito rara de ocorrer dentro da
estrutura burocrática estatal.
Paralelamente à ação do
Dr. MEDEIROS, a companheira ROSALINA DE SOUSA,
reproduziu no blog que leva seu nome, a carta
do Companheiro NEREU JOÃO LAGOS, Presidente
da AFABB-PR, dirigida ao MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO – Secretaria de Controle
das Estatais (SEST), que aborda a situação atual de dirigentes do BB, que já se
aposentaram ou se aposentarão na condição de estatutários, em que os ônus de
suas polpudas aposentadorias recaem sobre os ombros da PREVI, sem que tenha
havido a contribuição obrigatória à mesma, nos parâmetros estabelecidos nas instruções da instituição e
que abrange todos seus associados.
Dentro de nossa visão,
se o PATROCINADOR, o BB, que tem metas de lucro e, a seu talante, decidiu
estender aos dirigentes da PREVI os mesmos benefícios auferidos pelos
dirigentes do BB, o PATROCINADOR que suporte esses dispêndios.
O compromisso da PREVI
é garantir a cobertura financeira relativa aos benefícios de seus associados,
dentro das normas que regem a matéria, e que se estendem para todos os seus
associados de forma uniforme, sem exceções.
Essa polêmica já vem se
estendendo há muito tempo.
Nossos mais brilhantes
representantes e blogueiros, tais como ISA MUSA DE NORONHA, RUI BRITO DE
OLIVEIRA PEDROSA, JOÃO CARLOS LAGO NETO, ARI ZANELLA, JOSÉ BERNARDO DE MEDEIROS
NETO, ROSALINA DE SOUSA, GILBERTO MATOS SANTIAGO, CÉLIA LARÍCHIA, MARCOS
COIMBRA, LORENI DE SENGER, SÉRGIO FARACO, e tantos outros aos quais apresento
minhas escusas por não os ter citado, já
se manifestaram contra essa situação, e diversas associações e entidades de
nossa categoria já entraram com recursos para reverter esse processo.
De nada adiantaram essas
iniciativas.
Essa matéria está em foco
há muito tempo e, semelhante a uma partida de ping-pong, em que a bola vai de
um lado para o outro, nada se decide, a situação fica sem qualquer definição,
as pessoas se cansam, e nada muda.
Isso é igualzinho à
Resolução CGPC 26, de autoria de um senador do PT, que garfou 50% do superávit
de nossa PREVI, “nosso bendito dinheirinho”, para engordar os cofres do PATROCINADOR,
de forma ilegal, e que, até hoje, depois de tanta grita e tantos processos
legais, continua tudo como dantes no quartel de Abrantes.
A iniciativa do colega
NEREU JOÃO LAGOS, Presidente da AFABB-PR, é uma nova investida junto ao
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO – Secretaria de Controle das Estatais (SEST), para
desenganchar essa situação.
Os tempos são outros. As
coisas estão mudando muito rapidamente. O que a mídia afirma pela manhã é
desmentido à noite. Autoridades fazem afirmações pela TV e, logo depois, após
protestos e repercussões negativas, voltam atrás. Vide as afirmações recentes
do Chefe da Polícia Federal.
Então, qualquer
surpresa é possível.
Rezo para que o
companheiro NEREU JOÃO LAGOS tenha êxito em sua iniciativa, muito embora o
Secretário do SEST, Sr. FERNANDO ANTÔNIO RIBEIRO SOARES, não seja o
interlocutor ideal nessa peleja.
Até agora, seu esporte predileto
tem sido cortar quadros das estatais e levar os associados da CASSI ao
desespero.
Segue adiante a missiva
do colega NEREU JOÃO LAGOS, extraída do Blog da ROSALINA DE SOUSA.
Logo após, transcrevo
do Blog do MEDEIROS, a integralidade de sua carta de renúncia ao cargo de
Conselheiro Deliberativo Suplente da PREVI.
Boa leitura e frutuosas
reflexões!!
ADAÍ ROSEMBAK
Associado da AAFBB,
ANABB e ANAPLAB
CARTA AO MINISTÉRIO DO
PLANEJAMENTO
CURITIBA (PR),
04.12.2017.
Ao
MINISTÉRIO DO
PLANEJAMENTO
Secretaria de Controle
das Estatais – (SEST)
Esplanada dos
Ministérios, Bloco C.
Zona
Cívico-Administrativa.
Brasília (DF) – 70297-400
DD. Senhor Ministro,
Anexamos à presente
diversas correspondências mantidas entre esta Associação e a PREVIC sobre “Teto
Salarial”. Isto porque o Conselho
Deliberativo da PREVI aprovou teto salarial igual ao que recebe um diretor do
Banco do Brasil, valor que hoje se aproxima ou supera a cifra de R$ 50.000,00.
No site da PREVI que
publicou essa aprovação, foi também informado que o assunto ainda dependeria da
palavra final do Banco do Brasil e da PREVIC.
Assim sendo, dirigimos
diversas correspondências à PREVIC, pois julgávamos que a aprovação definitiva
dependeria apenas dela, e, para surpresa nossa, em nova missiva a própria PREVIC
informou-nos que a aprovação final do assunto é da alçada do MINISTÉRIO DO
PLANEJAMENTO, a quem caberá, em definitivo, fixar o valor do teto salarial em
questão.
Indo ao cerne do
problema, esclarecemos que não nos compete opinar sobre o mérito dos salários
da Diretoria do Banco do Brasil, cujos valores, aliás, são visivelmente bem
elevados pela importância dos cargos que exercem. Mas discordamos veementemente
pelo fato de um Diretor aposentar-se, levando consigo não apenas os seus
proventos normais, mas também as vantagens que o posto de Diretor lhe conferia.
A aprovação do teto nos
patamares aqui expressos criará um conjunto de diretores aposentados que
receberão valores milionários, agravando inevitavelmente as reservas matemáticas
da PREVI, que tem por finalidade única e exclusiva o pagamento e melhoria
salarial dos aposentados e das pensionistas do BB, que recebem hoje em média R$
5.000,00, e não para que apenas alguns poucos tecnocratas possam se locupletar do
dinheiro que é de todos.
Isso ocorrerá apenas se
esse Ministério aprovar a medida, senão vejamos:
Existem hoje no Banco
do Brasil 37 diretorias, quase todas exercidas por funcionários prestes a se
aposentar. Isso significa um agravamento das reservas da PREVI, considerando
que todos esses funcionários não contribuíram o suficiente para desfrutar
dessas vantagens, pois exercem o cargo há menos de quatro anos e vão se
aposentar com somas milionárias.
Entendemos ser preciso
estancar essa sangria, e assim tomamos a liberdade de sugerir a esse Ministério
que se aprove um teto salarial que não ultrapasse a remuneração de um Ministro do
Supremo Tribunal Federal, que já é alto e imerecido pelos nossos aposentados, seja
qual for o cargo que tenham exercido na sua vida profissional.
Nesse sentido, anexamos
cópia da carta de 26.10.2015, que enviamos para todos os deputados federais,
incentivando-os para apresentarem projeto de Lei restringindo esses altos
salários, mas infelizmente não recebemos nenhuma resposta.
A não aprovação de um
teto salarial não disciplina a matéria, não fixa regras sensatas e está
causando sérios prejuízos à PREVI, permitindo que se repitam vários casos
iguais ao do Sr. BENDINE, que está aposentado (atualmente preso) recebendo R$ 68.000,00
mensais.
A AFABB/PR, que
representa quase 2.000 associados no Paraná, espera merecer a atenção e os
cuidados na análise do problema em foco, agradecendo antecipadamente a
importância e o destaque que nos for dedicado por esse Ministério.
Atenciosamente
NEREU JOÃO LAGOS
Presidente
AFABB/PR
CARTA DE RENÚNCIA DO
DOUTOR JOSÉ BERNARDO DE MEDEIROS NETO AO CARGO DE CONSELHEIRO DELIBERATIVO
SUPLENTE NA PREVI
Atendendo a inúmeros
pedidos de colegas, participantes de eleitores, que me apoiaram nas eleições de
2014 para a PREVI, que manifestaram o desejo e alegaram o direito de conhecer
as razões de minha renúncia ao cargo de conselheiro deliberativo suplente, que
apresentei no dia 1 deste mês, sinto-me na obrigação de publicar a carta. Como
sempre defendi a transparência e o direito dos participantes saberem o que se
passa no seu fundo de pensão, entendo que esta atitude está coerente com esses
princípios, que, na minha opinião, são saudáveis e se inserem numa política de
plena integridade, tão apregoada ultimamente para coibir corrupção.
Não havia divulgado a
carta de renúncia até agora porque ainda nada tinha recebido da PREVI. Mas
ontem me chegou e-mail da secretaria do conselho, solicitando devolução da
credencial de acesso ao Mourisco e do iPad, conforme mandam os normativos, por
conta do TÉRMINO DO MANDATO. Em vista disso, após consulta a colegas que me
acompanham, face ao “ENCERRAMENTO DO MANDATO”, me considerei liberado de
qualquer vínculo administrativo com a entidade e apto para informar os termos
de minha carta de renúncia, onde estão explicitadas as minhas principais justificativas.
Como a carta é longa, seis páginas. Publicarei em três etapas, para a devida
análise de vocês. Ela foi dada a conhecer, previamente, a alguns colegas e
algumas entidades que me apoiaram, para apreciação. Agradeço a reserva mantida, mas
soube que já está começando a vazar. Inclusive
com algumas alterações e variações. Então, para evitar mal-entendidos, aqui
está na sua íntegra. Agradeço a compreensão.
Porto Alegre, 1 de
fevereiro de 2018.
Sr. Presidente do
DELIB,
Sinto-me no dever de
apresentar a minha renúncia ao cargo de conselheiro deliberativo suplente da
PREVI, para o qual fui eleito com expressiva votação, tendo tomado posse em 1
de junho de 2014.
Embora faltando apenas
quatro meses para o final do mandato, não tenho mais condições de exercer o cargo,
por discordar de fatos e de algumas decisões tomadas ultimamente, com as quais
impossível conviver.
Entre essas decisões,
destaco a que criou, na reunião do DELIB de 15 de dezembro, o comitê de
auditoria, com o propósito de procurar contemplar recente proposta do CNPC para
entidades consideradas sistemicamente importantes.
A composição escolhida,
em meu entendimento, confronta com o espírito da Resolução do CNPC, que
pretende ver no comitê, no mínimo, dois membros independentes, para estabelecer
mais autonomia ao órgão.
Dessa forma me parece
que o órgão nasce aleijado, e por isso acho que terá dificuldades de atuação
perante o conselho fiscal e as auditorias, já que, conforme anunciado, terá que
revisar as demonstrações contábeis.
Outra decisão que me
desagradou, foi a que aprovou, por cinco votos a um, na mencionada reunião de
15 de dezembro, indicadores para a remuneração variável da diretoria referente
ao exercício de 2018 e estabeleceu alterações em alguns dos pressupostos.
A maioria dos participantes
reprova a remuneração variável para os diretores da PREVI.
Alguns chegam a denominá-la
de “bônus abutre”.
Outros argumentam que
houve deliberação em causa própria pelos indicados do BANCO DO BRASIL, já que
ocorreu voto de minerva.
Os indicadores são
questionados, especialmente os acionadores do pagamento, que foram mudados
anteriormente.
Essa decisão, portanto,
interessa aos participantes. Ela não foi divulgada aos participantes,
contrariando as regras de transparência e o que foi combinado.
Essa política de
comunicação, que omite informações relevantes aos participantes e amordaça os
conselheiros eleitos impedindo-os de fazer divulgação ampla, sob o manto de um rigoroso
Código de Ética e de Guia de Conduta, tem sido alvo de permanente reclamação
desde que assumi.
Tem melhorado, mas
ainda é muito insuficiente.
Não pude deixar
registrado na ata da reunião de 15 de dezembro, como gostaria, o meu
desconforto, dando amplitude ao voto contrário, porque, embora com direito a
voz, decisão do DELIB, em meados de 2015, proibiu os conselheiros suplentes fazer
quaisquer registros nas atas, como anteriormente eu vinha fazendo de maneira
sistemática, estabelecendo, a partir daí uma barreira silenciosa
intransponível.
Se pudesse registrar
minhas inconformidades, talvez não precisasse renunciar.
Não sou contra o
pagamento de uma justa remuneração aos gestores da PREVI.
Considero, entretanto,
um equívoco querer confundir a PREVI com o BANCO DO BRASIL nesse tocante,
adotando para ambos um critério similar de remuneração variável, salvo alguns
indicadores específicos.
São duas instituições
diferentes.
Uma é sociedade anônima
e a outra é um fundo de pensão.
Uma visa o lucro e a
satisfação dos acionistas.
A outra tem por
objetivo o pagamento de aposentadorias e pensões, tendo como norte o equilíbrio
atuarial.
São como óleo e água.
Não se confundem.
O pagamento dessa
generosa remuneração variável, de seis salários, que podemos também classificar
como uma gratificação ou bônus, aos diretores da PREVI é incabível.
Talvez só se
justificaria, no consenso de alguns, se o déficit acumulado, que ainda
persiste, em torno de cinco bilhões, fosse zerado, e o superávit obtido pudesse
de novo ensejar pagamento de BET aos participantes e suspensão das
contribuições.
A circunstância de que
o atual resultado evitou contribuição extraordinária, como está ocorrendo em
outros fundos de pensão, que tem sido alardeada, não é suficiente, pois se sabe
que grande parcela do resultado não é produto de gestão, mas se deve unicamente
a melhoria da bolsa de valores, que passou de 50.000 pontos para 77.000 em
2017.
Acresce, ainda, o fato
de que os diretores da PREVI participam de conselhos de empresas, onde são
regiamente remunerados, sabido que alguns conselhos pagam honorários elevados,
o que, sem dúvida, é mais um atrativo para o cargo.
Antigamente o BANCO DO
BRASIL colocava um limite de ganho aos funcionários da ativa, obrigando a
doação do restante para entidades filantrópicas, como a FUNDAÇÃO CULTURAL.
Hoje esse freio não existe
mais.
Atualmente, o
Presidente GUEITIRO e o Diretor MARCEL são conselheiros da VALE. O Diretor RENATO
PROENÇA é conselheiro da INVEPAR, o Diretor MÁRCIO da NEO ENERGIA, a Diretora CECÍLIA GARCEZ da
EMBRAER, todas importantes empresas.
Somando esses
honorários com a remuneração fixa da PREVI, resulta numa expressiva quantia,
desproporcionada se comparada com a média dos benefícios, ainda mais na
presente conjuntura quando ocorreu um pífio reajuste dos benefícios em janeiro,
da ordem de apenas 2,06%, motivo pelo qual me parece que a remuneração variável
se antes já era reprovável, agora, com esse reajuste mínimo, se torna imprópria
e inadequada.
Outra circunstância que
aumenta o meu desconforto é a que diz respeito ao departamento jurídico da
PREVI. Quando fui intimado pela auditoria interna para responder processo de
quebra de sigilo, autorizado pelo DELIB, encaminhei correspondência de defesa
onde chamava a atenção de que a auditoria ocuparia melhor o seu precioso tempo
examinando o departamento jurídico, há quinze anos sob a chefia do mesmo
consultor, para levantar possíveis irregularidades no setor, algumas das quais
eu alinhava, inclusive com relação a custos, pois as despesas jurídicas eram
elevadas, depois do pessoal, a rubrica maior. Minha sugestão não foi levada
adiante. Morreu junto com meu processo.
Ano passado surgiu a informação
no DELIB de que denúncia anônima a respeito de uma vultosa ação de arbitramento
movida por DANIEL DANTAS, da ordem de bilhões de dólares, lançava suspeitas
sobre os principais gestores do Departamento Jurídico, sendo que quatro foram,
então, afastados de suas funções e voltaram para o BANCO DO BRASIL. Entretanto,
a partir daí reina o silêncio a respeito das responsabilizações e das medidas
administrativas correspondentes. Na última reunião, o atual consultor jurídico
relatou um caso de economia de quantia bastante grande, num contrato,
declarando que aquilo era apenas um pequeno sinal do “descalabro” que encontrou
no setor.
Acho que sem que esse
episódio seja devidamente passado a limpo e clareado, se houve culpa ou não, se
houve má fé ou não, qual a extensão das irregularidades, os gestores e
conselheiros poderão ser considerados cúmplices ou acobertadores.
Impossível conviver com
essa situação, que necessita ser esclarecida, aprofundada e devidamente
saneada, com urgência, aplicando-se as punições e responsabilizações, se for o
caso.”
(continua na próxima
postagem, dia 20)
2ª e última parte – Dia
19.02.2018
“INTRÓITO Á PARTE FINAL:
Tendo em vista inúmeros pedidos, vou antecipar a publicação
da parte final de minha carta de renúncia, que faria em duas etapas. Agora vai o
texto integral, embora longo. Suprimi pequenos trechos, atendendo parecer de
meus advogados. Tenho sofrido ameaças de ações judiciais e represálias. Mas não
vou recuar. Volto a pedir a compreensão dos colegas, das pensionistas, dos
aposentados e dos participantes da ativa da PREVI, cujo futuro me preocupa,
sendo que a minha carta de renúncia é minha contribuição para que se efetuem
melhorias. Quando assumi, em meu primeiro dia, lá na PREVI, afirmei que era pé
quente e que o imenso déficit daquela época iria ser superado. Riram de mim.
Graças ao desempenho da bolsa estamos de novo no azul. É preciso que este
superávit seja destinado a quem de Direito, aos donos da PREVI, os
participantes, jamais ao patrocinador. Abaixo o texto final.”
TEXTO FINAL
“Por último, preciso
falar de governança, uma bandeira que a administração da PREVI tem desfraldado
para diferençar de outros fundos de pensão, tendo passado por esse motivo imune
pela CPI.
Não acho que tenha
havido boa governança no caso do complexo hoteleiro de SAUÍPE, recentemente
vendido, com imenso prejuízo ocasionado à PREVI, pelos aportes financeiros
feitos ao longo de todos esses anos que, atualizados, superam a casa de um
bilhão de reais.
Gerentes e conselheiros
da PREVI participaram também do conselho de administração e fiscal da SAUÍPE,
situação que denunciei por ocasião da novembrada.
Lembro aqui que foi
enfatizado, numa reunião do DELIB, ocorrida no segundo semestre de 2014, ao
justificar pedido de auxílio financeiro ao complexo hoteleiro que, a partir
daquele momento, SAUÍPE passaria a dar lucro e não necessitaria mais ser
socorrida pela PREVI.
Li agora, na
correspondência que encaminhou a venda do complexo, que a diretoria da PREVI
concedeu novos auxílios financeiros em 2015 e 2016, perfazendo cerca de
quarenta milhões de reais, aumentando, assim, o prejuízo acumulado.
Por esse motivo, estou
preocupado com o que está acontecendo com a INVEPAR, que, como todos sabem, vem
enfrentando problemas de ordem financeira, onde o Diretor RENATO PROENÇA, justamente
responsável pela área de governança da PREVI, é conselheiro de administração.
Ninguém pode servir a
dois senhores, ensina a Bíblia.
Essa prática não dá
certo quando acontecem operações financeiras entre ambos e os interesses se
sobrepõem.
Por isso defendo
atualmente a tese de que diretor da PREVI não pode e não deve fazer parte do
conselho de administração de empresas participadas, até porque os afazeres de
seu cargo são extremamente abrangentes e merecem atenção redobrada e dedicação
exclusiva.
Um dos princípios de
governança corporativa é promover a integração dos órgãos colegiados e dos
conselheiros com os gestores executivos.
A PREVI promove
encontros de governança para os conselheiros de empresas participadas e não
promove encontros internos para a integração de seus conselheiros
deliberativos, fiscais e consultivos com os diretores.
Na primeira reunião do
DELIB de que eu participei houve a constituição dos comitês de assessoramento.
Eu me candidatei a
todos eles e fui derrotado sistematicamente por cinco votos a um, tendo a meu
favor apenas o voto de meu companheiro de chapa. Fui claramente discriminado por ser de
oposição.
Fiquei fora de todos os
comitês. Isso é integração? Isso é governança?
Trazia em minha bagagem
uma larga experiência na área, como ex-presidente do Conselho Fiscal da PREVI,
com livro publicado, um dos líderes de venda nos Congressos da ABRAPP, presidente
de associação, contabilista e advogado atuante.
Além de experiência,
trazia também conhecimentos avançados na área das probabilidades algorítmicas e
de investimentos em renda variável.
Prova de minha
habilitação é que minha pontuação no ranking de conselheiros de empresas da
PREVI é elevada, 69 pontos, no 45º lugar.
Governança supõe
trabalhar junto, tirar proveito de divergências de opinião e de ideias.
A PREVI infelizmente
não tem mostrado nenhuma vocação para lidar com divergências e críticas.
Quem diverge é tratado
como inimigo, especialmente quem procura defender os participantes e resistir
aos interesses e investidas do patrocinador BANCO DO BRASIL, que historicamente
vem se beneficiando da PREVI e continua ganancioso em suas pretensões.
Como já foi dito, a
PREVI enfrenta problemas de transparência na comunicação com os participantes.
Claro que existem
assuntos sigilosos de ordem operacional, mas diversas deliberações, em meu
entendimento, poderiam e deveriam ser divulgadas, para conhecimento dos
participantes, que devem saber e acompanhar o que se passa em seu fundo de
pensão, para poderem cobrar atitudes dos eleitos.
Na condição de
conselheiro deliberativo tive problemas de obtenção de documentos e de informações.
Foi necessário, através
de correspondência protocolada, ameaçar de dar queixa policial de subtração ou
de ajuizar mandato de segurança para conseguir obter o conteúdo do TAC,
enfrentamento que durou todo o segundo semestre de 2014 e os primeiros meses de
2015, causando enorme desgaste.
Precisava chegar a esse
ponto? Sabido que os conselheiros têm direito ao acesso de toda a documentação.
Tenho outras matérias
que alimentam o meu desconforto, de igual ou até de mais relevo, como, por
exemplo, a questionável seleção de conselheiros para empresas participadas, o
teto dos benefícios, a questão da sétima e oitava horas, as pendências com o
BANCO DO BRASIL sobre o BET, os controles internos sobre os investimentos, como
o FIP BRASIL, mas essa carta de renúncia já vai longa, não comporta outras
considerações, pois, creio, as alegações aqui contidas já são suficientes para
justificar a minha renúncia.
Lamento renunciar ao
meu mandato.
A renúncia sempre é uma
atitude penosa e necessita de firmeza. MARTHA MEDEIROS, escritora gaúcha, minha
sobrinha, escreveu que “ou a gente se acomoda e finge que está tudo bem, distribui
sorrisos e desculpas esfarrapadas, se submetendo a uma farsa, ou encara a
situação, mostra que é digno, autêntico, assume os riscos de sua decisão,
demonstra sua independência e escreve sua história”. Eu tenho uma história a
zelar.
Não posso contrariá-la nessa
altura de minha existência, às vésperas de completar oitenta anos.
Sigo o exemplo de meu
pai, advogado do BANCO DO BRASIL, que renunciou ao cargo de juiz em URUGUAIANA
por não aceitar interferência política. Procuro honrar sua memória.
Foi com sofrimento,
acredite, não foi fácil, que resisti até aqui o exercício de meu mandato.
Tenho testemunhas de
meu permanente, desgastante e desigual esforço pela defesa dos direitos e
interesses dos aposentados e pensionistas perante o patrocinador BANCO DO BRASIL
durante todos esses 44 meses intermináveis, bem como pela minha luta pelo
fortalecimento da PREVI como instituição que nos garanta um padrão de vida
digno no ocaso de nossas vidas e não apenas uma mera pagadora de benefícios.
É com pesar que me vejo
obrigado a renunciar próximo do fim.
Saio, entretanto, de
consciência tranquila, cabeça erguida e com o senso do dever cumprido.
Faço votos de que as
minhas ponderações, feitas com o melhor propósito, como sempre fiz, sejam
objeto de reflexão e quem sabe de tomada de providências, bem como que respeitem
minha atitude.
A propósito, como é ano
eleitoral, para que não seja mal interpretado, declaro que não sou candidato a
nada.”
Caro Adaí,
ResponderExcluirEstava estranhando sua alienação à minha renúncia até que li teu comentário no blog da querida Rossalina. Você sabe que aprecio teus escritos e tua maneira de se expressar, que prima pela elegância e pelo estilo claro e transparente. Acredite que minha atitude não foi por impulso, ela foi uma decisão sofrida, foi compartilhada com meus colegas aqui da AFABB RS, e durou alguns meses até se concretizar. E tenha a certeza que sempre esteve na minha mente fazer o melhor pelo bem da Previ. Deixei de renunciar antes porque o momento não era propício para a PREVI em razão da CPI. Agora não deu mais para segurar. Obrigado pelas tuas gentis colocações. Forte abraço
Caro amigo Medeiros,
ExcluirEu nunca me alieno do que você escreve.
Calculo como a decisão de publicar essa carta foi sofrida para você.
É preciso ser macho, tchê !! E ser macho do Rio Grande do Sul, tchê!!
A ajuda de seus amigos da AFABB-RS foi vital para tanto.
Você fez o que sua consciência mandou.
Agora deve vir chumbo grosso por aí.
Mas tenho certeza de que você está preparado para o que vier.
Grande abraço
Deste amigo que o admira
Adaí Rosembak