A
imprensa, muitas vezes, na ânsia de vender notícias – e só
notícias ruins é que vendem muito – exagera e generaliza crises,
conflitos e guerras .
Eu
me lembro que, anos atrás, na Agência Lido do BB, uma senhora de
Recife tentava sacar dinheiro com cheque. O caixa não pagou pois a
pessoa havia cruzado todos os cheques e eles só poderiam ser
depositados em conta; só após a compensação, o dinheiro poderia
ser sacado.
A
mulher não se conformava e, revoltada, reclamava como é que o banco
podia exigir aquilo de uma turista, já que o Rio de Janeiro era uma
terra com tiroteios constantes “como
a imprensa noticiava” e que, porisso, ela tinha de cruzar os
cheques por segurança.
De
outra feita, quando morei em Salvador, uma soteropolitana, após ler
no jornal uma notícia sobre um tiroteio no Morro da Caixa D'Água,
no Rio, me perguntou se eu não tinha medo de ser atingido por um
tiro proveniente daquele morro se estivesse tomando banho de mar em
Copacabana. Respondi que seria possível , mas só se fosse com um
míssil teleguiado pois o Morro da Caixa D'Água era mais longe de
Copacabana do que de Salvador a Feira de Santana.
Ainda
hoje, devido ao noticiário, quando recebo amigos de outros estados,
percebo que eles ficam receosos de que sejam atingidos por alguma
bala perdida ou entrem em alguma área de conflito. Só depois de
algum tempo, relaxam e vêem que acontecimentos daquele tipo são
esporádicos e acontecem em qualquer cidade do Brasil e até no
exterior, nos chamados países de “Primeiro Mundo”. Aliás, em
comparação a esses países , podemos nos considerar felizes porque
não sofremos ameaças, não fomos vítimas de ataques terroristas e
nem tivemos prédios derrubados por aviões.
No
caso da morte do dançarino do Programa Esquenta da Globo, enquanto
os noticiários de TV destacavam que “protestos e tiroteios tomavam
as ruas de Copacabana”, eu, tranquilamente, tomava um chopinho e
conversava com um amigo em um quiosque na praia em frente da rua que
ia dar na Comunidade do Pavão-Pavãozinho, onde se desenrolava o
imbróglio.
No
outro dia, levei até um susto quando li as manchetes dos jornais
sobre “os protestos e tiroteios que tomavam as ruas de Copacabana.”
Teria
sido mais correto e equilibrado a mídia noticiar que houvera um
choque entre a polícia e traficantes que havia deixado uma vítima
no alto do morro.
Mas,
assim não daria tanto ibope , não teria se vendido tanto jornal e a
TV não teria sido tão acessada.
Há
dois dias atrás, enquanto lia artigos e estudava assuntos sobre os
aposentados, me deparei na internet com a notícia da quebra da
trégua de paz de 72 horas entre o exército de Israel e o Hamas, em
um conflito que já deixou cerca de 1500 vítimas em 23 dias.
Faço
uma comparação entre o sensacionalismo da imprensa nesse caso e a
falta de notícias sobre a Síria onde já morreram mais de 150.000
pessoas, a Líbia onde o sangue continua jorrando e o novo grupo
terrorista ISIS-Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que está
tomando força no Oriente Médio com grandes matanças.
Pouco
se fala desses morticínios. Será porque é mais difícil para a
imprensa verificar in loco esses acontecimentos nessas ditaduras
árabes ?
Em
Israel é mais fácil a atuação da imprensa porque é um país
democrático.
Digo
tudo isso para abordar uma viagem que fiz a Israel há dois anos
atrás.
No
Rio, conheci um casal de judeus que havia adotado uma menina
palestina. Achava que um gesto de amor como esse só pudesse
acontecer numa terra como o Rio, onde árabes e judeus convivem numa
boa , fazem bons negócios no Saara e contam piadas de judeus e
árabes uns para os outros.
Quando
fui visitar Israel, confesso que fui precavido e assustado pelos
noticiários sobre conflitos e guerras entre israelenses e
palestinos.
Realmente
Israel é um país em alerta constante contra o terrorismo.
Ao
chegar ao Aeroporto Ben-Gurion em Tel-Aviv, a surpresa foi grande.
O
aeroporto é algo de grandioso e magnífico.
Organização,
serviços eficientes de toda ordem e impecável limpeza.
A
vistoria na alfândega, extremamente minuciosa, me deixou um tanto
preocupado. Uma parafernália tecnológica avançadíssima e um
pessoal altamente treinado rastreiam minuciosamente roupas, sapatos
e bagagem. Não escapa nada.
A
partir da saída do aeroporto até o hotel, defrontamo-nos com
rodovias espetaculares, prédios modernos sempre na cor marron claro
– lembrando a cor da cerâmica marajoara. Por mais que procurasse,
em toda a viagem não me defrontei com sujeira nas ruas, nem um
único mendigo , pivete ou criança abandonada. Não vi nada que se
assemelhasse com favela.
Chegamos
a um hotel espetacular e, cansados, fomos dormir.
Todos
os dias da viagem seriam verdadeiras maratonas pois o grupo era
composto, em sua maioria, por membros de uma Caravana Evangélica que
foi, inclusive pagando a viagem de um padre, para visitar e conhecer
o máximo possível de igrejas e lugares religiosos em um roteiro
pré-determinado. Nessa área, a diversidade de pontos turísticos em
Israel é vastíssima.
Muito
cedo acordávamos e começávamos a jornada.
Visitar
Israel é visitar a história da humanidade onde, desde antes da era
cristã, confluiu uma imensa diversidade de povos e civilizações
em guerras contínuas e disputas por poder, espaço e implantação
de seus credos religiosos.
Cada
rua, cada igreja, cada escadaria, cada monumento, simbolizam a
passagem e o domínio pelas armas de um povo sobre o outro.
Visita-se
uma igreja e, abaixo da igreja estão sendo feitas escavações
porque foram descobertos santuários de um povo anterior cujas
edificações foram soterradas pelos invasores. E, os pesquisadores
já se preparam para escavações mais profundas pois existem
índicios de templos de um outro povo que foi derrotado e soterrado
pelo que o sucedeu.
A
vida em Tel-Aviv e Jerusalém é trepidante.
A
chamada Via Dolorosa, que foi o caminho onde Jesus Cristo passou
ensanguentado, arrastando a cruz e sendo chicoteado pelos romanos,
hoje é um comprido mercado fervilhante de judeus e arábes de todas
as procedências que, nos seus pequenos quiosques, disputam os
turistas sofregamente numa algazarra ensurdecedora.
São
judeus ortodoxos com suas roupas pretas, cabelos cacheados, quipás,
solidéus e chapéus religiosos cobertos de pele usados pelos
hassídicos (em um calor danado!!) , misturados com árabes com
turbantes e chapéus árabes de todos os tipos e cores, com batas,
thawbs e toda espécie de roupas também coloridas, largas e
compridas, todos falando alto e em línguas e dialetos diversos.
Enfim, é uma babel só. Os turistas, ao mesmo tempo que ficam
boquiabertos e riem daquela aparente bagunça e balbúrdia, abrem os
bolsos e compram todo o tipo de quinquilharias e souvenirs que,
depois, só vão servir para entupir armários.
Comprei
pouco e preferi apreciar e filosofar sobre aquela mescla humana de
judeus discutindo negócios aos gritos com árabes. Naquelas horas os
árabes só entendem hebraico quando lhes interessa e os judeus só
entendem árabe quando vêem uma brecha para um bom negócio. São
todos gatos do mesmo saco.
Lembrei-me
dos judeus e árabes no Saara no Rio.
A
culinária é a mais diversificada possível: desde comida kosher até
a imensa diversidade da comida árabe.
Mas
o aspecto que mais me chamou a atenção e que, depois, vim a
constatar que era uma praxe em todos os lugares pelos quais passei,
era o forte esquema de segurança com grupos de jovens judeus saídos
da puberdade, sempre atentos, juntos, todos em uniformes militares,
com metralhadoras a tiracolo e pistolas automáticas na cintura. É
uma visão que contrasta com todo aquele ambiente esfuziante.
No
dia seguinte a mesma rotina: acordar cedo, tomar um rápido café
e partir para conhecer novos lugares.
Visitamos
Massada. Situada a oeste do Mar Morto, em uma região longínqua,
inóspita, desértica e de difícil acesso, Massada é um platô com
uma altura de 400 metros e de difícil acesso.
Foi
para lá que os judeus zelotas (adoradores de deus)foram se fixar
depois de fugirem de Jerusalém após os romanos destruirem o
Segundo Templo no ano 70.
Depois
de quatro anos de cerco os romanos construíram uma rampa pelo lado
oeste do platô e conseguiram acessar e destruir a fortaleza. Todos
os judeus, para não serem capturados, se suicidaram.
Andar
pelas ruínas nos faz retornar aos tempos bíblicos.
Em
um calor escaldante, vislumbrei a imensidão do deserto e me
transportei para o lugar dos gladiadores romanos usando bigas e
levando espadas, escudos, redes, cordas, tridentes, pás, lanças ,
além de água e comida para si e para os cavalos, determinados a
conquistar aquela fortaleza isolada, quase inexpugnável e dominada
pelos judeus fugitivos, para só encontrarem cadáveres.
Pensei
comigo mesmo: que fé, que motivação levou os romanos àquela dura
conquista e a causar tanto sofrimento ? Que tempos eram aqueles? Que
mundo era aquele?
Fui
visitar o Muro das Lamentações. Coloquei uma roupa preta, um quipá
e levei uma bíblia embaixo do braço.
Certamente,
vestido daquele jeito, em uma cidade árabe, seria tachado como “um
verme sionista”.
O
Muro das Lamentações estava entupido pois aquele dia era um feriado
religioso.
Em
vários pontos, como em todos os lugares, grupos de militares
jovens, fortemente armados, zelavam pela segurança.
O
local estava repleto por judeus ortodoxos que rezavam fervorosamente
balançando a cabeça para a frente e para trás, com suas torás e
devidamente paramentados com seus talleths sobre a cabeça e os
ombros , tefillins na testa e na mão esquerda e talits nas roupas.
Consegui
me esgueirar pelo meio da multidão e fui até junto ao Muro das
Lamentações deixar minha mensagem de fé entre as pedras.
Depois
entrei em uma grande área, em forma de caverna, que poucos conhecem
e que não é noticiada, à esquerda da base do muro, que me
pareceu ser uma grande biblioteca de livros sagrados. Estantes iam
até o teto entupidas de livros religiosos. Judeus ortodoxos de
várias correntes e procedências se comprimiam naquele espaço a
rezar e ler aqueles livros. Aquela energia contagiante perpassava
pela mente de qualquer um que ali estivesse. Nunca em minha vida
passei por uma vivência religiosa tão forte e marcante como aquela.
Depois
conversei com a guia e ela me disse que aquele era um lugar reservado
para os líderes ortodoxos.
Os
judeus ortodoxos, que compõem cerca de 35% da população em Israel,
tem um peso político muito forte nos destinos da nação, pois se
julgam os autênticos representantes das tradições judáicas.
Também
fui ao Museu de Holocausto, que é um ponto obrigatório em Israel.
Todo o movimento político na Alemanha, desde o fim da Primeira
Guerra Mundial, que levou à perseguição implacável de judeus em
toda a Europa, até desembocar no extermínio de seis milhões de
judeus nos campos de concentração e no Holocausto, é retratado em
um filme que é rodado durante todo o tempo em que se visita o Museu.
Confesso que só passei por uma sensação tão desagradável e
tenebrosa, quando vi muros de fuzilamento e fornos crematórios e
entrei em camaras de gás em campos de concentração quando fui à
Alemanha.
Em
outra oportunidade, após uma missa rezada pelo padre brasileiro,
coloquei uma bata branca, fui me banhar e fui benzido nas águas
geladas do Rio Jordão. Saí logo mas, assim mesmo, peguei um
resfriado.
Tomar
um banho no Mar Morto é outra experiência imperdível. É o ponto
mais baixo na Terra, 400 metros abaixo do nível do mar. A
concentração salina é tão grande que você fica boiando na água
naturalmente.
Visitamos
Nazareth que, embora seja uma cidade de população majoritariamente
composta de árabes, dos quais 31% são cristãos e 69% mulçumanos,
é tranquila e mantém uma boa relação com as autoridades
israelenses. O ônibus, com motorista e guia israelenses, entrou na
cidade sem problemas.
Fizemos
um passeio imperdível pelo Mar da Galiléia. Foi rezada uma missa no
barco e nos encantamos com os barqueiros que também eram excelentes
músicos.
Em
outro dia, visitamos Belém, cidade sob ocupação de Israel desde
1948 e, atualmente, sob controle da Autoridade Nacional Palestina.
Finalmente
iria conhecer um território palestino.
Um
percurso rápido de apenas 10 kilometros entre o hotel em Jerusalém
e Belém.
Um
paredão de cimento armado em um lado da estrada, árvores frondosas
do outro e, no meio, uma barreira bem guarnecida com militares
israelenses, de um lado e militares palestinos de outro, todos com
pistolas automáticas e metralhadoras.
Nós,
turistas de várias nacionalidades, ficamos sobressaltados.
Saltaram
nossa guia e o motorista israelenses e entraram um motorista e uma
guia palestinos. Antes, se cumprimentaram, perguntaram pelos filhos e
familiares, trocaram lembranças ou deixaram compras, e se despediram
com beijos na face. Fiquei boquiaberto com aquela cena de
congraçamento tão explícito e tão afetivo entre judeus e
palestinos, que contrastava com toda aquela segurança e aparato
bélico ao redor.
Para
minha surpresa, quando o ônibus saiu, também pude ver soldados
israelenses trocarem furtivamente palavras com os soldados
palestinos que estavam no outro lado da barreira, enquanto riam. Com
certeza estavam contando piadas e “causos” de árabes e judeus.
O
ônibus seguiu território palestino adentro em direção a Belém.
Em
nenhum lugar do percurso vi favelas, mendigos ou miséria como,
infelizmente, vemos no nosso amado Rio de Janeiro e em outras
metrópoles no Brasil.
Boas
construções, bons carros, rapazes e moças bem vestidos,
sorridentes, elas com véu islâmico cobrindo a cabeça mas deixando
o rosto descoberto. Muitos voltando das escolas em seus uniformes.
Não
vi nenhuma mulher com chador, que cobre a cabeça totalmente.
Muitas
cabras e mulas em terrenos vazios.
Um
ambiente descontraído e mais relaxado sem aquela tensão latente que
percebemos de imediato em Israel.
Chegamos
a Belém. Um comércio diversificado e fervilhante que se espraia por
diversas ruas e que atende a uma quantidade imensa de turistas de
todo o mundo que chegam em ônibus provenientes de Israel. Aliás, os
preços em Belém são bem mais baixos que em Jerusalém ou Tel-Aviv.
Somos bem atendidos – na entrada nos oferecem gratuitamente água,
café e chás. Já em Israel o tratamento é mais frio e formal.
Compra-se
de tudo e, novamente para minha surpresa , até quipás e símbolos
e souvenirs judáicos, misturados com souvenirs árabes, jornais e
revistas em várias línguas, livros de turismo , albúns com fotos,
CDs e DVDs de turismo e músicas árabes, equipamentos eletrônicos
sofisticados, pilhas, material escolar, comidas enlatadas e doces
árabes, bebidas, vidros com diversos temperos já preparados,
grandes sacos com castanhas, nozes e especiarias de toda ordem,
turbantes, roupas árabes, véus, lenços coloridos, cortes de
tecidos, adagas árabes, narguilés, etc, etc, com indicações em
árabe, hebraico, espanhol, francês e inglês.
Isso
tudo meio amontoado, misturado e desorganizado, bem no estilo de
um mercado persa. Aliás, talvez seja essa “desorganização”,
que torna esses mercados árabes mais atraentes do que as
organizadas lojas dos israelenses.
A
praça principal e ruas vivem congestionadas por muitos ônibus de
turismo provenientes de Israel que atravancam o trânsito. E os
árabes já adoram uma buzina.
Um
retrato imenso de Yasser Arafat ornava a parede inteira de um prédio.
Bandeiras palestinas para todo lado.
A
guia palestina, uma moça linda e simpática, atendia a todos, com
muita solicitude, em português, espanhol, inglês, árabe e
hebraico.
Fomos
almoçar. Diversos restaurantes de grande porte.
Todos
cheios e com filas imensas do lado de fora. Mas as filas andam muito
rápido. Comida farta, bem feita e bem servida. Ressalto o pão árabe
quente, feito na hora, o tabule e as suculentas kaftas. Os doces
árabes são imperdíveis. Sucos e refrigerantes, principalmente a
americana coca-cola. Não vi bebidas alcóolicas.
Acabado
o almoço, fui visitar algumas lojas e conversar com palestinos para
ver se arrancava opiniões sinceras sobre a situação política e
militar na região.
Todos,
sem exceção, condenam Israel pela atual diáspora dos palestinos.
Até
compreendem a situação dos judeus que povoaram o Estado de Israel.
Reconhecem
que aqueles judeus do passado foram vítimas do Holocausto e foram
provenientes de campos de concentração na Europa.
Os
palestinos reconhecem que os verdadeiros culpados por toda essa
situação foram os europeus, principalmente os alemães. Ainda bem
que não citei meu sobrenome.
Após
a adoção de uma Resolução de 29 de novembro de 1947 da Assembléia
Geral das Nações Unidas, recomendando o Plano de Partilha da
Palestina para substituir o Mandato Britânico, David Ben-Gurion,
judeu polonês, chefe da Organização Sionista Mundial, em 14 de
maio de 1948, criou o Estado de Israel.
No
dia seguinte, Israel foi atacado por uma coligação de países
árabes na chamada “Guerra Árabe-Israelense de 1948”, “Guerra
de Libertação” ou “Guerra da Liberação”.
Daquele
tempo até os nossos dias, Israel passou por inúmeras guerras e
conflitos entre israelenses contra forças árabes e palestinas.
Os
árabes, principalmente os palestinos , chamam o ato de criação de
Israel de “Nakba” que, em árabe, significa “catástrofe” ou
“desatre” e que marca o início do êxodo palestino.
Os
palestinos se consideram as vítimas das vítimas.
Lembrei-me
de um discurso proferido pela ex-Secretária de Estado dos USA,
Condoleezza Rice, em que ela disse que o conflito entre palestinos e
israelenses era um problema de solução muito difícil porque os
dois lados estavam cobertos de razões e motivos para lutar por suas
posições.
A
conversa se aprofundou com um dos palestinos.
Ele
me mostrou um assentamentos habitacional de israelenses em uma colina
próxima, de onde partiam ataques contra Belém há pouco tempo
atrás.
Então
indaguei, já que aquela área agora era administrada pela Autoridade
Nacional Palestina, sobre o progresso atual, proveniente do contato
com os israelenses, a começar pelo efervescente turismo em Belém.
Ele
concordou que toda a economia daquela região girava em torno da
economia de Israel como também grande parte dos serviços de
assistência social e de saúde. Essa confissão me surpreendeu. Vou
procurar me inteirar qual é a amplitude dessa assistência social e
de saúde e se essa, digamos, indiscrição, tem procedência.
Perguntei
se aquela prosperidade já não era uma solução parcial para a
situação palestina, até porque a atual geração de israelenses é
composta de bisnetos dos judeus que vieram da Europa e são
israelenses de fato. E já estão chegando os tataranetos.
Finalmente,
acrescentei que provavelmente seria incrementada a vinda de judeus
da Europa, particularmente da França e da Rússia, em fuga do
anti-semitismo que ressurgia com força naqueles países.
A
conversa parou por ali porque tive de ir embora.
A
Caravana Evangélica, ainda continuou, por dias, a visitar inúmeros
outros templos e lugares sagrados, todos com uma história muito rica
e dignos de citação.
Mas
aqueles diálogos francos e intensos com os palestinos em Belém
permaneceram em minha mente. Fiquei divagando e refletindo sobre tudo
o que foi conversado e que, certamente, nunca seria dito de forma
tão aberta e sincera a um jornalista profissional em uma entrevista
formal.
O
último dia em Israel culminou com um dos mais belos espetáculos que
já tive oportunidade de ver em toda minha vida.
Um
filme de quase três horas, em estilo épico, com música ao vivo,
que mostrou toda a história de Israel desde seus primórdios, foi
passado em um imenso paredão que serviu como tela, em um enorme
anfiteatro ao ar livre com bancos de pedra e com uma brisa
extremamente agradável.
Uma
apresentação memorável, belíssima, magistral.
Nossa
guia – Dalla Himelfarb Sztulman - com quem continuo a trocar
e-mails, uma judia que morou em São Paulo e hoje reside em um
subúrbio de Jerusalém, acorda todos os dias às 4.00h da manhã,
vai rezar e começa a trabalhar bem cedo. Formada em teologia,
poliglota, é uma profunda conhecedora da Bíblia e, mesmo que
provocada, nunca abordou e nem discutiu a política de Israel comigo
e com ninguém.
Sempre
debruçava-se sobre a história, passagens bíblicas e textos
sagrados para relatar a história de Israel, da Palestina e dos
demais povos árabes.
Muitos
intelectuais israelenses e palestinos retratam com fidelidade esses
conflitos e guerras entre seus povos e a dura realidade desse
sofrimento cotidiano em contraste com um mundo idealizado de
congraçamento, paz e amor.
Pela
experiência maravilhosa que foi a visita à Terra Santa, quando me
lembro dos encontros efusivos e até carinhosos entre as guias judia
e israelense, os risos comedidos entre os soldados palestinos e
israelenses na barreira entre Jerusalém e Belém, as crianças e
os jovens palestinos correndo pela vibrante Belém e o mercado
repleto de judeus ortoxos e árabes, fico absolutamente chocado e
triste quando comparo tudo isso com os horrores que ocorrem na
Faixa de Gaza.
Mas,
pelo que vi, do fundo do coração, me atrevo a dizer:
“A
Paz é Possível.”
Adaí
Rosembak
Associado
da AAFBB e ANABB
É odioso que alguém defenda Israel numa guerra covarde como essa.
ResponderExcluirOs israelenses estão massacrando os palestinos.
Caro Anônimo,
ExcluirEu acho que você não leu meu artigo.
Ou se leu não entendeu nada.
Em nenhum momento eu defendi a guerra e nem ataquei os palestinos.
O que realmente eu ataco são os extremistas.
A situação em Gaza se tornou esse inferno por causa do Hamas que não tem piedade e faz o povo de escudo.
Os israelenses, pelo contrário, foram a guerra para defender sua população civil.
Não vejo a hora em que o povo de Gaza abra os olhos e tire o Hamas do poder.
Só assim a paz será atingida e o povo de Gaza conseguirá viver em harmonia com os israelenses como os palestinos da Cisjordânica conseguiram.
Enquanto isso não acontecer pode esperar outras guerras entre Israel e o Hamas.