Uma pergunta recorrente que recebemos é porque
abordamos um tema relativo à China, quando este blog é voltado basicamente para
assuntos de interesse de associados da PREVI e assistidos da CASSI.
A resposta a
esse questionamento é que o relacionamento com a China, tanto nas áreas
econômica (incluindo as áreas de comércio e investimentos) , financeira,
militar e cultural, vai ter um papel
cada vez mais importante para o futuro do Brasil.
Os fundos de
pensão , um segmento da previdência privada, que se expande cada vez mais no Brasil, serão forçosamente envolvidos no incremento desse relacionamento econômico e
financeiro com a China.
A PREVI, como o maior fundo de pensão no Brasil,
tem um papel vital nesse processo.
Por isso é
fundamental que tenhamos um conhecimento
apurado e aprofundado sobre essa superpotência emergente que vai mudar o destino da
humanidade e afetar a vida de todos nós.
Essa é a
razão porque, dentro das limitações deste blog, dedicamos uma atenção especial
a tão importante tema.
Neste
capítulo V, abordamos aspectos do eixo Rússia/China, que está passando por importantes mutações que definirão o
equilíbrio de forças no planeta em futuro próximo.
ADAÍ ROSEMBAK
Associado da
AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB
I - Um Eixo
Sem Futuro
A imprensa internacional deu muita ênfase ao acordo de US$ 456 bilhões, celebrado em
Shanghai em 21.05.2014, para o
fornecimento de gás pela Rússia à China por 30 anos, começando em 2018 e
crescendo até chegar a 38 bilhões de metros cúbicos por ano.
Esse mega-contrato entre a Rússia e a China já vinha sendo discutido
durante 10 anos.
Para que entendamos o alcance desse tratado comercial entre a Rússia e a
China que, junto com outros acordos de
ordem econômica e militar entre esses dois países, vão se refletir em toda a economia mundial, incluindo
o Brasil, temos de retroceder no tempo desde a implosão da União Soviética
entre 1989 e 1991, para analisar a situação atual da Rússia e os seus
interesses nesse acordo assinado com a China.
A mídia internacional retratou essa notícia como sendo uma vitória da
Rússia contra a influência dos Estados
Unidos e da União Europeia nos países do Leste
Europeu, que hoje estão na União Europeia e no âmbito da OTAN mas que, antes da Queda do Muro de Berlim e do
desmoronamento da antiga URSS, estavam
dentro do Pacto de Varsóvia , extinto em 31.03.1991, e faziam parte da ex-URSS.
A Rússia almeja com esse tratado comercial e com
manobras militares conjuntas entre a Rússia e a China, consolidar um
eixo econômico e militar Rússia/China que venha a conter a influência americana nos países que
compunham a ex-URSS e que hoje pertencem à União Europeia e estão na área de
domínio da OTAN.
Quanto à China , a Rússia pretende que essa união Rússia/China desperte
o interesse das autoridades chinesas para conter a influência americana no Mar da China, que é
uma área de influência da China.
A Rússia, passado o choque do desmoronamento do império soviético , não
se conforma com a perda do poder econômico e
militar que exerceu no passado, e
vem adotando uma postura de desafio aberto contra o que considera uma influência
crescente e indevida da União Europeia e
dos EUA, em uma área que a Rússia ainda considera de seu interesse estratégico ,
mormente por estar junto de suas fronteiras.
O Presidente Vladimir Putin já declarou que o colapso soviético foi a pior tragédia
do Século XX.
A imprensa e o povo russos, nessa
onda de reação anti-ocidental, chegam ao cúmulo de enaltecer o papel do brutal e sanguinário ditador
Stálin, o responsável pelo soerguimento da URSS à condição de superpotência,
mas ao custo do assassinato de cerca de 20 milhões de pessoas e por
mandar mais 5 milhões para os gulags (os
campos de concentração soviéticos), principalmente nos expurgos do período do
Grande Terror de 1936 a 1938.(www.classcoffe.com/ the great purge 1936-1938).
Só na Ucrânia, Stalin matou pela
fome cerca de 7.000.000 de seres humanos.
Numa forma até risível de humilhar e provocar os EUA , os russos estão fabricando capachos de chão e
papel higiênico estampados com a imagem da bandeira americana. (alexjones.infowars.com,
Michael Snyder/End of The American Dream/30.12.2014).
O clímax dessa postura
desafiadora e agressiva da Rússia , foi a tomada da Crimeia pela Rússia em 2014 e o apoio militar aos rebeldes separatistas de
origem russa que vivem no leste da Ucrânia e que querem anexar esses territórios à
Rússia.
No passado, a Crimeia pertenceu à Rússia mas, em 1954, o dirigente soviético
Nikita Kruschev decidiu anexá-la à
Ucrânia como uma forma de fortalecer a união da Ucrânia à URSS. Essa é a razão porque a
população da Crimeia é majoritariamente de origem russa.
Foi nessa condição da Crimeia já integrada
à Ucrânia, que aconteceu o colapso da URSS.
Portanto, a tomada da Criméia e o apoio militar russo aos separatistas
de origem russa no leste da Ucrânia, são atos ilegais que estão ensejando as
sanções econômicas da União Europeia e
dos Estados Unidos contra a Rússia e o rápido fortalecimento militar dos países
que hoje estão dentro da OTAN, mas que pertenceram à ex-URSS e que hoje estão sendo
ameaçados pela Rússia.
A Rússia, numa reação a essas
iniciativas dos Estados Unidos e da
União Europeia contra a tomada da Criméia pela Rússia, contra o apoio militar
russo aos rebeldes separatistas na Ucrânia e contra às ameaças russas aos
outros países do Leste Europeu que passaram para à área da OTAN, estão
ameaçando deslocar armamentos nucleares para suas fronteiras.
O aumento das sanções econômicas impostas pelos EUA e a União Europeia contra a Rússia, em
razão dos motivos acima expostos , estão asfixiando a economia russa.
Além disso, a queda do preço do
petróleo no mercado internacional, que responde por mais de dois terços das
exportações da Rússia, a fuga de
capitais pelo colapso do rublo , a alta da inflação, a corrupção generalizada em diversas
áreas, a fuga de cérebros que compromete diversos setores de ponta da
ciência e da indústria russas, estão levando a economia russa à bancarrota.
No início de 2014, o preço médio do petróleo cru chegou a US$ 110.00 por
barril e, no fim do mesmo ano, chegou a descer a US$ 48.00 por barril.
O nível da fuga de capitais da
Rússia, durante todo o ano de 2013, foi de US$ 63 bilhões e, somente nos primeiros 3 meses de 2015, essa
evasão atingiu US$ 63,7 bilhões.
Em 2014, o rublo perdeu 60% de seu valor frente ao dólar americano.
A contração da economia russa, nos primeiros cinco meses de 2015, foi de
3,2%.
A indústria militar é o único
setor que o governo russo procura preservar da crise econômica, a alto custo para o orçamento do país e com grande sacrifício do padrão de vida da
população russa.
Essa situação aflitiva pela qual atravessa a Rússia, é a razão
fundamental porque a Rússia procura ampliar seus laços econômicos e militares com a China
contra a influência dos EUA e a União Europeia.
Mas a recíproca não é verdadeira em relação à posição chinesa sobre o assunto.
A China tem se manifestado de forma superficial e diplomática em relação ao litígio
da Rússia contra os Estados Unidos e a União Europeia.
Na verdade, a China não tem nada a ganhar nessa pendenga.
A interferência dos Estados
Unidos contra a ascendente influência da China na área do Mar da China, tem se
limitado a um teatral jogo de palavras.
Tanto os Estados Unidos quanto a
China não tem a mais remota intenção de
entrarem em choque militar naquela área.
A China tem 4 trilhões de dólares aplicados em títulos do Tesouro Americano, que é a aplicação mais segura do
planeta. Os Estados Unidos continuam a ser o maior importador de produtos
manufaturados chineses e, por outro lado, são um dos maiores exportadores de produtos de
alta tecnologia, matérias primas e alimentos para a China, além de terem um grande
intercâmbio cultural e serem o maior
centro de pós-graduação e aperfeiçoamento de cientistas e técnicos chineses no
exterior.
Somente no período 2012/2013, haviam 235.000 estudantes chineses em
universidades americanas. De lá para cá esse número já aumentou muito e as perspectivas são de que aumente cada vez mais rápido. O número de
estudantes chineses no exterior mais do que quintuplicou desde 2001.
A China, atualmente, dispende US$ 27 bilhões em cursos de
aperfeiçoamento de estudantes, técnicos e cientistas chineses em universidades
americanas. O número de estudantes americanos na China também é alto, mas nada que se compare com a cifra de
estudantes chineses nos Estados Unidos.
O dispêndio e o esforço da China
na formação universitária e em centros
de ciência e tecnologia é
impressionante.
A China está investindo em torno de US$ 300 bilhões anualmente somente em educação superior, e o
número de universidades é superior a
2400, mais do que o dobro desde a
última década.
Por todas essas razões, a união de interesses dos Estados Unidos com a China está sendo
considerada pelos mais respeitados centros de estudos de relações
internacionais do mundo, o melhor relacionamento internacional do Século XXI.
Por essas razões é absolutamente
absurda qualquer perspectiva de conflito entre os Estados Unidos e a China.
Visto dessa perspectiva, o tão sonhado eixo Rússia/China contra os
Estados Unidos e a União Europeia, não passa de uma quimera engendrada pelo
despeito da Rússia em relação ao sucesso
dos Estados Unidos e pela sua frustração frente à sua desesperadora situação atual de derrocada nas áreas econômica e financeira e pela perda
de seu poderio e influência dos tempos
da ex-URSS.
2 – Uma
Reconquista Anunciada
Por outro lado, consideramos que, a real ameaça à integridade da Rússia, paradoxalmente,
parte da própria China.
No imaginário russo, a China sempre representou uma ameaça.
Para que tenhamos uma ideia desse medo entranhado na alma russa em
relação à China, lembramos um episódio
de quando houve o rompimento de
relações da URSS com a China na década de 60.
O ápice da tensão ocorreu após várias ameaças da URSS de bombardear a
China com armas nucleares. A mais séria
ocorreu em 1969, quando o então líder comunista russo Leonid Brezhnev, quis
deslanchar um massacre nuclear na China e pediu ao Presidente Nixon que os Estados
Unidos se mantivessem neutros.
Nixon repudiou terminantemente essa proposta e, para surpresa de Leonid
Brezhnev, Nixon disse que os interesses dos Estados Unidos estavam intrinsicamente
ligados aos interesses chineses. O premier soviético Alexei Kosygin, disse ao
líder soviético Leonid Brezhnev, que Washington havia planejado uma guerra
nuclear contra a URSS se eles atacassem a China. No mesmo dia, Anatoly Dobrynin,
o embaixador soviético em Washington, depois de consultas com diplomatas
americanos, contou ao líder Leonid Brezhnev que, se a China sofresse um ataque
nuclear, os americanos iriam considerar isso como o início da terceira guerra
mundial e iriam revidar. (http://www.livreimprensa.com.br/uniao-sovietica-planejou-ataque-nuclear-a-china-em-1969)
e (http://folhamarxista.blogspot.com.br/2015/01/uniao-sovietica-esteve-perto-de-usar.html)
Um outro aspecto importantíssimo para analisar no relacionamento
Rússia-China é a reconquista de territórios que a Rússia tomou da
China durante o período czarista.
Para que se tenha uma visão da
China em relação a conquista pela Rússia, há cerca de 150 anos, de territórios chineses,
que hoje constituem a Sibéria, selecionamos, entre vários artigos , a nota “Why China will reclaim Siberia”, de Craig
Hill, de 05.07.2014, publicado no jornal chinês China Daily Mail, que mostra,
de forma explícita , as intenções da
China de reaver seus territórios que
foram tomados pela Rússia no passado. Abaixo, traduzimos a matéria desse
importante diário chinês. (http://chinadailymail.com/2014/07/05/why-china-will-reclaim-siberia). Também inserimos informações de outro excelente artigo do The Guardian, “Russia fears embrace
of giant eastern neighbour”, de 02.08.2009: (http://www.theguardian.com/world/2009/aug/02/china-russia-relationship).
Também inserimos informações de
outro excelente artigo do jornalista
Luke Harding, de 02.08.2009, no The Guardian, “Russia fears embrace of giant eastern
neighbour”, de 02.08.2009: (http://www.theguardian.com/world/2009/aug/02/china-russia-relationship).
“A China não
tem feito segredo de que um dia vai impor seus direitos na maior parte do leste
da Rússia, que ela vê como legalmente pertencendo à China.
A pergunta
que se faz é: “Com a Rússia rapidamente se tornando o parceiro fraco na aliança
formada após a imposição das sanções econômicas pelos países ocidentais, como
iria a China legitimar suas demandas, e qual o tamanho do território que ela
iria tomar de volta?”
“Uma terra
sem povo para um povo sem terra.” Na
virada do século 20, esse aforismo foi a
base para a migração de judeus para a
Palestina.
Esse
princípio pode ser aplicado hoje para justificar a retomada chinesa da Sibéria.
A área distante da Rússia Asiática não está totalmente vazia (da mesma forma
que não estava a Palestina). Mas a Sibéria é uma área rica de recursos e de
escassa população e a China é o oposto.
O peso dessa
lógica assusta o Kremlin.
Moscou
recentemente restaurou o Arco Imperial na cidade de Blagoveshchensk, na
distante fronteira leste da Rússia Asiática, declarando: “A área ao longo do Rio
Amur foi, é e sempre será russa.”
Mas o título
de posse que a Rússia anuncia para toda a área tem somente 150 anos. E a vasta área de arranha-céus em Heihe, a
cidade chinesa de rápido crescimento na
margem sul do Rio Amur, à direita de Blagoveshchensk, deixa dúvidas sobre o
“sempre será” alardeado
pela Rússia.
Sibéria – a
parte asiática da Rússia, a leste dos Montes Urais – é imensa.
Ela toma três
quartos do território de toda a Rússia, o equivalente aos territórios dos
Estados Unidos e da Índia juntos. É difícil imaginar tal vastidão de área
territorial mudando de mãos.
Mas igual ao
amor, a fronteira é real somente se ambas as partes acreditam nela.
E para ambos
os lados da fronteira sino-russa tal crença é incerta.
A fronteira
com a China, distante 6.100 quilômetros de Moscou, levando oito horas de voo sobre território inóspito e gelado , é a herança da Convenção de Pequim de 1860 e
é mais um dos desiguais e injustos pactos celebrados entre uma Rússia emergente e forte e uma China
enfraquecida após a Segunda Guerra do Ópio. (da mesma forma, outras potências
europeias abocanharam territórios chineses, na área sul da China. Como exemplo, citamos a
tomada britânica de Hong-Kong).
Os 1,35
bilhões de cidadãos chineses ao sul da fronteira com a Rússia, ultrapassam a
população russa de 144 milhões, em quase 10 a 1.
A proporção é
ainda maior na Sibéria, onde residem somente 38 milhões de pessoas e,
especialmente, na área de fronteira, onde somente 6 milhões de russos se
defrontam com 90 milhões de chineses. Com casamentos entre pessoas de ambas as
nacionalidades, comércio intenso e investimentos através da fronteira, os russos
da Sibéria chegaram à conclusão de que, para melhor ou para pior, Beijing é
muito mais perto que Moscou.
Quando a URSS
existia, com o intuito de povoar a Sibéria, o governo soviético oferecia
generosos subsídios para trabalhadores
e jovens casais se fixarem naquela área longínqua e desolada. Eles ganhavam
altos salários, oportunidades de carreira e bons apartamentos. Haviam também
passagens aéreas muito baratas para a Rússia Europeia. Os incentivos também eram
dados devido ao clima severo – verões escaldantes e invernos congelantes com
temperaturas que chegam a cair a até 50º
centígrados abaixo de zero.
Com o
desmoronamento da União Soviética, o sistema entrou em colapso. A passagem
aérea para Moscou passou a custar £500
(500 libras) , a nova geração de russos nascidos na Sibéria cresceu com laços fracos com Moscou. Em vez de
visitar São Petersburgo, os russos locais preferem ir à China – viajando por
ônibus para o balneário de Dalian, no lado chinês da fronteira e para outros
locais no nordeste da China.
Gradualmente,
os russos asiáticos estão conhecendo melhor seus vizinhos. No fim do Rio Amur, na cidade fronteiriça de
Blagoveshchensk, pensionistas russos começaram a comprar apartamentos no lado
chinês do rio.
Outros russos
tomaram um caminho oposto e voltaram para a Rússia europeia, no oeste.
Desde o
começo de 1990, a população do leste da Rússia decresceu em 1,6 milhões de
pessoas.
Esse êxodo
aterroriza o Kremlin.
Sob esse
aspecto, a TV Russa chamou a atenção para um plano secreto que a China tinha
elaborado. A estratégia da China
consistia em incentivar cidadãos chineses a migrarem para a Sibéria,
casarem com mulheres da região e dominarem ou se associarem aos negócios locais.
As vastas
dimensões da Sibéria poderiam prover não só espaço de habitação para as massas
compactas de chineses , atualmente espremidas na metade costeira de seu país
separada por montanhas e desertos da parte oeste da China . A Sibéria também
proveria a China, “a fábrica do mundo” , com grande quantidade de matérias
primas, especialmente petróleo, gás natural, carvão, prata, platina, estanho, chumbo, zinco, ouro,
diamantes e madeira.
A Sibéria
também conta com rios com pesca farta e,
o que é mais importante, vastas áreas de terra despovoadas.
Gradualmente
e sem qualquer conflito, esse plano de migração de cidadãos chineses para a
Sibéria, já é uma realidade.
Fábricas de
proprietários chineses na Sibéria fabricam mercadorias totalmente acabadas,
como se a região já fosse uma parte da economia do Império do Centro.
Um dia, a
China vai querer que o Mundo se defronte com a realidade. De fato, Beijing
poderia usar a própria estratégia russa: dar passaportes para simpatizantes em
áreas contestadas, então se mover militarmente para “proteger seus cidadãos”.
O Kremlin tem
tentado isso na Transnistria, Abkhazia, Ossétia do Sul e, mais recentemente, na
Crimeia, todas formalmente parte de outros estados pós-soviéticos, mas
controlados por Moscou.
Mas
existe outro aspecto do assunto.
Sob o comando
de Vladimir Putin, a Rússia está olhando a leste visando seu futuro –
construindo uma União Eurasiana ainda mais vasta que a recentemente celebrada
em Astana, a capital do Casaquistão, um forte aliado de Moscou.
Talvez a
existência de dois blocos – o Eurasiano englobando Russia, Belorússia e
Casaquistão e a Organização de Cooperação de Shangai – poderiam unir China,
Rússia e a maior parte dos chamados “stans states”, estados que terminam com
“stan” (por exemplo, Kazakhstan, Uzbekistan, Turkmenistan, etc.).
Os críticos
de Vladimir Putin temem que essa integração econômica reduza a Rússia,
especialmente a Sibéria, a um exportador de matérias primas dominado pela
Grande China.
E os chineses
aprenderam da humilhação frente à Rússia em 1860, que os fatos na terra podem
se transformar em linhas no mapa.”
Craig Hill /
Luke Harding
Em nossas pesquisas em sites
internacionais que abordam com
profundidade esse assunto, a opinião é unânime na previsão de que, mais
cedo ou mais tarde, a posse da Sibéria voltará às mãos dos chineses.
Os grandes especialistas na área e os grandes centros de Estudos de Relações Internacionais, já não se perguntam
“SE”, mas “QUANDO” e “COMO” essa
retomada de posse da Sibéria pela China se efetivará.
O site da Forbes foi o único que expõe a análise de Michael Rubin , Ph.D. da Yale University ,
discordando desse ponto de vista geral (
e é por isso que ganhou destaque na internet ) , em seu artigo “A invasão da Sibéria pela China é um Mito” (“The
Chinese “Invasion” of Siberia is a Myth”), de 27.05.2014. (http://www.forbes.com/sites/markadomanis/2014/05/27/ the-chinese-invasion-of-siberia-is-a-myth/
)
Permito-me discordar das razões expostas por Michael Rubin, pela simples
razão de que ele não se ateve a um fator fundamental na análise de um movimento de ordem ciclópica como esse da
reconquista da Sibéria pela China : “O TEMPO”.
No presente momento, a China está centrando seus esforços para levar o
desenvolvimento para o interior de seu imenso território aonde ainda se
encontram 900 milhões de pessoas, principalmente nas áreas rurais.
Embora o percentual de
desenvolvimento da China tenha caído de dois dígitos para “apenas 7.5% a 8% ” ,
ainda é o maior índice de desenvolvimento do mundo.
Outro equívoco recorrente de vários analistas é prever que o crescimento
acelerado da capacidade militar da China
está ligado a um pseudo objetivo chinês de entrar em guerra em futuro próximo.
Estamos convencidos de que essa
não é a intenção da China. Muito pelo
contrário.
O que a China está construindo rapidamente , é uma capacidade militar dissuasória, igual
ou superior a de qualquer outro país, e que
iniba qualquer ataque por parte
de quem quer que seja.
É preciso não confundir intenção de guerrear com capacidade militar
dissuasória, que são conceitos absolutamente distintas.
A China está seguindo o
aforismo latino “Si vis pacem para
bellum” , que significa: “ Se queres a paz, prepara-te para a guerra”.
A China sabe que se tentar retomar a Sibéria pela força, a única forma
que Moscou poderia tomar para cessar essa situação, seria usando armas
nucleares. E A China não quer isso.
A China não pretende entrar em conflito militar com ninguém. Ela vai esmagar
quem se atrever a cruzar seu caminho pela
força de seu poderio econômico.
A China já está em guerra econômica aberta com o Mundo.
Contra essa forma de guerrear sem
paralelo em toda a história da humanidade, ninguém está preparado , não
vislumbrou qualquer forma de contra-ataque e não enxerga qualquer caminho de
fuga.
A China luta com as armas do Mundo Globalizado.
A única alternativa é cada país mudar a si mesmo para enfrentar a China
em igualdade de condições.
Podemos afirmar, sem qualquer exagero ou elucubração fantasiosa, que o ataque econômico da China
ao redor do Mundo, vai criar um tal nível de transformação mundial que
estamos prestes a mergulhar em um novo
estágio de evolução da humanidade.
O que vemos no momento, é apenas o começo desse processo.
Os únicos países que estão com capacidade de se aproximar do poderio do
dragão chinês são a Índia e o Japão.
A própria União Europeia,
envolvida em conflitos de ordem econômica e financeira entre seus
membros (principalmente os PIGS – Portugal, Italy, Greece, e Spain) não tem perspectivas, pelo
menos a curto prazo, de acompanhar o passo chinês.
Os Estados Unidos, que ainda ostentam o título de superpotência preponderante, vem sendo batidos em várias áreas, em razão da
velocidade do desenvolvimento chinês.
O Brasil precisa urgentemente abrir os olhos e se adequar para esse
desafio global.
Adaí Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB.
Prezado Adaí:
ResponderExcluirexcelente este seu tratado.
Eu ainda acho (opinião minha) que a China e a Rússia vão fazer uma união para enfrentar o mundo ocidental. As diferenças ideológicas são poucas e, quando o calo algum dia apertar, vão se unir.
Um abração.
Caro Anônimo,
ExcluirPermito-me discordar inteiramente de você.
A união China-Estados Unidos já é uma realidade.
As economias se complementam e a área vital de uma não atinge a área vital da outra.
Escreva o que vou dizer.
Penso que a derrocada da Rússia seja um processo irreversível e - aí não me peça para falar em TEMPO - a China, sem guerra, vai acabar dominando a Sibéria. Quanto ao resto do que ficar da Rússia - se ficar um resto - se integrará à União Europeia.
Mas não gosto de ser futurólogo.
Em minha juventude fui um comunista empedernido e o comunismo foi para a cova.
A verdadeira revolução - como previa Karl Marx - virá de países que tenham atingido um alto estágio de capitalismo.
Mas volto a repetir: não vamos ser futurólogos.
Um abraço
Adaí Rosembak
Amigo,
ResponderExcluirPerfeito, perfeito.
Muitos escritores teriam de escrever um livro para descrever o que você disse em poucas palavras.
Não se importe se o criticarem por não falar da PREVI.
É uma futricada danada. É muita gente a se envolver no assunto.
Até que é bom.
Mas o seu trabalho é muito importante.
Já pensou em escrever um livro?
Caro Anônimo,
ExcluirEsse assunto é muito vasto.
Obviamente que, para elaborar esse artigo, tive de suprimir muitas informações importantes.
Se fosse incluir tudo o que deveria ter sido informado sobre a matéria, obviamente o melhor seria redigir um livro.
Mas esse não é meu objetivo.
Pretendo, tão e exclusivamente, abrir a matérias para companheiros, especialmente os mais jovens, que ainda se iludem com o velho chamamento do comunismo.
A realidade enterrou essa utopia e a URSS desapareceu.
Quanto aos assuntos da PREVI, e da CASSI vou me aprofundar mais nas matérias para dar opiniões que não sejam lugares comuns.
De qualquer forma, estamos bem representados. Temos muito gente boa lutando pelos nossos interesses.
Um abração
Adaí Rosembak
Prezado Colega Adaí,
ResponderExcluirSua visão é totalmente a realidade vivida hoje, os países estão subordinados as ordens da CHINA, com a compra de mercadorias fracas e de segunda linha, em troca da venda de matéria prima barata.
Neste anos de bonança alardeados pela Previ, o minério de ferro foi a ferramenta para o recebimento de bons dividendos, da companhia Vale, mas hoje com a retração para menos de 2 dígitos de crescimento o motor do mundo começa a ter problemas internos para seu próprio controle.
Jamais os Estados Unidos vão ir contra seu principal financiador, mas a Russia assim como outros países que aposta na guerra e na pobreza do seu povo, vão cair, esses regimes totalitários estão a beira da falência.
O povo acordou, já não aceita tudo que é imposto por seus mandatários e acredito que o Brasil também vai ser passado a limpo, pois ninguém aguenta mais tanta destruição por poder.
UM FUTURO EM DEFINIÇÃO
Somos nós que vamos por fim a esta situação que esta a nos prejudicar, com ações mais ousadas e enérgicas, não da mais para apenas reclamar nos blogs, temos que partir para ações mais concretas em nossa defesa, em favor dos nossos direitos, de 2014 para 2015 tivemos um incremento de 1.000 pensionistas, a previ pagando 40% menos benefícios, restando apenas 24.741 colegas do plano 1 na ativa, com 76.968 aposentados e pensionistas ao total de 20.154.
A Cada ano que passa o plano 1 diminui seu tamanho, somados hoje pensionistas,aposentados e funcionários ainda em atividade da um total de 116.863, fonte revista da previ edição 182/2015 pagina 16 Especial Resultados 2014 plano 1.
Temos que nos mexer ainda mais, estimado colega Adaí, estamos sendo em empurrados ladeira abaixo, nossos benefícios não quita mais as contas do mês, por mais malabarismo não temos mais como financiar nossa permanência neste mundo, estamos fadados a morrer de desgosto ou de depressão, ou sentimento de culpa de ter acreditado que a Previ seria suficiente para nos dar uma velhice digna.
Me envergonha ver uma miria leitão e o jornalismo da globo dizer que o congresso não faz conta quando aprova o reajuste para todos os benefícios com a mesma garantia que é estendida ao salario minimo como mecanismo de reposição.
Ora daqui 2 ou 3 anos não vamos ter um centavo de aumento acima da inflação pela formula de calculo feito, é mais um CENA DE TEATRO, para enganar a massa dos trabalhadores e aqueles que contribuíram para uma nação forte e respeitada.
Não sei mais no que pensar colega Adaí, estamos vivendo uma CRISE DE FUTURO, hoje a Previ é apenas mais um fundo de pensão, pode até ser o maior, mas a MISSÃO esta em segundo plano, se é que ele ainda existe.
Com muito respeito, ando por demais aborrecida com a vida, diria até muito manguada com tanta imposição daqueles que tem o poder de fazer e não faz.
Rosalina,
ResponderExcluirA China hoje exporta produtos de alta tecnologia: armamentos, trens-bala, usinas, navios, carros e suas fábricas, computadores, etc.
Mas concordo com tudo que você disse.
Nosso salário não acompanha os aumentos, a crise avança junto com o desemprego.
E o que mais nos machuca está na manchete diária dos jornais: corrupção em toda parte, uma classe política desmoralizada, só escândalos, inflação, etc, etc.
Sinceramente me pergunto se esse buraco não tem fim.
Mas temos de continuar lutando nestes nossos nichos que são a PREVI, CASSI e o BB.
Reconheço que um artigo como o que escrevi só atende aos nossos interesses de forma indireta.
Temos de nos centrar no nossos problemas, lutar e denunciar.
É isso.
Abração
Adaí Rosembak
Amigo,
ResponderExcluirSeu artigo é muito profundo. Sou da época em que a União Soviética representava o futuro da humanidade.
E desabou. Temos de abrir os olhos para a realidade.
Muita gente ainda fica a exaltar o comunismo. É o fim.
Caro Anônimo,
ResponderExcluirEssa foi minha intenção.
Temos de cuidar dos nossos interesses relativos à PREVI e CASSI, mas temos de deixar uma janela aberta para o mundo.
Afinal de contas, tudo o que acontecer nessa escala vai nos atingir.
Grato pelo elogio do artigo.
Também fui um comuna no passado e cheguei a estudar russo para ir estudar na URSS.
Aí veio a revolução de 64 e mudou tudo.
Um abração
Adaí Rosembak
Companheiro Adaí,
ResponderExcluirEmbora não seja um assunto ligado diretamente a PREVI ou a CASSi, gostei muito.
É muito importante o que você falou.
Temos de estar atentos ao que está acontecendo naquela parte do mundo.
Os efeitos vão chegar aqui.
Escreva mais artigos sobre a China;