sexta-feira, 19 de junho de 2015

O Império da Lei

O tempo está chuvoso e frio.
Acabei de sair de uma gripe brabíssima e tenho de me resguardar.
Pego o O GLOBO, e a manchete são os senadores que foram atacados  na Venezuela. Me pergunto como esses parlamentares  não previram que isso iria acontecer naquela ditadura bolivariana. Pelo menos tiveram o mérito de tentar  melhorar alguma coisa naquela maçarocada.  Coitados mesmo são os parlamentares oposicionistas que estão presos nas masmorras daquela ditadura brutal.
Vão acabar morrendo e ainda é possível que o governo brasileiro vá elogiar Nicolás Maduro, o herdeiro do Deus bolivariano  Hugo Chavez.
Acesso a internet e vou direto para os blogs de minha preferência. Manchete do Ari Zanella : “Cenário Desanimador”. O do Medeiros: “Comunicação, Exposição e Transparência.”
A Cecília Garcez continua com o título  “Vocês lembram da Fábula do Sapo e o Escorpião ?” e o Carvalho com “Previ – Comunicação – Remuneração Dirigentes.”
Tomo meu café com leite bem quente com pão com manteiga na chapa, me aninho embaixo de  um edredon gaúcho e volto a esmiuçar o jornal.
Fico entusiasmado  quando leio a nota “Nardes: “império da lei” tem que valer para todos os governantes.”
Junto todas as reportagens e artigos que já tinha colecionado sobre esse tema.  Muita coisa.
Lembrei-me de  um amigo americano, que residiu durante 10 anos no Brasil, e que  dizia que sempre ficava indeciso entre voltar a morar nos Estados Unidos ou continuar a residir no Brasil.  Ele via qualidades em ambos os países e afirmava que o lugar ideal para viver seria um que tivesse as qualidades de ambos os países sem os seus defeitos.
Sempre afirmava que considerava “o império da lei”  a maior qualidade  dos Estados Unidos.
Não vou me fixar sobre os vários e conhecidos problemas americanos mas tão somente me ater a essa nuance positiva  “o império da lei”,  que é uma virtude da qual temos extrema carência.
Como exemplo claro do não seguimento ao  “império da lei” , os associados do PB-1 da PREVI, do plano de Benefício Definido -  BD, tem a famigerada Resolução 26,  que nos  foi empurrada garganta abaixo ao arrepio dos Poderes  Judiciário e Legislativo. Vou me abster  de, nesta exposição,  me aprofundar sobre esse e outros abusos já tão debatidos a que, nós associados da PREVI,  estamos sendo submetidos, justamente pelo afrontamento ao princípio do “império da lei”.
Entre todas as reportagens e  arrazoados sobre o tema de Rogério Furquim Werneck, Merval Pereira, Míriam Leitão e do próprio Ministro Augusto Nardes,  reproduzo abaixo a nota “Pegaram de novo”, de Carlos Alberto Sardenberg, que está na página 18, do O Globo, de 18.06.2015.
Esse assunto ainda vai  render palpitantes matérias na mídia.
Apreciem, analisem a nota e tirem suas próprias conclusões.
Adaí  Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

Pegaram de Novo
Roberto Setúbal não pode tomar dinheiro emprestado no Itaú, assim como Lázaro Brandão não pode se financiar no Bradesco. Não podem nem ter cheque especial nos bancos que presidem e do qual são acionistas. Isso é para proteger a instituição financeira, seus clientes e o sistema. Se o dono pode sacar no caixa do banco, é imenso o risco de que se abra um saco sem fundo. Já houve quebradeira pelo não cumprimento dessa regra no setor privado.
No setor público, a norma faz ainda mais sentido. O Tesouro (a União, o governo) não pode pegar dinheiro emprestado nos seus bancos – e isso para proteger a instituição, os clientes, o sistema e os contribuintes, estes os donos em última instância, embora raramente respeitados.
Além disso, o/a presidente da República não pode autorizar despesas que não estejam autorizadas no Orçamento, este aprovado pelo Congresso – um sistema muito eficiente, embora nem sempre respeitado.
Está aí a base da Responsabilidade Fiscal. E que foi claramente desrespeitada no governo de Dilma Rousseff, como afirma o relatório do ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União.
O caso mais simples: o seguro-desemprego é um programa mantido pelo governo federal, pelo Tesouro, com recursos previstos no Orçamento. A Caixa é agente, faz os pagamentos aos segurados, com dinheiro que recebe do Tesouro.  Presta um serviço, para o qual, aliás, é remunerada. Portanto, se a Caixa não recebesse os recursos do Tesouro, não poderia pagar aos segurados. Não deveria, aliás. E deveria ter autonomia administrativa para fazer isso.
Aconteceu bem diferente: o Tesouro não fez os repasses e o governo mandou a Caixa continuar pagando normalmente. Ou seja, nesse e em outros casos, como no abono salarial, o governo sacou a descoberto, pegou dinheiro por conta, prometendo cobrir o rombo mais à frente. Ora, isso é um empréstimo, é a Caixa financiando o Tesouro numa espécie de cheque especial.
Só que a operação não é assim registrada. Fica como um pequeno atraso, nada demais, pessoal. Qual o problema, se sempre se fez assim?
A novidade é que, pela primeira vez, um relatório diz o óbvio ululante: trata-se de um empréstimo e é ilegal.
São  as pedaladas.
Fazendo isso repetidas vezes, o governo Dilma gastou sem registrar o gasto. Ficou devendo para a Caixa, para o BB e para o BNDES, mas a coisa toda parecia normal, que estava tudo em dia. E para quê? Para gastar mais do que o autorizado pelo Congresso no Orçamento.
São duas ilegalidades. Primeira, empréstimos que não poderiam ser tomados. Segunda, gastos além dos autorizados na lei maior, a Lei do Orçamento.
A Responsabilidade Fiscal foi uma construção levantada depois do Real. Um conjunto de leis, normas e acordos cujo objetivo foi colocar limites, controles e transparência ao gasto público. Foi um aprendizado.
No início do governo FH, o Banco do Brasil recebeu um aporte de capital de R$ 9 bilhões, em dinheiro da época. Estava praticamente quebrado, justamente por causa das pedaladas. O governo federal abria uma linha de crédito subsidiado para um determinado setor, o BB adiantava os financiamentos e não recebia o ressarcimento do governo federal. Como hoje.
O governo fluminense e suas estatais se financiavam no Banerj e, claro, não pagavam nada. Que dívida? Por que pagar ao nosso próprio banco? O mesmo aconteceu com o Banespa.
Resultado: quebraram os governos, as estatais e os bancos, atolados em dívidas no final das contas financiadas pelo contribuinte.
Regras de ouro, portanto: o governo não pode se financiar no seu banco; tem que gastar menos do que arrecada; o gasto tem que ser autorizado pelo Congresso e transparente.
A gestão Dilma desrespeitou tudo isso com manobras contábeis que procuraram esconder os fatos e iludir os contribuintes.
Muita gente registrou, apontou e denunciou as manobras. Mas o ministro Mantega e a presidente não estavam nem aí. Negaram as manobras até o fim. É impressionante. Pareciam ter absoluta confiança de que não ia dar em nada.
Daí a importância política do relatório de Augusto Nardes.
É mais uma peça da crise atual, mas também é mais um sinal de como as coisas estão mudando. Não faz muito tempo, o TCU era uma aposentadoria de luxo para políticos. Hoje, o relatório ainda não foi votado, a presidente Dilma tem prazo para se defender formalmente, mas os dados levantados e apontados pelo relator já fizeram o serviço – o serviço de mostrar que o governante não pode fazer o que quer com o dinheiro dos outros.
Mas fica também um lado triste dessa história. Caramba, gente, essa irresponsabilidade já havia sido praticada, deixou estragos, foram corrigidos, com custos para o contribuinte, e ... se faz tudo de novo ?
Carlos  Alberto Sardenberg é jornalista.

6 comentários:

  1. Boanerges Aguiar Castro19 de junho de 2015 às 16:29

    Eu também sou assinante do jornal "O Globo", mas gosto de comparar o que sua equipe de jornalistas, articulistas e colaboradores publica com outras informações. Veja, por exemplo, a que li (mas somente aqui na Internet, porque no Partido da Imprensa Golpista - PIG, o contraditório não aparece).

    Não me leve a mal. Só estou falando em contraditório. Então, vejamos o que, a respeito da viagem de Aécio Neves eu li hoje aqui na Internet.

    Cordiais Saudações e boa leitura.

    A nota do Itamaraty sobre a patetada de Aécio
    19 junho 2015Miguel do RosárioPolítica218 comentários

    Alguns amigos se irritaram com a nota do Itamaraty, que reproduzo abaixo, mas eu a achei excelente.

    Acontece que é, naturalmente, diplomática…

    O Itamaraty não pode humilhar uma comitiva de senadores mostrando a dura verdade: eles se portaram como palhaços. O objetivo do Itamaraty é apaziguar os ânimos.

    Entretanto, observe que a mídia brasileira, desesperada para reverter o mico gigante dos senadores patetas, continua mentindo e manipulando como se não houvesse amanhã.

    Virou uma imprensa venezuelana de terceira categoria.

    Os jornais pinçam a palavra “inaceitáveis”, numa frase que menciona, de maneira genérica, atos hostis de manifestantes, para passar a impressão de que o governo ou o Itamaraty compraram as mentiras de Aécio.

    Não compraram.

    Membros da delegação brasileira falaram com o assessor para assuntos internacionais da presidenta, Marco Aurelio Garcia, e ele já sabe que foi um factoide de Aecio e seus patetas.

    Dilma também já sacou, tanto que não caiu (graças a Deus!) na armadilha da mídia e do PSDB.

    A preocupação do governo brasileiro agora é lidar com sua incapacidade crônica de lidar com mais um golpe midiático.

    Boa hora para vir à Venezuela e aprender.

    Ainda bem que o governo venezuelano pensou à frente e, sabendo que viriam por aí um monte de factoides, convidou uma delegação para fazer o contraponto. Senão, dependeríamos exclusivamente da versão da grande mídia, que iria impor, sem contrapontos, suas mentiras.

    O Fernando Brito, do Tijolaço, fez o trabalho que nenhum jornal fez. Entrou em sites de notícia da Venezuela, para confirmar que uma carreta, de fato, virou na estrada que liga o aeroporto à Caracas.

    Isso acontece com frequência, infelizmente. É um país latino-americano, sem grandes infra-estruturas. Essa estrada liga também o porto à capital, e por isso tem tráfico pesado de caminhões de carga.

    A notícia foi publicada no jornal Universal, privado e de oposição:

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    1. Caro Boanerges Aguiar Castro,

      Note que eu também critiquei a visita da comitiva de senadores.
      Se a visita fosse a um país democrático isso não teria acontecido.
      Fossem contra ou a favor do governo seriam bem recebidos.
      Acho que o único mérito da visita foi justamente provar que a Venezuela é uma ditadura.
      No período da ditadura militar no Brasil, muitos oposicionistas que eram classificados no Brasil como esquerdistas ou comunistas foram dar aulas nos Estados Unidos, que era justamente o centro do "imperialismo norte-americano".
      Mas na Venezuela só pode ir quem rezar pela cartilha do Maduro.
      Os oposicionistas na Venezuela estão nas masmorras.

      Um abraço

      Adaí Rosembak

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  2. Prezado Colega Adaí,
    O avanço tecnológico apenas ampliou o alcance dos jornais e encurtou o espaço da mentira, não se passa um dia sem que algo seja acrescido ao nosso saber, e acrescenta, desde que suportemos as dores, as dores da transparência são mais suportáveis que os males do segredo, tramas de gabinete, truques contábeis, roubalheira no escuro, conchavos nos corredores. Com a mesma alegria com que hoje festejam nosso empobrecimento financeiro e espiritual, nossa angustia em por o pão na mesa com nossos combalidos vencimentos, vivemos o dilema de amanha termos que enfrentar as filas do SUS sistema único de saúde, ou simplesmente a Cassi existir nas pesquisas do google.
    Estamos muito longe do alcance do objetivo comum, que é voltar a ter paz e tranquilidade, ter de volta benefícios dignos da nossa terceira idade, onde o custo de vida é bem mais espinhoso e bem mais custo do que benefício.
    Os blogs são uma ferramenta das mais ágeis e praticas no nosso mundo virtual, cresce o descontentamento com as soluções apresentadas e já vemos muitos dirigentes ter seus próprios meios de comunicação, mesmo com a transparência ainda em segundo plano.
    Talvez esta aqui que vos escreve, seja apenas mais uma sonhadora de dias bem melhores, mas com 69 anos, a única certeza que tenho é do “NÃO” então se houver um “SIM” já me darei por satisfeita, pois do pouco conhecimento que tenho dos assuntos Previ e Cassi, foi com o compartilhamento das informações entre os colegas e da busca para ter de volta o equilíbrio financeiro.
    Saudações Cordiais

    Rosalina de Souza
    Pensionista
    Matricula 18.161.320-4

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    1. Querida Rosalina de Souza,

      Perdoe-me por chamá-la de "querida".
      Acho que já nos falamos tanto que posso a tratar dessa forma carinhosa.
      Compartilho de sua situação e acho que os blogs se bem conduzidos podem ser ótimas ferramentas de ajuda aos mais necessitados e de denúncias de falcatruas.
      Eu tenho 73 anos e, nesta altura da vida, depois de tudo que passei e da experiência de vida que adquiri, não tenho o direito de ser inocente.
      E não tenho medo de nada.
      Pode ter certeza de que se eu vir alguma coisa irregular vou meter o dedo na ferida e vou denunciar.
      Não tenho muito a perder.
      Talvez alguns poucos aninhos pela frente.
      De modo que quero os valorizar ao máximo.
      Trabalho um bocado nesse blog por gosto.
      Não ganho nada.
      Aliás só gasto: dinheiro, tempo sentado, sacrificando minha saúde e meu resto de existência.
      Os prazeres mundanos já tiveram seu tempo.
      Agora meu grande prazer é o trabalho.
      E um trabalho digno em prol de meus semelhantes.
      Estou ao seu dispor.

      Um abração

      Adaí Rosembak

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  3. Li e gostei das matérias. Modestamente saliento o item que fala nas dúvidas do americano, pois eu não tenho duvida, o Brasil seria o melhor país p/morar, CASO AS LEIS FOSSEM CUMPRIDAS.....temos tudo...menos vergonha. Eloy Severo

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    1. Caro Eloy Severo,

      É isso. O país poderia ser outro.
      Mas ao ler as notícias dos jornais hoje com a prisão dos empresários envolvidos na Lava-Jato, creio que as coisas estão indo para a frente.
      Estamos mudando. Confio neste país.

      Um abração

      Adaí Rosembak

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