quarta-feira, 15 de junho de 2016

SAÚDE EMOCIONAL E FÍSICA

Estava lendo no Blog do Medeiros, o artigo de 13.06.2016, “Stress Demais – Projeto 286 vai ser votado nesta semana” (O  correto é 268. Acontece!).
Ali, o Medeiros aborda a situação de crise econômica e política que abala a vida de todos nós.
A mídia nos bombardeia continuamente com notícias sobre um cenário negativo, que tende a piorar cada vez mais, até que essa situação do impeachment seja definida o mais rápido possível.
Não importa qual seja o resultado dessa pendenga, o que importa é que esse problema se resolva sem mais delongas para que os investimentos externos voltem ao Brasil, o emprego torne a florescer, e a economia retorne aos trilhos.
Ou, se o impeachment não for aprovado, que o PT volte ao poder, e seja o que Deus quiser.
Acabo de ler no O Globo de hoje, à página 24, que o Projeto PLP 268, no que tange às empresas estatais, foi alterado pela Câmara. A proposta de gestão dos fundos de pensão será discutida na próxima semana. Vamos ver que coelho vai sair dessa cartola.
Ou seja, estamos todos, alguns mais outros menos, tensos com tantas indefinições que se apresentam à nossa frente, que afetarão nossos interesses e nossas vidas.
Ontem estava prestes a escrever sobre esse assunto, quando presenciei uma cena de agressão familiar que me deixou extremamente abalado. Um pai recém-demitido de seu emprego, em uma situação financeira crítica, perdeu o controle e agrediu a mulher e o filho, que reclamavam da falta de dinheiro, que inviabilizava o atendimento às necessidades familiares básicas.
A polícia interveio, algumas pessoas ajudaram, e eu fiquei arrasado após presenciar a cena.
Os jornais não cessam de retratar casos de corrupção, investigações da Lava-Jato, debates sem fim sobre impeachment e outros assuntos negativos, e a crise econômica se aprofunda cada vez mais.
Tudo isso somado, como diz o companheiro Medeiros, nos causa stress e angústia.
Mas precisamos manter a nossa saúde física e emocional.
Precisamos ter padrões de vida mais sadios.
Um dos fatores fundamentais para esse objetivo é a chamada “gentrificação”, que é a revitalização e valorização de bairros degradados em determinadas áreas das grandes cidades.
Outro é a interiorização das populações, ou seja, é a mudança de habitantes de megalópoles para cidades médias e pequenas. Esse é um processo que vem aumentando cada vez mais nos Estados Unidos desde a década de 50.   
Grandes empresas naquele país estão transferindo suas sedes e fábricas para cidades pequenas afastadas dos grandes centros. Isso resulta em uma melhora excepcional do padrão de vida das pessoas, que passam a residir em áreas mais tranquilas, em residências mais amplas e arborizadas, mais seguras, mais silenciosas, menos poluídas, sem congestionamento de veículos e mais próximas dos locais de trabalho.
Enquanto essa mudança não acontece, precisamos ter melhores hábitos de vida, tais como ouvir mais música, andar mais, fazer exercícios, dançar e ter uma alimentação mais sadia.
A propósito, transcrevo adiante o excelente artigo “Preventivo contra crise”, do cardiologista José Kezen, publicado no jornal O Globo, de 09.06.2016, à página 17.  
ADAÍ  ROSEMBAK
Associado da AAFBB, ANABB, AFABB-RS e ANAPLAB

PREVENTIVO CONTRA A CRISE
Hoje é a economia e a política que pautam a mídia, o dia a dia e as conversas dos brasileiros. Impossível ficar alheio aos efeitos da crise econômica no nosso cotidiano – desemprego, inflação, menor crescimento – e ao ritmo acelerado das mudanças na política.
Também difícil não constatar que as turbulências que o Brasil enfrenta têm consequências que vão além das finanças e do ânimo da população. Os impactos mais perversos podem recair na qualidade da nossa saúde – hoje e no futuro.
Foi assim em países com atividade econômica similar à nossa. E é o que já estamos vivenciando em consultórios e ambulatórios. Cresce o número de pacientes com sintomas de ansiedade (insônia, irritabilidade e cansaço), queixas comuns que, invariavelmente, estão relacionadas ou foram provocadas, mesmo que indiretamente, pelo menor ritmo da economia.
Há décadas pesquisadores em todo o mundo se dedicam a dimensionar como os momentos de aperto econômico causam impacto na saúde da população e atuam como fator de risco para várias enfermidades, como as doenças cardiovasculares.
Estudo recente mostra que nos EUA a redução do ritmo da economia, a partir de 2008, trouxe consequências mínimas à saúde dos americanos. O documento chega a revelar que a mortalidade é menor nos períodos de crise. Por incrível que possa parecer, a queda de 1% na taxa de desemprego chega a coincidir com diminuições de até 0,5% do índice de mortalidade dos americanos.
Mas este comportamento antagônico parece estar restrito às economias mais avançadas. Em outros países, como Argentina, Grécia e Rússia, os impactos negativos na saúde foram expressivos. Podemos esperar desempenho similar no Brasil.
Na Argentina, o risco de ataque cardíaco aumentou 5,4% entre os anos de 1998 e 2002. Foi nesse período que o país vizinho enfrentou um dos piores momentos econômicos da sua história – o fim da paridade da moeda com o dólar e “corralito”. Na Grécia, médicos detectaram aumento no número de internações por ataques cardíacos entre 2008 e 2012, em estudo apresentado no Heart Failure Congress-2014. Os gregos foram um dos povos europeus mais afetados pela crise de 2008.
No Brasil, dois indicadores nos servem de alerta. A IMS Health, consultoria que audita o mercado farmacêutico, identificou um acréscimo de 12,6% nas vendas de antidepressivos e de estabilizantes de humor entre março de 2015 e fevereiro deste ano.
Ensina a história que economia e saúde sempre tiveram ligação muito próxima. A relação ocorre não só pela insuficiência de recursos destinados à saúde pública e pelos impactos de epidemias no ritmo das atividades do país, mas também pela necessidade de uma população saudável para sustentar qualquer política de desenvolvimento. Então, rever hábitos alimentares, abandonar o sedentarismo e adotar a prevenção como regra são, sim, medidas de primeira hora para qualquer país voltar a crescer.
José Kezen é cardiologista  

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