domingo, 3 de agosto de 2014

A Paz é Possível

A imprensa, muitas vezes, na ânsia de vender notícias – e só notícias ruins é que vendem muito – exagera e generaliza crises, conflitos e guerras .
Eu me lembro que, anos atrás, na Agência Lido do BB, uma senhora de Recife tentava sacar dinheiro com cheque. O caixa não pagou pois a pessoa havia cruzado todos os cheques e eles só poderiam ser depositados em conta; só após a compensação, o dinheiro poderia ser sacado.
A mulher não se conformava e, revoltada, reclamava como é que o banco podia exigir aquilo de uma turista, já que o Rio de Janeiro era uma terra com tiroteios constantes “como a imprensa noticiava” e que, porisso, ela tinha de cruzar os cheques por segurança.
De outra feita, quando morei em Salvador, uma soteropolitana, após ler no jornal uma notícia sobre um tiroteio no Morro da Caixa D'Água, no Rio, me perguntou se eu não tinha medo de ser atingido por um tiro proveniente daquele morro se estivesse tomando banho de mar em Copacabana. Respondi que seria possível , mas só se fosse com um míssil teleguiado pois o Morro da Caixa D'Água era mais longe de Copacabana do que de Salvador a Feira de Santana.
Ainda hoje, devido ao noticiário, quando recebo amigos de outros estados, percebo que eles ficam receosos de que sejam atingidos por alguma bala perdida ou entrem em alguma área de conflito. Só depois de algum tempo, relaxam e vêem que acontecimentos daquele tipo são esporádicos e acontecem em qualquer cidade do Brasil e até no exterior, nos chamados países de “Primeiro Mundo”. Aliás, em comparação a esses países , podemos nos considerar felizes porque não sofremos ameaças, não fomos vítimas de ataques terroristas e nem tivemos prédios derrubados por aviões.
No caso da morte do dançarino do Programa Esquenta da Globo, enquanto os noticiários de TV destacavam que “protestos e tiroteios tomavam as ruas de Copacabana”, eu, tranquilamente, tomava um chopinho e conversava com um amigo em um quiosque na praia em frente da rua que ia dar na Comunidade do Pavão-Pavãozinho, onde se desenrolava o imbróglio.
No outro dia, levei até um susto quando li as manchetes dos jornais sobre “os protestos e tiroteios que tomavam as ruas de Copacabana.”
Teria sido mais correto e equilibrado a mídia noticiar que houvera um choque entre a polícia e traficantes que havia deixado uma vítima no alto do morro.
Mas, assim não daria tanto ibope , não teria se vendido tanto jornal e a TV não teria sido tão acessada.
Há dois dias atrás, enquanto lia artigos e estudava assuntos sobre os aposentados, me deparei na internet com a notícia da quebra da trégua de paz de 72 horas entre o exército de Israel e o Hamas, em um conflito que já deixou cerca de 1500 vítimas em 23 dias.
Faço uma comparação entre o sensacionalismo da imprensa nesse caso e a falta de notícias sobre a Síria onde já morreram mais de 150.000 pessoas, a Líbia onde o sangue continua jorrando e o novo grupo terrorista ISIS-Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que está tomando força no Oriente Médio com grandes matanças.
Pouco se fala desses morticínios. Será porque é mais difícil para a imprensa verificar in loco esses acontecimentos nessas ditaduras árabes ?
Em Israel é mais fácil a atuação da imprensa porque é um país democrático.
Digo tudo isso para abordar uma viagem que fiz a Israel há dois anos atrás.
No Rio, conheci um casal de judeus que havia adotado uma menina palestina. Achava que um gesto de amor como esse só pudesse acontecer numa terra como o Rio, onde árabes e judeus convivem numa boa , fazem bons negócios no Saara e contam piadas de judeus e árabes uns para os outros.
Quando fui visitar Israel, confesso que fui precavido e assustado pelos noticiários sobre conflitos e guerras entre israelenses e palestinos.
Realmente Israel é um país em alerta constante contra o terrorismo.
Ao chegar ao Aeroporto Ben-Gurion em Tel-Aviv, a surpresa foi grande.
O aeroporto é algo de grandioso e magnífico.
Organização, serviços eficientes de toda ordem e impecável limpeza.
A vistoria na alfândega, extremamente minuciosa, me deixou um tanto preocupado. Uma parafernália tecnológica avançadíssima e um pessoal altamente treinado rastreiam minuciosamente roupas, sapatos e bagagem. Não escapa nada.
A partir da saída do aeroporto até o hotel, defrontamo-nos com rodovias espetaculares, prédios modernos sempre na cor marron claro – lembrando a cor da cerâmica marajoara. Por mais que procurasse, em toda a viagem não me defrontei com sujeira nas ruas, nem um único mendigo , pivete ou criança abandonada. Não vi nada que se assemelhasse com favela.
Chegamos a um hotel espetacular e, cansados, fomos dormir.
Todos os dias da viagem seriam verdadeiras maratonas pois o grupo era composto, em sua maioria, por membros de uma Caravana Evangélica que foi, inclusive pagando a viagem de um padre, para visitar e conhecer o máximo possível de igrejas e lugares religiosos em um roteiro pré-determinado. Nessa área, a diversidade de pontos turísticos em Israel é vastíssima.
Muito cedo acordávamos e começávamos a jornada.
Visitar Israel é visitar a história da humanidade onde, desde antes da era cristã, confluiu uma imensa diversidade de povos e civilizações em guerras contínuas e disputas por poder, espaço e implantação de seus credos religiosos.
Cada rua, cada igreja, cada escadaria, cada monumento, simbolizam a passagem e o domínio pelas armas de um povo sobre o outro.
Visita-se uma igreja e, abaixo da igreja estão sendo feitas escavações porque foram descobertos santuários de um povo anterior cujas edificações foram soterradas pelos invasores. E, os pesquisadores já se preparam para escavações mais profundas pois existem índicios de templos de um outro povo que foi derrotado e soterrado pelo que o sucedeu.
A vida em Tel-Aviv e Jerusalém é trepidante.
A chamada Via Dolorosa, que foi o caminho onde Jesus Cristo passou ensanguentado, arrastando a cruz e sendo chicoteado pelos romanos, hoje é um comprido mercado fervilhante de judeus e arábes de todas as procedências que, nos seus pequenos quiosques, disputam os turistas sofregamente numa algazarra ensurdecedora.
São judeus ortodoxos com suas roupas pretas, cabelos cacheados, quipás, solidéus e chapéus religiosos cobertos de pele usados pelos hassídicos (em um calor danado!!) , misturados com árabes com turbantes e chapéus árabes de todos os tipos e cores, com batas, thawbs e toda espécie de roupas também coloridas, largas e compridas, todos falando alto e em línguas e dialetos diversos. Enfim, é uma babel só. Os turistas, ao mesmo tempo que ficam boquiabertos e riem daquela aparente bagunça e balbúrdia, abrem os bolsos e compram todo o tipo de quinquilharias e souvenirs que, depois, só vão servir para entupir armários.
Comprei pouco e preferi apreciar e filosofar sobre aquela mescla humana de judeus discutindo negócios aos gritos com árabes. Naquelas horas os árabes só entendem hebraico quando lhes interessa e os judeus só entendem árabe quando vêem uma brecha para um bom negócio. São todos gatos do mesmo saco.
Lembrei-me dos judeus e árabes no Saara no Rio.
A culinária é a mais diversificada possível: desde comida kosher até a imensa diversidade da comida árabe.
Mas o aspecto que mais me chamou a atenção e que, depois, vim a constatar que era uma praxe em todos os lugares pelos quais passei, era o forte esquema de segurança com grupos de jovens judeus saídos da puberdade, sempre atentos, juntos, todos em uniformes militares, com metralhadoras a tiracolo e pistolas automáticas na cintura. É uma visão que contrasta com todo aquele ambiente esfuziante.
No dia seguinte a mesma rotina: acordar cedo, tomar um rápido café e partir para conhecer novos lugares.
Visitamos Massada. Situada a oeste do Mar Morto, em uma região longínqua, inóspita, desértica e de difícil acesso, Massada é um platô com uma altura de 400 metros e de difícil acesso.
Foi para lá que os judeus zelotas (adoradores de deus)foram se fixar depois de fugirem de Jerusalém após os romanos destruirem o Segundo Templo no ano 70.
Depois de quatro anos de cerco os romanos construíram uma rampa pelo lado oeste do platô e conseguiram acessar e destruir a fortaleza. Todos os judeus, para não serem capturados, se suicidaram.
Andar pelas ruínas nos faz retornar aos tempos bíblicos.
Em um calor escaldante, vislumbrei a imensidão do deserto e me transportei para o lugar dos gladiadores romanos usando bigas e levando espadas, escudos, redes, cordas, tridentes, pás, lanças , além de água e comida para si e para os cavalos, determinados a conquistar aquela fortaleza isolada, quase inexpugnável e dominada pelos judeus fugitivos, para só encontrarem cadáveres.
Pensei comigo mesmo: que fé, que motivação levou os romanos àquela dura conquista e a causar tanto sofrimento ? Que tempos eram aqueles? Que mundo era aquele?
Fui visitar o Muro das Lamentações. Coloquei uma roupa preta, um quipá e levei uma bíblia embaixo do braço.
Certamente, vestido daquele jeito, em uma cidade árabe, seria tachado como “um verme sionista”.
O Muro das Lamentações estava entupido pois aquele dia era um feriado religioso.
Em vários pontos, como em todos os lugares, grupos de militares jovens, fortemente armados, zelavam pela segurança.
O local estava repleto por judeus ortodoxos que rezavam fervorosamente balançando a cabeça para a frente e para trás, com suas torás e devidamente paramentados com seus talleths sobre a cabeça e os ombros , tefillins na testa e na mão esquerda e talits nas roupas.
Consegui me esgueirar pelo meio da multidão e fui até junto ao Muro das Lamentações deixar minha mensagem de fé entre as pedras.
Depois entrei em uma grande área, em forma de caverna, que poucos conhecem e que não é noticiada, à esquerda da base do muro, que me pareceu ser uma grande biblioteca de livros sagrados. Estantes iam até o teto entupidas de livros religiosos. Judeus ortodoxos de várias correntes e procedências se comprimiam naquele espaço a rezar e ler aqueles livros. Aquela energia contagiante perpassava pela mente de qualquer um que ali estivesse. Nunca em minha vida passei por uma vivência religiosa tão forte e marcante como aquela.
Depois conversei com a guia e ela me disse que aquele era um lugar reservado para os líderes ortodoxos.
Os judeus ortodoxos, que compõem cerca de 35% da população em Israel, tem um peso político muito forte nos destinos da nação, pois se julgam os autênticos representantes das tradições judáicas.
Também fui ao Museu de Holocausto, que é um ponto obrigatório em Israel. Todo o movimento político na Alemanha, desde o fim da Primeira Guerra Mundial, que levou à perseguição implacável de judeus em toda a Europa, até desembocar no extermínio de seis milhões de judeus nos campos de concentração e no Holocausto, é retratado em um filme que é rodado durante todo o tempo em que se visita o Museu. Confesso que só passei por uma sensação tão desagradável e tenebrosa, quando vi muros de fuzilamento e fornos crematórios e entrei em camaras de gás em campos de concentração quando fui à Alemanha.
Em outra oportunidade, após uma missa rezada pelo padre brasileiro, coloquei uma bata branca, fui me banhar e fui benzido nas águas geladas do Rio Jordão. Saí logo mas, assim mesmo, peguei um resfriado.
Tomar um banho no Mar Morto é outra experiência imperdível. É o ponto mais baixo na Terra, 400 metros abaixo do nível do mar. A concentração salina é tão grande que você fica boiando na água naturalmente.
Visitamos Nazareth que, embora seja uma cidade de população majoritariamente composta de árabes, dos quais 31% são cristãos e 69% mulçumanos, é tranquila e mantém uma boa relação com as autoridades israelenses. O ônibus, com motorista e guia israelenses, entrou na cidade sem problemas.
Fizemos um passeio imperdível pelo Mar da Galiléia. Foi rezada uma missa no barco e nos encantamos com os barqueiros que também eram excelentes músicos.
Em outro dia, visitamos Belém, cidade sob ocupação de Israel desde 1948 e, atualmente, sob controle da Autoridade Nacional Palestina.
Finalmente iria conhecer um território palestino.
Um percurso rápido de apenas 10 kilometros entre o hotel em Jerusalém e Belém.
Um paredão de cimento armado em um lado da estrada, árvores frondosas do outro e, no meio, uma barreira bem guarnecida com militares israelenses, de um lado e militares palestinos de outro, todos com pistolas automáticas e metralhadoras.
Nós, turistas de várias nacionalidades, ficamos sobressaltados.
Saltaram nossa guia e o motorista israelenses e entraram um motorista e uma guia palestinos. Antes, se cumprimentaram, perguntaram pelos filhos e familiares, trocaram lembranças ou deixaram compras, e se despediram com beijos na face. Fiquei boquiaberto com aquela cena de congraçamento tão explícito e tão afetivo entre judeus e palestinos, que contrastava com toda aquela segurança e aparato bélico ao redor.
Para minha surpresa, quando o ônibus saiu, também pude ver soldados israelenses trocarem furtivamente palavras com os soldados palestinos que estavam no outro lado da barreira, enquanto riam. Com certeza estavam contando piadas e “causos” de árabes e judeus.
O ônibus seguiu território palestino adentro em direção a Belém.
Em nenhum lugar do percurso vi favelas, mendigos ou miséria como, infelizmente, vemos no nosso amado Rio de Janeiro e em outras metrópoles no Brasil.
Boas construções, bons carros, rapazes e moças bem vestidos, sorridentes, elas com véu islâmico cobrindo a cabeça mas deixando o rosto descoberto. Muitos voltando das escolas em seus uniformes.
Não vi nenhuma mulher com chador, que cobre a cabeça totalmente.
Muitas cabras e mulas em terrenos vazios.
Um ambiente descontraído e mais relaxado sem aquela tensão latente que percebemos de imediato em Israel.
Chegamos a Belém. Um comércio diversificado e fervilhante que se espraia por diversas ruas e que atende a uma quantidade imensa de turistas de todo o mundo que chegam em ônibus provenientes de Israel. Aliás, os preços em Belém são bem mais baixos que em Jerusalém ou Tel-Aviv. Somos bem atendidos – na entrada nos oferecem gratuitamente água, café e chás. Já em Israel o tratamento é mais frio e formal.
Compra-se de tudo e, novamente para minha surpresa , até quipás e símbolos e souvenirs judáicos, misturados com souvenirs árabes, jornais e revistas em várias línguas, livros de turismo , albúns com fotos, CDs e DVDs de turismo e músicas árabes, equipamentos eletrônicos sofisticados, pilhas, material escolar, comidas enlatadas e doces árabes, bebidas, vidros com diversos temperos já preparados, grandes sacos com castanhas, nozes e especiarias de toda ordem, turbantes, roupas árabes, véus, lenços coloridos, cortes de tecidos, adagas árabes, narguilés, etc, etc, com indicações em árabe, hebraico, espanhol, francês e inglês.
Isso tudo meio amontoado, misturado e desorganizado, bem no estilo de um mercado persa. Aliás, talvez seja essa “desorganização”, que torna esses mercados árabes mais atraentes do que as organizadas lojas dos israelenses.
A praça principal e ruas vivem congestionadas por muitos ônibus de turismo provenientes de Israel que atravancam o trânsito. E os árabes já adoram uma buzina.
Um retrato imenso de Yasser Arafat ornava a parede inteira de um prédio. Bandeiras palestinas para todo lado.
A guia palestina, uma moça linda e simpática, atendia a todos, com muita solicitude, em português, espanhol, inglês, árabe e hebraico.
Fomos almoçar. Diversos restaurantes de grande porte.
Todos cheios e com filas imensas do lado de fora. Mas as filas andam muito rápido. Comida farta, bem feita e bem servida. Ressalto o pão árabe quente, feito na hora, o tabule e as suculentas kaftas. Os doces árabes são imperdíveis. Sucos e refrigerantes, principalmente a americana coca-cola. Não vi bebidas alcóolicas.
Acabado o almoço, fui visitar algumas lojas e conversar com palestinos para ver se arrancava opiniões sinceras sobre a situação política e militar na região.
Todos, sem exceção, condenam Israel pela atual diáspora dos palestinos.
Até compreendem a situação dos judeus que povoaram o Estado de Israel.
Reconhecem que aqueles judeus do passado foram vítimas do Holocausto e foram provenientes de campos de concentração na Europa.
Os palestinos reconhecem que os verdadeiros culpados por toda essa situação foram os europeus, principalmente os alemães. Ainda bem que não citei meu sobrenome.
Após a adoção de uma Resolução de 29 de novembro de 1947 da Assembléia Geral das Nações Unidas, recomendando o Plano de Partilha da Palestina para substituir o Mandato Britânico, David Ben-Gurion, judeu polonês, chefe da Organização Sionista Mundial, em 14 de maio de 1948, criou o Estado de Israel.
No dia seguinte, Israel foi atacado por uma coligação de países árabes na chamada “Guerra Árabe-Israelense de 1948”, “Guerra de Libertação” ou “Guerra da Liberação”.
Daquele tempo até os nossos dias, Israel passou por inúmeras guerras e conflitos entre israelenses contra forças árabes e palestinas.
Os árabes, principalmente os palestinos , chamam o ato de criação de Israel de “Nakba” que, em árabe, significa “catástrofe” ou “desatre” e que marca o início do êxodo palestino.
Os palestinos se consideram as vítimas das vítimas.
Lembrei-me de um discurso proferido pela ex-Secretária de Estado dos USA, Condoleezza Rice, em que ela disse que o conflito entre palestinos e israelenses era um problema de solução muito difícil porque os dois lados estavam cobertos de razões e motivos para lutar por suas posições.
A conversa se aprofundou com um dos palestinos.
Ele me mostrou um assentamentos habitacional de israelenses em uma colina próxima, de onde partiam ataques contra Belém há pouco tempo atrás.
Então indaguei, já que aquela área agora era administrada pela Autoridade Nacional Palestina, sobre o progresso atual, proveniente do contato com os israelenses, a começar pelo efervescente turismo em Belém.
Ele concordou que toda a economia daquela região girava em torno da economia de Israel como também grande parte dos serviços de assistência social e de saúde. Essa confissão me surpreendeu. Vou procurar me inteirar qual é a amplitude dessa assistência social e de saúde e se essa, digamos, indiscrição, tem procedência.
Perguntei se aquela prosperidade já não era uma solução parcial para a situação palestina, até porque a atual geração de israelenses é composta de bisnetos dos judeus que vieram da Europa e são israelenses de fato. E já estão chegando os tataranetos.
Finalmente, acrescentei que provavelmente seria incrementada a vinda de judeus da Europa, particularmente da França e da Rússia, em fuga do anti-semitismo que ressurgia com força naqueles países.
A conversa parou por ali porque tive de ir embora.
A Caravana Evangélica, ainda continuou, por dias, a visitar inúmeros outros templos e lugares sagrados, todos com uma história muito rica e dignos de citação.
Mas aqueles diálogos francos e intensos com os palestinos em Belém permaneceram em minha mente. Fiquei divagando e refletindo sobre tudo o que foi conversado e que, certamente, nunca seria dito de forma tão aberta e sincera a um jornalista profissional em uma entrevista formal.
O último dia em Israel culminou com um dos mais belos espetáculos que já tive oportunidade de ver em toda minha vida.
Um filme de quase três horas, em estilo épico, com música ao vivo, que mostrou toda a história de Israel desde seus primórdios, foi passado em um imenso paredão que serviu como tela, em um enorme anfiteatro ao ar livre com bancos de pedra e com uma brisa extremamente agradável.
Uma apresentação memorável, belíssima, magistral.
Nossa guia – Dalla Himelfarb Sztulman - com quem continuo a trocar e-mails, uma judia que morou em São Paulo e hoje reside em um subúrbio de Jerusalém, acorda todos os dias às 4.00h da manhã, vai rezar e começa a trabalhar bem cedo. Formada em teologia, poliglota, é uma profunda conhecedora da Bíblia e, mesmo que provocada, nunca abordou e nem discutiu a política de Israel comigo e com ninguém.
Sempre debruçava-se sobre a história, passagens bíblicas e textos sagrados para relatar a história de Israel, da Palestina e dos demais povos árabes.
Muitos intelectuais israelenses e palestinos retratam com fidelidade esses conflitos e guerras entre seus povos e a dura realidade desse sofrimento cotidiano em contraste com um mundo idealizado de congraçamento, paz e amor.
Pela experiência maravilhosa que foi a visita à Terra Santa, quando me lembro dos encontros efusivos e até carinhosos entre as guias judia e israelense, os risos comedidos entre os soldados palestinos e israelenses na barreira entre Jerusalém e Belém, as crianças e os jovens palestinos correndo pela vibrante Belém e o mercado repleto de judeus ortoxos e árabes, fico absolutamente chocado e triste quando comparo tudo isso com os horrores que ocorrem na Faixa de Gaza.
Mas, pelo que vi, do fundo do coração, me atrevo a dizer:
A Paz é Possível.”

Adaí Rosembak
Associado da AAFBB e ANABB

2 comentários:

  1. É odioso que alguém defenda Israel numa guerra covarde como essa.
    Os israelenses estão massacrando os palestinos.

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    1. Caro Anônimo,

      Eu acho que você não leu meu artigo.
      Ou se leu não entendeu nada.
      Em nenhum momento eu defendi a guerra e nem ataquei os palestinos.
      O que realmente eu ataco são os extremistas.
      A situação em Gaza se tornou esse inferno por causa do Hamas que não tem piedade e faz o povo de escudo.
      Os israelenses, pelo contrário, foram a guerra para defender sua população civil.
      Não vejo a hora em que o povo de Gaza abra os olhos e tire o Hamas do poder.
      Só assim a paz será atingida e o povo de Gaza conseguirá viver em harmonia com os israelenses como os palestinos da Cisjordânica conseguiram.
      Enquanto isso não acontecer pode esperar outras guerras entre Israel e o Hamas.

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