Recebi algumas críticas em relação à série de artigos que estou lançando
sob o título de “Uma Visita ao Império
do Centro.”
Acusam-me de fugir aos objetivos a que um blog voltado para o interesse
dos funcionários do BB e aposentados e pensionistas da PREVI deveria se focar,
por publicar uma série de artigos sobre a China em lugar de defender interesses
dos funcionários da ativa do BB e de
aposentados e pensionistas da PREVI, que estão sendo ameaçados.
Esclareço que criei este blog com
o intuito de procurar ajudar, da melhor forma possível , a
categoria dos funcionários da ativa do BB e os aposentados e pensionistas da PREVI
, segmento ao qual pertenço como aposentado do BB.
É um espaço de minha inteira responsabilidade e respondo integralmente,
inclusive judicialmente, pelo que nele
for colocado.
Para evitar esse tipo de problema legal, procuro manter uma postura
absolutamente ética, respeitosa e de atenção e consideração com todos. Elimino
comentários que sejam caluniosos, difamantes ou agressivos.
Parto do princípio de que todos somos
oriundos da mesma casa, o BB e que, embora possamos estar divididos em facções políticas,
principalmente em razão da crítica situação econômica por que
passa o país , estamos no mesmo barco
como aposentados pela PREVI.
Reitero que meus artigos sobre a
China estão ligados diretamente aos
interesses da PREVI e, consequentemente, aos interesses de aposentados e
assistidos de nosso fundo de pensão.
O crescimento da relação Brasil-China forçosamente atrairá
investimentos e parcerias com
fundos de pensão em projetos de
infra-estrutura e em parcerias de
comércio entre os dois países.
Por essa razão, contesto veementemente as críticas de que os artigos
sobre a China fujam dos interesses dos aposentados e pensionistas da PREVI.
Muito pelo contrário, penso que eles devem ser focos prioritários de nossa atenção.
Como não ocupo cargo de direção em qualquer associação de
aposentados e nem na PREVI
ou CASSI, às quais estamos visceralmente ligados para o
recebimento de nossas pensões e para nossa assistência de saúde, encontro-me em uma posição de absoluta independência para
defender meus pontos de vista e os interesses de minha categoria sem precisar passar
por constrangimentos, pressões e
críticas por atacar interesses corporativos , classistas ou
pessoais.
Essa falta de participação direta na direção de qualquer órgão, por
óbvio, me priva de informações quentes de “cocheira”. É um diferencial importantíssimo que outros
blogs têm e que meu blog não tem.
Mas o que não falta atualmente na
internet são blogs independentes , sites de associações, sites internacionais, sites
de empresas, grupos
de discussão , jornais e revistas que abordam os problemas de nosso interesse.
Essa massa de informações é mais do que suficiente para
quem pretende manter um blog ativo e atualizado.
Desde adolescente a China foi um
assunto de meu interesse pessoal.
Li vários livros a respeito da China e procurava sofregamente me manter atualizado
sobre as notícias daquele país pelo “Jornal do Brasil”, “O Globo”, “Correio da
Manhã” e pela revista “O Cruzeiro”.
Haviam ainda as informações passadas pela TV em preto e branco.
Mas, muitas vezes, as informações
nos chegavam com atraso e desatualizadas.
Com a internet temos o mundo e a informação instantânea em uma
tela.
Os jovens não nos compreendem mas nós, septuagenários, ainda nos
sentimos espantados com esse avanço da
TI (Tecnologia da Informação) que nos permite acompanhar o que ocorre no Mundo
em tempo real.
Naquela época, eu já me perguntava porque a China, mesmo depois da proclamação
da República Popular da China com a tomada do poder por Mao-Tsé-Tung, continuava
um país tão atrasado.
Previa que a expressão de Napoleão Bonaparte “Deixem a China dormir porque, quando ela
acordar, o mundo vai estremecer”, era uma profecia que eu ainda presenciaria em
vida.
O primeiro grande fracasso de Mao Tsé-Tung foi o Grande Salto Adiante (1958-1960), que desorganizou a economia do país e matou mais
de 30 milhões de pessoas de fome.
E junto veio o rompimento de
relações da China com a ex-URSS.
Foi a grande cisão no Mundo Comunista.
Um número imenso de projetos industriais na China apoiados pela URSS foram abandonados.
O ápice da tensão ocorreu após várias
ameaças da URSS de bombardear a China com armas nucleares.
A mais séria ocorreu em
1969, quando o então líder comunista russo Leonid Brezhnev , quis deslanchar um massacre nuclear na China e pediu ao Presidente Nixon que os EUA se mantivessem neutros.
Nixon repudiou terminantemente essa proposta e, para
surpresa de Leonid Brejhnev , Nixon disse que os interesses dos EUA estavam
intimamente relacionados aos interesses chineses.
O premier soviético Alexei
Kosygin disse ao líder soviético Leonid Brezhnev, que Washington havia planejado
uma guerra nuclear contra a URSS se eles atacassem a China.
No mesmo dia, Anatoly Dobrynin, o
embaixador soviético em Washington, depois de consultas com diplomatas
americanos, contou ao líder Leonid Brejhnev que, se a China sofresse um ataque
nuclear, os americanos iriam considerar isso como o início da terceira guerra
mundial e iriam revidar.
O Presidente Nixon, pelo contrário, deu início ao relacionamento com a China com o
famoso campeonato de tênis de mesa entre atletas americanos e chineses.
A Revolução Cultural (1966-1976) foi outro fracasso na história chinesa. Guardava os jornais e revistas sobre o
assunto. Lembro-me de uma manchete do “O Cruzeiro” que dizia que a China estava
ficando louca.
Com o fim da Revolução Cultural, a morte de Mao Tsé Tung e a eliminação
da Camarilha dos Quatro que dominava a política chinesa, surgiu uma nova liderança tendo à frente
Deng Xiao Ping.
Deng Xiao Ping criou as bases da
China atual.
Começou mudando a mentalidade conservadora do PCC (Partido Comunista
Chinês) e implementando políticas inovadoras, mas não abdicando de manter a extrema
disciplina do partido e o seu controle total
sobre a máquina estatal.
Ao mesmo tempo, no campo econômico, partiu para uma abertura capitalista radical, que muitos poderiam
chamar de capitalismo selvagem, com a
criação das primeiras ZPEs – Zonas Econômicas Especiais da China, que foram as
primeiras iniciativas exitosas para o desenvolvimento acelerado da China.
O princípio de Deng Xiao Ping era:
“Não importa a cor do gato desde que cace
ratos.”
Foi dentro dessa linha , combinando a dura disciplina do PCC (Partido Comunista Chinês), com
fundamentação Confunciana e Taoísta, e
uma política de abertura capitalista, que provocou protestos de movimentos de
esquerda ao redor do Mundo, que a China atingiu durante mais de 30 anos índices
de desenvolvimento acima de dois dígitos.
Hoje os desafios de crescimento da China são de abrangência planetária.
A China tornou-se a fábrica do Mundo e a sua economia está
intrinsicamente ligada à economia americana.
A China tem aplicado em títulos do Tesouro Americano, que é o
investimento mais seguro do Mundo, um total de 4 trilhôes de dólares.
Qualquer movimento da China ao redirecionar parte dessa massa de
capitais abala o mercado financeiro americano.
A China, cada vez mais, destaca-se como a maior e mais insaciável consumidora de matérias primas e alimentos do
planeta. Em troca, oferece investimentos
de toda ordem, desde a criação de fábricas com tecnologia de ponta até a
implementação de projetos arrojados de infra-estrutura em diversas áreas.
Todos os dias a imprensa internacional
nos surpreende com novos projetos de
grande envergadura celebrados por grupos chineses ao redor do Mundo . É um
movimento de atração irresistível.
Países do Terceiro Mundo e mesmo membros dos BRICs, não tem reservas
financeiras e nem estrutura para
implementar tais projetos e, dessa forma, a China apresenta-se como uma opção
irrecusável.
Mas essas investidas tem um preço
alto.
Muitos grupos industriais nesses países não tem condições de competir
com as empresas chinesas em condições de
igualdade. São levados à bancarrota e, a reboque, trazem o desemprego
em massa.
O Brasil é um exemplo dessa devastação.
A invasão de produtos manufaturados chineses no mercado brasileiro
tornou-se uma política de arrasa quarteirão.
Temos um custo Brasil altíssimo, o nível de impostos é escorchante, a
burocracia é sufocante, a corrupção campeia na fiscalização governamental, o
despreparo educacional da massa de trabalhadores é assustadora, enfim, tudo
pressiona para que as empresas brasileiras não tenham as mínimas condições de
competir com os grandes grupos industriais e comerciais da China.
As empresas estatais estão arrasadas por atender a projetos inviáveis de
interesse político, por seguir uma política estatal equivocada de combater a
inflação vendendo sua produção no mercado interno por um preço mais baixo do
que compra no exterior, por implantar projetos mal dimensionados com o intuito de gerar subcontratos para aumentar custos e incrementar a corrupção, e por diversas outras irregularidades.
A máquina administrativa estatal é desorganizada, inchada, perdulária,
ineficiente e encontra-se completamente dominada por uma estrutura política
corrupta e ineficiente. Para
começar, o Poder Executivo tem 39 ministérios,
todos preenchidos para atender interesses de toda ordem por meio de conchavos e apadrinhamentos políticos.
A Justiça é lenta, burocratizada, desaparelhada, emperrada e
desatualizada tecnologicamente. Já se disse em relação à Justiça no Brasil que
justiça tardia é justiça falha.
Pagamos impostos altíssimos e não temos um retorno de serviços
minimamente satisfatórios.
A educação, a saúde e a segurança
a cargo do Estado são setores que estão em frangalhos, deficientes e impregnados por um ranço
político corrupto que impede qualquer avanço , mudança ou aprimoramento.
Estamos desencantados com tudo isso.
A todo momento, nos perguntamos
porque estamos tão atrasados, porque chegamos a esse nível de
degradação, porque há tanta precariedade em todas as áreas, porque a burocracia
governamental é tão corrupta, atrasada e emperrada, enfim, porque nada funciona
adequadamente.
Desde os mais simples serviços até os mais altos níveis da administração
pública, passando pelo péssimo atendimento prestado por empresas brasileiras e multinacionais no
Brasil, tudo nos deixa indignados e
revoltados.
Nos indagamos se somos um país inviável, fadado ao fracasso e à miséria.
E ficamos sempre a girar em
círculos viciados, a conviver diariamente com tudo isso, sem conseguir consertar
nada, sem conseguir mudar nada.
Afinal de contas, porque as coisas não funcionam no Brasil?
Porque somos assim? Porque nos sentimos tão amargurados e revoltados com
tudo que está acontecendo se somos parte do problema?
Temos de nos conscientizar de que, independente da condição social de
cada um de nós, temos de nos centrar na forma como agimos com nossos semelhantes no
dia-a-dia e nos perguntarmos, a todo instante e a cada ação em nossas vidas, se
estamos agindo de forma correta e ética.
Não podemos somente jogar a culpa
no Governo e nem no partido político que
está no poder no momento, seja ele qual for, sem pesarmos nossa própria culpa.
A classe política é nosso retrato pessoal.
Os políticos são brasileiros , não são “estrangeiros de olhos azuis”
que foram eleitos (por nós) para nos
explorar.
Nossos políticos nasceram aqui, falam a nossa língua , estão sujeitos às
mesmas leis, à mesma moeda, têm a mesma bandeira, o mesmo exército e as mesmas
tradições.
Repetindo, os políticos são o
exemplo mais autêntico de nossa nacionalidade.
Nós depositamos nossa confiança neles e os elegemos.
Mas, como diz um ditado: “A
esperança é a última que morre.”
Os momentos que estamos vivendo com autoridades e órgãos públicos dando
sequência a investigações de processos de corrupção em todas as áreas,
atingindo quem quer que seja, fazendo gravações e filmagens, invadindo instalações, investigando e apurando tudo, prendendo, interrogando, julgando, condenando, e
recuperando capitais desviados, nos dão uma imensa esperança de que estejamos entrando
em um caminho virtuoso de redenção política em um ambiente de progresso
econômico e de democracia plena.
A liberdade de imprensa é um aliado fundamental nesse esforço de
renovação e mudança.
Quando esse processo se consolidar, a união
com a China será verdadeiramente profícua.
O Brasil será respeitado como
parceiro sério e não como um país desestruturado, falido, desorganizado
e dependente de investimentos chineses salvadores que nos tirariam do abismo econômico e
financeiro, e da miséria humana que nós mesmos criamos.
Até porque a China não quer ser e não vai ser salvadora de
ninguém.
Ela vai dar prioridade a quem oferecer matérias primas e alimentos pelos
preços mais baixos e nas melhores condições de negociação.
É um jogo duro e sem contemplações.
A China quer ter parceiros progressistas,
que se encontrem em condições de competitividade, tenham seriedade em seus negócios e se
façam respeitar.
Por esses motivos, considero
importantíssimo conhecermos a fundo a China , com quem o Brasil vai continuar a ter um relacionamento
comercial cada vez mais intenso.
Não adianta tentar fugir desse caminho. Queiramos ou não, seremos
inexoravelmente arrastados para essa implacável disputa comercial internacional,
cujas regras irão cada vez mais continuar
a ser impostas pelo poderio chinês.
Em razão do que foi relatado, novos capítulos sobre “Uma Visita ao
Império do Centro” serão programados para serem lançados neste blog.
Adaí Rosembak
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB
Prezado Adaí:
ResponderExcluiro povo (para não dizer colegas) é muito mesquinho (só pensa no próprio umbigo). Quando o assunto é cultura não querem nem saber. Continue com estes e outros artigos que nos tragam um pouco de conhecimento do que acontece além do nosso quintal.
Um abraçao.
Caro Anônimo,
ExcluirGrato pelo incentivo.
Esse artigo não versou propriamente sobre cultura. Fui obrigado a me estender sobre aspectos da história recente da China para que as pessoas tivessem uma ideia do que está ocorrendo naquele país e a influência cada vez maior que aquele país vai ter em relação ao Brasil..
O importante é que eles conseguiram fazer uma revolução de fato. Nós ainda temos de fazer a nossa.
Quanto a outros assuntos de interesse dos associados e pensionistas da PREVI eu também os abordo como tantos outros colegas.
Só que decidi enveredar por um outro caminho que considero importantíssimo para a PREVI e, consequentemente para seus associados.
Um abração
Adaí Rosembak
Prezado!
ResponderExcluirNão obstante a riqueza de informações em seu texto, considero importante manter-se fiel ao objetivo proposto quando da criação do blog, sob pena de o mesmo perder sua essência. Por outro lado, nada impede que você dê ao mesmo a finalidade que melhor atenda a seus objetivos. O que convém, antes, esclarecer o leitor.
Outrossim, sugiro publicações mais curtas, que evitarão tornar a leitura enfadonha.
Enfim... boa sorte em sua caminhada.
Era isso!
Caro João Lopes Rodrigues,
ExcluirRespeito sua opinião.
Mas já existe um número grande de colegas que abordam assuntos diversos da PREVI.
Eu mesmo tenho diversos artigos em que abordo problemas da CASSI, PREVI, Resolução 26, LCs 108 e 109 e por aí vai. e Continuo a abordar esses temas.
Só que como expliquei no início do artigo, considero a relação China-Brasil um assunto de vital interesse para os fundos de pensão e não só para a PREVI.
Mais cedo ou mais tarde a PREVI entrará em parcerias de projetos de infra-estrutura no Brasil de origem chinesa.
Acho que é importante conhecermos a fundo o parceiro com quem vamos negociar.
Quanto ao tamanho da nota, é grande.
Procuro na medida do possível tornar o assunto sucinto.
Mas são tantos aspectos a abordar...
De qualquer forma grato pela sua paciência em ler o artigo.
Um abração
Adaí Rosembak
Prezado ADAÍ ROSEMBAK,
ResponderExcluirInacreditáveis as críticas sofridas por você em relação à excelente série de artigos "Uma Visita ao Império do Centro".
Igualmente inacreditável como colegas do BB não percebam como, principalmente nos dias atuais, acontecimentos em outros países e, no nosso, em outros universos que não o do BB afetam nossos legítimos interesses. Eu mesmo divulgo inúmeras matérias que não dizem diretamente respeito aos funcionários do BB, mas que julgo serem importantes para nós como seres humanos.
Eu e Marcos Coimbra, há alguns meses, estamos tentando plantar iniciativas voltadas a uma maior e melhor atuação de nossas Associações na defesa de legítimos interesses do funcionalismo e julgamos que, no momento, a liderança da AAFBB na implantação de nossas ideias é fundamental. Brevemente, entraremos em contato com o amigo, grande divulgador da AAFBB, para que participe de encontro que pretendemos marcar com lideranças da mesma, a fim de que elas tomem conhecimento de nossas propostas.
Esclareço que Marcos Coimbra é funcionário aposentado do BB, esteve durante cerca de 14 anos à disposição da ESG, é membro destacado da Maçonaria, possui há 15 anos coluna semanal no jornal Monitor Mercantil, é membro do CEBRES, e autor do livro Brasil Soberano. Conheço-o desde 1956, pois somos ex-alunos do Colégio Militar (CMRJ), no período 1956/1962.
Saudações Fraternas
JOÃO CARLOS PEREIRA DO LAGO NETO
em 26/05/2015
Caro João Carlos Lago Neto,
ExcluirMuito obrigado pelo seu incentivo na defesa de minhas notas.
Eu realmente estou muito ligado à AAFBB porque é a associação que frequento e na qual tenho muitos amigos.
Tenho certeza que a direção da associação não se furtará de apoiar ou, pelo menos, analisar com apuro suas propostas.
A presidente da AAFBB , Célia Laríchia, é uma pessoa muito acessível e sempre dá incentivo a projetos que venham em benefício dos associados.
Sou um admirador do Marcos Coimbra. De vez em quando ele lança notas pela internet.
Conte com meu pleno apoio a qualquer iniciativa.
Um abração
Adaí Rosembak
Parabéns pela pesquisa e pelo tema abordado!
ResponderExcluirGenésio Vegini
Florianópolis-SC
Genésio Vegini
(48) 9981-0842
Caro Genésio Vegini,
ExcluirGrato pelo apoio.
Outros capítulos virão
Um abração
Adaí Rosembak