DESUNIDOS

A presente nota, encaminhada pelo Companheiro GILBERTO MATOS SANTIAGO, Presidente do Conselho Deliberativo da AAFBB – CODEL, é muito oportuna para os momentos pelos quais passamos na defesa dos interesses dos associados e pensionistas da PREVI:

O economista Rodrigo Constantino, em recente artigo divulgado no jornal O Globo, discorre sobre a necessidade de uma comunidade unida para que se chegue a resultados positivos na luta por direitos e prerrogativas.

O título é sugestivo: “Do monólogo ao diálogo”.

Segundo Constantino, debater ideias dá trabalho, exige reflexão, argumentos, racionalidade. Muito mais fácil é agredir pessoas, questionar suas intenções, ofendê-las. Isso até o mais ignorante está em condições de fazer, e muito bem.

O monólogo é muito mais conveniente do que o diálogo, a conversa civilizada e a troca de ideias. Em alguns momentos, não raro as questões fogem da análise do objeto e se agasalham num terreno de difícil acesso à indagação racional, já que não se discutem medidas mas motivações, já não se procura vincular a argumentação aos objetivos visados e aos meios escolhidos, mas se busca simplesmente condenar o que foi recomendado pela desqualificação sumária do autor da recomendação.

Assim, conclui o articulista, pouco evoluímos. Ao contrário, continuamos uma comunidade que se recusa a dialogar, preferindo o eco da própria voz, disseminando receitas mágicas, culpando os velhos bodes expiatórios de sempre. E, se os resultados não aparecem, na falta de uma autocrítica que revele a realidade e a verdadeira causa dos problemas, preferem apontar a metralhadora giratória e condenar os eleitos, a ganância dos poderosos, os pelegos sindicalistas. Quando a verdadeira polêmica está dentro de cada um de nós, nos líderes vaidosos e autossuficientes, nos eternos donos da verdade, em todos aqueles que não se unem para enfrentar a adversidade, juntando talentos e conhecimentos, lamentavelmente dispersos pela aversão ao diálogo construtivo, respeitadas as opiniões divergentes.

Neste mundo cada vez mais interconectado, somos um conjunto de ilhas dispersas no grande arquipélago de participantes e assistidos. Quem não pratica a autocrítica está impossibilitado de aprender, colocando uma barreira intransponível às oportunidades de uma conversa civilizada, fundamentada na lógica e no bom senso. Quem acha que tudo sabe, não evolui. Quem tem convicções inquestionáveis, dificulta o entendimento e emperra a busca de soluções práticas e objetivos.

Sem união, qualquer movimento perde força e transforma ideias viáveis em projetos de difícil execução. É uma pena vermos um caminho mal percorrido quando temos muito a percorrer. Que este resto de estrada tenha, em seu percurso, caminhantes de mãos dadas e corações leves.

Adaí Rosembak

Associado da AAFBB e ANABB