sábado, 24 de novembro de 2018

NOVOS TEMPOS


Caros Amigos,

Estou achando que a montagem do governo está sendo feita de forma um tanto atabalhoada.
É muita gente falando ao mesmo tempo.
Paralelamente, acordos com as bases políticas de apoio ao governo que precisam ser feitos,  não o são.
O caso mais flagrante foi o da nomeação do futuro ministro da educação.
E note-se que o novo governo recém-eleito só começa efetivamente a atuar em 2019.
Até lá, ainda estamos sob o Governo Temer.
O lado positivo é que o Presidente MICHEL TEMER
                                   

está colaborando ao máximo com o próximo Presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO.
                                    

Na história recente do Brasil, nunca houve uma mudança de governo tão tranquila como essa.
Na área do BB, que nos interessa, o futuro ministro da economia PAULO GUEDES, 
                                 

nomeou como presidente da instituição o economista RUBEM NOVAES,
                                   

que foi seu colega quando estudaram na Universidade de Chicago, considerada o centro universitário mais destacado na defesa do liberalismo econômico no Mundo.
RUBEM NOVAES, é PhD nessa universidade, foi diretor do BNDES, presidente do SEBRAE e é professor da FGV.
Ou seja, é um executivo que reune as qualificações e experiências necessárias para assumir a presidência do BB.
Mas, a despeito de seu preparo, consideramos muito prematura sua afirmação de que a prioridade de sua gestão vai ser   o “enxugamento da máquina” e a “privatização do que for possível”.
Naturalmente, temos de relativizar que foi um discurso de apresentação de quem ainda nem assumiu o cargo e nem se inteirou da complexidade do Banco do Brasil.
Enxugar o que?
Durante o período nefasto de ALDEMIR BENDINE, foram desligados quase 10.000 funcionários e fechou-se 402 agências.
Esse colossal corte, feito com extrema celeridade, e sem o adequado planejamento, deixou resultados deletérios dos quais a instituição, até hoje, não se recuperou.
Quanto à privatização do BB, o Bank of America, “BofA”, consultado, não se interessou pela proposta de associação com o BB,  conforme declarou ALEXANDRE BETTAMIO
                                 

, que é amigo de PAULO GUEDES, e é o chefe do  BofA para a América Latina.  
Os altos executivos do BofA consideraram que uma fusão com o BB seria inviável em razão de diferenças culturais e operacionais entre os dois bancos.
Essa foi a primeira tentativa de mexer no BB.
Virão outras, certamente.
O que pode vir a acontecer será, por óbvio, impactante e causará apreensão e tensão no funcionalismo do BB.
Não há como fugir dessa situação.
Isso faz parte do momento revolucionário que o Brasil está atravessando.
Temos de ser frios, analíticos e estar preparados para mutações.
Isso faz parte da vida.
Positivamente, temos de considerar que o nível de emprego vem crescendo mês a mês, e a  Lava-Jato continua atuante como nunca.
Todo dia tomamos conhecimento de novas operações e somos surpreendidos com novas prisões de criminosos do colarinho branco.
O Brasil vem sendo continuamente sanado e purgado da corrupção que muitos analistas internacionais, pouco atualizados com o que acontece no Brasil,  ainda insistem em dizer que faz parte da índole do país e de seu povo.
Novos grupos internacionais voltam a se interessar por investimentos no Brasil.
A inflação está  sob controle, os juros têm descido e a Bolsa de Valores tem subido.
Então, a expectativa é positiva e o panorama geral da economia e do país , apesar das falhas do Governo Temer, tende a melhorar cada vez mais.
Apesar dos inúmeros desafios que o país terá de enfrentar, o futuro governo está comprometido com a seriedade, com o apoio à Lava-Jato e com a reestruturação e modernização do estado.
Foi com essas premissas que JAIR MESSIAS BOLSONARO  ganhou o apoio da opinião pública e teve uma vitória tão surpreendente e acachapante.
Estão postas  as condições para transformar o Brasil em uma nação dinâmica, próspera, mais justa e com educação e saúde de alto nível.
Por nosso lado, temos de fazer  nossa parte e sermos atuantes e confiantes em um governo que, finalmente, merece ser respeitado.
Dentro desse panorama, transcrevo adiante o excelente artigo “ESTADOS DE ESPÍRITO”, de autoria do Frei BETTO, considerado por muitos um dos ícones da esquerda, mas que prefiro classificar como um humanista, publicado no jornal O GLOBO, em 24.11.2018, à página 27, que aponta  os questionamentos que os cidadãos  se fazem dentro da atual conjuntura brasileira.  

Atenciosamente


ADAÍ ROSEMBAK

Associado da ANABB, AAFBB e ANAPLAB


ESTADOS DE ESPÍRITO
Frei BETTO
                                 
                                                                    
Há momentos em que prefiro Bach, na expectativa de que me antecipe o céu.
Em outros, Tchaikovsky, para que me suscite energias criativas.
Nosso estado de espírito muda com as circunstâncias.
Como reza o Eclesiastes, há tempo para tudo, de destruir e de construir, de chorar e de rir.
Agora, vitoriosos e derrotados na eleição presidencial conhecem tempos distintos.
Passado o pleito, as fissuras abertas no estado de espírito do brasileiro ainda não cicatrizaram.
Relações familiares foram rompidas, amizades se desfizeram, batalhas nas redes sociais se intensificaram.
Conhecida a preferência das urnas, os estados de espírito variam.
Há derrotados que sofrem de melancolia e insônia, afogam-se em inquietações e lamúrias.
Os mais politizados afirmam que é hora de o PT fazer autocrítica e se reinventar.
Mas há quem insista que não há do que se arrepender; os acertos do partido teriam sido maiores que os erros.
E há ainda os que estão convencidos de que o PT acabou, ainda que tenha elegido a maior bancada da Câmara dos Deputados e quatro governadores.
Do lado vitorioso, o estado de espírito varia da euforia desaforada, ao fazer eco ao eleito de que é hora de passar o trator na oposição, ao receio de que o novo governo não corresponda à expectativa criada.
Depositou-se o voto na caixa de Pandora sem saber o que ela contém.
A democracia será aprimorada ou a censura estará de volta?
A Escola sem Partido criará um clima de terror nas salas de aula?
Sérgio Moro fez bem ao se deixar picar pela mosca azul?
O Brasil haverá de superar a recessão, retomar o crescimento e reduzir o desemprego?
Eleitores de um e de outro lado têm um sentimento comum: medo.
Não do mesmo tipo.
O dos antibolsonaristas é o de que vândalos antipetistas aprofundem o clima de intolerância e ameacem direitos constitucionais, como a liberdade de expressão.
Do lado da situação, o medo é ver tamanha esperança precocemente abortada.  
Desavenças na equipe de governo, nomeação de políticos acusados de corrupção, atropelos entre os poderes e dificuldade de aprovar as reformas.
Medo de ser feliz à custa do encolhimento dos direitos e do espaço democrático.
A eleição deste ano representou o canto do cisne da Nova República.
Ninguém sabe o que virá.
O programa de governo apresentado é superficial.
Prefere apontar prioridades, como a reforma da Previdência, o combate ao crime organizado e o equilíbrio das contas públicas.
Mas como fazê-los?, eis o dilema.
Na reforma da Previdência, haverá quem seja poupado, como os militares? No combate ao crime a prioridade é prender bandidos ou erradicar as causas que favorecem o narcotráfico, o comércio ilegal de armas e as penitenciárias como centrais do crime?
E na questão fiscal, mais cortes, mais contingenciamentos e privatizações ou o Estado como indutor do desenvolvimento e da criação de empregos?
E como fica o atendimento à saúde?
Quando serão substituídos os médicos cubanos, sobretudo nos 3.228 municípios assistidos exclusivamente pelos cubanos?
“Não se faz omelete sem quebrar os ovos”, diz o ditado. Que ovos serão quebrados?
E quem comerá a omelete?
Dos 208 milhões de brasileiros, mais de 100 milhões sobrevivem com menos de R$ 954,00 (valor do salário mínimo) por mês.
Destes, 52 milhões estão abaixo da linha da pobreza, ou seja, sobrevivem com menos de R$ 547,20/mês.
Isso significa que 90% dos brasileiros ganham, por mês, muito menos que o auxílio-moradia dos juízes, que é de R$ 4.378,00.
Ora, o Brasil não terá futuro e o estado de espírito do brasileiro não haverá de melhorar enquanto o problema número 1 do país não for decididamente atacado: a desigualdade social.
Só os cínicos e os ególatras conseguem aparentar felicidade com tanta infelicidade em volta.
Frei BETTO

8 comentários:

  1. Caro Colega,

    Infelizmente tenho de concordar com tudo o que o senhor escreveu. O fato é que o BB não tem mais nada a ver com o BB em que entramos há meio século atrás. Hoje, sob certos aspectos, é até preferível trabalhar em uma instituição privada.
    É triste mas é assim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Anônimo,

      Concordo em parte com o que você escreveu.
      O BB não é e nem poderia ser o mesmo de 50 anos atrás.
      A visão do funcionalismo também mudou. Acho até salutar que o funcionalismo procure evoluir, estudar, seja poliglota, se forme e faça pós-graduações.
      Isso o preparará para voos mais altos em suas especialidades.
      E quem sabe procurar outras oportunidades na iniciativa privada.
      Não considero isso triste.
      É o sinal de novos tempos.

      Abraços

      Adaí Rosembak

      Excluir
  2. desacreditado de todos lados....não conseguiu ficar no sacerdocio, agora fica como "b....n'agua"...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Anônimo,

      Naturalmente você se refere ao Frei Betto. Já li muita coisa dele que considero um tanto sonhadora e irrealista.
      Mas confesso que gostei de "Estados de ESpírito".
      Se encaixa muito bem aos tempos atuais.

      Abraços

      Adaí Rosembak

      Excluir
  3. Caro Anônimo,

    Você está corretíssimo quando diz que o BB de hoje não tem nada a ver com o BB de 50 anos atrás.
    Hoje o BB é acuado por todos os lados. Afinal o que é do Governo não é de ninguém.
    Por outro lado, o atual funcionalismo não tem mais ilusões em relação ao BB.
    Hoje eles entram no BB para sobreviver, estudar, ter uma formação superior para alçar vôos mais altos.
    O Presidente do BB ora nomeado Rubem Novaes é o retrato dessa realidade.
    Cursou a Universidade de Michigan, passou por altos cargos e agora vem para o BB para enxugar a máquina e privatizar a instituição.
    Carreira vitoriosa sem dúvida.
    E os que trabalharam arduamente no BB por esse imenso Brasil enfrentando as situações mais inóspitas possíveis? As agências estão sendo fechadas.
    Quem vai atender ao crédito rural como o BB?
    O governo deve pensar nisso.
    Essa é a realidade que enfrentamos.
    Temos de nos preparar para essas mudanças.

    Abraços

    Adaí Rosembak

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caros leitores, a resposta acima serve para o comentarista de 24.11.2018. Por uma falha outros comentário foi deletado.

      Excluir
  4. Pelo que o senhor expõe parece que não temos como lutar contra essa medida arbitrária.
    Parece que isso é um fatalismo.
    É essa a sua visão?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Anônimo,

      Eu não disse que não devemos lutar contra essa proposta e defendo a posição da ANABB em carta enviada ao Presidente da República denunciando essa situação.
      Mas a associação, fusão, ou partilhamento de serviços existe há muito tempo.
      Isso acontece com os grandes grupo e empresas no mundo inteiro.
      A propósito, transcrevo adiante mensagem em rede de funcionários do colega Roberto S. Costa:

      "Concordo que não teremos muitos argumentos para defender a privatização de partes de setores do BB.

      Ninguém reclamou quando terceirizamos diversos serviços internos, aplaudindo sob o aspecto da "economia e lucratividade".

      Brasilprev, Cielo, Mafre, esses os mais notáveis. As agências passaram a ser balcões de vendas de terceiros, sob a chancela BB.

      Na tesouraria, as empresas, suprem todo o numerario nos caixas eletronicos. Empresas contratadas, as manutenções diversas.

      Terceirizaram diversos departamentos.

      Agora, vem a conta. Infelizmente, o que realmente é o Banco do Brasil S.A., de hoje? Pensem a respeito.

      José Roberto S Costa"

      Essa é a situação. Ademais, vários enxugamentos já houveram e, pelo visto, a intenção é fazer novo core, do qual sou contra, como expús.

      Abraços

      Adaí Rosembak

      Excluir