terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

QUAL O RUMO DA VENEZUELA?


Caros Companheiros,

A situação da VENEZUELA está chegando a um clímax.
O maior fornecedor de diluentes para o refino do petróleo pesado venezuelano são os ESTADOS UNIDOS, que também é o maior comprador do petróleo processado daquele país.
Muito embora exista uma relação de dependência mútua entre os dois países, os ESTADOS UNIDOS dispõem de outros fornecedores ao redor do mundo que têm condições de atender ao seu suprimento de petróleo.
Ademais, os ESTADOS UNIDOS, há cerca de 10 anos, estão promovendo uma revolução do petróleo e gás não convencional, os chamados “shale gas” (gás de xisto) e “shale oil” (óleo de xisto), dentro do território americano.
A propósito, transcrevo abaixo nota publicada no “Estadão” em 09.07.2014:
“Com quatro anos da revolução do petróleo e gás não convencional (os chamados “shale gas” e “shale oil”), os ESTADOS UNIDOS estão a caminho de passar a RÚSSIA e a ARÁBIA SAUDITA na produção de petróleo, conforme acreditam muitos analistas”.
Ocorre que, com o rápido agravamento da desestruturação econômica e financeira da VENEZUELA, a produção petrolífera daquele país está em queda vertiginosa, a par de outros problemas, o que pode provocar consequências imprevisíveis que, até o momento, ainda não haviam sido consideradas.
Adiante, publico a tradução do artigo “VENEZUELA is Moving From Crisis To Collapse” (tradução: “A VENEZUELA Está se Movendo da Crise para o Colapso”), do especialista em energia NICK CUNNINGHAM, publicado em 08.02.2018, no site OILPRICE.COM, um dos mais importantes nessa área, e que lança luz sobre esse tema.
À Vossa Apreciação

ADAÍ  ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB e ANAPLAB

A VENEZUELA ESTÁ SE MOVENDO DA CRISE PARA O COLAPSO.
A queda na produção petrolífera da VENEZUELA é um “claro e presente perigo” para o mercado de petróleo, RBC CAPITAL MARKETS disse esta semana.
A produção de petróleo da VENEZUELA continua a cair a uma amedrontadora velocidade, cerca de 1.6 – 1.7 milhões de barris por dia (md/d) em dezembro.
Em uma base anual, o BARCLAYS prevê que a produção da VENEZUELA irá cair rápida e subitamente de 2.18 milhões de barris por dia em 2017, para  1.43   milhões de barris este ano, um declínio de cerca de 700.000 barris por dia.
A queda acentuada será crescentemente sentida ao redor do mundo em razão de que a demanda de petróleo está crescendo bruscamente e a coalisão OPEP/não-OPEP continua a manter 1.8 milhões de barris por dia de suprimento fora do mercado.
Os inventários globais de reservas petrolíferas mostram um declínio tão acentuado que surpresas geopolíticas inesperadas podem trazer mais transtornos além dos esperados.
“Nós continuamos a sustentar que, se continuar a limitação do mercado de petróleo em 2018, qualquer potencial interrupção internacional poderá ter um impacto acima do normal em relação aos anos recentes quando o mercado estava abarrotado de petróleo”, HELIMA CROFT, chefe de estratégia global de commodities no RBC CAPITAL MARKETS, escreveu em um comunicado de pesquisa.
“O claro e presente perigo a se observar é a VENEZUELA, que tem avançado além do limite de risco, visto que a produção está em queda livre.
RBC CAPITAL MARKET concordou com o BARCLAYS, prevendo declínios na produção na ordem de 700.000 a 800.000 barris por dia.
Enquanto aquele cenário é realmente ruim, a insegurança para a produção do país é provavelmente tendenciosa para o lado pior.  
A crise econômica, política e humanitária está somente ficando pior.
O governo está em uma situação de dívida viciosa, e é difícil de ver como como vão conseguir saldar os pagamentos este ano.
O FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL - FMI avalia que a inflação está caminhando para atingir uma taxa de 13.000% este ano.
O Produto Interno Bruto (PIB) está previsto para encolher 15% este ano.
Nesse ínterim, o Governo Americano está avaliando ações que poderiam exacerbar a trágica situação da VENEZUELA.  
O secretário de Estado dos ESTADOS UNIDOS viajou através da AMÉRICA LATINA tentando levantar apoio para sanções restritivas em CARACAS.
Ele inclusive sugeriu a possibilidade de uma restrição dos ESTADOS UNIDOS de importação do petróleo venezuelano.
A ideia ainda não foi totalmente definida e poderia tomar vários caminhos, incluindo usar sanções financeiras para atingir as exportações da VENEZUELA, barrar embarques venezuelanos para os ESTADOS UNIDOS, ou proibindo exportações do ESTADOS UNIDOS de diluentes necessários na VENEZUELA para misturar com o petróleo pesado.
Todas essas medidas poderiam ter um sério impacto na capacidade da VENEZUELA de produzir e exportar petróleo.
TILLERSON está tentando atuar com o CANADÁ e o MÉXICO para desenvolver um “grupo de trabalho” que poderia “suavizar” as perdas para o CARIBE de um embargo no petróleo venezuelano.
Está difícil de entender como TILLERSON espera que um país como o MÉXICO, cuja produção está em queda, elabore uma forma de corte de produção na região para uma ação contra a VENEZUELA.
No entanto, esta drástica ação forçaria a economia da VENEZUELA a mergulhar rapidamente da CRISE para um caminho claro e direto que é  o COLAPSO.
Ainda, TILLERSON se mostra determinado a propor sanções, provavelmente um embargo no petróleo venezuelano.
“Eu não quero entrar em detalhes porque estamos avaliando um rápido plano para ver se existem algumas coisas que os ESTADOS UNIDOS poderiam fazer facilmente com nossa rica capacidade energética, com a infraestrutura que nós já temos disponível, e o que nós poderíamos fazer para suavizar o impacto disso,” TILLERSON disse em uma conferência na JAMAICA. 
Ele disse que submeteria o assunto ao Presidente TRUMP que, no passado, apoiou ações duras contra CARACAS.
TILLERSON também recentemente levantou a proposta de um golpe militar no país.
“Vai haver uma mudança na VENEZUELA. Nós queremos que seja uma mudança pacífica,” TILLERSON disse em 01 de fevereiro na UNIVERSITY OF TEXAS-AUSTIN, antes de seu tour na AMÉRICA LATINA.
Ele disse que a administração TRUMP não está defendendo mudança de regime, mas os comentários, obviamente, levantaram sobrancelhas.
“Transições pacíficas, mudança pacífica é sempre melhor que a alternativa.
Na história da VENEZUELA e outros países sul-americanos, frequentes vezes são os militares que lidam com isso,” ele acrescentou.
Uma data que desponta no calendário é 22 de abril, que é quando o governo diz que pode haver uma eleição presidencial.
Poucos esperam que isso ocorra de forma livre e tranquila, e muitos países, incluindo a vizinha COLOMBIA, tem dito que eles não iriam reconhecer os resultados.
Diante esse cenário, as previsões de analistas do mercado de petróleo de um declínio na produção de petróleo venezuelano em diversas centenas de milhares de barris por dia parecem corretas.

Há inúmeras minas que poderiam explodir e que poderiam empurrar a produção para baixo mais do que o esperado para este ano.

Com os inventários de petróleo encolhendo abaixo de níveis médios, há menos espaço para erro.
“Preços serão suscetíveis de subidas inesperadas se houver qualquer escassez porque nós não temos mais pontos de reservas de apoio,” AMRITA SEM, Chefe analista de petróleo em ENERGY ASPECTS, disse na BLOOMBERG TV em 07.02.2018.

Por NICK CUNNINGHAM da OILPRICE.COM

NICK CUNNINGHAM é um escritor freelance especializado em petróleo e gás, energia renovável, mudança climática, política energética e geopolítica. Ele atua e mora em Pittsburgh, PA., USA

8 comentários:

  1. Amigo Adair, Excelente análise e tema muito oportuno. A propósito, transcrevo o que comentou o apresentador Milton Neves, em seu Twitter de ontem:

    Poxa, Temer, não tem que só “resolver os problemas dos venezuelanos aqui em Roraíma”, mas sim formar no grupo para arrancar esse truculento e imbecil do tal Maduro do poder. Vão passar a mão na cabeça desse filho gordo do Lula até quando?

    20:24 - 12 de fev de 2018

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    1. Caro Amigo Ari Zanella,

      A situação na Venezuela está chegando em um fim de linha.
      O que vai acontecer daqui para a frente é imprevisível.
      O Brasil, na minha modesta opinião, não tem que meter a mão nesse vespeiro.
      Receber os refugiados da Venezuela que vão chegar cada vez mais, aos milhares, já vai ser um grande auxílio para aquele povo sofrido.
      Mais uma herança maldita do PT e do Lula.

      Abração

      Adaí Rosembak
      P.S.: Em cima desse assunto petróleo vou traduzir um artigo de outro site internacional que vai sacudir o mercado petrolífero no mundo. Vou procurar publicar o mais rápido possível.

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  2. Prezado Adaí,

    Diante do que vem acontecendo na Venezuela, desde a posse de desse governante, sucessor de Hugo Chaves (outro louco, que já se foi), deveria ser conhecido no mundo inteiro como Nicolás Imaturo (e não Maduro) ... Com certeza, o “rumo” desse País é um tremendo “buraco sem fim”, no qual o povo venezuelano já está atolado até o pescoço, conforme é de nosso conhecimento e noticiado por toda a imprensa internacional ...

    Abs, T/

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    1. Amigão Toledo,

      Publiquei esse artigo, mas já li outros sites internacionais sobre a situação da Venezuela.
      A situação está realmente desesperadora.
      Hoje o governo de Maduro tomou novas medidas de repressão muito sérias.
      Não dá para imaginar aonde isso tudo vai dar.
      É triste.

      Abração

      Adaí Rosembak

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  3. AAFBB - Florianópolis SC15 de fevereiro de 2018 às 12:00

    Este artigo evidencia como os EUA dominam nações , notadamente na America Latina, ou através de golpes militares ou asficciando a economia com boicotes econômicos , suspendendo fornecimentos de produtos, impedindo o comércio com outros países como o Canadá, Mexico e Colombia , sem afastar a possibilidsde de intervenção militar norte americana. O nosso país já passou por isto em 64 e também pelo golpe parlamentar derrubando a presidente eleita.

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    1. Caro Anônimo,

      Da próxima vez não publicarei seu comentário.
      Você está usando o nome da AAFBB e não tem o direito de usar o nome da associação anonimamente para expressar seus pontos de vista.
      Outras pessoas na AAFBB podem pensar de forma diferente do que você.
      Eu sou uma dessas pessoas.
      Queira você ou não, goste ou não, concorde com o sistema ou não, a realidade é que os Estados Unidos são, na atualidade, a maior superpotência do planeta.
      E então eles impõem as condições.
      Isso é um fato.
      A China ainda está despontando como nova potência mas ainda vai levar muito tempo para se equiparar aos Estados Unidos.
      Tudo o que você diz é verdade.
      E daí? Você vai mudar alguma coisa? O Brasil vai mudar alguma coisa em relação a esse caos na Venezuela?
      Caia na real companheiro. Seja realista.
      Abraços

      Adaí Rosembak

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  4. Segundo a Tesla, empresa multimilionária anunciou que os carros movidos a gasolina estão com os dias contados.Está se iniciando veículos movidos a bateria cujo tamanho e potência está menor e mais potentes.Basta ligar na tomada à noite e o “tanque está Cheio”, com autonomia presente de 150 a 200 km. E futura de 300 a 400 km.As montadoras, investem fabulosas quantias na nova energia. No Brasol , já temos o Co0rola Prius. Este informativo tenta acalmar os receios ainda que temporariamente.Nada a discordar da brilhante e visionária mensagem presente.

    nossiaki

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    1. Caro Nossiaki,

      Já li alguns artigos sobre o carro elétrico e, inclusive, já abordei esse tema em um artigo há bastante tempo.
      A Tesla é um exemplo de como o carro elétrico é uma opção que tem futuro.
      Mas em um artigo que li recentemente é mostrado que os carros elétricos não chegam a ser nem 2% dos carros que rodam no planeta.
      Um dos maiores obstáculos é o limite de carga das baterias que armazenam a energia. Outra é a potência do veículo. Ou seja, muito problemas técnicos ainda tem de ser contornados.
      Uma das soluções mais interessantes em relação ao carregamento de eletricidade das baterias veio da Suécia. Criaram um sistema em que você não carrega as baterias, você troca a bateria descarregada por uma já carregada. Interessante.
      Muitas novidades tem vindo da China em relação ao carro elétrico, por exemplo baterias de lítio.
      Ou seja, muitas novidades tecnológicas estão surgindo e pouco a pouco o petróleo perderá sua preponderância e deixaremos de ser reféns dos países da OPEP.
      A própria Arábia Saudita já abriu os olhos para isso e está investindo em programas de diversificação energética.
      Os Estados Unidos, além do carro elétrico se debruçam em pesquisas sobre outras fontes de energia, como as que citei acima.

      Abraços

      Adaí Rosembak

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