segunda-feira, 19 de agosto de 2019

NEM UTOPIAS E NEM RETROPIAS


Caros Companheiros,

Às vezes, perguntamo-nos se vale a pena lutar contra a teimosia de alguns que insistem em enveredar por um caminho que se apresenta absolutamente inviável na defesa de nossos interesses.
Chegamos até a supor que possam existir outros interesses que os impeçam de levantar a vista para descortinar diferentes perspectivas de solução para um determinado problema.
É o que acontece atualmente com a questão da CASSI.
Em determinado ponto da vida não temos mais fôlego, paciência e nem vontade de manter discussões acaloradas na defesa de determinados princípios.
Essa pendenga da CASSI atingiu esse nível.
Preferimos recuar e apreciar o espetáculo de camarote.
Ou impera a lógica dos fatos, ou seja o que Deus quiser.
Isso tudo me leva de volta aos meus 19 anos, quando era um esquerdista empedernido, dono de verdades absolutas, e disposto a mudar o mundo na marra.
Quanta loucura se faz quando jovem.
É o tempo das ilusões.
A respeito, tem uma frase que diz:
“A juventude é um defeito que a velhice corrige.”
É importante fazer uma revisão do passado para entender o momento presente.
Naquele período, envolvido pelo fervor de mudar a sociedade pelo comunismo, decidi ir estudar em Moscou na Universidade Patrice Lumumba.
Entrei em um curso intensivo de russo no Curso Berlitz, que ficava no prédio onde se situa o Cinema Odeon, na Cinelândia.
Minha professora, Vera Neverova, um dia, me levou a um encontro com “amigos” na Rua Barão do Flamengo.
Ela me disse que era uma reunião de “intelectuais”.
Havia professores universitários, jornalistas, muita gente da “área de Humanas”, muitos jovens barbudos, e outras figuras estranhíssimas.
Em meio a uma fumaceira asfixiante, se debatiam teses teóricas complexas e em tom doutoral, sobre os rumos a tomar para a tomada do poder no Brasil e na América Latina pelas “forças progressistas”.
Um blá-blá-blá sem fim, cansativo e chato.
Eu já havia lido vários livros sobre marxismo e comunismo.
Mas uma coisa é ler uma obra teórica, que você pode analisar, discordar ou aceitar, outra é participar por horas de um grupo de pessoas fanatizadas por um objetivo confuso e indefinido, e que se julgam os donos de verdades supremas e inquestionáveis.
Cheguei a afirmar com os meus botões que aquilo não era um debate, era uma guerra de egos.
No meio daquela sala atulhada de tipos exóticos, que se digladiavam verbalmente na defesa de princípios e “certezas” sem fim, comecei a questionar tudo aquilo.
A qual público pretendiam atingir? 
Quantos milhões de seres humanos deveriam morrer para a implantação daquela nova ordem por meio de uma guerra civil? 
De onde viriam os armamentos, os recursos e o dinheiro para suprir “os mártires da Revolução Comunista”, que se pretendia implantar?
Àquela altura, já me encontrava completamente dividido em relação ao meu projeto  de estudar na Rússia.
Foi quando, de repente, estourou a Revolução de 1964.
O Consulado da Rússia, suspendeu de imediato o atendimento aos interessados em estudar naquele país.
Corriam muitos boatos   nas ruas.
Mas nada era publicado nos jornais.
Por precaução, dei fim aos meus livros de marxismo.
Coisas estranhas aconteciam.
Os jornais, em espaços de cobertura política, em lugar de notícias políticas colocavam receitas de bolo.
A censura era pesada.
Os piquetes e greves que tomavam o país antes de 31.03.1964, cessaram completamente.
Cabo Anselmo, que todos admiravam e que era um ídolo da esquerda, e que liderou a sublevação dos Marinheiros na Central do Brasil, que muitos consideram que foi o movimento que precipitou o início da Revolução, simplesmente sumira.
Tempos depois, soube-se que ele era um informante das forças de segurança, infiltrado dentre os marinheiros, e que dedurou muitos dirigentes de grupos terroristas de esquerda.
Agora, no YouTube, vi várias entrevistas com Cabo Anselmo.  
Está irreconhecível.
Até porque o Delegado Sérgio Fleury, que comandava forças policiais de anti-terrorismo,  lhe deu dinheiro para fazer operações plásticas para dificultar seu abate por participantes de grupos terroristas.
De repente, de 31.03.1964 a 01.04.1964, ao acordar, a sensação que o homem comum teve era de que estava em outro país.
As manchetes dos jornais em 01.04.1964, eram as mais auspiciosas possíveis.
De um dia para o outro, tinha acabado o noticiário sensacionalista, não se anunciavam mais greves, a economia entrava em ordem, os Estados Unidos davam apoio integral ao golpe, o dólar havia desabado de preço, etc, etc.
Ilusoriamente, parecia que o país estava em absoluta paz e progresso.
Mas, à boca pequena, pipocavam notícias de toda ordem sobre o que ocorria nos subterrâneos da sociedade.
Decidi ir trabalhar em Volta Redonda.
Lá a coisa também tinha sido braba, embora o Rio fosse o centro dos boatos sobre a ação das forças armadas para reprimir grupos que recorriam à violência e ao terror para reagir contra a nova ordem implantada.
Tive um amigo, que era um esquerdista fanático, com quem tinha boas conversas e que, de repente, sumiu.  
Tempos depois, uma pessoa que também o conhecia me contou que ele havia entrado na clandestinidade.
Embora fugindo ao introito deste artigo, que é a CASSI, trago esses assuntos à baila, para mostrar como podemos errar em nossas avaliações e decisões na vida, e quão danosas podem ser as consequências desses equívocos em nossas existências.
É o que pode acontecer com a CASSI no presente momento.
Para enfatizar o assunto CASSI, que é o foco desta nota, reproduzo adiante o magistral artigo “RETROPIA”, de 05.04.2019, de autoria de  GILBERTO SANTIAGO,
                                    

notável escritor,  companheiro e dirigente da AAFBB, e que se encaixa como uma luva no contexto da problemática pela qual passa a CASSI na presente quadra.
Boa Leitura!!
Atenciosamente

ADAÍ ROSEMBAK

Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB

GILBERTO SANTIAGO
RETROPIA
Há um fenômeno importante, pelo menos no mundo ocidental. 
É a retropia, uma fantasia que não se atém a um futuro almejado, mas sim a um passado idealizado, reduto dos saudosistas e dos que ignoram a dura realidade, desconsiderando as novas circunstâncias que passam a reger todos os passos de nossas vidas. 
É um apego anacrônico, eis que transfere para o presente valores do passado, que não podem mais subsistir em um mundo em plena evolução.
Em recente artigo, Fernando Gabeira ressalta o termo e suas interações.  
Suas palavras:
“O diálogo com um idealista retrópico é muito difícil pois tende a considerar qualquer argumento, mesmo o mais racional e objetivo, como uma submissão, desconfiado do que lhe pareça o vazio medíocre da ausência de uma utopia. 
Olho tudo isso com tranquilidade, pois conheço muita gente fixada em certos períodos do passado”.
E conclui:
“Quando se tem a pretensão de governar comportamentos, fica impossível encontrar um modus vivendi.
Grupos e mentalidades muito fechados tendem a considerar as críticas como um esforço conspiratório”.
Nem utopias, nem retropias.
Os fatos e as novas circunstâncias, com o correr dos tempos, se impõem como fonte de reflexão sobre as nossas convicções.
Quando, nos momentos difíceis, tivermos que tomar decisões que possam alterar nossas vidas (e, por vezes, o destino dos outros), iremos certamente confrontar o que podemos mudar e o que nos obriga a aceitar, dentro da realidade que nos cerca.
Com sabedoria e bom senso para perceber a diferença. 
GILBERTO SANTIAGO

13 comentários:

  1. Voto SIM, constrangido. Impõem-me obrigações financeiras tais que mais pareço assumir função de patrocinador da CASSI, além de alterações do contrato que desequilibram o poder de administração da entidade. Não alcanço até onde isso decorre de mudanças estruturais que o tempo promoveu na estrutura econômica do mercado livre. Em New York, já na década de 70 do século passado, filho de policial da cidade era atendido em hospital que filho de cidadão abastado era. As reformas políticas são necessárias, as que cortem os abusos deletérios da produtividade do trabalho, não a segurança de vida do trabalhador. Há muita outra medida nesse sentido que, essa sim , precisa ser tomada pelo Governo.
    Edgardo Amorim Rego

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    1. Caro Edgardo Amorim Rego,

      Concordo plenamente com suas palavras.
      Vivemos tempos de mudanças radicais e rápidas.
      Nós do BB, enfrentamos hoje desafios que seriam inimagináveis tempos atrás, a principiar pelos achatamentos salariais e planos de benefícios.
      Isso sem abordamos diversas outras mudanças deletérias.
      Tivemos um aumento fantástico da produtividade do trabalho em instituições bancárias. No entanto, nossos rendimentos desabaram.
      Precisamos sim é desenvolver uma campanha aguerrida pelo aumento de nossos ganhos e pela valorização de nossa categoria.
      Vamos ver o que vem por aí.

      Abraços

      Adaí Rosembak

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  2. Caro Adaí,
    Gostei imensamente do conteúdo e da riqueza do seu relato.
    Parabéns!
    Abraços,
    Norton



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    1. Caro amigo Norton Seng,


      Embora discordemos sobre vários aspectos de nossos problemas, friso que também aprecio e leio com extrema atenção suas colocações, mesmo aquelas que não coincidem com meus pontos de vista.

      Esse comportamento civilizado é maravilhoso.

      Também aceite meus parabéns.

      Abraços


      Adaí Rosembak

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  3. Em 19/08/2019 21:13, norton seng escreveu:
    > Caro Ebenézer,
    >
    > Mais cedo, recebi uma mensagem do Adaí e comuniquei a ele que gostei da bela explanação que ele fez sobre o alvorecer da ditadura instalada em 64 e sobre as ações e atos impensados que praticamos quando somos jovens para, com o passar do tempo, constatarmos que em muitas dessas ações estávamos errados.
    > Quanto ao regime instalado em 64, os fatos são incontestáveis ao comprovar os resultados tenebrosos, com danos irreparáveis para tantos brasileiros e seus familiares, que, inclusive, carpem as suas dores até hoje. Inclusive, dos desaparecimentos e das dolorosas sequelas física, emocionais e psíquicas causadas injustamente e cruelmente a tantas pessoas e muitas delas inocentes.
    > Mas escrevo agora para dizer que gostei imensamente, Ebenézer, de suas lúcidas colocações em seu texto abaixo dirigido ao colega Adaí e, desde já, estou curioso para ler a resposta dele a você.
    >
    > Abraços,
    > Norton
    >
    >
    > On Mon, Aug 19, 2019 at 10:03 AM Ebenezer Nascimento wrote:
    >
    >
    > RESTRITO AO DESTINATÁRIO
    >
    > Caro Adaí,
    >
    > Desde já há vários anos tenho me abstido de me manifestar com referência a mensagens postadas nos grupos-BB.
    >
    > Entretanto, a sua defesa veemente e insistente de acordo para solução financeira da situação da CASSI, mesmo que incluindo alterações estatutárias, e, principalmente, à vista da sua mensagem abaixo, considero ser da minha obrigação expressar meu pensamento.
    >
    > Com relação à sua mensagem específica:
    > a) Nenhum dos opositores às propostas ref. CASSI tem os 19 anos que você tinha quando se deixou enganar pelas teorias marxistas;
    > b) Quanto à seguinte frase que seria de Fernando Gabeira:
    >
    > “O diálogo com um idealista retrópico é muito difícil pois tende a considerar qualquer argumento, mesmo o mais racional e objetivo, como uma submissão, desconfiado do que lhe pareça o vazio medíocre da ausência de uma utopia.
    >
    > O que diria você se a mesma frase fosse lida da seguinte forma?
    >
    > “O diálogo com um idealista utópico é muito difícil pois tende a considerar qualquer argumento, mesmo o mais racional e objetivo, como uma submissão, desconfiado do que lhe pareça o vazio medíocre da ausência de uma utopia.
    >
    > (Nota: leia-se como "idealista utópico" aquele que defende causas com base apenas na retórica, sem comprovação técnica e documental.)
    >
    >
    > Finalmente, com relação a acordos com a CASSI, nos moldes que nos têm sido propostos, peço a gentileza de informar quais os direitos aos quais, a seu ver, devemos ou podemos abdicar a fim de viabilizar o entendimento com o Banco e com a CASSI? Para poupar seu tempo, ressalto que não há necessidade de defender a sua posição. Basta mencionar nominalmente os citados direitos renunciáveis.
    >
    > Cordialmente
    >
    > Ebenézer
    >
    >
    >

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    1. Caros Norton Seng e Ebenezer,

      Inicialmente, não ía publicar o arrazoado do Ebenezer no blog, visto que ele foi claro quando escreveu que o texto "era restrito ao destinatário."
      Mas agora eu recebo o e-mail do Ebenezer pelo Norton Seng, de modo que me sinto livre para publicar o texto.
      Vou procurar ser extremamente breve em minhas palavras pois senão a resposta pode se tornar um calhamaço.
      Acho que muitas coisas são coincidentes em nossas demandas, independentemente de votarmos SIM ou NÃO.
      Mas procuro me focar na realidade dos fatos.
      Por favor, leiam acima a resposta que dei ao Edgardo Amorim Rego.
      Na área bancária, a produtividade aumentou absurdamente. No entanto, os rendimentos tanto salariais como de planos de benefícios, desabaram injustamente e inexplicavelmente.
      Paralelamente, a inflação na área de planos de saúde, também aumentou absurdamente.
      Então, estamos sendo pessimamente pagos e estamos tendo uma limitação de atendimento mito grande na área de saúde.
      O governo quer nos jogar na vala comum do INSS.
      Os bancos tiveram lucros fabulosos.
      Paradoxalmente, a classe bancária foi desqualificada, desvalorizada e teve uma queda brutal de rendimentos.
      Isso está causando problemas sérios de ordem psicossomática em grande parte dos componentes de nossa categoria.
      Como resolver isso? É o que os que votaram NÃO ou SIM se perguntam.
      Insisto que a CASSI pode quebrar pela interferência da ANS.
      Não vou me alongar frente a isso.
      Na minha visão, precisamos lutar sim é pela valorização de nossa categoria e pelo aumento de nossos rendimentos.
      Conheço companheiros que passam por situações desesperadoras.
      Vou ficar por aqui.

      Abraços em ambos

      Deste sincero companheiro

      Adaí Rosembak

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  4. De: José Maria Toledo [mailto:jmtoledo@icone-rio.com.br]
    Enviada em: segunda-feira, 19 de agosto de 2019 17:55
    Para: jmtoledo@icone-rio.com.br
    Assunto: RES: NEM UTOPIAS E NEM RETROPIA



    Prezado amigo Adaí,



    Parabéns pelo conteúdo de suas palavras, retratando uma belíssima experiência de vida.

    Sobre o “nosso dia a dia”, eu costumo dizer aos meus amigos:



    “Avida é um caminho de pedras, por onde devemos andar com o maior cuidado,

    procurando evitar possíveis e inesperados tropeços.”



    Grande abraço,

    Toledo







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    1. Caro amigo José Maria Toledo,

      Concordo inteiramente com suas palavras.
      Estamos em um caminho de pedras com cristais nos braços.
      Temos de ter cuidados e muita habilidade, senão perdemos tudo.
      Apareça para almoçar na AAFBB.

      Abração

      Adaí Rosembak

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  5. Amigo,

    Gostei de seu artigo. Relato muito tocante e sincero.
    É a velha história de que o que está ruim pode piorar.
    Já estou aposentado e vejo a CASSI, o BB e a PREVI ameaçados.
    Precisamos lutar mas com habilidade.

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    1. Caro Anônimo,

      Grato pelos seus elogios ao artigo.
      Realmente a CASSI, a PREVI e o BB estão ameaçados.
      Os ataques estão vindo de vários lados.
      Temos de estar vigilantes e lutar com habilidade e diplomacia.
      Parabéns por seu comentário.

      Abraços

      Adaí Rosembak

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  6. Caro blogueiro,

    Quais são os próximos passos em relação à CASSI?

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    1. Caro Anônimo,

      Vou lhe dar a resposta mais breve que já di a um comentário:
      "ESPERAR!!!"

      Abraços

      Adaí Rosembak

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