sexta-feira, 22 de maio de 2015

Uma Visita ao Império do Centro - IV

Abordaremos neste capítulo  a ascensão da China como potência militar nuclear.
Além desta análise do poderio militar do dragão chinês no que se refere   a  armas nucleares, chamamos a atenção  para a oportunidade de rearmamento das forças armadas brasileiras  com equipamento militar de última geração importado da China que, hoje, está se destacando no mercado militar mundial pelo elevado nível tecnológico dos equipamentos  que exporta, pelo baixo preço e pela abertura na transferência de tecnologia.
Em cinco anos, o aumento de vendas de armas chinesas aumentou 143% tornando a China o terceiro exportador mundial de armas.
Os especialistas estão prevendo que nos próximos 10 anos a China inundará o mercado internacional com armas de alta tecnologia e a baixo preço.
A mudança de exportação de armas pequenas para armas com avançados sistemas de tecnologia está provado pela venda de drones para a África e para o Oriente Médio em 2011, um contrato para três fragatas para a Argélia em 2012 e a surpreendente escolha de um sistema de defesa terra-ar para a Turquia, a um preço muito mais baixo do que os apresentados pelos  EUA, Rússia e União Européia um ano antes.
É a hora das forças armadas brasileiras, que se ressentem da escassez de recursos governamentais para reequipar suas tropas com modernos equipamentos de defesa, aproveitarem essa oportunidade oferecida pela China.
O presente artigo “China lança desafio nuclear aos EUA”, foi extraído do Jornal O Globo, edição de 18.05.2015, página 22.
A propósito da visita do Primeiro Ministro chinês Li Keqiang ao Brasil, também reproduzimos o oportuno editorial “Oportunidades e cuidados nos negócios da China”, publicado no mesmo veículo O Globo, de 21.05.2015, à pagina 18.
Ali são retratados os riscos que corremos com a abertura comercial com a China e as cautelas que devemos tomar no relacionamento com esse  gigante no mercado internacional.
Adaí  Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

“China lança desafio nuclear aos EUA”
Aposta em mísseis de longa distância com múltiplas ogivas preocupa Washington
Depois de décadas mantendo uma força nuclear pouco expressiva, a China tem investido em mísseis de longo alcance que transportem várias ogivas, um passo que autoridades federais americanas e analistas políticos dizem servir para intimidar os Estados Unidos, já que Washington prepara-se para implantar defesas antimísseis mais robustas no Pacífico.
O que torna a decisão da China particularmente notável é que a tecnologia de miniaturização de ogivas e de transporte de três ou mais delas num único míssil está em mãos chinesas há décadas. Mas uma sucessão de líderes deixou-a inativa – eles não estavam interessados em participar do tipo de corrida armamentista que caracterizou a competição da Guerra Fria nuclear entre EUA e União Soviética.
Agora, entretanto, o presidente Xi Jinping parece ter mudado o curso da política sobre o tema, ao mesmo tempo em que constrói aeroportos militares em ilhas disputadas do Mar do Sul da China, declara zonas exclusivas “de identificação de defesa aérea”, envia submarinos chineses pelo Golfo Pérsico pela primeira vez e cria um novo arsenal poderoso de armas cibernéticas.
Muitos destes passos têm surpreendido funcionários dos EUA e se tornaram uma evidência do desafio que o governo Obama enfrenta para lidar com a China, particularmente depois que agências de inteligência americanas previram que Xi focaria no desenvolvimento econômico e seguiria o caminho de seu predecessor, que defendia a “ascensão pacífica” do país.
John Kerry desembarcou em Pequim
O secretário de Estado, John Kerry, desembarcou anteontem em Pequim para discutir questões econômicas e de segurança que preocupam os EUA, embora ainda não esteja claro se o desenvolvimento de mísseis, que as autoridades descrevem como recente, estava na agenda.
Funcionários americanos dizem que, até agora, a China negou-se a participar de conversas sobre o início da implantação de múltiplas ogivas nucleares em seus mísseis balísticos.
- Os EUA gostariam de ter uma discussão mais ampla sobre as questões de modernização nuclear e de mísseis balísticos de defesa com a China – afirmou Phillip Saunders, diretor do Centro para Estudo de Assuntos Militares na Universidade de Defesa Nacional, instituição acadêmica fundada pelo Pentágono. – Os chineses têm sido relutantes em discutir o tema em canais oficiais.
Entretanto, Saunders e outros especialistas têm se engajado em conversas não oficiais com chineses sobre a questão. O novo programa nuclear de Pequim foi descrito com profundidade no relatório anual do Pentágono ao Congresso e revelou um dilema para o governo Obama, que nunca falou publicamente sobre o avanço nuclear da China.
O presidente americano está sob mais pressão do que nunca para implantar sistemas de defesa antibalística no Pacífico, embora a política oficial seja a de que estes interceptadores sirvam para conter a Coréia do Norte,  não a China.
Além disso, Obama tenta encontrar uma forma de sinalizar que resistirá aos esforços da China para intimidar seus vizinhos – incluindo os mais próximos aliados de Washington – e manter os EUA fora do Pacífico Ocidental.
Já se aventa no Pentágono sobre acelerar o esforço de defesa antibalística e enviar navios militares às águas internacionais próximas às ilhas em disputa, para deixar claro que os EUA vão insistir na navegação livre em áreas que a China está reivindicando como zonas exclusivas.
Para autoridades americanas, o movimento chinês demonstra uma rápida transformação da estratégia de Xi, agora considerado um dos líderes mais poderosos desde Mao Tsé-tung ou Deng Xiaoping. Fotografias divulgadas recentemente dos esforços chineses para recuperar a terra em disputa nas ilhas do Mar do Sul da China e de construir aeródromos no local chamaram a atenção da Casa Branca e de militares pela velocidade e pela intensidade da determinação de Xi em empurrar potenciais competidores de suas vizinhanças no Pacífico.
Isto envolve a construção de porta-aviões e submarinos para criar uma força que possa representar um desafio aos EUA numa crise regional. Parte do programa de modernização militar da China tem como alvo direto a superioridade tecnológica americana. A China tem buscado tecnologias para bloquear a vigilância e a comunicação de satélites, e seus principais investimentos em cibertecnologia são vistos por funcionários dos EUA como forma de roubar propriedade intelectual e se preparar para um conflito.

“Oportunidades e cuidados nos negócios da China”
O pacote de acordos assinados terça-feira em Brasília entre a presidente Dilma e o primeiro-ministro chinês, Li Kewqiang, chega em providencial momento, quando o país padece de grave falta de investimentos, principalmente na infraestrutura. Estima-se que a China pode financiar projetos no país num volume de até US$ 53,3 bilhões. O dinheiro será importante contrapeso numa fase de inexorável ajuste fiscal – portanto, de poucos recursos públicos disponíveis – e também de grande necessidade de investimentos externos.
O ponto de interrogação em tudo isso é saber se o dinheiro virá mesmo. Costuma-se dizer que a negociação com os chineses começa depois que o contrato é assinado. São lembradas as promessas feitas em 2011  de um investimento, em seis anos, de US$ 12 bilhões e geração de 100 mil empregos, com a vinda da Foxconn, empresa chinesa fabricante de produtos Apple. Não passava de um conto chinês, reproduzido pelo governo brasileiro.
Tudo parece ser um “negócio da China”, por isso é preciso ser realista. Pequim já demonstrou saber “comprar na baixa”. Socorre os sufocados venezuelanos, os endividados argentinos e agora chega ao Brasil para “ajudar” a Petrobrás, também sem acesso ao mercado financeiro mundial, e apoiar o próprio país, ainda soterrado sob os escombros da “nova matriz macroeconômica.”
Trata-se , é certo, de uma oportunidade que não pode ser descartada. Mas se os chineses têm um claro projeto estratégico, de dimensões globais – garantir acesso a matérias primas, ao menor custo possível - , Brasília precisa tirar o máximo que necessita e ter o seu plano também.
Devido às necessidades crescentes de alimentos, matérias primas e energia, a China é hoje grande financiadora de ferrovias, portos, projetos de exploração de petróleo, etc. em todo o planeta.
Nesse aspecto,  o Brasil tem prioridade por já ser importante fornecedor de minério e soja aos chineses. Tanto que a China ultrapassou os EUA como mercado importador do Brasil. Justifica-se, então, por exemplo, a ferrovia de acesso ao Pacífico, caminho mais curto para a Ásia.
Mas será um erro histórico o Brasil se acomodar a uma aliança “colonial” com os chineses: fornecedor de matérias primas e importador de bens manufaturados, inclusive equipamentos para esses projetos. Por uma dessas ironias, mais uma, terá sido um governo do “anti-imperialista” PT que consolidará laços com os chineses de ranço mercantilista, típicos de séculos passados, como aqueles com os quais metrópoles ataram o Brasil.
Será decisivo, portanto, também modernizar a indústria, algo que o PT “desenvolvimentista” impede, ao continuar com o sonho delirante da “substituição das importações” ao estilo Geisel.
Sem integrar a indústria brasileira a cadeias globais de produção, o segundo governo Dilma terá apenas dado um vigoroso passo para transformar Pequim no que Lisboa e Londres já foram para o Brasil.    

4 comentários:

  1. O GRANDE NEGÓCIO DO JAPONÊS

    Colega Adaí Rosembak,

    Percebo que o colega possui um vasto conhecimento em diversos assuntos, por isso gostaria
    de compartilhar algumas percepções para avaliar suas considerações.
    A reunião de Goiânia ratificou algumas questões que identifico a tempos:

    1) Ficou claro o pq da escolha do japonês para o cargo. Jovem, cheio de ambição e por isso toda
    essa mudança de postura saindo do pedestal. Um executivo mais experiente e arrogante não se
    prestaria a esse papel. Não sei se por conta da conjuntura política (CPI), escolheram alguém que
    simulasse uma mudança de postura da diretoria que na prática não existe. Se colega trabalhou na
    DG sabe bem do que estou falando. Conheci AP-02 que nem ministro da fazenda lhe obrigaria a se
    prestar a um papel desses.


    2) A necessidade de se manter aposentados longe dos funcis da ativa. Aposentei em 2001 e para man-
    ter a comissão levava o LIC (antiga CIC) para casa. Noite, finais de semana, debruçado em instruções
    para conseguir dar conta do recado. Como iria me inteirar de questões sobre Previ? Só sabia que havia
    uma montanha de dinheiro do maior fundo da AL para quando aposentasse. Foi uma enorme e triste sur-
    presa quando o descanso chegou. Seria importante construir uma ponte sobre esse abismo existente en-
    tre aposentados e os da ativa.


    3) Não dar para ter clareza quem está do lado de quem. Nem eleitos demonstram qualquer constrangimento
    com todo o circo. Questões de real importância são mantidas na condição de sigilo. Basta ver nas entrevistas
    da reportagem que os ditos "nossos representantes" tem o discurso totalmente afinado com os representantes
    do patrocinador.


    4) Necessidade de preparação para a próxima eleição sem conchavos com pessoas venais. O Sr., o Zanella, o Medeiros
    e outros mais que rezem na mesma cartilha.


    Obrigado por sua atenção

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    1. Caro Anônimo,

      Vou começar a lhe responder pelo fim.
      Tenho grande respeito e admiração pelo Ari Zanella e pelo Medeiros.
      São pessoas sérias, raçudas e combativas.
      Um outra pessoa que aprecio muito é a Cecília Garcez que, no momento está sendo atacada pelo Diretor Marcel.
      Ela está desenvolvendo um projeto sério dentro da PREVI para aperfeiçoamento na área de TI (Tecnologia da Informação) que está completamente superado.
      Mas isso mexe com interesses.
      E aí entra a baixaria política, o jogo rasteiro de pressões.
      Felizmente a Cecília Garcez conta com uma grande massa de apoiadores entre os aposentados e o funcionalismo como um todo.
      Não sou filiado a qualquer partido ou corrente política. Mesmo no PT que foi uma grande frustração para muitos brasileiros, conheço pessoas muito sérias, capazes e atuantes na defesa de nossos interesses.
      O importante nesse processo é estar atualizado com o que está acontecendo, acompanhar as notícias pela internet, comparecer a simpósios promovidos pela PREVI e pela CASSI, frequentar associações, etc.
      Também trabalhei no interior e cansei de levar instruções do banco e trabalho para fazer em casa.
      Acompanhe os blogs do Carvalho, do AriZanella, do Medeiros e da Cecília Garcez. Eles estão dentro da PREVI e não tem papas na língua para contar com franqueza o que ocorre nos bastidores.
      Um abração

      Adaí Rosembak

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  2. Prezado Adaí,

    Depois desse episódio da Vale, caso seja mesmo verdadeiro, impossível acreditar em sequer uma vírgula pronunciada pela instituição Previ, representada por sua diretoria.
    Aposentados e pensionistas são um incômodo para o desenvolvimento dos projetos que o BB (Governo) tem para os recursos do fundo.
    E ainda mais, me desculpe o radicalismo. Para mim quem pensa diferente disso ou está sendo beneficiado ou espera ser. Não existe outras opções.

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  3. Publique o e-mail que a Ceclia te mandou,
    Trata-se do mesmo e-mail distribuído pelo Marcel ?

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